terça-feira, 31 de janeiro de 2017

NOTA JORNALÍSTICA - Jornal do Comércio


JORNAL DO COMÉRCIO
DO CEARÁ
E A
ACLJ

Já está publicado na WEB o número de janeiro  e no prelo para sair em edição física na próxima semana  o Jornal do Comércio do Ceará, editado pelo jornalista Antônio Matos. 

E na página 7 dessa edição o noticioso reproduz reportagem do Blog da ACLJ, cobrindo a visita de uma comissão de acadêmicos acelejanos à pinacoteca do Membro Benemérito Airton Queiroz, em exposição permanente no Espaço Cultural Unifor, ocorrida no último dia 20.



Aliás, evento que também foi alvo de carinhosa nota de Lúcio Brasileiro, na edição de domingo, dia 29, no Jornal O Povo – na sua prestigiosa coluna, a mais  longeva do mundo, editada ininterruptamente há mais de 60 anos. Ele que é comendatário da ACLJ, detentor da Medalha Governador Parsifal Barroso, que lhe foi outorgada no seu jubileu de diamante na imprensa, em 2014.

O Jornal do Comércio do Ceará, por seu turno, foi fundado em 1930, portanto há 87 anos, seguindo, na época, a mesma intenção do Jornal do Commercio de Recife, fundado em 1919, ainda hoje o maior periódico de Pernambuco, e um dos maiores do Brasil.




É que no início do século passado o comércio das capitais do Nordeste contava com um número limitado de lojas, de modo que interessava ao leitor as novidades dos estoques, mercadorias sempre oriundas de outros centros, do Sul do País ou da Europa. Era o tempo em que uma das diversões para as família aos domingos era ir ao centro da cidade “olhar as vitrines”.




Ao mesmo tempo interessava aos comerciantes de então anunciar os seus produtos, as suas ofertas, de modo que o nome Jornal do Comércio, e a vocação midiática ambidestra que ele indicava, eram muito atrativos, tanto para o virtual público leitor como para as empresas de então, que adquiriam seus espaços de propaganda. 

Antônio Matos resgatou essa história e já há dez anos vem editando, mensalmente, com excepcional qualidade gráfica e jornalística, o Jornal do Comércio do Ceará, que não resistira à modernidade e deixara de integrar a grande mídia estadual  diferentemente do homônimo de Recife, que até hoje tem grande tiragem e circulação em Pernambuco. 

A ACLJ está em tratativas com o editor do Jornal do Comércio do Ceará para estabelecer parceria jornalística, de modo a que matérias postadas no nosso Blog sejam selecionadas para publicação também em meio físico.




ACIONE O LINK ABAIXO PARA LER
O JORNAL DO COMÉRCIO DO CEARÁ
EDIÇÃO DE JANEIRO

ARTIGO - Manipulação das Massas (RMR)


MANIPULAÇÃO
DAS MASSAS?
Rui Martinho Rodrigues*


Fala-se em manipulação das massas, quando se perde eleição. Quem vence não duvida da consciência política do povo. Falaram mal das pesquisas eleitorais, desprezando o direito à informação. Os críticos passaram a vencedores... e as críticas cessaram. A lei da ficha limpa restringiu as escolhas do eleitor. Imposição da ética.

Só os sabichões têm consciência política. E o povo? Só se votar como eles querem.

Eleição não é o caminho para assegurar o triunfo da “verdadeira consciência”. É o reconhecimento de que os juízos de valor e a complexidade da política nivelam por baixo iletrados e “esclarecidos”. O voto do erudito e o do apedeuta têm o mesmo valor.

Os sabichões erram iludidos com os sofismas dos pensadores de renome internacional.  O que diziam sobre globalização e livre comércio? Era neocolonialismo. Agora se opõem a quem quer acabar com a globalização e o livre comércio.

Quatrocentos milhões deixaram a miséria na China; duzentos milhões na Índia. Isso não conta. Nem conta o declínio da mortalidade infantil, o aumento da esperança de vida e dos anos de escolaridade, o acesso aos bens e serviços. A teoria da pauperização foi convenientemente substituída pela tese do “consumismo”.

É preciso negar tudo para propor o mudancismo a qualquer preço. A Filosofia quer compreender o mundo, mas é preciso mudar o mundo! Sem compreendê-lo? Eis o fundamento do totalitarismo (Hannah Arendt).

