domingo, 27 de fevereiro de 2022

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (26.02.2022)

 REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (26.02.2022)





PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual deste sábado, que teve duração de uma hora, seis acadêmicos. O Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos,  o Jornalista e Sociólogo Arnaldo Santos, o Professor e Procurador Federal Edmar Ribeiro, o Professor, Teólogo e Latinista Pedro Bezerra de Araújo, o Marchand e Publicitário Sávio Queiroz Costa, e o Agente Comercial Internacional  Dennis Clark (Maringá-PR). 

Pedro Araújo compareceu fantasiado de agricultor chinês, com o tradicional chapéu cônico de palha de arroz, e Reginaldo usando uma bata indiana, que vestia na última festa carnavalesca de que pode participar, antes da pandemia, em 2020.  

Simbolicamente presentes, porque justificaram previamente a suas ausências, o Bacharel em Direito e Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel (Maricá - RJ), o Linguista Dmitry Sidorenko (São-Peterburgo-RU)  e o Advogado Adriano Jorge. 
  



TEMA ABORDADO

Na reunião virtual da ACLJ deste sábado os participantes se dedicaram ao inescapável tema  do carnaval, melancolicamente, já que as comemorações da data se mantêm proibidas pelas cautelas sanitárias impostas pela pandemia. 

Arnaldo Santos lembrou de que, mesmo não apreciando carnaval, como profissional de imprensa, muitos anos atrás, cobriu um desfile de blocos na avenida, para o rádio, juntamente com o Ricardo Guilherme, hoje nosso Membro Honorário. 

Edmar Ribeiro narrou que, no Acre da sua infância, durante o carnaval, homens se reuniam caracterizados de marinheiros, sob a liderança de um "comandante", transportando no ombro uma miniatura de navio-gaiola, e saíam itinerantes pelas ruas e vielas, com acesso franqueado às residenciais, onde eram servidos de bebidas e comidas previamente preparadas para a sua recepção. Era a chamada "marujada", o que faz lembrar os antigos grupos de "reisado", em figura de raposa, nos Dias de Reis, a cada seis de janeiro. 

E também acrescentou que, em baile carnavalesco do passado, tendo uma das pernas enfraquecida, assistia aos folguedos sentado, com a sua muleta ao lado. Até que um folião embriagado sequestrou o objeto e o levou para o salão, onde foi alcançado por um corpulento cunhado do Edmar, irmão da sua namorada na época. Contido pelas bitáculas, o brincalhão pediu desculpas, alegando que iria devolver o objeto, e que tinha imaginado fosse parte de uma fantasia de pirata.  

Sávio Queiroz narrou uma lendária história de família, segundo a qual um avô seu, durante um carnaval pretérito, se preparava para cair na folia, contra a vontade da mulher, que não era súdita do Rei Momo. Ao defrontar o marido saindo de casa, ela fixou-lhe o olhar tão repreensivo, que, ato continuo, o pretenso folião escorregou e caiu – e quebrou a perna em consequência do escorrego.

PERFORMANCES

Edmar Ribeiro apresentou a coletânea "Vento Vadio", da qual fez a leitura de uma belíssima crônica do jornalista multimídia pernambucano Antônio Maria (1921-1964), que abaixo reproduzimos.


 

A MESA DO CAFÉ

Menino só sabe que é feio, no colégio, quando o padre escolhe os que vão ajudar à missa, os que vão sair de anjo, na procissão, e os que vão constituir a diretoria do Grêmio Mariano. 

Eu soube que não era bonito em 1928, no Colégio Marista de Recife. Nunca fui escolhido. Mas sem a menor tristeza, sem concordar até. Aquele julgamento era precipitado, pois (estava convencido) ainda não havia nada de definitivo sobre o bonito e o feio, a beleza e a fealdade. Quais seriam as demarcações? A exata limítrofe, quem seria capaz de determinar? Se não existia a explicação lógica do feio e do bonito, a notícia da minha feiura não me causava mal nenhum. Ao contrário, livrava-me dos tributos que teria que pagar se fosse bonito, ajudando missa e saindo de anjo, à frente das procissões. 

