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Velho cartão postal da cidade, com o Castelo do Plácido |
No início dos anos 70, Fortaleza ainda não tinha shoping Center nem centro de convenções. Foi quando fizemos um projeto para utilizar o prédio abandonado do Castelo do Plácido, na Av. Santos Dumont, para ali promover uma grande festa no Dia das Crianças.
A ideia era celebrar uma locação com os proprietários, cercar a área de tapumes, pintar de róseo o velho castelo, dotá-lo de iluminação feérica, montar um parque infantil em seu entorno, colocar bonecos do Walt Disney interagindo com as pessoas. Procuramos a TV Verdes Mares, recém inaugurada, para dividir a promoção em parceria, como era comum acontecer naquela época.
Fomos recebidos pelo jornalista Sabino Henrique, então editor local do Jornal Nacional e responsável pelo setor de eventos da emissora. Apresentamos o nosso projeto, que ao final foi indeferido porque concluíram que o edifício poderia ruir sobre as crianças.
Pouco tempo depois um grupo empresarial que adquiriu o prédio para naquele espaço construir um supermercado o demoliu, e as picaretas hidráulicas sofreram muito para remover cada tijolo, ficando então patente que a construção era segura, absolutamente sólida, edificada para ficar de pé por muitos séculos.
Talvez, se tivessem os homens da área de eventos daquela época topado a empreitada, apoiando o nosso ousado projeto, a festa da criança no Castelo do Plácido teria sido um sucesso e teria entrado para o calendário anual desta cidade.
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Castelo da Disney |
Tornado equipamento útil à sociedade e rentável para os proprietários, possivelmente não tivesse sido o castelo vendido e demolido, já que somente a importância estética e histórica não é suficiente para proteger o patrimônio arquitetônico brasileiro. Empresários sem cultura humanística querem lucros a qualquer custo e os políticos, mais ignaros ainda, querem votos, ambições que para eles são prioritárias ante os valores culturais.
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Descaso e perigo |
Agora é o prédio histórico da antiga Casa Paroquial de Fortaleza, onde até recentemente funcionou a Escola Nossa Senhora Aparecida, na esquina da Av. Santos Dumont com a Rua Coronel Ferraz, que ameaça ruir sobre as pessoas e automóveis que circulam por lá, sem que ninguém se incomode com isso e sem que as autoridades se abalancem para evitar que desmorone.
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Amarrações precárias |
Segundo informa a administração do Colégio da Imaculada Conceição, que lhe fica próximo, o prédio pertence ao clero local, mas não se sabe se foi tombado pelo competente setor do Poder Público, nem qual seria a causa de seu estado de abandono. Inclusive, segundo se diz, ali teria sido alfabetizado o ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco – dado que, em qualquer país sério, já seria suficiente para consagrar uma relíquia histórica do patrimônio nacional.
Se o prédio tiver “sofrido” o tombamento, neste nosso país de contradições, pode vir daí sua maior desgraça, tendo em vista que, porquanto essa providência administrativa teoricamente vise proteger o patrimônio arquitetônico, termina por proibir que se promova, com a necessária rapidez, a sua restauração conservadora, antes de se vencer uma burocracia monstruosa.
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Cine São Luiz |
Por exemplo, o arquiteto Fausto Nilo, por encomenda dos antigos proprietários, concebeu um magnífico projeto para revitalizar (e salvar) o Edifício São Luiz, na Praça do Ferreira, onde funcionou por muitos anos a nossa maior e mais bela sala de cinema, mas seu trabalho não pode mais ser aproveitado pelo Governo do Estado, que adquiriu recentemente o imóvel, porque após a elaboração do projeto do Fausto o prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico.
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Paredes pichadas |
Outro descalabro crônico com o patrimônio da cidade vem se arrastando há anos, com o naipe situado na área da chamada Praça dos Leões, que além do próprio largo General Tibúrcio envolve o prédio do Museu Histórico, onde funcionou a Assembleia Legislativa, a Igreja do Rosário, e o Palácio da Luz, antiga sede do Governo do Estado, que hoje abriga a Academia Cearense de Letras, além de outras confrarias literárias.
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Lâmpadas furtadas |
Não há quem proteja aquele logradouro do vandalismo desvairado, paraíso dos vagabundos, dos drogados, dos pichadores, dos mutiladores de estátuas e dos ladrões de lâmpadas da iluminação pública e dos refletores das fachadas.
Diante disso, apelemos ao Governador do Estado, à Prefeitura, ao Iphan, ao Ministério Público, ao Arcebispado, às famílias a que hipoteticamente pertencem imóveis desses, aos magistrados que porventura presidam demandas cíveis envolvendo tais prédios, enfim, a quem de qualquer maneira possa intervir, transigir, ou agilitar providências, para proteger e preservar a memória física da cidade.
Postado por Reginaldo Vasconcelos