Relativistas, os “esclarecidos” falam em consciência verdadeira e em ética, se... a cobrança recair sobre o adversário. Caso contrário, falar em ética passa a ser “moralismo udenista”. Dizem não ser relativistas, defendendo apenas o conhecimento relacional. O ponto de vista seria a vista de um ponto, como se tudo fosse apenas opinião.

Mas a Matemática e a Física são cheias de constantes, inclusive na teoria da relatividade, que considera a velocidade da luz uma constante independente de qualquer referencial. Ressalte-se que a Física tem objeto material, não é puramente formal, como a Matemática; e as verdades lógicas não são relacionais. As verdades objetivas também não, quando se trate de um juízo de existência referido a um fato singular.

A ciência limitada às conjecturas e refutações, de que falava Popper, é aquela das teorias, não de simples juízos de existência referido a fatos singulares. A verdade moral também não é relacional. A redução de todo conhecimento à condição de simples perspectiva ou relação leva ao relativismo, expresso na vulgata dos campi como “verdade de cada um”, relacionada à subjetividade.

A manipulação foi problematizada pela eleição do Trump, a derrota do acordo de paz na Colômbia e o Brexit. Ela é eficaz quando diz que todos têm direito a tudo sem esforço, sem perseverança ou algum mérito; que ninguém fracassa, a culpa é do “sistema”; a solidariedade deve ser feita às expensas de terceiros; ou que ninguém erra, a culpa é da sociedade injusta; que somos virtuosos e a inveja é a nobre defesa da igualdade. A paixão nacionalista também pode ser um caminho exitoso para manipulação.

O desmascaramento vem quando os sabichões levam os seus países à ruina e os santarrões se mostram corruptos.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

NOTA ACADÊMICA - O Bar das Letras


O BAR DAS LETRAS
REABRINDO AS PORTAS 
VIRTUAIS


O acadêmico Altino Farias comunica que vai reativar o “Bar das Letras” – espaço no site do Pelos Bares da Vida destinado a publicação de textos diversos, organizado por autor.

Criado há anos, o bar virtual estava à frente do tempo, e houve certa dificuldade em manter um bom volume de trabalhos, dificuldade que agora se considera superada.

Depois de um tempo, Altino selecionará alguns textos de cada autor, fará um condensado de todos e publicará um livro, que terá o mesmo nome: Bar das Letras.

A ideia foi bem recebida pela ACLJ. O link de acesso é o mesmo do site: www.pelosbaresdavida.com.br. Depois, é só clicar em “Bar das Letras” e curtir.

Abaixo, o Estatuto do Bar das Letras.


* * * ESTATUTO * * *


01. Fica fundado o “Bar das Letras” aos dois de fevereiro do ano de dois mil e onze.
02. O “Bar da Letras” ficará aberto durante as vinte e quatro horas do dia, os sete dias da semana, incluindo feriados. Portanto, o freguês poderá nele se servir à vontade a qualquer momento que desejar.
03. Neste bar, cada garrafa vem preenchida com letras aleatórias, as quais, a cada dose, vão se organizando de forma harmônica. Ajuntadas com sabedoria, formam palavras certas, que, postas nos lugares certos, dão origem a magníficos textos.
04. Como em qualquer bar, no “Bar das Letras” todos os assuntos estão liberados: política, futebol, cotidiano, sexo, religião, geografia, economia, história e causos, por exemplo. A expressão de opiniões e pensamentos se dará em qualquer estilo escrito como poesias, crônicas, contos e textos de opinião dentre outros.
05. Situando-se o “Bar das Letras” em endereço cibernético, seus fregueses podem ser de qualquer lugar, não importando as distâncias físicas, apenas a vontade de beber letras e embriagar-se com bons textos.
06. Os fregueses são divididos em “provedores”, “colaboradores” e “visitantes”.
07. Os fregueses “provedores” são e encarregados de manter o estoque de textos sempre renovado, diversificado e interessante a todos os outros fregueses.
08. Os fregueses “colaboradores” podem, conforme sua conveniência, enviar trabalhos para auxiliar na manutenção dos estoques.
09. Os fregueses “visitantes” podem entrar no bar para se servirem do que lhes aprouver.
10. Todos podem, no entanto, colaborar a qualquer tempo para manter o estoque sempre bastante interessante para todos os gostos.
11. Aos fregueses “provedores” são reservadas mesas com quatro lugares cada, e estes devem ser identificados de forma sucinta para que todos saibam quem são, de onde vieram, e que tipo de letras estarão em suas respectivas garrafas.

