domingo, 30 de abril de 2017

MENSAGEM PÓSTUMA - Remissão (KK)


REMISSÃO
Karla Karenina*


Segue, Belchior! Tuas dívidas expiaram. De minha parte, saldadas! Muitas canções ainda haverão de ser cantadas, muitas dívidas ainda haverão de ser pagas... 

Todos contraímos dívidas. Tu pagaste as tuas, mesmo sem saberes, antes mesmo de algumas terem sido contraídas.Pagaste-as com tuas magistrais composições. 

Ah! A arte! Tem o poder de imortalizar e até de pagar dívidas, que seriam eternas. Também tenho as minhas! E tento, da minha forma, honrá-las.

As mais caras são aquelas que nos doem na alma. A essas me dedico diariamente para quitá-las, com meu perdão a mim mesma. A única forma que conheço de não acumular e de viver no inferno da consciência pesada.

Vá em paz! Deixaste um legado à arte e ao teu povo que é maior que qualquer valor monetário ou realização material. Fica comigo agora uma "Joia de Jade", obra tua e minha, ainda inacabada.


Joia de Jade é o nome do CD gravado por mim e produzido pelo Belchior (1996), que nunca foi lançado, em razão do "sumiço" do compositor, desde 1999.


Infelizmente o citado produtor se foi devendo aos cofres do Estado do Ceará a soma de quarenta mil reais, através do FEC, pela produção e lançamento do CD



sábado, 29 de abril de 2017

ARTIGO - MANIFESTAÇÃO E DISTÚRBIO (RMR)


MANIFESTAÇÃO E DISTÚRBIO
Rui Martinho Rodrigues*


A greve geral de 28 de abril próximo passado começou como uma legítima convocação para uma iniciativa lícita. O direito de greve está previsto no nosso ordenamento jurídico. A motivação partidária, proclamada pelos promotores de evento com a maior desenvoltura, já não é matéria pacifica no mundo jurídico. Os dias atuais, embora sejam marcados por grande intolerância em certos assuntos, são extremamente complacentes quando se trate de algumas situações. Greves de motivação partidária são toleradas na prática.

O uso da força para interromper vias públicas; intimidar a população que não segue as palavras de ordem partidárias; incêndio de ônibus; depredação de lojas; apedrejamento e lançamento rojões contra policiais, tudo feito sob os olhos da nação, ao vivo pela televisão. A tática é provocar o uso da força pela polícia para se colocar como vítima, com a cumplicidade de vozes havidas como respeitáveis.

Alegam as ditas vozes que é legítimo interromper o trânsito e forçar a paralisação de serviços públicos essenciais, a despeito da vedação constitucional à solução de continuidade em tais serviços. Argumentam ser necessário o impacto para que as reivindicações sejam ouvidas. Legitimariam assim os crimes de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do Código Penal). Impedir o direito de ir e vir da população é contrapor um interesse corporativo e um direito controverso ao direito líquido e certo de ir e vir da população.

É cediço que o direito de alguém encontra limite no direito de outrem. É contrário ao monopólio do uso da força pelo Estado que particulares usem de violência com o objetivo de paralisar serviços públicos, interromper vias públicas, vandalizar as cidades e submeter a população aos interesses corporativos e partidários. É paradoxal que os defensores do gigantismo Estatal usurpem o mais legítimo dos monopólios do Estado: o uso da violência. O Leviatã perdeu o monopólio da força? É a guerra de todos contra todos, de Thomas Hobbes? É a anomia?

A democracia é ferida.


CRÔNICA - A Igreja do Demônio (RV)


A IGREJA DO DEMÔNIO
Reginaldo Vasconcelos*



O que se verificou no Brasil no dia de ontem, 28 de abril, foi a mais abjeta manifestação de cretinice, patrocinada pelos insatisfeitos com as reformas em curso no Congresso, que vão acabar com a contribuição sindical, obrigatória para o trabalhador, passando a ser opcional, o que com certeza vai reduzir drasticamente a receita das esquerdas sindicais.

A virtude dessa medida não está na economia que ela vá ocasionar aos empregados, os quais têm o valor correspondente a um dia de salário por ano legalmente confiscado para o respectivo sindicato. Não. A despeito de ser obrigatória, o que não é republicano nem democrático, essa contribuição, de fato, não “mata” ninguém, como diz o populacho.  

A grande justiça dessa alteração normativa entrevista na reforma trabalhista está no fato de que essas verbas, que, pelo efeito da escala, representam milhões, terminam sendo manipuladas por ativistas políticos, que não as destinam ao benefício dos seus provedores compulsórios, mas as empregam nos chamados “movimentos sociais”, que na verdade são focos de diversionismo ideológico, não raro ilegais e violentos.

Restou enfim evidenciado que as esquerdas em geral, e que o movimento sindical que com elas é imbrincado, nada têm a ver com democracia, embora conste de suas bandeiras e de seus métodos o uso desse “santo nome em vão”. Sob o manto licencioso de estarem decretando uma “greve”, uma excrescência jurídica legalmente tolerada, na verdade promoveram piquetes e quebra-quebras pelas ruas do País.

