sábado, 26 de agosto de 2023

ARTIGO - A Periodização da História (RMR)

 A PERIODIZAÇÃO
DA HISTÓRIA
Rui Martinho Rodrigues*

 

Considerações preliminares

As transformações históricas ocorrem constantemente. Todo tempo é tempo de mudança nos mais diversos campos da cultura material como da imaterial. A ocorrência simultânea de grande número de metamorfoses de importantes aspectos de uma civilização, todavia, deram lugar ao esforço de periodização da História. Ao fazê-lo admitimos a existência de configurações identificáveis e relativamente estáveis ao longo do tempo definido de cada período assim criado. Sim, toda classificação é uma criação orientada pelos pressupostos e objetivos de quem a faz. (Continua) 

ACIONE O LINK ABAIXO PARA ACESSAR INTEIRO TEOR

https://drive.google.com/file/d/12sC2IsEDHBSJUfALyuZ-r8Lk7sgTMHjB/view?usp=sharing 


domingo, 20 de agosto de 2023

CRÔNICA - O Que Há de Novo? (RV)

 O QUE HÁ DE NOVO?
Reginaldo Vasconcelos*

 

O último ato da noite é desativar o celular – o telemóvel dos portugueses – enfim, o telefone portátil multifunções que do corpo do homem moderno se tornou parte integrante. Um outro aparelho, de número reservado aos íntimos, permanece de plantão para emergências. 

What’s up? – pergunto eu, logo no começo do dia, ao universo dos meus principais afetos – no inglês contrato que inspira o nome do aplicativo eletrônico que aciono, e que aproxima multidões. “O que há de novo?” – dir-se-ia em português.

Em pouco tempo, e com nenhum esforço, tenho na palma da mão a cerebração dos meus amigos, algo do que pensaram nas últimas horas e me quiseram transmitir, e que, na mesma medida, lhes vou corresponder – uma mágica da ficção científica, até já imaginada, mas nunca antes jamais acreditada. 

Pelo celular dou sinal de vida, marco encontro, saúdo quem muda de idade, lamento o passamento de outro alguém. Antecipo o assunto, e em pouco tempo somos vários – seja na missão profissional, seja na praia ou na piscina, ou no happy hour, talvez no evento noturno que marcamos. 

Principalmente, logo após a aurora, ainda na padaria, ouço o chamado mavioso da paixão, de alguém que se soma aos passarinhos da manhã para me cobrar uma palavra, na única voz capaz de lhe resgatar o folego da saudade sufocante, para que lhe confirme a existência e traga para a realidade o sonho que Morfeu proporcionou. 

Impensável até recentemente, mas agora também posso furar o fuso horário para contatar amigo antigo e distante que encontro do outro lado do oceano, às vezes estando ele no meio do frio cortante que tanto me agrada sentir, diante de um copo de vinho e de uma cuba de fondue, e cuja lembrança me apraz. 

Contrario sensu, ele é que me revela de lá a sua inveja do clima tropical, feito de abacaxi, caju e manga – e sol brilhante, brisa marinha, água de coco, caipirinha de limão. 

Agora é um filho que fala do seu quarto ao lado a dar “bom dia” – um pai ausente, um neto querido – alguém que invade a alma de repente para elidir a solidão, e para garantir que ainda vale a pena viver e lutar para glória do incógnito Ser Supremo que arquitetou e administra o Universo. 

Esse aparelho magnífico de mil usos importantes, que há 50 anos imaginei existiria no futuro, encurta o tempo e o espaço entre as pessoas, fazendo disponível e cambiável o calor humano universal, combustível da existência, principalmente através do Whatsapp. 

Talvez possa ele, quem sabe (?), em momento vindouro muito próximo, servir também ao exercício do voto popular simplificado e seguro para opinar sobre os futuros rumos da Nação – volto eu a delirar gostosamente. 

A telinha poderá, em incorruptível aplicativo apropriado, conferir as personalíssimas papilas digitais de cada um, fazer o seu reconhecimento facial nos científicos padrões, ler as insofismáveis características de sua íris. 

O microfone interno, por seu turno, poderá conferir a específica frequência do seu timbre de voz – enquanto o número do cadastro nacional atestará eletronicamente a sua existência, a sua identidade, a unicidade autêntica do sufrágio livre, secreto, pessoal.

        

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

NOTAS SOCIAIS - Visita a Evento Naval - Aniversário da ACL

 ACLJ EM EVENTO NAVAL

 

Neste dia 15 de agosto o Comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros, Capitão de Fragata Daniel Rocha, convidou o Presidente da ACLJ, Reginaldo Vasconcelos, para participar da “Cerimônia do Por do Sol a bordo do Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico”.

O barco gigante da Armada Brasileira tem função militar e assistencial, transportando helicópteros e viaturas da Marinha para atividades de defesa e de socorro em qualquer ponto do oceano ou do nosso extenso litoral.