12. Aos fregueses colaboradores são reservados lugares no balcão, onde eles podem depositar suas colaborações, sejam elas textos prontos ou simples comentários.
13. O “Bar das Letras” é democrático e liberal por natureza. Homens e mulheres de todas as idades são bem vindos, tendo o mesmo peso no pensar, opinar e expressar. Todos os fregueses têm os mesmos direitos de se servirem à vontade, como também de difundirem suas idéias através de textos próprios ou através de comentários específicos.
14. Ninguém pagará nada a ninguém, a qualquer título. Todos, no entanto, ganharão o que lhes interessa: os “colaboradores” e “provedores”, leitores; os “visitantes”, um estoque completo de ideias e pensamentos diversos.
15. As portas estão abertas e as prateleiras já parcialmente preenchidas. Venham, embriaguem-se de letras!

* * * DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS * * *


01. Os fregueses “provedores” deverão enviar um texto por mês, pelo menos, sendo mantidos no ar sempre os últimos 06 (seis) enviados. A manutenção de número de textos maior que seis é liberalidade da administração do site.

02. O freguês “provedor” que não enviar um novo texto até o dia 25 (cinco) de cada mês, passará a ocupar lugar no balcão na qualidade de “colaborador” até que volte a ter a freqüência requerida para ocupar um lugar nas mesas.

03. Ao voltar à qualidade de “provedor” o freguês ocupará preferencialmente o mesmo lugar que antes, salvo se este já houver sido ocupado por outro.

04. As atividades do “Bar das Letras” serão iniciadas com apenas duas mesas disponíveis, havendo acréscimo de outras à medida que a administração do site julgar cabível e necessário.

05. Cada mesa somente será ocupada com um mínimo de 03 (três) fregueses “provedores”. Caso não haja “provedores” em número suficiente para formar uma nova mesa, estes aguardarão no balcão na qualidade de “colaboradores” a chegada de mais outros até que se tenha o número mínimo requerido.


06. Os fregueses “colaboradores” se sentarão ao balcão, que tem capacidade para no máximo 08 (oito) lugares, resguardado o direito dos “provedores” ocuparem o balcão, mesmo que lotado em sua capacidade, caso não cumpram seus compromissos temporariamente.

07. O freguês “colaborador” também deverá enviar textos para diversificar o estoque do bar, mas, neste caso, comentários sobre textos alheios contam como material de estoque, e deve haver o envio de pelo menos um (texto próprio ou comentário fundamentado) por mês.

08. Qualquer freguês pode deixar as dependências do bar no momento que desejar, bastando para tal solicitar à administração do site a retirada de seu nome.

09. A administração do bar será gerida pela equipe do site sendo que teremos um bar man e três atendentes, sendo suas posições definidas conforme a administração julgar mais conveniente.

10. Sugestões são aceitas, mas somente serão adotadas caso a administração do site aprove e que sua adoção seja tecnicamente viável.

ARTIGO - Fidalguia Não É Covardia (AS)


FIDALGUIA
NÃO É COVARDIA
Arnaldo Sant0s*


Desde a redemocratização do Brasil vivemos tempos corrosivos do republicanismo. O que predomina, salvante as exceções, são os desvios éticos e morais (“imorais”), o conluio e as negociatas, que variam da venda de emendas a projetos de leis e medidas provisórias, ao mensalão e ao petrolão, transmudados em rotina.

Independentemente dos matizes ideológicos, na percepção de um substantivo contingente de brasileiros, até mesmo o processo que culminou com impeachment da ex-presidente Dilma (constituído com base no clamor das ruas e em razão das denúncias de pedaladas fiscais, liderado pelo ex-deputado Eduardo Cunha – preso pela Lava-jato) foi um atentado a democracia. 

Em Modernidade Líquida, o sociólogo polaco recém-falecido Zygmunt Bauman, evidencia quão aquosas são as relações sociais globalizadas. A política brasileira, nas últimas décadas, sofreu uma reação físico-química que corroeu a República, derreteu a ética e, pelas ações imorais de alguns, se transformou no fluido ácido da corrupção. Felizmente, no âmbito político, no Ceará não têm disso não, conforme poetiza a canção gravada em 1950 pelo imortal Luiz Gonzaga.