Ora, greves e lockouts (este último proibido no Brasil), não passam de um tipo de chantagem, quando, no primeiro caso, os empregados paralisam o trabalho para impor sua vontade ao empregador, levando prejuízo à organização que os contrata e alimenta, e, no segundo caso, a empresa fecha as portas e suspende salários para punir os empregados.

Entretanto, no caso, nem houve greve, pois as paralisações foram impostas por desocupados que tomaram as ruas para praticar vandalismo, interromper vias, atrapalhar a circulação de transportes coletivos, ameaçando e intimidando os trabalhadores em geral, patrões e empregados. Uma ação diabólica. Uma vergonha para a pretensa república brasileira com o seu canhestro entendimento de democracia e ordem pública.

A propósito, Machado de Assis tem um pequeno conto denominado “A Igreja do Demônio”, em que o grande escritor imagina que satã tem a ideia de criar a sua própria igreja, e vai comunicar a Deus sua decisão de se tornar seu concorrente no pastoreio das almas.

Pontua o capiroto que os fiéis da igreja de Deus, mesmo vestidos com o veludo da virtude, como nos trajes das mais ricas rainhas, entretanto trazem a fraqueza moral nas suas franjas de algodão, por onde pretende seduzi-los.  

Deus o escuta, desdenha, e como certamente o Senhor é “politicamente correto”, não manda escorraçar imediatamente belzebu de sua presença, mas faz com que os serafins encham “o Céu com a harmonia do seu canto”, para incomodar o impertinente, que enfim ficou sem o chão nefelibático e voltou à Terra como um raio.

O que se vê na prática é que também nesse caso a vida imita a arte, e vice-versa, porque a ficção se realiza de fato, pois evidentemente o “negócio” do demônio prosperou.

Machado descreve de como lúcifer, sem negar quem era,  convenceu pessoas honestas de que a virtude está no mal. Usando dos mais inteligentes sofismas, dos mais francos paralogismos, explorando o egoísmo humano para lhes justificar a perfídia e a vilania, e dando a esses vícios os melhores ares de grandeza, fez-se acreditar, afinal, por um grande número de sequazes.

Mas, ao final da sua história, conta Machado que o capeta queixou-se depois a Deus que os seus perversos prosélitos assumiram a maldade como predicado, e que portanto se vestiam com a mais reles estopa de algodão moral, mas que alguns deles mantinham agora franjas da seda virtuosa nos seus trajes, fazendo bondades aqui e ali, a que o Supremo Arquiteto do Universo respondeu-lhe:

Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana”.

E foi por essas nobres e insuspeitadas franjas de seda, que indefectivelmente se insinuam sobre os panos da improbidade, que a estrige Dilma Rousseff sancionou a lei da delação premiada, que viria a fazer implodir a sua paróquia,  porque o mal por si só se destrói; foi por essas mesmas franjas bonançosas que o tinhoso Eduardo Cunha deu seguimento ao pedido de impeachment contra ela, beneficiando assim as forças divinas que protegem os brasileiros.

Por fim, foi também por essas mesmas franjas benignas que rebrilham sob o pálio da maldade que o mefistofélico Michel Temer tomou a peito a tarefa benfazeja de promover as reformas profundas e necessárias que salvarão o nosso País – mesmo com sangue, suor e lágrimas.

Resta o demoníaco Renan Calheiros, com sua capa de trapos que tem franjas andrajosas, o qual, juntamente com o seu pior acólito, Roberto Requião, tenta ameaçar as legiões angélicas e as pretorias do bem que muito justamente o perseguem, encaminhando um projeto de lei contra a mais legítima autoridade. Mas Deus é grande. Deus é maior.





COMENTÁRIO:

Essa crônica sobre os distúrbios de ontem é uma página literária. O autor recorre ao nosso melhor escriba, Machado de Assis, para fazer uma análise das mais felizes.

A linguagem alegórica é a mais rica forma de comunicação. Cristo falava por parábolas. O simbolismo de que se serviu o cronista é dos mais expressivos. As contradições da política, a torpeza do jogo de poder da vida pública e os rumos surpreendentes da História, tudo foi posto no pequeno espaço.

Herois-macunaímicos e macunaímas involuntariamente heróis, que acabam por contribuir para o interesse social, tudo foi apresentado com clareza meridiana, sem as tecnicalidades que podem afastar considerável parcela do público.

Rui Martinho Rodrigues

sexta-feira, 28 de abril de 2017

NOTA ACADÊMICA - Assembleia Aniversária


ASSEMBLEIA ANIVERSÁRIA
CONVOCAÇÃO GERAL

Na noite do próximo dia 04 de maio a ACLJ se reunirá no Palácio da Luz, a partir das 19:30h, em Assembleia Geral Aniversária, quando será comemorado o sexto aniversário da entidade.



Para marcar da data, durante a solenidade serão descerrados os retratos, pintados a óleo, dos jornalistas Jáder de Carvalho e Dorian Sampaio, para a Galeria Pictórica dos Patronos Perpétuos da ACLJ.