O Presidente Reginaldo se fez acompanhar pelo Presidente Emérito Rui Martinho Rodrigues e pelo Diretor Adriano Jorge. 



Esse navio, ancorado no Terminal de Passageiros do Porto do Mucuripe, a maior embarcação bélica da América Latina, está sob o comando do Capitão de Mar e Guerra Mozart Junqueira, na imagem ao lado do Almirante Reis Leite e do Comandante Anderson Valença.


O General Pinto Sampaio, Comandante da 10ª Região Militar, e o Coronel Cláudio Barreto, prestigiaram o evento naval.




Acima, o momento da formação para a solenidade de arreamento da Bandeira Nacional, diante dos convidados, realizada por ocasião do por do sol.

   
Na imagem a jornalista Jeritza Gurgel e o repórter fotográfico Luís Carlos Moreira, Membro Honorário da ACLJ, com o Comandante Anderson Valença e outros participantes do evento.

 
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ANIVERSÁRIO DE 129 ANOS DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS


A Academia Cearense de Letras, na noite deste dia 17 de agosto de 2023, comemorou seu 129º aniversário, em solenidade no Palácio da Luz, conduzida pela escritora Regina Fiuza, Diretora da instituição aniversariante.

O evento foi marcado por belas falas do Dr. Lúcio Alcântara e do Prof. Joaquim Falcão, carioca de origem pernambucana, membro da Academia Brasileira de Letras, especialmente convidado.

Compondo a mesa de honra o Empresário Beto Studart, Membro Benemérito da ACLJ, e a Desembargadora Federal Germana Moraes, nosso Membro Honorário, Vice-Presidente do TRF 5.


Representando a ACLJ os acadêmicos Reginaldo Vasconcelos, Paulo Ximenes, Sávio Queiroz Costa, Pedro Bezerra de Araújo, Karla Karenina, Edmar Ribeiro, Paulo César Norões, Adriano Vasconcelos, César Barreto e Vicente Alencar.  


ARTIGO - Os Temores Neomalthusianos (RMR)

 TRÊS TEMAS E
MUITOS INTERESSES

Parte 02

OS TEMORES NEOMALTHUSIANOS
Rui Martinho Rodrigues*

  



Thomas Robert Malthus (1776 – 1834), um clérigo e matemático que, sendo inglês, impregnou-se do Iluminismo predominante na França em sua época. Publicou, em 1798, a obra Ensaio sobre o princípio da população. Vaticinou um desastre como consequência do crescimento da população em ritmo de progressão geométrica, enquanto a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética. Contemporâneo da primeira fase da Revolução Industrial, assustou-se com a rápida urbanização; fez projeção das duas variáveis que comparou, esquecido de que o pressuposto de toda projeção é a continuidade das tendências dos diversos fatores projetados, conforme a expressão latina ceteris paribus ou coeteris paribus, ou seja, se tudo permanecer constante. 

As tendências, porém, não permanecem constantes. A produtividade da agricultura moderna cresceu mais do que a população. Novos contraceptivos, cada vez mais divulgados e usados, promovem o envelhecimento de populações e até o despovoamento de países. Grandes populações como as da China (taxa de fertilidade 1,64 em 2020), Europa (1,52, dados de 2009), Rússia (1,50 dados de 2023), Japão (1,32 dados de 2006). 

A taxa mencionada expressa o número de nascimentos por mulher em idade fértil (dados colhidos na internet). Quando ela fica abaixo de 2,0 indica tendência para uma variação negativa do crescimento vegetativo da população, com envelhecimento da população como resultado do número de nascidos vivos menos o número de mortos abaixo do necessário para repor as perdas causadas pela mortalidade. 

A imigração, em alguns casos, está compensando o declínio vegetativo, ensejando até algum crescimento distinto do vegetativo. A redução da taxa de fertilidade, até agora, tem mostrado ser uma tendência irreversível (ceteris paribus). Alguns países, como Japão, Rússia, Georgia, Bulgária, Cuba, Sérvia, Ucrânia, Belarus e outros estão sofrendo decréscimo populacional absoluto, que representa o resultado da variação vegetativa juntamente com a diferença entre imigrantes e emigrantes. 

A atual densidade demográfica da Coreia do Sul é de 527,7 hab./km2, e a de Taiwan é de 610 hab./km2. Registre-se que estes dois países são montanhosos e apenas uma pequena parcela do território deles é agricultável. A densidade do nosso planeta é de aproximadamente 50,66 hab./km2, aproximadamente 10 ou 12 vezes menor, respectivamente. 