Nos derradeiros anos, nosso Estado elegeu governadores dos mais variados estilos e percepções dos problemas socias, bem como nas práticas governativas. Uns mais vaidosos, outros menos, mas, em geral, todos de subido padrão moral e ético. Assim, foi possível trazer o Ceará ao patamar de desenvolvimento político-econômico atual.

Alguns praticaram estilo mais hermético, com viés autoritário, e aversão ao modelo político vigente de sua época. Outros foram mais empreendedores, modernizantes, mas perdulários, entretanto. Em maior ou menor grau, tivemos uns mais corporativistas e protecionistas.

Pela vez primeira, no entanto, temos um governador que, além da austeridade imprimida em suas ações, inaugurou um estilo político ancorado no mais amplo diálogo, tanto do ponto de vista endógeno como exógeno. Sua simplicidade ao dirigir o governo distingue-o como do tipo fidalgo! 

A fidalguia é uma peculiaridade estudada por Freud, em seus ensaios sobre os diversos espécimes de tipos humanos. Ao empreender uma releitura do pensamento do Pai da Psicanálise, podemos inferir que [...] “o fidalgo só é fidalgo, até quando a fidalguia não parece covardia”.

A julgar pelas últimas ações político-administrativas, que surpreenderam a todos, trazendo Maia Jr. (PSDB) para comandar o Planejamento do Governo (ainda petista), e o ex-reitor da UFC, Prof. Dr. Jesualdo Farias, para a Pasta das Cidades, com o apoio de parte da intelectualidade e do (PSB), o Governador Camilo Santana manteve a fidalguia e incorporou a ousadia. 
 
De voz mansa e educada, exercitando a temperança esperada dos homens públicos, e avesso às frivolidades circulantes à órbita do poder, o Governador, aos olhos daqueles que miram a sucessão, progride com um governo ainda sem identidade, carecendo fazer um ponto de inflexão desde a segunda metade do mandato.


Ao imprimir essas alterações na equipe, o Governador inicia a montagem de um projeto de engenharia política, que tem um tempo de validade. Embora o prazo demarcado para o estabelecimento desse plano seja até 2018, a finalização do conjunto da obra tem, como objetivo antecipado, uma prorrogação por mais quatro anos – ainda que, para materializar o objeto pretendido, essa fidalga ação implique a concretagem de alguns engenheiros-artífices de sua governança, se me faço entender ao leitor/eleitor.


  

COMENTÁRIO:

De fato, como percebe o articulista, a fidalguia é um qualificativo perfeito para a conduta do Governador Camilo Santana – embora ele não herde essa lhaneza de seu pai, ao contrário do que a etimologia do adjetivo nos sugere.

Eudoro Santana passa muito longe de ter os modos refinados e a nobreza aristocrática que sobram no trato principesco de seu filho.

Não somente nisso o jornalista e sociólogo Arnaldo Santos acerta, mas o faz também nos demais conceitos que formula em seu artigo – tirante a pequena confusão que parece fazer ao referir o impeachment da Dilma.

A fundamentação jurídica para o processo foram as tais pedaladas fiscais, e o “clamor das ruas”, em função do “conjunto da obra”, foi a motivação política. Ele afirma, e eu concordo.

Mas me parece que Arnaldo se equivoca quando atribui ao então deputado Eduardo Cunha as denúncias contra Dilma, ou a "liderança" do processo de impeachment.

Eduardo Cunha – aliado do PT, cúmplice, abandonando, magoado – apenas fez a admissão da denúncia – como era de sua atribuição fazer – mas, ao fazê-lo, dela escoimou grande parte das increpações que eram feitas a Dilma, deixando apenas as fraudes fiscais, para que não se investigassem crimes em que ele também estava envolvido. 

Assim como esse processo também não foi liderado, nem partiu de denúncias de Michel Temer, como alguns querem entender. A presidência, por designação constitucional, caiu no colo de Temer – aliado, abandonado, magoado com o PT – mas que não tinha ascendência sobre os acusadores, nem sobre o Ministério Público, muito menos sobre o juiz Sérgio Moro, tampouco sobre a bancada que se opunha ao Governo de que participou. Nem consta que um velho árabe faça mandingas na macumba.   