Na mesa do café, éramos cinco irmãos. Havia bolo de mandioca, requeijão, bananas fritas, pão torrado e bolacha d’água. Éramos cinco irmãos e, dos cinco, quatro eram bonitos. Vá lá, eu era o feio. Então, por que minha mãe gostava mais de mim? Ela, que nos zelava a todos, que nos conhecia pelo avesso e pelo direito, por que gostava mais de mim? De pena não era, porque pena é uma coisa e amor é outra. Menino conhece. O gesto complacente, por mais carinhoso, é sempre vacilante e triste. O gesto de amor chega a ser bruto, de tão livre, alegre e descuidado. 

Minha mãe gostava mais de mim. Eu sabia, e ela sabia que eu sabia. Em tudo a nossa cumplicidade. Na fatia do bolo, na talhada de requeijão e no sobejo do seu copo d’água. Nossa cumplicidade até hoje existe, quando de raro em raro nos encontramos. 

Da mesa do café víamos pela vidraça os canteiros de terra negra e as rosas de maio. Vinha o cheiro úmido da terra molhada, mais que o das pálidas rosas da minha infância. 

Minha mãe e eu. Nossos olhos tão parecidos. 

Minha mãe só tem um defeito. Não ser minha filha. Sempre foi metida a saber mais que eu. 

Só soube que era feio quando amei pela primeira vez. Vi-me, então, corajosamente… e não era como gostaria de ser. No coração, um amor tão bonito. Ninguém iria acreditar, mesmo dizendo, mesmo eu explicando, mesmo eu jurando. 

Apaguei a luz, tocava o concerto n. 3 de Beethoven e, no final, apesar do tom ser menor, o lirismo era tão ardente que tudo ficou entendido, entre mim e a minha feiura: eu a amava e não a abandonaria até a morte. 

(Antônio Maria, in “Crônicas”, 26/09/1961)




Pedro Araújo, por seu turno, fez a leitura do soneto Acácia Amarela, Do livro “Recôndito das Pérolas” da escritora sobralense Célia Oliveira, abaixo colacionado.

ACÁCIA AMARELA
 Célia Oliveira

Uma Acácia Amarela
nasceu no meu jardim
floresce em julho e dezembro
também dentro de mim.
 
Eu tenho uma acácia!
De flores amarelas
qual bolas de ouro
fico embevecida diante delas.
 
Minha acácia é primordial
simboliza acato e amizade
É árvore de porte imperial
 
Suas flores frágeis e belas
não só ataviam minh'alma
enfloram os beirais
de minhas janelas. 

 

 


Reginaldo Vasconcelos, por último, leu crônica sua "O Inverso e o Carnaval, publicada em jornal em 1980, e em coletânea posterior, em 1993, que descreve o carnaval de Fortaleza há 30, 40, 50 anos, quando ainda havia os bailes nos clubes sociais  durante o dia infantis, à noite adultos  além do corso de automóveis pela rua principal, além do desfile de cordões, blocos, maracatus  única dessas manifestações que ainda se mantém, embora pouco prestigiada pelo público, que, em grande parte, deixa a Cidade para retiros de repouso, ou para cidades do litoral ou da montanha, durante o período momino.

O INVERNO E O CARNAVAL

 

O carnaval e o inverno coincidem, coexistem, misturam-se e molham um ao outro de alegria. O inverno é o carnaval da Natureza, que se fantasia de verde a festejá-lo, numa alegria gigantesca. Úmidos corpos molham fantasias coloridas, brotam amores, chovem sorrisos e abraços são colhidos. 

Cheiro de terra, grama molhada e poças d’água nas calçadas. Antes de tudo, o inverno e o carnaval são perfumes e cores, que, portanto, podem descolorir e evaporar durante a vida e os anos sobrepostos. 

Milhares de crianças vestem penas, pintam o rosto, colocam máscaras, usam panos de sede e calçam botas: são índios, super-homens e piratas. Os adultos tornam-se palhaços, viram tuaregues, ou transformam-se em havaianas e odaliscas. 

