sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

CRÔNICA - Agonia em Rito de Passagem (BA)

 AGONIA EM
RITO DE PASSAGEM
Barros Alves*

 

 

O tempo dos homens (kronos) não é o tempo de Deus (kairós). O tempo de Deus está no plano do perene, da eternidade. Não há lugar para cansaços e desesperos nessa intemporalidade. Bem ao contrário é o tempo que nós, os mortais, medimos com o sentido do efêmero, da finitude.


Daí a melancolia que parece invadir o nosso mundo em ritos de passagem como é o caso da passagem de um ano para o outro. É como se amanhã fosse outro dia. Sem choro, sem lamentações, sem as esquivanças que nos são impostas pelos desequilíbrios cotidianos. Ano novo, vida nova! Tudo regado a boas esperanças.

 

Na verdade, o tempo não para e a mudança de um ano para outro é apenas uma formalidade com página virada no calendário. O ano que mudamos aqui não muda ao mesmo tempo em países do Oriente. Os calendários ortodoxos, chineses, dos judeus e muçulmanos marcam fim de ano em datas diferentes da nossa. Nós, cristocêntricos, não perdemos a mania de focarmos somente em nosso umbigo. É como se o mundo girasse em torno do Ocidente Cristão. Mas, como dizia o filósofo francês Roger Garaudy, o Ocidente é apenas um acidente na história humana.

Nenhum problema que marquemos nosso tempo em antes e depois de Cristo. Ele é o nosso mestre e guia, Ele ilumina nossa caminhada na história, Ele é o suor e o sangue daquilo que se convencionou chamar Cristandade, mas que parece agonizante por estes tempos aziagos. Pode não ser coisa nova. O pensador espanhol Miguel de Unamuno, na primeira metade do século passado, já falava numa “agonia do Cristianismo”.

 

Essa agonia, que indica um abandono do sangue de Cristo que promete a todos deixar alvo como a neve, sentimo-la por esses dias de neopaganismo e de exercício pleno de hipocrisia em face desse Cristo, cujos ensinamentos são repetidos aos gritos em cada esquina, mas pouquíssimas vezes levados a termo na prática cotidiana. Basta vermos o comportamento das pessoas nesses tempos em que mais se fala nEle. A festa da natividade do Menino se transformou em momentos orgíacos de glutonarias e bebedices, desde o casebre ao palácio.

 

E muito mais se alarga e amplia no tempo em que um ano morre e nasce o outro. Esse rito de passagem não aponta para um renascimento de valores éticos e morais da sociedade ocidental e cristã. Aponta para um corpo social que agoniza. Mas, há uma luz no fim do túnel. É a certeza de que a esperança não morre.


quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

NOTA LITERÁRIA - "Mas Não Guardo Rancor"

NOVA REPRESENTANTE
CEARENSE
DA BOA
LITERATURA FEMININA


Rhaina Ellery, Procuradora da Fazenda Nacional e especialista em Escrita e Criação, realizou neste dezembro o lançamento de seu livro de estreia, o romance intitulado “Mas Não Guardo Rancor”, seguido de uma sessão de autógrafos.

Tudo aconteceu na Galeria Multiarte, na noite do último dia 19, evento bastante prestigiado, já que os convidados sabiam que a autora tem uma habilidade ímpar em tecer histórias profundas e sensíveis. 

O romance traz a história de uma mulher criada por sua mãe e avó. O pai, uma ausência constante na vida da personagem. As emoções da protagonista, exploradas ao longo da trama, revelam descobertas sobre sua sexualidade e os conflitos enfrentados numa juventude marcada por dificuldades financeiras e de autocontrole. É nesse descontrole e na contradição humana que a narradora encontra seu verdadeiro destino.

A novel escritora é filha do confrade acelejano Humberto Ellery, que posa com a família na noite de autógrafos, ao lado do genro, da filha, da consogra, do filho e das netas.

Matéria: Jertiza Gurgel
Fotos: Rayane Mainara
   

CRÔNICA - A Palavra do Ano (ER)

 A PALAVRA DO ANO
Elizabeba Rebouças*     


No mês passado, tive o prazer de assistir a uma reunião de cunho literário da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ). Depois de ter declinado do convite algumas vezes ao amigo de longa data e presidente daquela Academia, Reginaldo Vasconcelos, assenti naquele dia em revigorar, por meio da Literatura, as forças perdidas pelo labor do dia-a-dia, lembrando de Fernando Pessoa: “a Literatura, como toda arte, é uma confissão de que a vida não basta”.

Era, na verdade, a segunda vez pela qual eu, juntamente com meu marido, participava de uma sessão da Arcádia Alencarina – nome dado pela ACLJ ao seu núcleo diretivo, que tem reuniões mensais – mas me parecia a primeira, pois, embora com rituais próprios, esta mantinha espaço para o improviso. 

Iniciada a sessão, deu-se posse a dois novos membros: o jornalista Barros Alves e o memorialista George Tabatinga, que, após serem vestidos com suas pelerines, inauguraram sua fase de imortais literários, saudando os seus pares, com seus discursos de posse.

Aos recém-colegas empossados, dentre outras saudações, foi lida, pelo acadêmico Pedro Bezerra de Araújo, uma crônica de Katharine Hepbum, a qual destacava a solidariedade, e, posteriormente, ao som do violão do também acadêmico Cesar Barreto, foi executada e cantada a música Coração do Mar, de sua autoria. 

No fim da cerimônia, passou-se à escolha da palavra do ano. O presidente explicou aos presentes que isso decorreu de uma tradição da Inglaterra e que a ACLJ, desde 2018, vem adotando o costume inglês que já se estendeu em diversas instituições e países. 

As palavras ali apresentadas foram “terrorismo”, “resiliência”, “inteligência artificial” e “narrativa”, sendo escolhida a primeira. No processo de escolha e enquanto o presidente fazia menção às palavras dos anos anteriores, fiquei cá com meus botões sobre qual palavra eu indicaria se tivesse o poder de voto. 

Veio-me à mente a palavra humanizar, que foi logo refutada pelo meu próprio pensamento: o que ela teria de novo, se nasceu junto com a própria humanidade? Mas logo lembrei que a palavra “mulher”, nascida concomitante à existência humana, foi eleita em 2022 a palavra do ano pelo Dictionary.com. 

No mesmo ato, pensei na famosa frase de Simone de Beauvoir “não se nasce mulher, torna-se”, da qual, por analogia, pode-se inferir: “não se nasce humano, torna-se”. Ou seja, humanizar-se se faz necessário para alcançar a essência do humano. Lembrei-me de Sartre: “a existência precede a essência”. Aqui abro um parêntese para dizer que, embora não comungue com o significado atribuído pelo filósofo francês a essa frase, utilizo-a não somente sob o pálio da licença poética, mas também para que novos significados possam surgir, inclusive dos existencialistas cristãos, entre os quais me incluo. Dito isso, continuo a reflexão sobre a escolha da minha palavra do ano. 

Como humanizar para nos tornarmos humanos? Ou, em outras palavras, como humanizarmos para não sermos desumanos? Se para Aristóteles o homem é um ser social, então será que ao deixar de ser gregário caminhar-se-ia para um processo de desumanização? 

Ora, tinha lido que a Organização Mundial de Saúde, no último dia 15 de novembro, declarou a solidão como uma ameaça global urgente à saúde, e anunciou a criação de uma Comissão de Conexão Social para, durante os próximos três anos, lutar contra o isolamento social. 

Nesse mesmo sentido, o Reino Unido, que sempre se posicionou, economicamente, como uma das maiores potências do mundo, criou em 2018 o Ministério da Solidão. 

Fiquei pensando que, se no primeiro pós-guerra, a devastação social e econômica fez florescer a Organização da Assistência Social como política pública para atender aos desvalidos, como forma de garantir a dignidade da pessoa humana, na contemporaneidade o cenário aponta a necessidade de construir políticas públicas para combater os efeitos nefastos da solidão, com o mesmo objetivo: promover a humanidade existente em nós. 

Lendo a página da OMS sobre os impactos da solidão, vi que ela pontuou: “Pessoas sem conexão social enfrentam um risco maior de morte prematura. O isolamento social e a solidão também estão ligados a ansiedade, depressão, suicídio e demência, e podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral”. Um dos líderes da Comissão de Conexão Social, Vivek Murthy, afirmou ainda que a solidão é tão prejudicial para a saúde quanto fumar 15 cigarros por dia.

Diante disso, penso que, nos dias de hoje, a resposta para aquele jovem rico que apareceu a Jesus indagando-lhe o que fazer para ganhar a vida eterna, seria, em vez de “vende tudo o que tens e dá aos pobres”, “compartilha todo o tempo que tens com os mais necessitados”; ou talvez, sendo Cristo conhecedor da escassez do nosso tempo, e na sua misericórdia para conosco, dissesse “doa apenas, diariamente, 30 minutos do teu tempo”. Resta saber quantos de nós ganhariam a vida eterna. Bem, são muitas conjecturas, mas com a certeza de que humanizar é preciso.

CRÔNICA - Procedamus In Pace! (PN)

 Procedamus in pace!
Pierre Nadie*

 

Você viu a airosidade da lua a dançar nos céus? Foi um dos Natais mais festejados pela irmã lua, diria Francisco de Assis. José não precisaria mais de um lampião, pois a dança amorosa da lua invadira aquela humilde gruta.

Ah! Gruta ou estrebaria? O importante é que sua escuridão rompeu. 

Aquele inusitado momento passara despercebido pelo mundo, pela própria circunstância histórica do censo em Belém e não porque José e Maria fossem pobres miseráveis, nem porque mendigassem, pois José era trabalhador incansável e assumira, firme e seriamente, a responsabilidade de garantir o necessário à sua família.  

Belém estava superlotada. E Deus designara aquela ocasião para o nascimento de Seu Filho, como uma pedagogia evangélica, uma mensagem do Céu, de humildade, de simplicidade e de resiliência. 

“E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo” (Mq 5,1). 

A ternura, o carinho e o amor de Maria e José, enquanto aqueciam o ambiente, rodeado de singelas rudes criaturas, protegiam o querido e amado Filho de Deus, no qual Ele pôs toda a sua complacência. 

Na pequenez daquele silêncio tugurial, o Criador do Universo vem a todos nós, rasgando todo orgulho, quebrando toda vaidade e alçando a fé e a simplicidade de Maria e José: não há maior dignidade humana do que sentir-se filho amado de Deus e seguir Seus mandamentos! 

A lua iluminou a escuridão da noite. Todos puderam ver o Caminho, a Verdade, a Vida: vida para poder caminhar e caminhar sob o influxo da Verdade e não de meras certezas e não de prazeres de ouropéis da carne. 

Deus nunca ilude, nem se curva a quaisquer vicissitudes e pretensões humanas, venham de onde vierem. 

É a fé que dá à razão a coragem de pensar e a determinação de seguir. 
Procedamus in pace!




Foto: Cira Leona        Arte: Totonho Laprovitera (Maria e Menino Jesus)

domingo, 24 de dezembro de 2023

MENSAGEM DE NATAL - 2023

 ACADEMIA CEARENSE
DE LITERATURA E JORNALISMO

MENSAGEM DE NATAL

Em meu nome e em nome da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, da qual estou presidente, quero dirigir-me a todos os confrades, beneméritos, comendatários, colaboradores e amigos da entidade, para retribuir ou manifestar votos de um alegre período natalino e de um venturoso 2024, repleto de realizações, superações e vitórias, sempre triunfando sobre o campo das trevas, sob as bênçãos de Deus, extensivamente a suas famílias, augurando ainda que o mundo, o Brasil e particularmente o nosso Ceará encontrem o caminho da justiça, da paz e do progresso.

Reginaldo Vasconcelos
Presidente 


 


sábado, 16 de dezembro de 2023

NOTAS SOCIAIS - Adísia - Marinha - LC Moreira

 NOTAS SOCIAIS

 

 ADÍSIA SÁ 
RECONHECIMENTO  MERECIDO

A jornalista, escritora e professora Adísia Sá, nos seus 94 anos, emocionada, recebeu em casa a sua merecida “Medalha-Troféu Rachel de Queiroz – Honra ao Mérito Feminino”, e certificado inerente. 

Adísia é Membro Honorário da ACLJ desde a fundação da entidade, que ela declinou de integrar no seu grupo inaugural, na condição de Titular, alegando que não tinha perfil condizente. 

Na verdade, pode-se atribuir a recusa a dois fatores: primeiro, não ter sido ela eleita para a Academia Cearense de Letras, embora tivesse sobrados méritos para compor a nossa mais veterana entidade literária. 

Segundo, por ter fundado o curso de jornalismo da UFC e se batido vigorosamente pela obrigatoriedade do diploma universitário para a militância na imprensa – exigência que a ACLJ não sobrepunha à vocação. 

Depois, elidida a exigência do diploma por voto-guia do então Ministro Ayres Britto, da melhor composição do STF, a professora Adísia, sempre coerente, reconheceu a necessidade do prévio pendor inato da pessoa para as letras jornalísticas, a ser coroado e desenvolvido pelo curso superior.

 

A veneranda jornalista e professora Adísia Sá, que teve a homenagem proposta pelo jornalista Arnaldo Santos, foi muito bem representada na solenidade de outorga da comenda, no ultimo dia 06 de dezembro, no Palácio da Luz, por sua bela sobrinha-neta Lia Abreu, jovem formanda em Medicina.


DIA DO MARINHEIRO
HOMENAGEM NA ALECE

 

No último dia 13 de dezembro, data de Nascimento do Patrono da Armada, o Almirante Tamandaré, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará promoveu uma sessão solene em homenagem à Marinha Brasileira.

 

O dia 13 de dezembro foi consagrado à Marinha, o que justificou a bela solenidade promovida na Casa do Povo, por iniciativa do Deputado Manuel Duca Ferreira Neto, que é oficial da reserva do Exército Brasileiro. 

Convidada para o evento, a ACLJ compareceu com quatro de seus Membros Titulares: o musicista César Barreto e o antigo oficial da Marinha Humberto Ellery, além do Presidente Reginaldo Vasconcelos e do Secretário-Geral Vicente Alencar. 

Dignos de nota os discursos proferidos por dois oradores da noite: pelo Almirante Elis Treidler Öberg, que discorreu sobre os méritos militares do Almirante Tamandaré; e pelo Capitão de Fragata Daniel Rocha, Comandante da Escola de Aprendizes-Marinheiros, este versando sobre o espírito audaz e varonil que caracteriza os homens do mar. 

    

LUÍS CARLOS MOREIRA
TROFÉU BOLA DE OURO 2023
MELHOR REPÓRTER
FOTOGRÁFICO ESPORTISTA 

Luís Carlos Moreira recebeu, pelas mãos de Marcondes Alves, da Associação Profissional dos Cronistas Desportivos do Estado do Ceará, a tradicionalíssima APCDEC, o ambicionado troféu “Bola de Ouro”, eleito o melhor repórter fotográfico do Estado, na especialidade desportiva. 

LC Moreira, Membro Honorário da ACLJ, não se dedica exclusivamente a cobrir e registrar eventos desportivos, pois aplica o seu talento em todos os campos da fotografia profissional, sempre brilhando entre os melhores. 

E a sua vocação é hereditária, pois o seu pai, Carlos Alberto Moreira, o Bebeto, já se destacava ao microfone da Ceará Rádio Clube, como comentarista esportivo. O Éle Cê Moreira, que também podemos chamar de PQD (por ser paraquedista), está de parabéns pela comenda merecidamente conquistada.      

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

RESENHAS - O Discurso Epistemológico - Novo Colosso de Márcio Catunda (VM)

 VINTE ANOS DE
O DISCURSO EPISTEMOLÓGICO,
DE SUZANA MAGALHÃES E ANCHIETA BARRETO 
(Organizadores)

 Vianney Mesquita*

 

A Filosofia é o Prefácio Humano do Evangelho.
(JOSEPH DE MAISTRE, filósofo religioso francês. 1753-1821).

 


No final de 2023, perfaz 20 anos de publicação do clássico O Discurso Epistemológico Modernos e Pós-Modernos, organizado pelos Professores Doutores Suzana Magalhães e José Anchieta Esmeraldo Barreto (Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará, 2003), de autoria dos dois e dos acadêmicos-escritores Clara Costa Oliveira, Eduardo Triandópolis, Francisco Gudiene Gomes de Lima, Hector Hugo Palacio Dominguez e Rui Verlaine Oliveira Moreira. 

Constando como prefaciador o Prof. Dr. Rui Martinho Rodrigues, neste volume de alevantada amplitude do exercício raciocinativo, seus sete autores, expertos da ação de meditar e traduzir conceitos, privilegiam o exame das reflexões de algumas das mais preeminentes autoridades do pensamento científico-filosófico moderno, fluindo subsídios de monta à temática específica no nosso ambiente reflexivo. 

Consoante se divisa nas palavras judiciosas e lúcidas do mencionado Dr. Martinho Rodrigues, em considerações propedêuticas aos oito módulos enfeixados no livro, lobriga-se o empenho – acolitado pelo êxito – dos signatários de cada capítulo para cogitar na natureza, estados e fronteiras do saber, nomeadamente das vinculações estreitas entre quem investiga e o objeto passivo/indiferente, os dois extremos da cognição, suporte da Teoria do Conhecimento. 

Cuida, ainda, o pugilo de assinantes desses escritos (conformando o número sete às significações e alegorias registradas pela História), de analisar os princípios, métodos e remates de certas correntes das teorias e práticas, mensuradas na validade cognitiva de cada qual, ou delineadas no seu caminho evolutivo, nos elementos paradigmáticos de sua estrutura, bem como nas relações estabelecidas com a Sociedade e a História, o que conforma a Teoria da Ciência. 

Nos seus bem-afortunados argumentos, os produtores dos capítulos tencionam deixar evidente a tarefa da Epistemologia na distinção simples de exame da Lógica das Ciências, com vistas a determinar o raio de ação de todo o corpo ordenado de conhecimentos. Com efeito, ajunta-se, em parte, à Teoria do Conhecimento (Gnosiologia), a qual provê de exemplos e ideações exatas, e, noutra parcela, máxime na avaliação cognitiva de princípios e práticas das diversas taxionomias do saber unificado, entre outras ligações. 

O conjunto de meditações filosóficas neste passo compreendido, há duas dezenas de anos editado por ideia dos organizadores, docentes da U.F.C., colige o que há de mais bem especulado por pensadores de nomeada, acreditados em todas as inteligências e culturas. 

Os escritores desta obra cobriram, em sua congeneridade e indivisibilidade didática, matérias de Ciência, Filosofia, Filosofia da Ciência, Metodologia Científica, Sistema do Conhecimento e outros teores afins, achegando à acumulação bibliográfica desta seara um repositório qualificado de arrazoados até então inéditos, prontificados a estear, com a máxima proficiência, estudos propagados das matérias de que aqui se ocuparam os produtores de esforço acadêmico de tanto vulto, que já serviu à formação e desdobres dos saberes jungidos a esta enorme senda do conhecimento ordenado parcialmente. 

Vantagem enorme para esta conjunção de compreendimentos científicos é ajuntar como peça do recheio bibliográfico de todo o orbe este modelo que, há duas dezenas de anos, favorece a evolução de estudos universitários insertados nestas matrizes do saber do Mundo Três Popperiano.


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NOVO COLOSSO
DA INEXCEDÍVEL LITERATURA 
DE
MÁRCIO CATUNDA
Vianney Mesquita*

 

[...] Indene de suspeita é o fato de que apreciar os ardis histórico-literários de Márcio Catunda é louvar-se nos prodígios da inteligência.

 (V.M. in Paris e seus Poetas Visionários. Fortaleza, 2021).




Substancialmente polimorfo, multiface e produtivo, eis que este decantado compositor literocientífico e artístico cearense, reverenciado no Brasil e no Orbe inteiro, após curto lapso da edição de Paris e seus Poetas Visionários, de 480 páginas de recheio aprazível e ameno e veraz, mimoseia seus consulentes com outra produção do mais sublime teor.

Este novo produto editorial, ainda não editado e sob o desvelo artístico da inteligência naturalíssima do Prof. Geraldo Jesuino, foi haurido em diversas vilegiaturas feitas a cidades da Itália histórica e clássica – Veneza, Florença, Roma, Milão, Bérgamo, Bolonha, Nápoles e aglomerados urbanos mais pequenos  o qual conforma, para este seu leitor inveterado, a sua Maximum opus – circunstância rendida, sempre, dês que outra assoma, haja vista o fato de que as qualidades dos seus bens escritórios se superam à medida do tempo.

Neste giro, vezeiro na ideação de operar peças densas para pedagogizar seus acólitos (a propósito, o benefício do escritor à farta), não há no seu portafoglio de dezenas de volumes nenhuma dessas conjunções com ínfimo quantitativo de páginas, daquelas que, conforme se exprime, lhes seja ensejado “ficar de pé”, ao costume de um operador esforçado por ser presumido - é exatamente esta a figura da litotes, aversa à totalidade literária de M. C. - porém, anos-luz apartado da graça e do triunfo.

Abismal é a diferença, pois todas contabilizam múltiplas laudas, guarnecidas de conteúdos alteados e continentes vernaculares assentes na arte de Dante Alighieri, sem ascender aos páramos da dificuldade exprimida (e espremida) na linguagem trombuda, bêbeda e supostamente preciosa. Tampouco descende aos desvãos da elocução indigente, desasada e, vez por outra, eivada da tangível indecência, deseixada de configuração moral, malgrado haja seu formulador tencionado imprimi-la.

Quem ainda não atinou para o ortografado à continuidade vai ter o repetido lance de certificar-se da prontidão intelectiva do Escritor acarauense sob exegese, obtida em ambiências acadêmicas e, mormente – na ocasião focalizada – em circunstâncias de cultura informal e autodidaxia, quando, com determinação, demandou e logrou e hoje ensina, feito mentor integral da senda deste saber, os juízos relativos às Artes.

Inauguralmente, denotando controle da língua italiana, como o faz com outras codificações europeias, hospedou-se, decerto, nas ideias de Marco Vitrúvio Pólio – a tríade utilitas, venustas e firmitas (utilidade, beleza e solidez) - para ter o ensejo de versar sobre a insuperável Arquitetura das mencionadas metrópoles, com impressionante detalhamento e irrepreensível seguridade, ao expor, também, com a necessária dilação, a respeito da Pintura, Música, Escultura e Literatura da bela Itália, insertando a latíssima História do Cristianismo, desde o Império Romano herético, sintetizando, em conivência com essas expressões de tanta engenhosidade, a transformação do paganismo em Cristianismo. 

Será a maior e mais profícua produção brasileira atinente à matéria, em todos os tempos, colhida, com rigor e precisão, nos locis de suas ocorrências. Aguardemos a entrega da obra, agora no primeiro trimestre de 2024, enquanto o escritor Márcio Catunda, no corrente instante, se enreda pelas manifestações artísticas da Espanha e de Portugal, para, no final do ano entrante, editar mais um volume, enricando seu port-fólio e mimoseando seus consulentes com informações preciosas e favorecidas de donaire artístico.


quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

NOTA ACADÊMICA - Segunda Assembleia Geral 2023

 ACLJ
 SEGUNDA
ASSEMBLEIA GERAL
ORDINÁRIA
2023





ACIONE O LINK ABAIXO 
(APRECIE EM TELA CHEIA)  



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DISCURSOS

Os discursos que foram lidos na Segunda Assembleia Geral Ordinária da ACLJ, no dia 06 de dezembro, no Palácio da Luz, pelos acadêmicos Reginaldo Vasconcelos e Paulo Ximenes, e pelo jornalista Egídio Serpa, um dos agraciados com a Comenda Benemérito Ivens Dias Brancos, podem ser acessados acionando-se o link abaixo. 

https://drive.google.com/file/d/16wBpaq2PYnNW48BkPIFJV3qCVByJSoZe/view?usp=sharing

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

CRÔNICA - O Castelo do Plácido e a Apolo 11 (GT)

 O CASTELO DO PLÁCIDO
E A APOLO 11
George Tabatinga*

 

Era o mês de julho, mês das férias escolares, e a meninada repetia as brincadeiras de sempre pelas ruas próximas ao famoso castelo abandonado, no coração do Bairro Aldeota, tempos atrás chamado Outeiro. 

A entrada principal era pela Av. Santos Dumont, que já foi Av. Nogueira Acioli, Número 9 e Do Colégio[1]. Aquela edificação utilizava uma quadra toda, com casas no entorno, tipo chalés, que serviam de moradia aos serviçais. 

Mas a garotada nada sabia a respeito. Bom mesmo era burlar a vigilância de um zelador que morava num pequeno espaço no fundo do castelo. Seja para procurar oitis, castanholas ou tentar subir pelas escadas até a torre que ainda teimava em continuar de pé, imponente. 

Foi no dia 20 de julho que aqueles meninos, quase adolescentes, tentaram a proeza maior de subir os degraus de madeira, cheios de buracos, para lá de cima enxergar a nave Apolo 11 descendo na lua.


 O mais afoito chegara como muito esforço e risco ao último degrau quando o vigia, de posse de uma lasca de pau, bateu com força no corrimão da escada, estremecendo todo o conjunto espiral já bastante comprometido. 

Por sorte ninguém despencou do alto, mas foi um desespero só: pedaços de madeira escada abaixo e perna presa na estrutura do prédio. Enquanto o malvado vigia marcava um a um e ameaçava, caso viessem a entrar no castelo novamente. 

Faltou “uma peínha de nada” para verem a espaçonave descendo na lua. Quem sabe, no próximo lançamento!



[1] Registro de João Nogueira em Fortaleza Velha, página 43.