segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

ARTIGO (RMR)

A ISLAMIZAÇÃO DA EUROPA
Rui Martinho Rodrigues*


O Estado Islâmico conta em suas fileiras com um enorme contingente de europeus natos. Os recentes atos de terrorismo praticados na Europa foram protagonizados por eles. Temos dez mil conversões por ano ao islã no Reino Unido. Convertidos se voltam contra o próprio país e aceitam um código de conduta altamente restritivo.

Isso acontece em sociedades secularizadas, nas quais as liberdades individuais alcançaram um desenvolvimento sem precedentes. O Estado Provedor assegura condições à satisfação das necessidades básicas e proporciona conforto.
Tais sociedades desenvolveram uma cultura laica, na esteira do processo de laicização iniciado pela Revolução Francesa, sob a influência do iluminismo. Os convertidos jogam no lixo conforto material, liberdades individuais e os encantos das sociedades libertárias e hedonistas.

Não é preciso dizer que os convertidos ao islã, principalmente aqueles que se apresentam voluntariamente para combater na guerra santa, deixam as suas famílias, porque esta instituição se encontra moribunda no ocidente.

Os convertidos renunciam a cultura laica e às liberdades individuais, trocando-as pelas rígidas limitações do islã, que exige das mulheres cobrir todo o corpo, como exige de todos conduta abstemia em sociedades alcoólicas e drogaditas.

É pouco? Tem mais: alguns dos convertidos aceitam práticas terroristas violentíssimas e apresentam-se voluntariamente para uma guerra das mais cruéis, cujos riscos superam os perigos dos últimos conflitos travados pelos países ocidentais. É muito mais perigoso combater na Síria, nas fileiras do Estado Islâmico, do que foi no Iraque e no Afeganistão, nas fileiras ocidentais; ou em qualquer dos lados nas ilhas Malvinas.

Na Síria a sorte dos prisioneiros de guerra é outra, sem a proteção das convenções internacionais sobre conflitos. As punições disciplinares são muito mais rigorosas, as condições dos combates muito mais difíceis, os serviços de saúde são mais precários, as missões podem ser mais arriscadas e até suicidas. Tudo é desfavorável. Mas não faltam voluntários.

Liberdade, conforto, prazeres e segurança jurídica não são suficientes nas sociedades relativistas, amorais e hedonistas do ocidente. O moralismo dogmático, restritivo e rigoroso está se mostrando muito mais sedutor. O que significa tudo isso? Nunca houve uma sociedade agnóstica. A licenciosidade permissiva da decadência do Império Romano e da decadência dos helenos, hoje instalada no ocidente, parece não satisfazer.

A falta de limites, a falta de transcendência inserida no individualismo radical da pós-modernidade, o relativismo das imposturas intelectuais que invocam equivocadamente a física quântica e a física relativista, confundindo-as com o relativismo laxista nos campos ético e cognitivo, estão produzindo uma desorientação diante da qual o islã é referência estável.

Os pais, os clérigos, as autoridades civis e os mais velhos em geral foram contidos pelo discurso libertário ou praticaram suicídio moral. Os novos gestores da moral relativista não representam referências seguras.

O ocidente está enfermo.

*Rui Martinho Rodrigues
Professor – Advogado
Historiador - Cientista Político
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10

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