No meio da folia, no epicentro da algazarra, no momento da fervura cai a chuva. Rostos suados, gotas brilhando entre lantejoulas e confetes. Plumas e paetês apanham chuva nos cordões, bumbos e cornetas salpicam som, sopram chuviscos. 

Pelo asfalto, nos estandartes os símbolos místicos do baralho, desce o maracatu titubeando ao “chimbum” afro dos tambores, e ao tinir dos guizos, triângulos e chocalhos. Índios e negros, vestindo os trajes da Corte, trazem à tona as raízes da raça e da cultura, de onde se eleva o éter envolvente da história. 

Sob os véus das fantasias veem-se os corpos mornos da folia, molhados de suor. Entre apitos, passos de dança e evoluções uma euforia, um incêndio íntimo. Sorrisos franqueados, empurrões e abraços se permitem, suor e cerveja para a chuva temperar. O carnaval não é loucura. É remédio, é antídoto, alivia a todos da vida insana pela vida, evitando a demência da dor e da solidão. 

No terceiro dia o folião já canta rouco, o bêbado cai de porre na calçada, as fantasias já rasgaram mas ainda resta alegria. E na quarta-feira a chuva chora e lava o asfalto, num chuá sentido de saudade. Nos salões as serpentinas fazem engodos, que simbolizam mil paixões, namoros mominos, recordações mil de outros carnavais.

...............................................................................

By Reginaldo Vasconcelos – In Jornal Tribuna do Ceará – 1980, e Livro Traços da Memória - Laços da Província – 1993.

  




DEDICATÓRIA
 

A reunião virtual deste sábado, dia 26 de fevereiro de 2022, foi dedicada ao empresário Beto Studart, nosso Membro Benemérito, que nesta semana foi instado a suceder ao poeta Pio Rodrigues na distinção de “Representante da Comunidade”, no quadro honorífico da Academia Cearense de Letras, a convite de seu Presidente, Dr. Lúcio Gonçalo de Alcântara.


Além disso, Beto Studart foi comunicado, pelo Magnífico Reitor Cândido Albuquerque, de que o Conselho Universitário da Universidade Federal do Ceará decidiu lhe conceder o título de Doutor Honoris Causa, subida honraria a que ele faz jus pela sua profícua atuação pela cultura no Estado, seja como mecenas da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, seja como instituidor e mantenedor da Fundação Beto Studart de Incentivo à Cultura. 




 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

ARTIGO - A Lei da Selva (RMR)

 A LEI DA SELVA
Rui Martinho Rodrigues*

 

A invasão da Ucrânia nos faz lembrar que as relações internacionais se regem pela lei da selva. Predadores atacam suas presas livremente. O lobo se queixa que o cordeiro está sujando a água do córrego a jusante do devorador, na fábula de Jean de La Fontaine (1621 – 1695). A Rússia alega que a Ucrânia é fantoche dos Estados Unidos da América (EUA), a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) avançou para o leste, e a presença da aliança ocidental junto às suas fronteiras é uma grave ameaça. Há até quem diga que a invasão atual é uma profecia que se autorrealiza, porque os EUA anunciaram repetidas vezes o ataque russo à Ucrânia.

 

A invasão começou em 2014, na Crimeia. Não havia presidente americano avisando que o ataque era iminente. Outras regiões do leste da Ucrânia foram invadidas por tropas que se apresentavam como moradores locais, de etnia russa, com objetivo separatista. Quando a Ucrânia tentou reintegrar os territórios ocupados, em nome do separatismo, a Rússia interveio com ameaças. A Ucrânia, nos anos noventa, entregou o seu grande arsenal nuclear à Rússia, sob promessa de que teria a integridade do seu território respeitada. EUA e Reino Unido se colocaram como garantes da promessa russa. A Rússia descumpriu a promessa e os garantes não garantiram nada. 

A alegação de que a OTAN “avançou para o leste” ameaçando suas fronteiras é semelhante ao discurso da fábula citada. Os países do Leste Europeu, ouvindo o discurso de Putin, segundo o qual o fim da URSS foi o maior desastre de todos os tempos para a Rússia, buscaram a proteção da Aliança do Atlântico Norte. 

