ARCÁDIA NOVA PALMACIANA
Palmam qui meruit ferat
Vianney Mesquita
A
grandeza duradoura e a força fecunda das nações estão no desenvolvimento
independente das elevadas ideias humanas e na cultura superior. (GIOSUÉ
CARDUCCI. * Valdicastelo di Pietrasanta – YLucca – 27.07.1835; †Bologna, 16.02.1907).
Os professores
Francisco Antônio Guimarães (UFC), Iolanda Campelo Andrade (SEDUC) e eu (UFC)
estamos pensando em orientar a instituição de uma academia científica e
literária na nossa cidade-pátria, Palmácia, a cuja frente estarão, conforme
nosso desiderato e no primeiro momento, os concidadãos ali residentes,
oportunidade em que se elegerá, por consenso, o (a) primeiro (a) árcade novo (a) seu (sua) presidente.
A
finalidade é ajuntar os conterrâneos – em encontros mensais ou em
outra periodicidade a ser acertada quando da elaboração de estatuto e
regimento – que se distinguem em escritos literocientíficos no nosso
Estado, no âmbito das atividades científicas e librárias, com vistas a conceder
ao Município uma movimentação cultural à eminência dos tempos atuais, no mesmo
patamar de progresso experimentado, na seara do conhecimento e das artes, por
outras municipalidades brasileiras, configurada na atuação das diversas
academias do gênero ocorrentes no País, nas mais variadas castas de
manifestação.
Consoante intenção
expressa pelo líder da Comissão, Prof. Guimarães (por mim configurado no
escrito publicado aqui neste medium no
dia 2 deste mês, Palmaciano da Gema),
reunir-se-á, ab initio, um grupo de
cinco ou seis palmacianos, com vistas a iniciar o planejamento desse propósito,
sendo o primeiro encontro em Fortaleza, e, na sequência, proceder a outras
audiências, de que participem mais pessoas, na própria Sede do Município,
materializando-se, por fim, nosso propósito.
Nessas reuniões, cogitamos
em preparar toda a armação legal e arcabouço funcional da Arcádia Nova, como a
seleção dos imortais e seus patronos e patronas – pensamos em 40 cátedras – os
cargos e funções, estatuto e regimento, registo oficial, bem assim exercer
outras providências requeridas para levar a efeito um ato deste jaez, sem voos
elevados nem tímidos rasantes, mas algo factível, que não demande sacrifícios
e, tampouco, expresse irresoluções, pinçando as pessoas certas, com a coadjuvação
– e sem prejuízo da sua instituição – da Academia Ameliana de Letras (leia-se Professora Risoleta
Muniz).
POR QUE ARCÁDIA, NÃO ACADEMIA
Em primeiro lugar, o intento
é recuperar a noção de Arcádia, em uma de suas acepções, antiga associação de
poetas dos Dezessete e Dezoito, como, por exemplo, a Arcádia Lusitana, fundada
em 1756, em Lisboa, por Dom Diniz da Cruz e Silva, Manuel Nicolau Esteves
Negrão e Teotônio Gomes de Carvalho; e a Arcádia
Ultramarina (anterior a 1769), instituída
no Rio de Janeiro e da qual foram árcades (acadêmicos), dentre outros, Padre
Domingos Caldas Barbosa, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Manuel Inácio da
Silva Alvarenga, José Basílio da Gama e Cláudio Manuel da Costa –
coincidentemente, componentes da Conjuração
Mineira – cujos correspondentes nomes arcádicos eram, respectivamente, Lereno Selinuntino, Eureste Fenício, Alcino Palmireno, Termindo Sipílio e
Glauceste Satúrnio.
Não demora informar o
fato de que também a Padaria Espiritual (30.05.1892), moto literário cearense
de grande significação cultural e histórica, usava pseudônimos, semelhantemente
à Arcádia, como, por exemplo, os “padeiros” Antônio Sales (Moacir Jurema), Lívio Barreto (Lucas
Bizarro), Temístocles Machado (Túlio
Guanabara), Adolfo Caminha (Félix
Guanabarino) e Sabino Batista (Sátiro
Alegrete).
Arcádia Nova porque já existiu em
Lisboa, fundada em 1890, pelo Primeiro Conde de Pombeiro, Dom Pedro Castello Branco
da Cunha, a Nova Arcádia, da qual
foram árcades, com diversos outros, Manuel Maria Barbosa I’Hedois du Bocage (Elmano Sadino), Belchior Manuel Curvo
Semedo Torres de Sequeira (Belmiro
Transtagano), José Agostinho de Macedo (Elmiro
Tagideu) e Nuno Álvares Pereira Pato Moniz (Olino).
Em adição, o título Arcádia Nova Palmaciana tenciona denotar
o aspecto de novidade, ao substituir a batida designação de academia, mais de cinquenta
somente em Fortaleza, afora aquelas em curso noutros municípios, cingindo-nos
apenas ao Ceará, ao pretendermos, também, o elastecimento do universo de seus
motivos institucionais, de sorte a não suceder, como ocorria ao tempo do Arcadismo, quando os árcades dos séculos
XVII e XVIII
adotavam nome de pastores na simbologia poética, idealizada na vida campestre,
e privilegiavam quase somente a poesia.
Arcádia
Nova Palmaciana porque, localizada em município de ecúmeno rural, assenta
bem na denominação original, de viés campesino e pastoril, entretanto, a
pretensão é a de que funcione como laboratório e campo de prova de ideações
literárias e científicas cultuadas por seus árcades novos – a
designação dos futuros imortais – a fim de que suas ideias e obras sejam
propaladas, com a pretensão camoniana segundo a qual Cantando espalharei por toda parte, se a tanto me ajudar o engenho e
arte.