Reginaldo Vasconcelos



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Não poderia deixar de me referir e aplaudir o interessante artigo do jornalista Arnaldo Santos sobre a figura serena do nosso Governador Camilo Santana, sobre o qual estou de pleno acordo, inclusive o comentário sobre ele, do confrade Reginaldo Vasconcelos

Cássio

domingo, 29 de janeiro de 2017

NOTA JORNALÍSTICA - Dimensão Total


DIMENSÃO TOTAL

SOB NOVA DIREÇÃO


O jornalista Ronald Machado convidou o presidente da ACLJ, Reginaldo Vasconcelos, para passar a apresentar o Programa Dimensão Total, aos domingos, das 10:00h às 12:00h, pela Rádio Assunção de Fortaleza – sintonia 620 no dial, ainda em AM, e diretamente pela WEB.



Ronaldo vem apresentando o Dimensão Total há 18 anos, mas precisa se afastar do microfone por algum tempo para se submeter a intervenção cirúrgica reparadora da face, gravemente afetada por uma enfermidade, de modo a interferir na sua dicção – ironicamente, faculdade essencial à sua principal atividade, a imprensa falada.

O programa semanal vai ao ar em dia e hora de muito pouca concorrência de opções recreativas, logo depois do sono de domingo e antes da praia e do almoço, em que sequer a TV aberta apresenta melhor alternativa.

E Ronald Machado consagrou o horário ao melhor debate de ideias de toda a mídia cearense, reunindo luminares do pensamento político e sociológico da Cidade a cada edição – Rui Martinho Rodrigues, Cid Carvalho, Antônio Mourão, Arnaldo Santos, Djalma Pinto, dentre outros – enfim, o melhor da análise e da opinião mais abalizada no Estado.




Na edição de hoje (29.01.17) – de que participaram os advogados Roberto Pires, César Bertozi e Djalma Pinto, além do médico Antônio Mourão e do agrônomo Cláudio Regis Quixadá – o dono do programa apresentou aos ouvintes o seu substituto provisório, que a partir do próximo programa assumirá o timão daquele radiofônico navio. 

CARTA - Correspondência a João Soares Neto (VM)

CORRESPONDÊNCIA
Ao Escritor João Soares Neto*


Por Vianney Mesquita**




Fortaleza, 18 de fevereiro de 2013.
Prezado Dr. João Neto,
Abraço.


Muito me contenta acusar e agradecer pelo convite para sua posse como imortal da Academia Cearense de Letras, nosso mais distinto Sodalício, locus de peso da intelectualidade literária deste Estado.

Folgo, em particular, com o fato de recair a opção em um nome denso da nossa inteligência, o qual acompanho, velada, mas intensivamente, desde os anos 1960. Quando ainda discente secundarista da antiga Escola Industrial de Fortaleza – hoje Instituto Federal de Educação – apliquei questionário público (amostra) de sua COCEA – Companhia Cearense de Administração, na oportunidade em que empreendeu investigação científica (já naqueles tempos, cuidava, na juventude mediana, de misteres tão assinalados!) com vistas à instalação de ônibus elétricos na urbanisticamente claudicante e ainda arquitetonicamente provinciana Fortaleza.

Meu regozijo é dirigido, neste passo, a crédito, por primeiro, do seu perfil de pessoa afeita aos estudos diuturnos e sem intermitências, como escolar demandante do estado d’arte dos saberes da Ciência de Henri Fayol, dos teores aziendais e do Direito, sem descurar das artes e da cultura, fato demonstrado constantemente em suas manifestações nos registos em livros, bem assim em artigos e crônicas de inconcussa qualidade na imprensa local.
A outra parte desse confesso júbilo assenta no êxito de a ACL haver promovido esta excepcional renovação do seu quadro academicial, rejuvenescido de intelecção e produção, a fim de se destacar no Ceará e noutros rincões, do Brasil e do Estrangeiro, como prima inter pares de nosso discernimento literário.