Agora o líder russo confirma os temores, dizendo que os povos com laços históricos com a Rússia, e sem tradição de independência, não existem legitimamente como nação soberana, referindo-se à Ucrânia com um discurso que se aplica a Belarus (que já se rendeu), Moldávia, Geórgia e repúblicas bálticas. Até a Finlândia e a Suécia foram ameaçadas e proibidas de entrar para a Otan, tendo suas soberanias limitadas. 

A Rússia preparou a guerra. Estocou alimentos, fez aliança com a China, sacrificou o crescimento econômico para estocar reservas de divisas e de ouro, e modernizou o seu arsenal nuclear, colocou-se à frente dos EUA em mísseis de cruzeiro hipersônico, mísseis balísticos manobráveis, drones nucleares aquáticos, mantendo a tradicional superioridade em armas convencionais como tanques, aviões e artilharia. Acusa o Ocidente de provocar corrida militar, mas foram os primeiros, desde os tempos da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a produzir tanques com blindagem composta, com recarga automática do canhão e com blindagem reativa, iniciaram a corrida militar no espaço e mantiveram a superioridade numérica. 

Dizem que a corrida militar é do interesse do capitalismo. Mas as democracias têm nos bens de uso civil uma parcela muito maior da economia do que tinha a URSS, e do que hoje tem a Rússia. Produzir bens civis é mais lucrativo. Armas são encomendadas e desenvolvidas a elevados custos, depois os cortes orçamentários deixam o fabricante a ver navios. 

A Empresa Brasileira de Aeronáutica SA (Embraer) desenvolveu o KC-390 tendo a promessa de compra de vinte e oito dessas aeronaves pela Força Aérea Brasileira (Fab). Vieram os cortes orçamentários e a encomenda foi reduzida para vinte e dois aviões, podendo sofrer novos cortes. A Engenheiros Especializados SA (Engesa) faliu por desenvolver modelos de blindados que o Brasil não comprou, como o tanque Osório, o caça tanques Sucuri, o blindado leve Jararaca. A compra de armas tem especificações técnicas muito rigorosas. Consumidores civis não são tão exigentes. O resultado é que as democracias estão sempre despreparadas.


ARTIGO - A Paz (RV)

 A PAZ
Reginaldo Vasconcelos*

 

Fazem pouco sentido os movimentos pela paz, os apelos populares, as passeatas brancas, porque a paz nunca é iniciativa dos justos, mas consequência do equilíbrio moral destes e do controle compulsório dos cretinos. 

Ao longo da vida em sociedade, a paz não é ato, mas potência, que, uma vez alcançada, “é sempre por um triz” – para lembrar Chico Buarque. 

A paz é a ausência de conflitos, e os conflitos decorrem das muitas tensões essenciais. O que aproveita aos traficantes que não atirem na polícia, e vice-versa, se o confronto se instala? Ou suplicar aos assaltantes que não roubem suas vítimas? Acaso adiantaria rogar ao leão que não ataque o búfalo, se este é o seu alimento, ou instar o búfalo que não ataque o seu predador? Claro que seria inútil fazê-lo. 

Enfim, excluído o exemplo das lutas cruéis na natureza, dentro da cadeia alimentar, que a civilização já superou, e os facinorosos repristinam, a paz das pessoas e dos grupos racionais é quebrada ao romper de hostilidades, que se dá pelo seguinte processo: 

a) a iniciativa iníqua dos insensatos, os quais convertem sua energia sexual instintiva em ânsias de maior poder social, e em atos pela conquista de privilégios em geral; 

b) a consequente indignação dos oprimidos, os quais reagem em defesa de seu patrimônio, seja de cunho material, seja de cunho moral, legitimamente adquirido. 

Os instintos naturais que impulsionam os animais em geral, seja para a obtenção das condições essenciais à sobrevivência, seja para garantir a perpetuação geracional de sua espécie, pulsões desvirtuadas ou sublimadas pelo ser evoluído que não mais precisa delas, são convertidas em sentimentos nefastos de ambição, de vaidade, de emulação, de concupiscência, de usura, de apropriação. 

