Acessando o blog “Leitura e Contexto” leio interessante crônica recentemente postada pela bibliotecária Ana Luíza Chaves, e descubro que a sua mãe, a confreira Concita Farias, ocupante da Cadeira nº 7 da ACLJ, poetisa refinada, manteve escola de ensino fundamental em Fortaleza por mais de vinte anos.
“Nessa época, o Maternal era objeto apenas das escolinhas menores, os colégios maiores não ofertavam vaga nesse sentido, e somente depois, já nos fins dos anos 80, descobririam esse nicho de mercado.”
E ainda a revelação de que seu estabelecimento de ensino, inaugurado em 1971, era absolutamente alternativo para a época nos seus métodos pedagógicos, e que foi pioneiro em grande parte do que se aplica hoje em todas as creches, escolas maternais e jardins da infância, confirmando o acerto do que então ela fazia.
“O Cogumelo (...) destacava-se pela forma diferente de tratar e ensinar as crianças, sempre utilizando a arte como recurso lúdico, para atingir o fim didático e pedagógico. Poesia, música, parlendas, desenhos, dança, expressão corporal, dramatização, recreação, teatro de fantoches, recorte e colagem, contação de história, tudo era instrumento de aprendizado para a vida, e também para se chegar ao conhecimento formal, aquele que era exigido para a classe posterior, a Alfabetização.”
Não significa que lhe tenham todos copiado, posto que isso possa ter acontecido aqui e ali, de modo pontual, mas indica que Concita Farias antecipou, por sábia intuição, metodologia original, que outros só descobririam anos à frente.
"Parquinho? Tinha sim, mas, todo projetado artesanalmente e artisticamente (a arquitetura e a pedagogia se uniam em corpo e alma), visando explorar a coordenação viso-motora – ladeiras e degraus, para subir e descer; pontes, para passar e se equilibrar; pneus coloridos (aqui cabe ressaltar o pioneirismo absoluto), para fazer caminho de obstáculos; anéis de cacimba, para servir de casinha e abrigo; areia, muita areia de praia, para brincar e se sujar. E as mães perguntavam: Tem parquinho? Eram mostrados esses brinquedos, e elas se admiravam pela excentricidade.”
O Brasil ainda precisa entender que educação de qualidade é a chave para se reduzirem as desigualdades, a criminalidade, o desemprego, a fome, bem como para se produzirem profissionais de alto nível, que ajudem a promover a evolução tecnológica e econômica do País. E tudo começa no ensino básico. Pelo que se vê Concita Farias há muito tempo sabe disso.
(Vide: www.leituraecontexto.blogspot.com)