Desertos estão se tornando produtivos, graças às técnicas de recuperação do solo e de superação da aridez. Isso está ocorrendo na Arábia Saudita, China e em outros países. A densidade demográfica da Terra poderia, considerando-se apenas o espaço físico, ser multiplicada por 10 ou 12. A recuperação dos desertos e o aumento da produtividade, a densidade possível certamente permite uma densidade demográfica cujos limites são incalculáveis. O temor neomalthusiano não se justifica. 

Mudança climática 

A possível natureza antropogênica da mudança climática se anuncia invocando a ciência. Os interesses da agricultura europeia e norte americana se fazem presentes neste debate. A produtividade agrícola dos europeus e americanos é inferior a das regiões tropicais, onde é possível colher até três safras por ano, onde havendo solo agricultável, água e sol pode haver uma produtividade inalcançável pelos concorrentes dos EUA e Europa. 

Há também o interesse na exploração de recursos minerais. A prática ilegal de mineração em terras que alegadamente precisariam ser preservadas é uma realidade. O argumento da preservação está despovoando áreas da Amazônia, com a ajuda ONGs, conforme alerta do ex-ministro Aldo Rebelo em vídeo que pode ser acessado pela internet. 

Terras sem população se tornam vulneráveis ao aventureirismo de toda espécie. A tese da mudança climática de origem antropogênico passa ao largo do fato de que muitas vezes o clima do nosso planeta mudou. Tivemos eras glaciais e períodos quentes. Tais mudanças ocorreram antes da Revolução industrial e até antes da existência do homem. 

O temor de uma catástrofe ambiental atraiu grande parte do eleitorado. A conquista de eleitores contribui para o discurso sobre combate aos fatores antropogênicos da mudança climática. É mais fácil fazer crer que os recursos finitos serão explorados até o esgotamento, embora os fatores permaneçam constantes. A variação de preços e elasticidade cruzada dos preços e demandas arrefece a procura e favorecesse os bens alternativos. Mas eleitores não perdem tempo com explicações longas e complexas. É mais fácil obter votos com o discurso do apocalipse ecológico. 

Diversos fatores só são lembrados por alguns climatologistas dissidentes. Mudanças cíclicas da órbita da Terra, que nos aproximam e distanciam do sol; a atividade do sol, que em períodos diferentes emite mais ou emite menos calor; erupções vulcânicas, que aumentam a concentração de partículas em suspensão na atmosfera, bloqueando parcialmente a luz e refletindo para o espaço o calor sol, nada disso é discutido. Vulcões submarinos nunca são mencionadas, como se fossem irrelevantes para as correntes marítimas e para a temperatura dos mares, que influenciam o clima. 

O crescimento das cidades, asfalto que acumula e emite o calor acumulado, prédios altos que modificam as correntes aéreas, estruturas metálicas de carros também emitem calor, assim como motores de veículos e das mais diversas máquinas, tudo isso é visto, à luz do senso comum e é dito por especialistas, como sendo evidência de que a mudança climática é antropogênica. É a falácia de inferência imediata. 

Tudo isso realmente emite calor e aquece o ambiente das cidades. Mas o ar mais quente é mais leve e sobe. A diferença de temperatura entre o ar aquecido das cidades e a temperatura fora delas provoca correntes aéreas que dispersam o calor, que é uma energia. Temperatura é a medida desta energia, não é a própria energia. Esta se dissipa e a temperatura cai. A dissipação se dá com o gasto de energia pela evaporação nos oceanos, chuva, ventos e sons que eles produzem. O calor não se conserva, embora se propague por condução, por irradiação e por convecção. 

Será o calor uma grandeza que distribuída eleva a média da temperatura da atmosfera como um todo? A energia do calor nos gases consiste na intensidade do movimento das suas moléculas, que provoca a expansão dos gases. Uma vez que haja a expansão ocorre a dissipação da energia e há esfriamento. O ar quente sobe, se expande e esfria. Aumentará a média da temperatura do planeta? Asfalto, carros, calor emanado por chaminés e descarga de veículo automotores criam ilhas de calor nas cidades. Não é conhecimento pacífico que provoquem mudança climática em escala planetária. Acrescente-se que a climatologia não é uma ciência unívoca. 

A acumulação de gases expelidos do intestino dos seres vivos tem sido apresentada como causa da mudança climática. Trata-se de uma emissão poluentes realmente existente. As populações de insetos, artrópodes, aves e mamíferos silvestres não deve ter crescido, pois a vida silvestre diminuiu. Rebanhos e populações humanas cresceram muito. 

A grandeza dos gases intestinais emitidos por estas populações é suficiente para causar mudança climática? A fotossíntese de algas dos oceanos e dos vegetais capturam o CO2 destas emissões. Não será suficiente? Não estamos superestimando a grandeza das nossas atividades fisiológicas? Uma só explosão, no início da erupção do vulcão Pinatubo, em 1991, emitiu mais poluentes do que o conjunto da indústria dos EUA durante um ano inteiro. 