Jáder Moreira de Carvalho, falecido em 1985, era advogado, jornalista e militante de esquerda, detentor do título de 3ª Príncipe dos Poetas Cearenses, outorgado pela Academia Cearense de Letras, da qual fazia parte.

Ele é Patrono da Cadeira de nº 1 da ACLJ, cujo Titular Fundador é o professor, jornalista, advogado, ex-senador da República, Cid Saboia do Carvalho, que descerrará o seu retrato.


Dorian Sampaio Xavier era odontólogo, gráfico, jornalista, também militante de esquerda, deputado cassado pela ditadura militar nos anos 80.  

É Patrono da Cadeira de nº 23, fundada pelo seu primogênito Dorian Sampaio Filho, que por seu turno fará o descerramento do retrato paterno.


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Tendo em vista a crise em que se precipitava a vida brasileira em dezembro passado, a Decúria Diretiva da ACLJ decretou “ano sabático” para 2017, como a tripulação náutica que recolhe o velame quando no horizonte se prenuncia a tempestade.

O ano sabático remete a uma tradição judaica, em que um período é reservado à introspecção, não ao repouso, em analogia ao shabat, o sétimo dia da semana, que, segundo o Torá, o livro sagrado dos judeus, deveria ser guardado para o repouso da terra, que não seria amanhada a cada sábado.

Desbordando da sua origem étnica e religiosa, o ano sabático é hoje aplicado no mundo corporativo, quando uma empresa ou instituição concede um período, de no máximo um ano e no mínimo seis meses, para que um executivo se afaste do trabalho, e volte psiquicamente renovado – ou ela mesma suspende as atividades com o mesmo objetivo.

Contudo, não obstante a borrasca política e a ressaca moral que o País vive, a tormenta econômica tem sido moderada, com inflação baixa, juros caindo e expectativa de melhoras. Então se deliberou pela realização de três Assembleias Gerais, em meses avançados deste ano.

A primeira, em 04 de maio, para comemorar o aniversário de seis anos da entidade; a segunda, a 8 de junho, para dar posse ao empresário Edson Queiroz Neto na dignidade de Membro Benemérito; e a terceira em data do final do ano a ser  marcada, como já é tradicional.

Dessa maneira se atendeu ainda ao inconformismo do Dr. Lúcio Alcântara, ex-senador da República, ex-governador do Estado, nosso 4º Membro Benemérito, que de Portugal onde estava em viagem nos recomendou expressamente: “Nada de ano sabático!”.



o-o-o-o-o-o-o-o

Fica assim convocado todo o corpo titular da ACLJ, e de resto convidados os demais integrantes do colégio acadêmico, comendatários e amigos da entidade, a se fazerem presentes à solenidade da próxima quinta-feira, prestigiando os Patronos que serão homenageados e reforçando os vínculos institucionais com a confraria.


segunda-feira, 24 de abril de 2017

ARTIGO - Professor Régis Kennedy


PROFESSOR RÉGIS KENNEDY
Vianney Mesquita*


Só há poesia no desejo do impossível ou na dor do irreparável. (Charles-Marie LECONTE DE LISLE. *Saint-Paul, 22.10.1818; Voisins-le-Bretonneux, 17.07.1894).



Este amigo e colega do magistério é natural de Pacoti, município vizinho da minha Palmácia. Conheci-o na U.F.C., ainda quando estudante de Letras daquela instituição, onde se graduou e pós-graduou. Procede de uma família muito fina e educada e é um grande apreciador de Literatura, Música e Cultura como um todo, bem como ocorre com seus irmãos Plauto Jackson e Adyrson Byron – ambos músicos e compositores  (os outros, que são muitos, não conheço).

Professor de Língua Portuguesa e do idioma Inglês, trabalha duro em dois contratos que mantém com as redes estadual e municipal (Ceará e Fortaleza), porém ainda lhe sobra tempo para o exercício das atividades do espírito (e do espirituoso, também), em especial, na escrita, pois detentor de excepcional texto.

Casado com Dona Rejane Carvalho Cruz, o casal têm dois filhos – Rafaella, psicóloga clínica, pesquisadora e articulista de temas vinculados à Ciência de Carl Gustav Jung, atuante na UFC, e em consultório particular; e Lucas Vinícius, ainda garoto, acerca de quem me reportei em matéria publicada neste jornal eletrônico no dia 18 de maio de 2014, indicando seu nome como verso decassilábico perfeito – Lucas Vinicius de Carvalho Cruz – tal como é dodecassílabo exato o crédito do poeta Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac.

Em 2 de fevereiro de 2004 – há um pouco mais de doze anos, portanto – dediquei-lhe estas estrofes, também com a eiva de não rimar os versos dos quartetos,  falha apontada, a instâncias minhas, pelo Prof. Dr. Rafael Sânzio de Azevedo,  da qual me cumpre redimir.


S O N E T O

No clerical mister de professor,
Em que te descometes da missão,
Pareces debulhar uma oração,
A fim de que se ilustrem teus pupilos.

Assim, ao dirigir-se ao Criador
– Contrito, piedoso e genuflexo –
Um companheiro teu queda perplexo,
Pois defeso enxergar quaisquer vacilos.