Sabe, infelizmente, o preclaro companheiro da quase indigência de alguns silogeus cearenses, onde, via de regra, o prestígio social, assistido pelos haveres financiais e certas circunstâncias ocasionais, é que preenche suas cátedras, chegando a quase lotar alguns deles de pessoas apenas mais do que alfabetizadas. São participações goras e brocadas, defesas de produzir, exatamente à míngua de aptidão intelectiva; ou, quando muito – quiçá isto se afigure pior – levando à luz produtos desabridos em quaisquer gêneros, insossos e sem humo algum de originalidade, porquanto jamais perseguiram as feições de intelectuais, pela via do estudo procedido de caso pensado, da leitura constante e das observações inteligentes no labor dos bancos e campos de prova das universidades.
       
Intelectual à força, osmótico, é impossível! E nossas entidades culturais e científicas os têm em profusão. Ó tempora! Ó mores! Perversidade cultural dos nossos tempos! Para não ser fastidioso, me reporto à produção nas quais é sensível o pasticho servil, visível é o expediente (talvez até ingênuo) da cópia amouca, notadamente colada de escritores mais recuados e de estrangeiros, como, e.g., historiar fatos do século XVII, sem mencionar literatura, como se fosse possível longevidade matusalênica para viver os períodos históricos, consoante ocorre na obra princeps de um conhecido escritor brasileiro, postado na crista do sucesso e assentado no topo da ascensão.

De efeito, prezado imortal, Dr. João Soares Neto, tenho razões para celebrar esse feito justo e oportuno, na convicção de que concorrerá para engrandecer os haveres intelectuais da Academia Cearense de Letras, ditosamente ali tão ocorrentes, entre a maioria, nas pessoas de Pedro Paulo Montenegro, Giselda Medeiros, José Augusto Bezerra, Eduardo Diathay, Batista de Lima, Marly Vasconcelos, Carlos d’Alge, Linhares Filho, Noemi Elisa, Ednilo Soárez, Luciano Maia, Juarez Leitão, Cid Carvalho, Dimas Macedo e tantos outros.

Fora de dúvida, esta representou para mim, até agora, a melhor notícia de 2013.

Como remate, aceite meus emboras e as escusas por não comparecer à festa, em razão de um evento de natureza cardiovascular, felizmente – pensamos eu e o meu cardiologista Valdester Cavalcante Pinto Jr. – sem maiores consequências.

Atenciosamente.

V.M.


Obs. Não houve registo de recebimento desta mensagem.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

ARTIGO - O Que É Pós-Verdade? (JSN)


O QUE É PÓS-VERDADE?
João Soares Neto*


Estou estudando o adjetivo “pós-verdade” (post-truth), considerado pelos Dicionários Oxford, da Universidade de Oxford-Inglaterra, como a palavra do ano de 2016. A expressão pode ter sido criada em 1992 pelo sérvio Steve Tesish, dramaturgo. O que me alerta é o dístico da Oxford ser “Dominus illuminatio mea”, a nos remeter ao Salmo 27.

Agora, ninguém nos ilumina.  Vejamos o que o dicionário Oxford  diz sobre Pós-Verdade: “Um adjetivo que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm  menos influência em moldar a opinião pública do que o apelo à emoção e as crenças pessoais”.

Desejo historiar – audácia minha – acerca desse fenômeno que se difundiu de forma exponencial em camadas cultas, na área filosófica e na política de grandes jornais.  A aceleração da divulgação da “pós-verdade” decorre das divulgações em todos os modais da Internet (e-mail, whatsaap, facebook, instagram, blog etc) e das mídias convencionais, que se renderam ao uso.

Refleti, e resolvi pedir a amigos doutos que dissertassem sobre o assunto. Esta é a primeira parte. Alguns pedem para não citar o nome. Respeito. Direi algo sobre a formação de cada um:

PhD em História: “Já é tão usado aqui. Ninguém que escreve bem o usa. Mas meu neto adolescente,  ontem ficou assustado se isso seria uma palavra que ele, – já sabe tudo – essa palavra não existe. Nem a sua máquina falante, e nem seus amigos nos EUA a conhecem. Quer dizer, quando você escrever sua coluna sobre essa palavra o uso dela vai revelar para muita gente no Brasil uma novidade. Nós, aqui, na Alemanha, estamos curiosos.
  
O físico e filósofo suíço Eduard Kaeser vê na era “postfaktisch” o perigo de uma ‘democracia de uma sociedade que não quer saber nada/prefere ficar ignorante dos fatos’ – como consequência da avalanche de informações no mundo digital, a diluir padrões essenciais e básicos como a objetividade e a verdade. O estilo de fazer política de Trump muitas vezes é entendido como post-truth.