O comércio de créditos de carbono gerou interesse pesado, associado à tese da mudança climática como antropogênica. Al Gore (1948 – vivo), ativista da causa ambiental, ganhou fortuna com o comércio de créditos de carbono. Adotou o discurso que anuncia um catastrófico aumento do nível dos oceanos, mas comprou uma casa, por um preço milionário, em uma praia da Califórnia. Não teme o aumento dos oceanos que ele mesmo anuncia como uma catástrofe iminente. 

A arma diplomática 

A mudança climática antropogênica é um trunfo na política internacional. Salvar o planeta permitiu aos países mais desenvolvidos, que no passado recente foram colonialistas e neocolonialistas, recuperar “legitimidade” para se colocar acima da soberania dos estados nacionais. Rudyard Kipling (1865 – 1936), autor da obra O fardo do homem branco, uma exaltação do imperialismo como um esforço, não pela conquista de recursos naturais, mas para levar a civilização aos povos atrasados, foi laureado com o prémio Nobel de literatura em 1907. A defesa do planeta, hoje, é exaltada como o foi o “fardo do homem branco”, pelo imperialismo no passado recente. 

A complexidade dos temas abordados exige estudos mais abalizados que as conjecturas e simples indagações do leigo que escreveu estas linhas, como provocação para que os doutos no assunto se pronunciem e outros leigos eu manifestem as suas perplexidades.

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

CRÔNICA - Colecionadores (PN)

 COLECIONADORES 
Pierre Nadie*

 

Colecionadores há-os a rodo, e de estirpes inúmeras. Em minha infância e juventude, colecionava selos. Buscava um tal de “Olho-de-boi” e outros tantos, comuns e raros, nacionais e de outras paragens. Colecionador de selos e moedas, augurava-me eu. 

Certo dia sofri uma agressão verbal, quando perambulava pelas empresas comerciais e bancárias da cidade, aonde recente chegara, à cata de emprego. É que me vestia, humildemente, porém, não sujo nem com roupas desbotadas e tinha barba renascendo adolescente, há cerca de alguns dias, por não ter “conseguido” dar-lhe um tratamento adequado. 

Nada respondi. Minha reação foi deglutir aquela situação, porém, não a pude digerir, tão rapidamente, tampouco me apequenei no meu desiderato. Meu sonho caminhava comigo e nada me faria desistir. Uma indigestão seguiu-se a me inquietar, parece que havia feito um nó dentro de mim. E que nó! 

Foi, então, que resolvi pôr minha barba de molho. Dei-me conta de que eu tinha necessidade de sobreviver e não de curtir mágoas, e não podia continuar a magoar-me, precisava assumir-me protagonista de minha vida. Não seria eu colecionador nem de dores, de agressões, nem de sonhos, os quais teimavam em sair de devaneios e de desejos. 

Foi aí que mergulhei no universo de colecionadores. Por que deveria eu ficar colecionando mágoas e rancores? Não ganharia, por certo, medalhas de vencedor, senão dividendos, que me derrotariam e me deixariam à margem de “minha própria pessoa”. 

quantos colecionadores enchem-se de museus inocentes e porões de imundície. Passam mais tempo de sua vida supliciando seus sonhos, seus ideais e tornam-se rabugentos a si mesmos e aos outros. Pessoas amargas em sua redoma de egoísmo, de ódio e de inveja. Por vezes, colecionam ainda “vinganças”, as quais se voltam para enriquecer a miséria do acervo de suas imundícies.

A pequenez de tais colecionadores de rabugices rumina negatividades de autoestima, riqueza de autossuficiência frustrada. Sua vida não tem afluentes de sucesso; intricado labirinto, povoado de minotauros, do qual nem mesmo Dédalo conseguiria escapar, é o que é. A vida dá-nos oportunidades. Cabe a cada um dar retorno à vida, que é sua, dar-lhe oportunidade de realizar os seus sonhos. 

Derrotas não se colecionam, pois estimulam audácia e coragem. Erros não se colecionam, eles apontam acertos. Mentiras não se colecionam, elas clareiam a verdade. 

Não bati de frente com meus sonhos: não os deixei adormecer, pois, sua hibernação seria perpétua, não os prendi no sótão. Eles me mereceram e eu não os decepcionei: fortes e firmes. 