Se Régis és porque de reis derivas,
Também maravilhas teus convivas,
Porque és modelo, personagem sã.

Notar muito me apraz tua postura,
Teus procederes de intenções mais puras
Como o aljôfar nevado da manhã...



ARTIGO - Cegueira e Tática (RMR)


CEGUEIRA E TÁTICA
Rui Martinho Rodrigues*



O petrolão potencializou a irracionalidade na política. A chamada cegueira dos paradigmas impossibilita a compreensão do óbvio. Pressupostos e convicções impedem a percepção e a compreensão. Todos vivenciamos isso entre amigos e até entre familiares. Galileu não conseguiu explicar sua teoria aos intelectuais do seu tempo. Outro fenômeno é a negação, por conveniência, da realidade. Na política temos ambas as coisas: compreensão bloqueada pelos pressupostos equivocados, de um lado; conveniência, de outro. O momento é pródigo nas duas coisas.

A compreensão é bloqueada pelos pressupostos segundo os quais a História tem como motor o conflito e a ética é guiada por finalidades, justificando meios abjetos. O ceticismo epistemológico afasta a verdade. A atitude quixotesca de quem defende dulcineias e ataca moinhos de vento é vista como superioridade moral e intelectual. Montado em teorias que são verdadeiros pangarés, o Macunaíma se apresenta como sábio e virtuoso.

O autoengano e o engano do eleitor são cegueira e tática. A falácia ad hominem se insinua neste espaço. “Nós e eles” afasta o exame do mérito da argumentação. É o maniqueísmo manifesto. A dicotomia de uma análise política de dois sacos – direita e esquerda – potencializa o engano próprio e o do outro. Basta dizer: isso é argumento “deles”, não “dos nossos”. E os nossos são “do bem”. Os outros são “do mal”. Flagrados fazendo o mal, são “justificados” pelos fins, ou negam a realidade.

A ética teleológica e a lógica do conflito levam à morte da razão e à maldade. O líder passa a ser ídolo. Daí o culto à personalidade nos partidos com espírito de seita. A torpeza do líder é negada, ou causa choque, quando não é justificada. Só não leva ao reconhecimento da realidade. Foi assim com Stalin. É assim com Lula Odebrecht da Silva. Só a rapacidade do outro é denunciada com indignação real ou fingida.

Interesses menores, paixão, irracionalidade e ilusões políticas são destrutivos.




RESENHA - Programa Dimensão Total (23.04.17)


PROGRAMA
DIMENSÃO TOTAL
23.04.17




Dimensão Total é um programa radiofônico semanal de debates, do Jornalista Ronald Machado, pela Rádio Assunção de Fortaleza, na sintonia AM 620 ou pela Web, aos domingos, entre 10 e 12 horas,  tendo como assistente de estúdio o radialista e produtor executivo Alexandre Maia.



A edição deste domingo do Programa Dimensão Total, apresentado pelo titular Ronald Machado, contou com a presença dos debatedores Cid Carvalho, Cesar Bertozi, Roberto Pires, Fábio Timbó, Carlos Alberto Alencar, Antônio Mourão, Reginaldo Vasconcelos e Jeová Mendes, tendo como convidado especial o colunista social veterano, José Rangel.

Foram discutidas a conjuntura política atual, as últimas delações de executivos da Odebrecht e os atos de vandalismo ocorridos no Ceará nos últimos dias, com a queima de ônibus e de veículos do Serviço Público, comandados por líderes do crime organizado.





domingo, 23 de abril de 2017

CRÔNICA EM VÍDEO - Brasília (WI)


BRASÍLIA
Wilson Ibiapina*



Crônica do jornalista Wilson Ibiapina, sobre a Capital da República.


Para assistir, acione o link abaixo.


ARTIGO - Domingo Quasímodo (VM)


DOMINGO QUASÍMODO
23 de abril de 2017- Domingo da Misericórdia (*)
Vianney Mesquita**



Perante a prova suprema – a da Morte – a fé dos apóstolos havia perigosamente oscilado. Para o homem, a Morte é o desabamento, é o vácuo, e no vácuo nada se reconstitui. Para Jesus Cristo, no entanto, Morte foi um princípio – morrera: era, pois, homem. Ressurgiu: é, por conseguinte, DEUS. (IGINO GIORDANI. ¤Tivoli, 25.09.1894; Rocca di Papa, 18.04.1980).



Hoje, 23 de abril de 2017, flui o Domingo da Misericórdia, coincidente com o derradeiro dia (o de número oito) da Oitava do Tempo Pascal, que perdura por sete semanas, desde o Domingo de Páscoa (ou da Ressurreição) ao Dia de Pentecoste, palavra significativa de cinquenta, pois perfará a cinquentena, de hoje a 50 dias, contando-se desde a descida do Espírito Paráclito sobre os Apóstolos.

Sob o ponto de vista histórico, é adequado, também, externar o fato de se haver definido outro ritual para a Missa, em 1969, ora vigente, a instâncias do Concílio Vaticano II, que pedira sua revisão, em ato promulgado pelo Sumo Pontífice Giovanni Battista Montini, restando conhecido como Missa de Paulo VI.