Sendo assim, a paz é sempre circunstância pontual, obtida aqui e ali pelos esforços do irenismo, pelo equilíbrio ético advindo de certos pactos de interesses, na configuração da bendita paz cristã. 

Mas se pode ainda obter a paz manu militari por meio da coerção jurídica, da sujeição moral dos fracos, pela contenção dos menos numerosos – e aqui encontramos o conceito do que se tem chamado “pax romana”. 

Os esforços conceituais feitos acima restam simplórios, pois, na verdade, a almejada paz cristã encontra limites circunstanciais incontornáveis. Tomemos como exemplo o pomo clássico, e imaginemos que, de dois indivíduos, cada um tenha para si uma maçã. Enquanto cada um deles se conformar com essa igualdade teremos então estabelecida a melhor paz. 

Mas, pode ocorrer que um dos dois sujeitos do exemplo, por uma daquelas compulsões animais supracitadas, passe a desejar ter para si mais do que tem, e então tente conquistar a maçã alheia. 

Nessa nova hipótese, a primeira fase do processo conflituoso entre em curso. Haverá, por conseguinte, um opressor e um oprimido, que medirão forças, fazendo eclodir a violência. 

É forçoso deduzir que o mais forte vença a luta e adquira a segundo maça para o seu prol, ou parte dela, e, como de regra ocorre, pela lógica da guerra, essa aquisição do vencedor se legitima. 

Tem ainda acontecido que o vencedor da contenda resolva aproveitar para si maçã e meia tão-somente, e então, até para estabelecer mais fácil controle do oponente, abandone a ele a outra metade. Se, reconhecendo a derrota, o perdedor aceitar como prêmio de consolação a ração menor, eis a paz romana.

Dar-se-á também alguma vez que um dos dois proprietários das maçãs íntegras, dono de espírito humanitário mais evoluído, admita que o outro merece maçã e meia, quem sabe, por lhe reconhecer o mérito de ter cultivado a macieira, e, por isso, espontaneamente, lhe conceda um quinhão maior da fruta, tendo em vista, inclusive, que meia maçã, nesta hipótese, o satisfaça. Novamente, no exemplo presente, a paz cristã.

 

Essa simbólica maçã representa aqui os bens da vida – a liderança, o comando, o poder, o patrimônio, a renda, o amante, o cargo, o título – e os conflitos que ela suscita, seja na forma de guerrilha, combate sangrento ou “guerra fria”, podem surgir no casamento, no condomínio, na família, na escola, nos negócios, na empresa, na política, entre os países. 

Pessoas e instituições precisam cumprir e fazer cumprir as leis, bem como reclamar sempre, e sempre por meios idôneos, seu direitos legítimos, pois, “paz sem voz, não é paz, é medo” – segundo expressão feliz do compositor Marcelo Yuka. Combater a injustiça, a ilicitude e a impunidade seria, portanto – em vez de pedir clemência aos agressores – a forma correta de impor a paz romana. 

Na outra ponta, procurar não oprimir quem quer que seja, dar “a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, para que se cumpra, pelo menos na dimensão individual, a paz cristã. Ceder graciosamente a parte da maçã que lhe sobeje, reconhecer o direito alheio, ser solidário aos bons, compreensivo com os tolos e tolerante com os menores.

Em suma, embora a paz social, como a felicidade, não possa ser entendida como um estando constante, deve ser perseguida pelo indivíduo, para que ele alcance e mantenha a paz de espírito. 


Do livro Eutimia - Reginaldo Vasconcelos - RDS Gráfica e Editora - Fortaleza - 2013.


VÍDEO - As Cores do Anjo Gabriel (TL)

AS CORES DO
ANJO GABRIEL
Totonho Laprovitera*


Morro de Santa Terezinha, Fortaleza, Ceará. Artistas se reúnem para pintar as casas dos moradores, em ação solidária promovida pela Associação Anjo Rafael e a Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus.