Suum cuique tribúere.


quinta-feira, 10 de agosto de 2023

ARTIGO - Três Temas e Muitos Interesses (RMR)

 TRÊS TEMAS E
MUITOS INTERESSES
Rui Martinho Rodrigues* 

Parte 01 

Muito se discute sobre três temas interligados: (i) o exaurimento de recursos naturais finitos; (ii) o crescimento demográfico como ameaça a sobrevivência da espécie ou da civilização, segundo a expressão do pensamento neomalthusiano; e (iii) a mudança climática. Trata-se de um conjunto de preocupações que devem ser analisadas (a) sob o aspecto científico como (b) sob a perspectiva política. Os temas citados tratam de fenômenos altamente complexos. A contribuição da ciência, para a compreensão deles, é indispensável. Deve, todavia, ser ponderada na perspectiva da incomunicabilidade dos paradigmas, também nomeada como cegueira dos paradigmas, conforme a escola do racionalismo pós-crítico, na análise de Thomas Samuel Kuhn (1922 – 1996), na obra A estrutura das revoluções científicas, que explica por que a comunidade científica sempre foi incapaz de compreender uma teoria radicalmente inovadora. Devemos, ainda, ponderar a instrumentalização do merecido prestígio da ciência pelos interesses argentários, políticos e ideológicos. 

O debate sobre cientificidade 

Galileu Galilei (1564 – 1642), quando inovou no campo das teorias da gravidade, enfrentou resistência da comunidade científica do meio universitário onde lecionava. Giordano Bruno, quando ousou apresentar a teoria do universo infinito e inacabado, foi morto na fogueira também por gente erudita. Louis Pasteur (1822 – 1895), já na chamada Idade Contemporânea, quando apresentou a Teoria Microbiana quase foi posto em um asilo de doentes mentais. Sigmund Freud (1856 – 1939) foi expulso do Conselho de Medicina de Viena. Max Planck (1858 – 1847), antes de ter seus méritos reconhecidos ser laureado com o prêmio Nobel de 1918, enfrentou dura resistência da comunidade científica quando apresentou suas teorias. 

A resistência equivocada e violenta, nos meios científicos, em face da divergência teórica não foi exclusividade da Idade Média. Pasteur, Freud e Max Planck são exemplos de intolerância e erro da comunidade científica na Idade Contemporânea. Ressalte-se que os mesmos erros cometidos pela comunidade científica podem ser cometidos – com frequência – no âmbito da atividade política e no mundo dos negócios que se misturam com a produção e a divulgação da ciência. 

Tudo isso mostra que a história da ciência é um cemitério de erros, o que vale dizer; suas proposições são válidas apenas transitoriamente, conforme sentenciou Karl Popper (1902 – 1994), que afirma claramente: a ciência cresce corrigindo erros. Basta dizer que quatro modelos de átomos foram reconhecidos e substituídos no curto período de113 anos, começando com o modelo de John Dalton (1766 – 1844), em 1808; seguido pelo de Joseph J. Thomsom (1856 – 1940), seguido pelo de Ernest Rutherford (1874 – 1937) já em 1911. O quarto modelo átomo foi apresentado em 1913 por Nils H. D. Boh (1885 – 1962). Isto é: a ciência é processual, não definitiva. 

O argumento de autoridade e o lugar de fala 

A incomunicabilidade dos paradigmas é explicada por Thomas Kuhn como decorrente dos pressupostos teóricos que direcionam e limitam a percepção e a capacidade de observação e de análise, além de sofrer influência de interesses os mais diversos. O pesquisador (i) deseja que o seu relatório de pesquisa ou artigo científico seja aceito para publicação, (ii) que o seu projeto de pesquisa encontre financiamento, (iii) que o aceitem como consultor ad hoc, que (iv) os seus trabalhos sejam citados nos artigos das revistas científicas. 

Tudo isso influencia e pode distorcer a pesquisa. Estudos podem ser feitos para satisfazer financiadores ou agradar examinadores. A divulgação de pesquisas também é influenciada por diversos fatores. Ao longo do “corredor polonês”, que passa por bolsas, seleções nos concursos e aceitação de artigos em revistas científicas, o intelectual é domesticado, seja de forma coercitiva, seja pelo interesse nas recompensas em forma de publicação de artigos, financiamento de pesquisa, convite para prestigosos eventos intelectuais. Russel Jacoby (1945 – vivo) disse que os últimos intelectuais foram aqueles da geração que hoje seria centenária, porque no Século XX a instituição universitária os atraiu para os campi e os “matou”. Relativizemos o argumento de autoridade. 

Os pesquisadores domesticados 

Estas e outras razões estimulam a submissão de pesquisadores ao viés de confirmação da tendência dominante. Pesquisas feitas por bacharelandos como trabalho de conclusão de cursos (TCC), dissertações de mestrandos e teses de doutorandos ou de candidatos às vagas de professor titular são trabalhos feitos sob medida para agradar examinadores. Até buscas na internet empreendidas, para que os examinandos saibam o que os examinadores escreveram e direcionem o que dizem para agradá-los, viraram rotina. Isso pode levar a submissão ao paradigma dominante e aos interesses mais fortes. 