Romancista: “A filosofia sempre se ateve a discussões sobre o significado da verdade, da justiça, da ética, dentre outros termos de não somenos importância para a condição humana. Em 2016, a pós-verdade ganhou destaque. No mundo moderno agitado e movido pelas redes sociais, a verdade perdeu status, cedendo espaço para a pós-verdade. O que se posta adquire significado de verdade quase absoluta, quase incapaz de ser desmentida ou questionada. Curiosamente, a pós-verdade está aquém da própria verdade, e não além, como o termo supõe”.

Ednilo Soárez, historiador: “A expressão “pos-truth” pode  ser uma consequência do universo que vivemos nas comunicações digitais, nas quais as pessoas não se conformam mais em ser apenas “figuração”. Quase todas aspiram ao papel de protagonistas, daí, querem interpretar os fatos lastreados nas suas emoções, dando-lhes suas interpretações próprias”.

Eduardo Diatahy, PhD Emérito da UFC – Não sei para que inventar um “conceito” novo se estamos em face de fenômeno tão antigo? Em seus processos cognitivos, a humanidade sempre se debateu com a intervenção dos aspectos emocionais, cuja importância de fato é imensa, pois que razão pura só existe na cabeça de Kant ou é como água destilada, que é pura, mas ninguém bebe.

Estou mais ou menos convencido de que esse rótulo de pós-verdade aguarda sua vez na lata de lixo da História, visto fazer parte de muitos outros “pós-” que andam por aí a poluir o ambiente.

Todavia, louvo seu esforço em busca de esclarecimento. Mas não se esqueça da palavra de Max Weber, em sua célebre conferência Wissenschaft als Beruf (1917): «Pois nada que ele não possa fazer com paixão tem valor para o homem enquanto homem».

Este não é o final.  Temos outras reflexões a mostrar. Aguardem.




COMENTÁRIO:

O termo “pós-verdade” é apenas um neologismo que se insere na sinonímia de “mentira”. Não tem o caráter eufêmico de “inverdade”, de “potoca”, de “peta”, de “ficção” – nem a força agressiva de “balela”, “patranha”, “aleivosia”, “falsidade”.

Não há sinônimos exatos. Cada um deles traz em si uma carga conceitual própria para significar e já qualificar de forma diferente uma mesma coisa. “Puta”, “quenga”, “meretriz”, “cortesã” e “prostituta” indicam pessoas de uma mesma atividade, mas conferindo a cada uma distinto “odor psicológico”.  

No caso de “pós-verdade”, parece que o criador da expressão quis denotar e consagrar o prestígio que a comunicação eletrônica globalizada tem conferido às versões criativas, as tais “narrativas”, facilmente difundidas e abonadas, em detrimento dos fatos reais que as originam.

Não saberia eu estabelecer uma graduação exata entre as virtudes e os efeitos nocivos de se estabelecer a “pós-verdade”. Posto que a verdade seja soberana, nem sempre ela convém aos melhores sentimentos e ao melhor  convívio. Ela é sempre muito mitigada no amor e nos negócios, na sociedade e na política.

As vestes de todos, a maquiagem das mulheres, a pintura do concreto, a pele sobre a carcaça, tudo isso é expediente utilitário contra a verdade nua e crua. Ninguém vivencia suas próprias vísceras, que, porquanto sejam absolutamente reais e presumíveis, não são necessarimente presentes à consciência das pessoas, pois somente à grotesca poesia Augusto-anjeliana interessavam.

Aliás, à poesia muito mais interessa a pós-verdade, na sua linguagem conotativa, como de forma metalinguística o reconhecem Fausto e Patrúcio na letra da canção Frenesi. “Fosse paixão, frenesi / Doce ilusão, moça bela”.

Reginaldo Vasconcelos


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Articulista-cronista de primeira linha aufere agora o “blog” da nossa Academia, com o concurso do escritor João Soares Neto.

Magnífico é seu escrito acerca do substantivo Pós-Verdade, lúcido, interessante e oportuno, complementado com os supinos comentários do Dr. Reginaldo Vasconcelos.  Avis cara!

Vianney Mesquita