 

CRÔNICA - O Que a Vida Encerra (PN)

 O QUE A VIDA ENCERRA
Pierre Nadie
 

 

Não há que negar. A vida nos traz algumas inquietações, apresenta algumas dificuldades e, uma vez ou outra, tira-nos do sério. Nada é tão plano, nem tão lógico, nem como desejaríamos que fosse. 

Confrontos, desafios são caldo de cultura do crescimento e da maturidade do ser humano, rumo à realização de seus objetivos. 

Talvez, façam-nos claudicar, porém, determinação, coragem e ousadia acompanham a fé, na esperança, que não é espera. Esperança, que desperta e que instrumentaliza essa tríade dinâmica. 


Há, no entanto, um inimigo que nos ronda, levando nossos sonhos aos porões do passado, gerando remorsos, desconforto e vitimização, com foco nos sofrimentos e mal-estares, bem como atirando-nos à exaustiva ansiedade do futuro incerto, na fixidez do “não consigo”. Constrói-se, então, sumária ponte, interligando o “tirano” do ontem ao “atrevido” do amanhã. 

E o presente, sem espaço nem tempo, arrastado apenas por drogas, passa a ser um cavalo de Tróia, dentro de nós, lotado de inimigos, desfazendo objetivos, destruindo a esperança: somos nós zombando de nós, cingindo-nos em nós, mais fortes que o nó-de-marinheiro. 

Em meio a essa pândega da vida, o olhar para dentro pode ajudar a uma emersão, como rezava o Padre Pio de Pietrelcina: “o meu passado, Senhor, à Tua Misericórdia; o meu futuro, à Tua Providência; e o meu presente ao Teu Amor”. 

Se não há caminho, façamos um.

Se não há saída, esbocemos uma.

Se há tristeza, sorriamo-nos.

Se há cheiro de morte, sejamos odor de vida. 

Enfim, a vida vale o que ela encerra.



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

ARTIGO - O Alienista (RMR)

 O ALIENISTA
Rui Martinho Rodrigues*

 

É difícil escolher as melhores, entre as obras de 
J. M. Machado de Assis (1839 – 1908). Mas apontar preferência é fácil. “O Alienista” é uma das minhas preferidas. Nela o personagem central, um médico de competência reconhecida na Europa, o Dr. Bacamarte, se interessa por psiquiatria, passa a diagnosticar doença mental em todas as pessoas e a interna-las. Termina por concluir que o doente é ele mesmo e resolve ficar interno.
 

A fronteira entre o normal e o patológico é assim questionada, juntamente com a autoridade científica. Obra publicada pela primeira vez em 1882, quando o positivismo de Auguste Comte (1798 – 1857) era a grande influência e apresentava a ciência como monolítica e fonte de verdades inquestionáveis. Mais tarde Georges Canguilhem (1904 – 1995), estudioso de epistemologia, história da ciência e médico, questionou o significado de normal e patológico. 

O Dr. Bacamarte, inicialmente, parece adotar o conceito funcional de normalidade e patologia, diagnosticando doença mental em quem não se enquadrava nos padrões de funcionalidade. Depois de detectar patologias em todos, passou a seguir um conceito estatístico. Vendo a ausência generalizada da funcionalidade padrão, achou que era o normal a desfuncionalidade. Ele não se enquadrava no padrão disfuncional: era o único doente.

O psiquiatra britânico Theodore Dalrymple (Anthony Daniels, 1949 – vivo), diz que a humanidade está desorientada, desorientação induzida por pensadores cujas teorias levam ao divórcio com a realidade, a imunização cognitiva. Seria o médico inglês semelhante ao Dr. Bacamarte? É possível distingui-lo do personagem machadiano. O normal e o patológico existem, por maiores que sejam os problemas que possam suscitar. O normal não é uma estatística, é funcional. Uma população toda acometida de cárie dental não tornaria normal tal coisa. 