Os mais diferentes grupos de pressão podem influenciar a produção e a divulgação científica financiando pesquisa e desenvolvimento de projetos, promovendo a divulgação favorável ou desfavorável de trabalhos ou, pelo contrário, bloqueando tudo isso. Os citados grupos de pressão podem ter a natureza de interesse (i) pecuniário, (ii) político/ideológico ou (iii) personalista. O exaurimento de recursos naturais finitos, uma suposta hecatombe demográfica e mudança climática se relacionam com todos os tipos de interesse citados. Devem, portanto, ser tratados com muito cuidado. 

Antes de formar opinião devemos proceder ao um esforço de revisão da literatura pertinente, promovendo o contraditório entre as correntes doutrinárias. Não basta inteirar-se do que diz uma das correntes. Não vale o argumento de autoridade, ainda que seja baseado no número de autores e publicações, afinal Galileu e Pasteur lutavam sozinhos contra tudo e contra todos e estavam certos; nem devemos nos basear nos títulos acadêmicos ou no lugar de fala, porque doutores, falando das mais prestigiosas universidades, podem cometer erros grosseiros. 

Tampouco devemos incorrer no erro da falácia da inferência imediata, baseando-nos na nossa observação, que é limitada pelo alcance da nossa percepção e que precisa ser analisada com o auxílio de instrumentos teóricos e metodológicos. A observação empírica, sem amparo do rigor metódico e da vigilância epistemológica tende ao erro. Quem simplesmente observa pode concluir que o sol gira em torno da terra. A preocupação metodológica pode evitar muitos erros. A indução por exclusão, que após afastar alguma hipótese considera não haver outra possibilidade além daquela que o observador tem em mente, não é suficiente para o observador se sentir seguro de suas conclusões e pode ser um dos erros em que incorremos quando nos afastamos do rigor epistemológico. 

O exaurimento de recursos naturais finitos 

É obvio que a subtração continuada de um conjunto finito, seja ele qual for, acabará por esgotá-lo. Não há discussão quanto a isso. O debate sobre o exaurimento de recursos naturais não renováveis – e por isso finitos – diz respeito aos seguintes aspectos: 

(i) A subtração de recursos finitos os torna progressivamente escassos e consequentemente mais caros. A elasticidade do preço, tanto da oferta como de parte da demanda, entre em cena. Isso leva a contração da procura pelo bem tornado escasso, diminuindo o ritmo da retirada de suas reservas. 

(ii) A elevação do preço estimula o uso de bens alternativos, assim como a busca e o desenvolvimento destes bens. As novas fontes de energia são exemplos disso: os ventos, o sol, as biomassas, a energia nuclear, o hidrogênio verde e o azul, a energia geotérmica e outras fontes possíveis das quais já se cogita, como a fissão nuclear (capaz de suprir todas as necessidades de energia) afastam o fantasma do exaurimento dos recursos energéticos. A natureza nos ensina uma lição que pode ser aplicada aos recursos não renováveis: antes que o último casal de corujas localize, em uma certa área, o último casal de ratos, as corujas terão emigrado, conforme a semelhança com a opção por bens substitutos pelos consumidores, ou as corujas terão morrido de fome, de modo comparável a morte de um ramo de negócio, como seria o fim da energia baseada em hidrocarbonetos fósseis antes do esgotamento destes. 

(iii) A busca de novas reservas do bem escasso se torna factível em razão da elevação do preço. Assim tornou-se possível explorar petróleo sob o leito marinho, sob águas profundas e muitos quilômetros de solo adentro, inclusive tendo de atravessar camadas de sal que desgastam os instrumentos de perfuração e encarecem a pesquisa e a exploração do ouro negro. Novas áreas já podem ser exploradas, como as do leito marinho das regiões árticas. Assim o exaurimento dos bens não renováveis é adiado enquanto novos bens substitutos são desenvolvidos e viabilizados economicamente, a exemplo do que sucedeu com a energia dos ventos e de sol e a futura fissão nuclear. 

(iv) A conservação dos bens escassos, obtida por meio do uso mais eficiente também contribui para adiar o exaurimento enquanto se desenvolvem novas fontes de bens alternativos. Assim é que o uso do transporte ferroviário mais eficiente do ponto de vista energético do que o rodoviário e as aquavias, ainda mais eficientes do que o modal ferroviário, oferecem a mesma contribuição até que chegue a fissão nuclear ou outra fonte de energia para fins comerciais. Carros e eletrodomésticos mais eficientes, bairros inteligentes que diminuem a necessidade de transporte de pessoas e bens também são exemplos disso. 

Casas dotadas de autonomia energética pelo uso de energia solar ou eólica economizarão o cobre dos fios de transmissão da eletricidade produzida a distância. Assim, outro recurso finito, o cobre, é economizado. O declínio das populações é outro fator tendente a afastar o temor de um desastre da civilização pelo exaurimento dos recursos não renováveis.