Convém acrescentar, em complemento, a informação de que, com origem na edição da Bula Quo Primo Tempore – “Desde os Primeiros Momentos”  de Pio V (Antonio Michele Ghislieri), consoante às orientações do Concílio de Trento, tinha curso a Missa no Rito Romano ou Missa Tridentina, celebrada em latim, com o sacerdote de costas para os fiéis, tendo, pois, perdurado de 1570 a 1962, procedente do Breve de São Pio, há pouco mencionado, isto é, até a segunda edição da grande Assembleia Vaticana (o Concílio Ecumênico Vaticano I se deu de 8 de dezembro de 1869 a 18 do mesmo mês de 1870).

Em adição, também, cumpre exprimir o fato de que, ainda hoje, em várias paróquias anglicanas da Grã-Bretanha – onde a Igreja ânglica foi separada (não fundada, como se diz, erroneamente) por Henrique VIII – o Sacrifício da Missa é oficiado em código linguístico do Lácio, de acordo com os lineamentos do Concílio de Trento (cidade do Tirol italiano), realizado de 1545 a 1563, sem obediência ao rito missiológico editado por Paulo VI.

Ao vigorante Domingo da Oitava, também, se chama, nomeadamente noutros países e em línguas correspondentes, Domingo da Pascoela, ou Pequena Páscoa (do aramaico pashã = passagem), como prolongamento da Ressurreição, até derivar no dia de Pentecostes.

Interessante (e curiosa, também) é a antiga denominação de Domingo Quasímodo, expressão de emprego anterior ao Decreto Pontifical de 1969, radicada – coerentemente, é bom exprimir – no introito da Celebração Eucarística da Misericórdia, configurada na antífona do Salmo 117, ao evocar a Ressurreição de Jesus, conforme comentarei mais à frente.

A dicção Domingo da Divina Misericórdia alude à compaixão de Cristo a São Tomé, o Dídimo (do Grego = gêmeo), o qual, mesmo sem crer ao não ver, foi por Jesus perdoado. O vocábulo “misericórdia” procede do Latim miser + cordis, isto é, mísero (em estado lastimoso, indigente, digno de penúria) + coração. (CUNHA, A. Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997) .

Como se sabe, esse Apóstolo não acreditou, ab initio, na Ressurreição, dEla só ficando convencido quando o Mestre apareceu outra vez e lhe mostrou nas mãos os sinais abertos, segurou-lhe as mãos e introduziu os dedos de São Tomé na injúria dos pregos. O Dídimo seguiu, arrependido e contrito, a pregar o Evangelho aos Partos, povo de procedência indo-europeia, e na Índia. Ele foi martirizado em Calamina (hoje Mylapore), perto de Madras (atual Chennai, capital do Estado indiano de Tamil Nadu, quarta cidade do País, com cerca de 6 milhões de habitantes).

No decurso da história, São Tomé Gêmeo é o protótipo dos que somente creem em algo após terem isto examinado de alguma maneira, como ele pegou, a instâncias de Jesus, as feridas do Cristo. Teve, entretanto, vida de santo por demais intensa e miraculosa, havendo sido, talvez, o único dos doze discípulos de Jesus a assistir à Assunção de Maria Santíssima.

O dia de São Tomé, ou São Tomás (nome procedente dos arameus), é festejado em 21 de dezembro, venerado que é o (ainda) inexplicado Gêmeo nos países católicos do Ocidente, bem assim no Oriente, máxime na Índia e na Síria, também lugares onde operou prodígios.

Retorno ao introito do Salmo 117 – que concedeu nome ao Domingo Quasímodo – proferido na Missa da Oitava, principiado com a frase: QUASI MODO geniti infantis, racionabile, sine dolo lac concupiscites ut in eo crescatis in salutem. Em tradução livre, significa: Tal como (ou “ao modo de”)crianças recém-nascidas, desejai o leite espiritual puro, para que, por ele, possais crescer para a salvação. (I Pe –  2,2).



(*) Penso que, entre outros pretextos de natureza circunstancial, tenha representado peso na mudança o fato de o adjetivo QUASÍMODO haver restado mais conhecido e popularizado na acepção de monstrengo, de pessoa quasimodal, consoante a personagem Quasímodo, do celebrado romance do escritor Vitor Hugo, Nossa Senhora de Paris, editado em 1881. Esse protagonista, feio e corcunda, sineiro da Catedral de Nossa Senhora, na Capital francesa, fora abandonado, consoante o enredo do Escritor, ainda criança, em um domingo de Páscoa, e adotado pelo arquidiácono, da inventiva de Vitor Maria Hugo, na Sé de Paris, chamado Claudio Follo.


sexta-feira, 21 de abril de 2017

NOTA OFICIAL - O Que Está Acontecendo No Brasil


O QUE ESTÁ ACONTECENDO
NO BRASIL

A POSIÇÃO OFICIAL
DA
ACADEMIA CEARENSE
DE
LITERATURA E JORNALISMO



O ATUAL MOMENTO HISTÓRICO


O Brasil atravessa, neste feriado de Tiradentes, um dos mais graves capítulos de sua História, e nós, os contemporâneos, talvez não percebamos que fazemos parte de um imenso transe nacional – assim como os que viviam as duas últimas décadas do Século XVIII não tinham consciência de que eram coetâneos da Inconfidência Mineira, um dos momentos mais agudos da vida política do País.

