NOITE
DE AUTÓGRAFOS
MEMORÁVEL
Na noite deste dia 25 de abril, no auditório do Sindicato dos
Docentes da UFC, o Prof. Vianney Mesquita, lente da Universidade Federal do
Ceará, acadêmico de letras, professor do curso de jornalismo, um dos maiores
conhecedores do idioma lusitano no Ceará e no Brasil, e um dos mais concorridos
revisores de livros e de trabalhos de conclusão de curso universitário, promoveu
o lançamento de sua 22º obra literária, intitulada “Encontro de Contas”, com o
subtítulo “Balancete de Juízos Literários, Filosóficos, Linguísticos e
Históricos”.
A obra, em suas 311 páginas, é composta de 34 artigos primorosos, versando sobre a temática de capa, todos eles vazados sem aplicação do conectivo “que”, e sem que essa supressão proposital traga qualquer prejuízo à clareza e à inteligência do conteúdo e do argumento. Esse esforço gramatical foi exercido pelo autor para o fim didático de demonstrar a desnecessidade desse termo de mil usos, tantas vezes aplicado em excesso, de modo a se tornar uma “muleta redacional” que enfeia o texto.
Avaliam e avalizam a obra os Profs. Souza Nunes, nas suas abas, ítalo Gurgel em seu prefácio e Assis Martins na contracapa – cada um deles tratando com muita proficiência sobre o autor e sobre o livro, e, sobretudo, aplicando em altíssimo nível a norma culta do idioma, de forma bela e fluente, de modo a se manter inserido no contexto da temática, reverenciando o protagonista e o seu mister.
O Mestre de Cerimonia da solenidade foi o jornalista Vicente Alencar, Presidente da Academia Cearense de Retórica, e a apresentação da obra coube ao jornalista e advogado Reginaldo Vasconcelos, da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ).
Representando a ACLJ, da qual Vianney Mesquita é Membro Titular Fundador, estiveram presentes, além do seu Presidente Reginaldo Vasconcelos, o seu Secretário-Geral, Vicente Alencar, e os titulares Arnaldo Santos e Geraldo Gadelha.
Dona Socorro, Prof. Vianney, Lívia, Marília e Vicente Augusto |
Na imagem, Vianney Mesquita e o seu clã doméstico – mulher e filhos – um exemplo de família unida e harmoniosa, em torno do patriarca, e cultuando o seu exemplo de honradez e erudição.
APRESENTAÇÃO
É de consenso hoje em dia a sabença de que a humanidade toda tem origem concentrada em um casal, conforme o judaísmo e o cristianismo simbolicamente têm pregado, crença que a ciência vem aproximando da verdade, no novo conceito da “Eva Mitocondrial”, trazendo a ideia do ancestral comum a todas as gentes do Planeta.
As escrituras místicas também dão conta de que a comunidade planetária viveu períodos de catástrofes severas, com a sua drástica redução numérica, salvados os poucos eleitos pela graça de Deus Pai.
E, de novo, os cientistas concluíram estudos sobre fases pré-históricas em que fomes, pragas, pestes ou intempéries rigorosas apoucaram toda a povoação da Terra, que chegou a limitados indivíduos, sementes a partir das quais a população se recompôs completamente, dividida em etnias diversas, conforme as condições ambientais em que medraram.
Faço esses prolegômenos para estabelecer uma analogia antropológica
desse contexto da religião e da ciência com a saga da última flor do Lácio, que
nasceu do latim vulgar e encontrou beleza ingente no sudoeste da Ibéria, o
sofrido "Portu Cale", língua cujo número dos que ainda a estudam, dominam e
defendem vem se reduzindo a muito poucos, na escala numérica lusofônica.
Lamentável que ameace fenecer um idioma riquíssimo como é o português – em sintaxe, em semântica, em sinonímia – capaz de permitir à cerebração das pessoas – não somente a comunicação de conhecimentos fáticos que se precisem transmitir ou registrar de forma clara e inteligível, mas também a sintonia fina das mais delicadas sensações e elevados sentimentos que a alma queira externar através de um beletrismo elegante, além de mavioso e peregrino, em prosa e verso.
Pois bem. João Vianney Campo Mesquita é um desses poucos bastiões que tentam poupar o mundo desse dramático prejuízo cultural – "mutatis mutandis" – como aqueles ínfimos genearcas resistentes, de tempos imemoriais, que impediram o desaparecimento do homem da superfície deste orbe, ou como um Noé moderno que busca salvar do dilúvio da ignorância verbal, e, consequentemente, da indigência cerebrina, pelo menos uma parcela de ditosos sobreviventes do intelecto, que possam vir a ser os germes de futuras gerações de mais eloquentes brasileiros.
Então, falar desta obra que meu mestre e confrade Vianney está lançando, “Encontro de Contas”, não é fácil para quem tiver que analisar sua riqueza em minúcia de detalhes, porque isso requereria leituras acuradas para apreender e anotar os tantos aspectos do idioma por ele abordados, aprender cada uma das lições ali contidas, e, enfim, poder pigarrear com autoridade antes de apontar todos os méritos e enumerar todos os muitos encômios merecidos.
Aliás, falar sobre o conteúdo precioso dessa obra é despiciendo e ocioso, quando se sabe quem verteu cada conceito idiomático e mesmo filológico que nele se lança e desenvolve – simplesmente o maior ícone da matéria no Estado, certamente um dos mais conceituados no País.
É obra que não se presta ao silêncio das estantes, mas ao manuseio
constante na cadeira de balanço, pelos doutos e pelos que pretendem se lançar
ao salgado mar idiomático de Camões e de Pessoa, para a navegação mais
instrutiva e deleitante, adentrando já em "terra brasilis" pela senda de um Castro
Alves, de um Machado de Assis, de um José de Alencar.
Parabéns, Prof. Vianney.
Reginaldo Vasconcelos