ARTIGO - Nuciferacultura (VM)

NUCIFERACULTURA
Neologia Necessária
Vianney Mesquita* 

                                                      

 

Pouca necessidade de pensar praticam aqueles que nunca precisam de palavras novas.

 

Soneto Decassilábico Português
[Rima Encadeada]

BOM NEOLOGISMO

(V.M.)
 
De quando em vez um neo termo aflora,
Corrobora o potente Dicionário.
Permissionário, ao luso se incorpora
E aprimora seu vocabulário.
 
Não mercenário, de bom cepo explora,
Monitora o asserto consectário;
Corolário de origem, ele perora
Bem se alcandora ao usual glossário.
 
Mais que ordinário, eis por que se alça,
Os cânones da língua vê e calça,
Sem que, também, nossos linguistas poupe.
 
Mesmo que enroupe a missão que encalça,
Adorna o Português e o realça,
Ao ir, fagueiro, enriquecer o VOLP.

 

Experimento o lance de proferir os comentários deste artigo, com amparo na sentença epigrafada, de autoria de Arturo Graf, literato teuto-greco-italiano, procedente de alemães, nascido em Atenas e com registração de óbito em Turim (19.01.1848 – 31.05.1913). 

As anotações dizem respeito a um pequeno busílis, por mim topado, sempre que se me depara, a fim de revistar, algum escrito acerca da produção, comercialização, cultivo e movimentação agrícola – e econômica, principalmente – do coco-da-baía. 

Também, vez por outra, sou conduzido a revisar produções universitárias atinentes a outros componentes palmáceos alimentares, amanhados como produtos para circulação no mercado, classificados num só gênero, Coco - catolé, bocaiuva, macaúba, coco-espinho etc. – com exceção do primeiro, em particular, para natural sustento alimentar dos animais sem razão, pela ciência chamados de in anima vili, em contraposição aos de cariz in anima nobili, os seres racionais, que concertam a espécie humana. 

Não custa fazer referência – porquanto é ensejado – ao fato de que o babaçu, que no Nordeste do Brasil é tomado vulgarmente como “coco-babaçu”, não é parte do gênero Coco, mas pertence ao Orbygnia phalerata, constitutivo de bem econômico de regular monta no âmbito do comércio de produtos oriundos da atividade rural no País. 

Mencionados experimentos acadêmicos, cujos teores relatoriados são por mim transitados para revista, procedem de programas brasileiros de pós-graduação em Agricultura, stricto sensu (com exame extensivo aos outros setores da produção), por exemplo, da Universidade Federal de Viçosa - MG, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ (USP-Piracicaba-SP), Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA-Mossoró-RN) e, nomeadamente, originários dos programas de Economia Rural, Mestrado e Doutorado,  da Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici, aqui em Fortaleza, um dos melhores programas de pós-láurea em curso no Brasil e, com irrestrita certeza, em todo o Mundo. 

O embaraço reside exatamente em determinar um substantivo para bem retratar, nos relatos experimentais dos meus consulentes, a atividade agrícola-econômica representada pelo Coco nucifera – Linn. 1757, uma das dezenas de espécies, da família Arecaceae, inserta no gênero único de taxinomia do coco, o coco-da-baía, principal cultivar dessa classificação, estudado em nossas escolas sob o prisma científico, na conjunção dos vários ramos do disciplinamento parcialmente ordenado a envolverem seu exame. 

Este impedimento não sucede, exempli gratia, com a cultura do café, à qual, sem qualquer percalço de ordem gramatical, linguística e elocutória, se concedeu o crédito de cafeicultura, com o “i” do meio fazendo a ponte com os dois substantivos para formar o asserto composto, com o escopo de não retratar ideação diferente (café-cultura, estabelecimento onde se toma café e se cultivam temas em geral, café-livraria), bem assim – e, principalmente - com vistas a obedecer às regras de formação vocabular da língua portuguesa, cujo trato, por não ser agora propício, não há de vir à discussão, o que é passível de sobrevir noutra ocasião. 

A igual acontece em citricultura, relativamente a cítricos (gênero Citrus, família das rutáceas), plantação, cultura e exploração econômica, consoante ocorre com laranja e limão. E, assim, com sericicultura – criação do bicho-da-seda (Bombryx mory), beneficiamento, industrialização e comercialização da seda; olericultura – cultivo e acrescentamentos econômicos de legumes; mangiferacultura – plantação, acompanhamento dos cultivares de manga (Mangica indica); rizicultura ou orizicultura – cultura e economia do arroz (Oriza sativa); e tantas outras ações agroeconômicas de ofício dos três setores produtivos – primário, secundário e terciário, isto é, Agricultura, Indústria e Serviços. 