Aliás, desde os marujos de Cabral, que certamente não tinham noção exata da importância de sua experiência, mesmo os que protagonizaram os fatos históricos não sabiam a importância do momento que viviam – a abolição da escravatura negra, em 1888; no ano seguinte, a Proclamação da República; muito depois, o golpe militar de 1964 – posto que saltamos, neste nosso exemplo, muitos outros episódios de desdobramentos menos graves.


A REPÚBLICA DISTORCIDA


A politicagem sempre foi anedótica na vida pública brasileira, notadamente a partir do advento do sistema republicano, que no Brasil jamais superou os vícios que caracterizam as monarquias – a aristocracia, o coronelismo, o filhotismo, a cupinchada, o tráfico de influência, o privilegio via prestígio, o cartorialismo, o mega tributarismo, etc.



O GOLPE DE 64


Então, na década de 60, a ideologia marxista aparece como solução ideal para todas as mazelas da nossa República, encantando estudantes, jornalista, artistas e intelectuais da época, além de outros patriotas, em geral bem intencionados, influenciados pela experiência socialista soviética (1917), chinesa (1950) e cubana (1959), até ali vigorosa e bem sucedida. Sonhava-se com a implantação de uma “ditadura do proletariado”, que na época parecia a panaceia curativa de todas as injustiças sociais, contra o capitalismo e o imperialismo americano.

Golpe militar, ditadura, luta armada, repressão. Finalmente abertura, anistia, liberdade de imprensa, eleições diretas, Assembleia Constituinte. Restabelecidas as liberdades civis, voltam à carga os “capitalistas selvagens”, as “capitanias hereditárias”, os politiqueiros odientos, os demagogos, o estelionato eleitoral, por meio de campanhas políticas mentirosas e milionárias – e os avanços sobre o erário. Vem Sarney, vem Collor de Melo, vem Fernando Henrique. Reinam Maluf, Edmar Ferreira, Daniel Dantas, Eike Batista, Emílio Odebrecht, entre tantos outros quejandos.


A VOLTA DAS ESQUERDAS


Mas voltam à legalidade os partidos comunistas, embora enfraquecidos e desgastados. Revigorado, o pensamento de esquerda é catalisado na fundação de um novo partido trabalhista, o Partido dos Trabalhadores (PT), que galvaniza em torno de si o apoio das legendas esquerdistas tradicionais. À frente da nova agremiação partidária aparece um líder sindical habilidoso e bem-falante, Lula da Silva, que por fim consegue se eleger à Presidência da República.

O PT se mantem no poder por três mandatos seguidos, durantes os quais aprimora e adota diversas políticas de cunho social, privilegiando as classes menos favorecidas. Sob Lula da Silva o País conquista prestígio internacional, e com isso o PT granjeia e mantém um grande leque de apoiadores e um imenso eleitorado.

Mas, ao vencer com Dilma Rousseff a eleição para o quarto quadriênio, suas políticas, até ali aparentemente vitoriosas, desmoronam ruidosamente.


A QUEDA DAS ESQUERDAS


A partir desse momento o País ficou ideologicamente dividido. A princípio, os partidários das esquerdas defenderam que a debacle das finanças brasileiras se devia a uma crise internacional – louvando-se os apoiadores do Governo do fato de que, realmente, a conjuntura internacional não era mais tão favorável sob Dilma Rousseff, como fora no período Lula da Silva.


A DIVISÃO NACIONAL


Mas essa tese foi logo abandonada quando, perdendo Dilma o apoio parlamentar, que até ali fora hegemônico, se instalou um processo de impeachment contra ela, que afinal foi destituída e o PT caiu no ostracismo. Então, a divisão nacional, entre os ditos “mortadelas” de esquerda e os chamados “coxinhas” direitistas, se estabeleceu em outros patamares:

1. Fora legítimo ou não aquele processo de impeachment?

Reconhecendo embora a sua evidente má-gestão, os mortadelas sustentam que Dilma foi destituída de fato pelo “conjunto da obra”, quando a Constituição somente admite o impeachment por “crime de responsabilidade”;

2. Houve ou não o alegado “crime de responsabilidade” que motivou o afastamento da Presidente?

Os autores da denúncia, um grupo de advogados coxinhas, relacionaram em sua peça jurídica acusatória uma série de condutas criminosas, atribuídas por eles à então Presidente, e o vingativo deputado Eduardo Cunha, Presidente da Câmara dos Deputados, um “anjo decaído” entre os aliados do Governo, admitiu o pedido de abertura do processo.

