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Foto: Jornal O Povo |
Martinho Rodrigues foi um advogado e jornalista cearense do final do Século XIX, abolicionista e republicano, deputado na Assembleia Provincial do Ceará. Foi precursor do também jornalista e advogado Jader de Carvalho, que nasceu em Quixadá e viveu em Fortaleza no século seguinte, pois coincidiam nas suas profissões, na sua atividade e na sua coragem de enfrentar os poderosos.
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Jader de Carvalho |
Com o advento da República, Martinho Rodrigues integrou a bancada cearense na Assembleia Nacional Constituinte de 1891 e em virtude da oposição que fazia ao oligarca Nogueira Acioly, que governou o Ceará com mão de ferro a partir de 1896, teve que sair da cidade, deixando o jornal denominado “O Rebote”, que ele fundara, sob o comando de seu sócio e sobrinho, Tibúrcio Rodrigues.
Martinho Rodrigues morreu em 1905, mas deixou aos descendentes o legado da sua inteligência e de sua bravura moral, os quais fizeram de seu antropônimo completo um honroso sobrenome. Quando do centenário de seu nascimento, em 1948, a edilidade fortalezense deu seu nome a uma rua do Bairro de Fátima, em merecida homenagem a esse personagem da história do Estado.
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Maestro Mozart Brandão |
Pois neste último dia 13 de maio os moradores da Rua Martinho Rodrigues despertaram com servidores da Prefeitura substituindo as placas do logradouro. A Câmara Municipal havia resolvido homenagear outro personagem cearense, o maestro Mozart Brandão, mais recentemente falecido, desfazendo a homenagem que a cidade fizera ao insigne jornalista, já há 64 anos.
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Rui Martinho Rodrigues |
A família Martinho Rodrigues, à qual pertence o Presidente desta ACLJ, indignada com esse ato de desapreço da Câmara Municipal de Fortaleza, já se mobiliza para tentar reverter tal injustiça – sem prejuízo de considerar que o nome do maestro Mozart Brandão de fato merece designar um logradouro público da cidade, quiçá ainda mais importante e destacado.
Transcrevemos abaixo matéria do Jornal o Povo sobre o tema, veiculada na edição de 03 de junho.
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JORNAL O POVO – 03 de Junho de 2012
Moradores querem anulação de novo nome de rua
Moradores da rua Martinho Rodrigues, no bairro de Fátima, preparam abaixo-assinado pedindo anulação do novo nome do logradouro, que passou a ser Maestro Mozart Brandão
FABIO LIMA
“A gente dormiu na rua Martinho Rodrigues e acordou na Maestro Mozart Brandão”, denuncia a moradora Maria Veronice de Carvalho. Ela se refere ao dia 13 de maio, quando os residentes da rua Martinho Rodrigues, no Bairro de Fátima, souberam pela placa na esquina que o nome do logradouro havia sido alterado para Maestro Mozart Brandão. Os moradores reclamam que não foram consultados e agora se mobilizam com assinaturas para pedir a anulação da mudança.
A ideia da nova denominação partiu do então vereador - hoje deputado estadual - Paulo Facó (PTdoB). Em 23 de dezembro de 2009, Facó submeteu o projeto de decreto legislativo que sugeria a mudança no nome da rua para a aprovação do presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, à época, vereador Salmito Filho (atual PSB). O ex-petista promulgou a alteração em 7 de abril do ano seguinte.
Apenas no último dia 13 de maio, porém, os moradores descobriram. E por acaso. A aposentada Piedade Macêdo, 84, conta que soube da mudança pelo técnico que iria consertar o freezer. “O rapaz disse que caminhou, caminhou, procurou e não achou a rua. Quando a gente foi abrir a porta da casa para ele, depois que nos encontrou, foi quando a gente descobriu a mudança. A minha filha disse a ele: ‘Essa placa não estava aí. Só se botaram ontem à noite’. Isso não foi nem comunicado”, critica Piedade, moradora da Martinho Rodrigues há 48 anos.
“Não fomos convocados para audiência pública e ninguém foi consultado”, queixa-se Veronice, moradora e síndica do condomínio Esplanada do Sol. Ela diz que a mudança é fruto de interesse privado e não de interesse público. A filha do maestro homenageado, falecido em 2006, Lúcia Brandão, é vizinha de prédio de Veronice, também na antiga Martinho Rodrigues. Procurada pelo O POVO, ela não foi encontrada.
O POVO teve acesso ao processo que tramitou na Câmara nos últimos três anos. Em anexo, estava a carta de Lúcia Brandão, encaminhada ao então vereador Paulo Facó, solicitando homenagens ao pai. Na justificativa para o projeto de decreto, Facó defendia que o maestro Mozart Brandão merecia homenagens. “Pelos motivos expostos, nada mais justo que denominar a rua Martinho Rodrigues, que não possui denominação oficial (...) de Rua Maestro Mozart Brandão”, revela o documento.
O atual deputado Paulo Facó foi procurado e confessou não saber qual era o nome da rua antes da mudança. “Estou em dúvida. Se não me engano, a rua na época era outro nome”. Dados da Secretaria da Infraestrutura de Fortaleza (Seinf) indicam que a rua, hoje batizada de Maestro Mozart Brandão, não possuía denominação oficial.
A informação foi confirmada pelo consultor técnico do departamento legislativo da Câmara Municipal, Carlos Alberto. “Só posso alterar uma coisa que já existe. Foi a população que colocou o nome (na rua). Oficialmente, para os órgãos públicos, essa rua não existe”, revelou. Enquanto isso, os moradores garantem que não vão desistir da luta. “Vamos até as últimas consequências para que não se consolide. Até à Justiça, se for preciso”, garantiu Veronice.