O problema não subsistiria, se a unidade ideativa coco não sugerisse, colada à sequente, a formação de nomes cacofônicos, ille est, a eventualidade de cacófato – indicativo de som feio, desagradável, discorde ou com sentido errado, advindo da articulação de dois termos juntos; e de unidade lexical obscena, grotesca ou descontextualizada, proveniente da sílaba final de uma dição à inicial de outra. Isto se dá em decurso de um seu homógrafo imperfeito, parônimo – cocô (de origem controversa) – representativo de excremento e, por extensão, algo de má qualidade. 

Desta sorte, convenhamos, são defesas, por absolutamente descabidas, as referências a cococultura (aqui como a sugestionar um exame parasitológico de material excrementício) e a cocoicultura, cujo “i” certa pessoa já sugeriu como ligação, propondo-se a reduzir o efeito da cacofonia, no entanto (a mim me parece), ideia desprovida de sucesso. No tentame de aportar a uma solução, outras insinuações vocabulares afloraram, entretanto, deseixadas de ideação lógica e revéis às normas de formação glossológica em português, conforme sucede em coquicultura e cocucultura – esta que me ressoa ainda mais desarrazoada. 

Louvado, com efeito, na configuração latina da denominação taxinômica efetivada pelo célebre e operoso naturalista sueco Carlos de Lineu (Carl Nilsson Linaeus), em 1757 – Coco nucifera – penso haver encontrado uma proposição verosímil (também verossível e verissímel), consistente em ajuntar, como primeiro elemento do hibridismo ora sugerido, o conjunto vocabular nucifera (+ cultura), com esteio nas razões aduzidas à continuidade.

Impende-me, então, elucidar, considerando, inauguralmente, o fato de que alguém aventou – e os lexicógrafos, inadvertidamente, aceitaram, introduzindo o verbete nas obras de referência – a expressão nucicultura, como representativa da intenção de “cultura de nozes”, todavia procedente apenas das diversas ocorrências de nogueira, como nos casos de nogueira-americana ou nogueira-pecã (Carya illynoensis), nogueira-brasileira ou nogueira-de-iguape (Aleurites mollucana), nogueira comum (Juglans regia), nogueira-da-austrália ou macadâmia (Macadamia ternifolia) et reliqua. 

Conquanto, sob o prisma da evolução histórica, nuci se reporte a nogueira, a inserção definitiva e oficial da terminologia nucicultura, especificamente para nogueira, nos dicionários, resulta, no mínimo, apressada, porquanto nuci, feita um antepositivo, do latim, alcança todo fruto com amêndoa, castanha, noz e outros, como o são a castanha-de-caju, fruto do cajueiro (Anacardium occidentale) – pegada ao pedicelo comestível (caju, que não é fruto), bem como todas as espécies do gênero Coco (único). 

De tal maneira, pelo fato de estar permanentemente sob registo lexicográfico, é interdito se empregar nucicultura, a não ser para o bem originário das diversas espécies dessas árvores produtoras de nozes – ficando de fora coco-da-baía, coco catolé (ou babão, quando não seco), macaúba, macaíba e quaisquer outras palmáceas.

A sugestão, por conseguinte, é a de se cunhar o neologismo NUCIFERACULTURA, objetivando descrever, para emprego nos escritos de matéria investigativa, a plantação, o cultivo e seus desdobres econômicos – evidentemente com os inerentes nexos sociais – uma vez que a neologia (por enquanto!) é bem constituída, de nuci – envolvendo todo fruto com noz – somada a fera, também latim, elemento pospositivo, representativo de “que traz”, “conduz” – isto é, feito de nozes. 

Malgrado em detrimento das demais espécies do gênero Coco, as quais praticamente não possuem representatividade econômica, sendo parcas, por tal pretexto, referências mais alentadas na literatura da Economia Agrícola, remansa, pois, como alvitre a conformação neológica NUCIFERACULTURA, para aplicação, nas Universidades e instituições de demanda científica, em textos de manifestação do saber parcialmente ordenado relativo a coco-da-baía (Coco nucifera). 

Minha expectativa é de que, dentro em poucos anos, os glossários das ciências ditas aziendais, ligadas ao ecúmeno rural, incorporem a sugestão, restando, também, a probabilidade de, em poucos decênios, ou mesmo antes, os dicionários oficiais do VOLP, circulantes nos nove países lusofônicos**, apropriarem a elocução, ao jeito como procederam com relação à unidade de ideia nucicultura, devidamente em si consignada em tempo relativamente curto.


*João Vianney Campos de Mesquita é Prof. Adjunto IV da Universidade Federal do Ceará. Acadêmico Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa, Academia Brasileira de Literatura e Jornalismo e Arcádia Nova Palmaciana (fundador). Da Associação Brasileira de Imprensa e Associação Internacional de Jornalistas (Bruxelas-EU). Escritor e jornalista.

** Portugal, Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde, Brasil, Moçambique, Timor Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial.