MAIS RESPEITO ÀS ABELHAS
Paulo Maria de Aragão*
Já faz muito tempo (ebote tempo nisso), mas ouvi alguém relembrar afrase mordaz que ainda não caiu no esquecimento: “Brasília é como uma colmeia. Metade fica voando e outra metade fica fazendo cera”. Com essa asserção, Paulo Maluf (agora ficha-limpa) ironizou a vida político-administrativa da Capital Federal, atingindo, indistintamente, a todos: bons servidores, os políticos e, com acerto, sanguessugas que abominam o trabalho. Estes, por não fazerem absolutamente nada têm como única preocupação o dia de pagamento.

Organizadas em castas (a rainha, as operárias e os zangões), as abelhas demonstram apurado grau de organização societária. Fenômeno curioso é a expulsão e execução do zangão pelas operárias, o que acontece logo após o voo nupcial com a nova rainha da colmeia. Tudo dentro de um trabalho que não compromete a primorosa disciplina do conjunto.

Desse modo, as abelhas, paradigmas do trabalho nos dão o mel, enquanto as falsas operárias sangram os cofres públicos, desviando os recursos que deveriam ter como sagrado destino a saúde e o bem-estar coletivo.
* Paulo Maria de Aragão
Advogado e professor
Membro do Conselho Estadual da OAB-CE
Titular da Cadeira nº 37 da ACLJ
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