De comum acordo, ainda que não seja decisão definitiva,
escolhemos preliminarmente a divisa romana da Arcádia Nova, para discussão entre nossos pares palmacianos, Palmam qui meruit ferat, que significa Quem ganhou a palma que a possa conduzir. A
expressão veste como luva o topônimo de nosso Município, pois assenta direito
no significado de “Palmeiras”, logo depois, a instâncias de Dom Antônio de
Almeida Lustosa, transmudado para “Palmácea” e, na sequência, por corruptela,
Palmácia. A palma, folha de palmeira, é símbolo de vitória e será conduzida por
quem a obteve, aqui, no caso da Arcádia
Nova Palmaciana, no terreno do saber – literatura e conhecimento ordenado
pela metodologia científica, locus
tomado como trilha para a instituição perfazer.
No mundo, algumas instituições adotaram este moto, em
especial no derradeiro quartel do século XVIII, quando, em 1798, depois de
vencer Napoleão Bonaparte na batalha do Nilo ou da baía de Abukir, costa do
Egito, o Almirante britânico Horácio Nelson avocou a si o lema Palmam qui meruit ferat, expressão
ajuntada ao seu brasão de armas. Outro exemplo é a Universidade do Sul da
Califórnia, instituída em 1880, que perfilhou a insígnia em 1908.
No que concerne ao escudo da Arcádia Nova, a sugestão
é a efígie da deidade latina Fortuna, cuja correspondente na mitologia helênica
é Thyke, a qual, entre outras alegorias, como a personificação da boa fortuna,
do acaso, do capricho e da sorte, traz a ideia da divindade tutelar responsável
pela prosperidade e riqueza de uma cidade.
Então, a expectativa é de que, com a instituição da Arcádia Nova Palmaciana (Palmam qui
Meruit Ferat), possa a cidade de Palmácia acompanhar, sob o espectro da
Ciência e da Literatura, e, em médio tempo, as importantes comunas brasileiras,
fazendo-se conhecida no País como berço de literatos e homens e mulheres de
Ciência ontem e hoje atuantes, porém obscurecidos pela falta de publicidade de
suas obras e pesquisas, existentes em profusão, como, por exemplo, a palmaciana
Professora Maria Grasiela Teixeira Barroso, há poucos anos falecida, que conta
mais de cem obras editadas, não apenas no Brasil, em livros, capítulos de
volumes, trabalhos defendidos em congressos e eventos afins, fundadora e
docente do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará.
Saberão o palmaciano e o Ceará culto o fato de que a Cidade
dispõe, não somente, daqueles poucos literatos-cientistas que se encontram nos
verbetes relativos à nossa Terra, em sítios na rede mundial de computadores,
como o enorme Vicente de Paulo Sampaio Rocha, o poliglota José Rebouças
Macambira, o escritor de obras jurídicas José Damasceno Sampaio, os escritores
Rocildo Muniz, Júnior Holanda e Iolanda Campelo.
Procedemos, no momento, a essa atualização dos escritores e
obras palmacianos, para conformar, por exemplo, o verbete “Palmácia” na obra de
referência Wikipedia, com fontes
oficiais, contendo datas, editores, quantidades de páginas e ano, de sorte que vai o consulente comprovar as multíplices obras
de Francisco Antônio Guimarães (UFC), Prof. Dr. Robério Telmo Campos e Prof.
Dr. Kilmer Coelho Campos (seu filho) da UFC, cada qual com mais de duas dezenas
de obras científicas; dos irmãos Coelhos Teixeiras – Francisco José (Dudé), ex-ministro da Integração da Dilma Roussef, e Inês (IFE-CE); dos irmãos Campos de
Mesquita – Teobaldo, Pedro Eymard, Jarbas e Vianney – ajuntando os quatro cerca
de 120 obras, das quais vinte e tantos livros; bem como da Professora da
Universidade Federal do Maranhão, Maria Eufrásia Campos, dentre outros.
De tal modo, enxergamos na instituição da Arcádia Nova Palmaciana uma providência
que faltava na nossa comunidade literocientífica, a fim de movimentar os
haveres culturais, educacionais, literários e científicos da nossa Terra, mui
especialmente, ao se adotar a ideia de deixar na direção da Arcádia, nos seus primeiros anos,
aqueles literatos e adeptos do conhecimento ordenado, que residem na Cidade.
Afinal, quem ganhou a palma é quem deverá conduzi-la.
É isso, conterrâneo Vianney, vamos elevar nossa terrinha com a criação de uma Arcádia, pois temos compatrícios literatos-cientistas dignos de enaltecê-la e você é um deles.
ResponderExcluirFaçamos a nossa parte! Divulguemos as inúmeras obras de nossos conterrâneos e assim estaremos elevando Palmácia, tornando-a conhecida no País e no mundo por seus feitos literários e científicos, bem como estaremos a estimular novas tendências, visto ser comprovado que se escondem entre as serras da Terra das Palmeiras, poetas e escritores anônimos esperando uma oportunidade como esta.
Parabenizo você, pelo belíssimo artigo e também o Secretário-Geral e membro da decúria desta tão conceituada Academia, Dr. Reginaldo Vasconcelos, pela maravilhosa ilustração, onde vejo explanadas imagens da minha pequenina Palmácia. Obrigada!
Estarei à inteira disposição por tudo que estiver ao meu alcance para que a Arcádia Nova Palmaciana surja e floresça. "Cantando espalharei por toda parte, se a tanto me ajudar o engenho e arte" - é pensando positivo e agindo com fé que alcançaremos tão ricos objetivos.
"Palmam qui meruit ferat".