Porém, estranhamente, Cunha escoimou quase todas as imputações da peça acusatória, deixando apenas a mais frágil delas – um pretenso crime fiscal, entrevisto na conduta de “contabilidade criativa”, que se prestava a maquiar as estatísticas sobre as contas do Governo, as apelidadas “pedaladas”, prática que também fora levada a cabo, embora em menor grau, por governantes de direita – argumento de defesa que não se sustenta juridicamente, pois um erro não justifica outros.

3. Caberia dizer, como sustentam os mortadelas, que o impeachment da Presidente Dilma Roussef foi um “golpe parlamentar”? Existe essa figura na terminologia jurídica?

Um golpe político se caracteriza por um ato de força para a tomada do poder – muitas vezes pela via militar – mas sempre com a quebra da normalidade institucional, a revogação do ordenamento jurídico vigente, o fechamento do Congresso, o silenciamento da imprensa governista, a destituição e geralmente a prisão ou execução dos dirigentes depostos.

O impeachment de Dilma Rousseff, embora partindo da criminalização de uma mera conduta contábil – o que seria discutível – decorreu pacificamente, da maneira prescrita pela Constituição Federal, concedendo amplo direito de defesa, e tendo a participação do Supremo Tribunal e do Congresso.   

4. Seria Michel Temer um presidente ilegítimo, como querem os mortadelas, tendo sido ele o vice-presidente tradicional da Presidente Dilma, que foi guindando à sua sucessão por força do impeachment, conforme reza a Constituição Federal?

Mais do que isso, alegam os mortadelas que Michel Temer seria de fato um traidor, pois teria tramado o impeachment de Dilma Rousseff com o seu correligionário Eduardo Cunha, e com o partido de direita que perdera as últimas eleições presidenciais, o PSDB, o qual, por seu turno, teria patrocinado o pedido de abertura do processo, feito pelos três advogados direitistas.



OS ESCÂNDALOS NACIONAIS

Paralelamente a essa cisão político-ideológico que atualmente divide a opinião pública brasileira, inclusive colegas, amigos e parentes – uns revelados coxinhas, outros se mantendo mortadelas – eclodiram no País escândalos gigantescos de corrupção no Governo, expondo as vísceras da República, desde o primeiro mandato do PT, sob a presidência de Lula da Silva, com investigações facilitadas pela nova lei que admitiu as “delações premiadas”.


O que se depreende afinal, decorrido o chamado “mensalão” e, presentemente, a Operação Lava Jato da Polícia Federal, é que a prática política e eleitoral no Brasil tem se conduzido por vias ilícitas, há décadas, com desvios de verbas públicas em grande medida, com a cooptação de Bancos particulares e de grandes empreiteiras.


Assim, ficou evidente que se tem feito o financiamento público indireto de campanhas políticas, e propiciado o enriquecimento de grandes organizações privadas e de agentes públicos, com o uso criminoso de empresas e de bancos estatais – Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES – pelo menos desde a chamada “redemocratização”.



Os mortadelas se condoem de que se tem imputado muito mais erros e crimes aos últimos presidentes, e aos políticos e administradores públicos que a eles foram ligados até recentemente – muitos deles presos e alguns condenados – quando as investigações vêm alcançando também os mais diversos próceres e partidos de direita.


Entretanto, os coxinhas argumentam que a esquerda sofre maiores invectivas porque chegou ao poder com um discurso moralizador, e entretanto adotou os mesmos vícios que prometia combater, aprofundando a sua prática,  inclusive aliando-se aos maiores e mais notórios corruptos da direita.

Que, revigorando o sonho marxista, a partir do Foro de São Paulo, Lula e Dilma estavam conduzindo o País para a aventura “bolivariana”, com repúblicas ditatoriais e peseudo-democráticas das Américas e da África, nas quais financiaram obras milionárias, por meio de operações sigilosas do BNDES.


O QUE PENSA A ACLJ

Sendo uma instituição laica e isenta do ponto de vista político-partidário, mas constituindo-se também numa entidade jornalística, é forçoso que ela se manifeste oficialmente sobre a conjuntura atual, nesse momento delicadíssimo da vida brasileira.

Contudo, como também não há consenso interno entre os seus intelectuais, embora mantendo a sua neutralidade institucional, vem a público expor como se coloca cada uma das correntes – aquelas favoráveis às esquerdas ou às direitas, e aquela outra que contra ambas se revolta – bem entendido que não existe uma vertente que se pretenda radical



AS OPINIÕES DIVERGENTES


PRIMEIRA CORRENTE:

O Presidente de Honra da ACLJ, Membro Titular de sua Cadeira de nº 1, o advogado e professor de Direito Cid Saboia de Carvalho, que foi Senador da República, um dos mais importantes jornalistas veteranos do Estado do Ceará, na edição de ontem (20.04.17) de seu programa radiofônico Doa a Quem Doer, vociferou que deixassem a sintonia, afastando-se de sua pessoa e de sua voz, os que não quisessem ouvir a sua verdade, conforme ele a vem insistentemente propalando:

a) De que Lula da Silva, para ele um gênio, embora uma figura controvertida, não seria a pessoa má que se diz ser;

b) De que Dilma Rousseff não praticou crime de responsabilidade, e, portanto, o seu impeachment estaria eivado de inconstitucionalidade, constituindo-se portanto em “golpe parlamentar”. De que Michel Temer seria um presidente ilegítimo, e de que o Brasil está sendo governado de fato pelo PSDB, embora esse partido tenha perdido as últimas eleições presidenciais;

c) De que o Senador Aécio Neves seria um rematado mau-caráter, portador de graves defeitos morais, jaças que ele imputa sem definir em que atos daquele político estariam elas reveladas. Aécio também é citado em delações remiadas da Operação Lava Jato, como beneficiário de doações de campanha não contabilizadas (caixa dois), quando de sua eleição ao Governador de Minas Gerais.

