Metodologia
da Ciência
O
PROCEDIMENTO DA INDUÇÃO
Vianney
Mesquita*
Só sei que nada sei. (Sócrates)
Dos
métodos da razão ou discursivos inventariados pela Metodologia Científica e
recorrentemente empregados no decurso de uma investigação, o expediente da INDUÇÃO
exprime considerável quantitativo de fatos procedentes de um problema bem
maior. Descansa este em se saber se é válido, sob o espectro da Teoria do
Conhecimento, estabelecer verdades universais ou proposituras globais com
arrimo num total variável de indicadores particulares ou de proposições menos
gerais.
Ao
passo que na DEDUÇÃO as premissas verídicas conduzem a ilações também
verdadeiras, na INDUÇÃO as conclusões se expressam questionáveis no concernente
a sua veridicidade.
No
âmbito do labor investigativo da Ciência, constantemente se registam**
problemas, nomeadamente no tangente à escolha e adequação do método, o que é
permanente e vigorosamente debatido pelos pensadores desta seara, desde a
madrugada do saber sistematizado.
No
que respeita à INDUÇÃO, algumas soluções restaram propostas por filósofos de
notoriedade, é claro, no entanto, sem unanimidade de entendimentos. Assim
ocorreu com Francis Bacon, verbi gratia,
acolitado por uma classificada aleia de bons pensadores, que aportou à indução amplificante, também denominada científica e baconiana, afirmação com estribo na descoberta de relações
permanentes entre dois ou mais fenômenos, de um vínculo necessário e universal
entre eles.
Temas
de tal natureza, de indescartável importância para a descoberta da verdade
fenomênica pelo mais curto e rápido caminho, são analisados pelos professores
doutores Rui Verlaine Oliveira Moreira e José Anchieta Esmeraldo Barreto, no
livro O Problema da Indução – O Cisne
Negro Existe, editado pela Imprensa Universitária da U.F.C.
Reporto-me
a um compêndio de insuperável rigor metodológico e professoral estruturação
didática, qualidades representativas da estatura intelectual e da prontidão
acadêmica de ambos, diuturnamente reciclados ao curso de muito tempo.
A
discussão é aberta e simples, assentada no que há de superior em fontes
bibliográficas. A linguagem é direta e concisa, dando azo a leituras correntes.
É fácil e digna, também, do ponto de vista da Língua Portuguesa, sem quaisquer
neologismos nem vícios, hoje muito comuns – e isto é reprovável – no repertório
acadêmico, consoante sempre evoco nas páginas desta Folha informática.
Além
do debate a respeito de entraves e soluções múltiplos da INDUÇÃO, os autores
incluem uma seção suficientemente elucidativa acerca dos binômios
particular-universal, sujeito-objeto e o problema da indução, exatamente com
vistas a prontificar o leitor a descodificar a contento o texto principal
relativo ao método indutivo.
Oferecem,
alfim, os necessários elementos de
probabilidade, objetivando, também, subsidiar o consulente no entendimento dos
problemas e soluções indigitadas para maior eficiência e mais eficácia, quando
do emprego dessa relevante metodologia racional.
O Problema da Indução - o Cisne Negro Existe é labor de inusitada aplicação intelectiva e, pelos elementos
que reúne e explica, ensejará ao investigador, ao docente e estudante de
pós-graduação – e até mesmo da graduação – das diversas áreas envolvidas com
Metodologia, Filosofia das Ciências e matérias afins, o lance de compreenderem
os óbices até hoje expressos pela INDUÇÃO, já que as soluções estão no livro
diafanamente expostas.
Constitui
o trabalho sob comento material indispensável a qualquer programa de
pós-graduação que cuida do estudo da Ciência, bem assim ao investigador
tendente a se utilizar deste método racional de descoberta do conhecimento.
**
Utilizei o verbo assim mesmo – registar – igual a registrar, pois estão
dicionarizadas ambas as formas.
*Vianney Mesquita
Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa
Acadêmico Emérito-titular da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo
Escritor e Jornalista