Assim como o Prof. Cid Carvalho pensam outros próceres da ACLJ, conforme se têm manifestado.


SEGUNDA CORRENTE:

O Presidente Emérito da ACLJ, o Professor Rui Martinho Rodrigues, Membro Titular Fundador da Cadeira de nº 10, jurista, sociólogo, cientista político, por seu turno, defende um pensamento oposto, no sentido de que:

a) O ciclo petista seria responsável pela derrocada econômica do País, em virtude de suas políticas populistas e de se sua administração desastrosa.

b) De que Dilma Rousseff teria sido deposta em razão da perda de sua base parlamentar, diante da falência do modelo ideológico arcaico que o seu partido preconiza, mesmo equívoco que têm derrubado muitos governos mundo afora, no passado e presentemente.

Dessa mesma maneira outros membros da ACLJ se posicionam.


TERCEIRA CORRENTE:

O atual Presidente da ACLJ, o advogado e jornalista Reginaldo Vasconcelos, Titular Fundador da Cadeira de nª 20, abona o pensando de Rui Martinho Rodrigues em certa medida, sendo crítico, entretanto, de toda a política brasileira, da legitimidade dos pretensos representantes eleitos, do que considera um arremedo de república, que adota uma ideia distorcia do que deveria ser a democracia.

a) Considera que o sistema eleitoral que se pratica no Brasil seria absolutamente canhestro, quando são submetidos ao voto popular alguns “seres iluminados”, segundo o critério partidário, sobre os quais o povo não recebe a devida informação, sendo portanto compelido a votar naquele que melhor lhe seja “vendido” pela propaganda milionária, mediante programas de governo mentirosos que os candidatos eleitos não cumprem e ficam impunes quanto a isso.

b) Pensa que haveria uma crise generalizada de autoridade no País, garantida inclusive pelo hodierno ordenamento jurídico, que desprestigiaria a grande massa que trabalha honestamente e que produz – sejam empresários, sejam operários – favorecendo à anarquia, à corrupção, ao crime organizado, à violência urbana, ao desrespeito à propriedade privada, ao empoderamento dos cretinos, mantidos sob o pálio dos chamados “direitos humanos”, quando, segundo pensa, esses direitos deveriam ser reservados aos “humanos direitos”.

c) Teme que o caos na política termine justificando de fato uma intervenção militar no País – assim como teme uma intervenção cirúrgica em si mesmo, mas a consideraria bem-vinda se, em face de uma doença grave que o acometesse, não houvesse outra solução plausível.

d) Defende que a ideia de uma intervenção militar assombra pela memória dantesca dos chamados “anos de chumbo”, porém desta vez não haveria espaço para polarização ideológica, revanchismos, prisões arbitrárias, interrogatórios e torturas, mas apenas para garantir o cumprimento efetivo da lei, a pacificação nacional, o combate ao crime violento (de que as polícias não mais dão conta), e a garantia de eleições regulares, para o escrutínio de civis honestos, brasileiros dignos que possam devolver tranquilidade ao povo e dignidade a esta Nação.


Este é também o pensamento de um outro grupo de acadêmicos da ACLJ. Mas nenhuma deles traduz nem representa o pensamento da entidade.

  

COMENTÁRIO:

Digno de louvores o texto publicado no Blog da ACLJ, no último dia 21 de abril, que analisa a crise político-ética que sacudiu a República.

Com objetividade, a Nota apresenta uma bem construída retrospectiva histórica sobre os fatos, a partir do que o País vivenciou no período pré-64, até os dias atuais, com à ascensão e a derrocada da esquerda no Brasil, em razão das peraltices praticadas em seus governos.

Expressa de forma substantiva a pluralidade de pensamento existente entre os acadêmicos, apresentando, inclusive, manifestações dos acadêmicos e professores Cid Carvalho, Rui Martinho Rodrigues e Reginaldo Vasconcelos, preservando entretanto a instituição de qualquer contaminação ideológica e partidária.

Com singularidade, o editor coloca o papel que a ACLJ deve exercer, estimulando o debate em torno da pauta política do País, ante os fatos que, em maior ou menor grau, nos atingem a todos.

O texto nos remete a uma reflexão, não apenas sobre o fracasso do modelo político em vigência no País, onde a representatividade sucumbiu ao desenvolvimento do maior projeto de engenharia da corrupção de que se tem registro na História, mas especialmente sobre o papel do cidadão, na perspectiva da reconstrução de um novo modelo político para o Brasil.

Arnaldo Santos