Ignorar os fatos pode ser o que Gaston Bachelard (1884 – 1962), “O Novo Espírito Científico”, aludiu como “obstáculo epistemológico”, um conhecimento havido como provado, que bloqueia a compreensão de conhecimento divergente. Pode ser a cegueira dos paradigmas ou “ciência normal”, o fenômeno pelo qual os pressupostos teóricos, metodológicos e as premissas impedem a percepção dos erros do paradigma (Thomas Kuhn, 1922 – 1996, “A estrutura das revoluções científicas”). Pode ser paixão, conveniência política ou econômica ou, por fim, desorientação. 

Todos estão desorientados? Não. Os pressupostos teóricos e metodológicos são apresentados de modo catequético pelas escolas, literatura, indústria cultural e imprensa formando um obstáculo epistemológico (Bachelard) ou paradigma incomunicável (Kuhn). Nenhuma inovação radical jamais foi compreendida ou aceita pela comunidade científica antes que passasse uma geração. Pessoas inteligentes e cultas são mais atingidas pela cegueira dos paradigmas, por terem muitos argumentos de autores renomados dificultando a compreensão de teorias diferentes e até dos fatos. A história da ciência é um cemitério de erros (Alexandre Koyré, 1892 – 1964, “Estudos de história do pensamento científico”). 

Ciência é um concurso de conjecturas e refutações (Karl Popper, 1902 – 1994, “Conjecturas e refutações”), que avança corrigindo erros. Ciência monolítica e indubitável é o equívoco que inspira a cegueira dos paradigmas (Kuhn) e a desorientação (Dalrymple). A cegueira é atribuída ao outro, escudada no prestígio de pensadores, por erro de boa-fé ou por imposturas intelectuais (Alan Sokal, 1955 – vivo; e Jean Bricmont, 1952 – vivo, “Imposturas intelectuais”). 

ARTIGO - Breve Escólios Acerca do Direito Canônico e da Santificação (VM)

BREVES ESCÓLIOS ACERCA
DO DIREITO CANÔNICO
E DA SANTIFICAÇÃO
Vianney Mesquita*


 

Desvia-te do mal, e faze o bem, e terás uma morada eterna, porque o Senhor ama a equidade, e não desamparará os seus santos: serão eternamente conservados. (BÍBLIA, Salmos, 36-27, 28).

 

 

RESUMO

Relata com brevidade o extenso decurso de aplicação do Direito Canônico com vistas à beatificação e à canonização, hoje ocorrente com suporte na Constituição Apostólica Divinus Perfeccionis Magister, a respeito da nova legislação relativa à causa dos santos, de São João Paulo II, datada de 25 de janeiro de 1983, revogados os lineamentos anteriores. Arrima-se na literatura concernente, máxime na mencionada Carta Pontifícia, e oferece exemplos de breves pontificiais que canonizaram três postulantes em longuíssimas demandas juscanônicas – agora sob processos muito mais rápidos – configurados em São Pedro Julião Eymard, São Marcelino José Bento Champagnat e São José de Anchieta. 


ACIONE O LINK ABAIXO PARA ACESSAR A ÍNTEGRA

https://drive.google.com/file/d/1-HHKWLeykaSgiMEsUpUKTpOLdRkptsFc/view?usp=sharing


domingo, 20 de fevereiro de 2022

NOTA ACADÊMICA - Reunião Presencial da ACLJ

 REUNIÃO PRESENCIAL
DA ACLJ
(Com participações virtuais)




Sete acadêmicos da ACLJ se reuniram na Tenda Árabe neste sábado, dia 19, entre as 10 e as 14 horas, para debater a pauta da próxima Assembleia Geral Aniversária, prevista para 04 de maio vindouro, bem como para recreação e congraçamento.

 

Compareceram fisicamente o Presidente Emérito Rui Martinho Rodrigues, o Secretário-Geral Vicente Alencar, o Segundo-Secretário Adriano Vasconcelos, o Primeiro-Secretário Altino Farias, os Membros Titulares Decuriões Sávio Queiroz e Humberto Ellery, e o Presidente Reginaldo Vasconcelos.

  

Após servida a feijoada, entraram na reunião, virtualmente, os confrades Wagner Coelho, da Cidade do Rio de Janeiro, Stênio Pimentel, de Maricá, no Estado do Rio, e Dmitry Sidorenko, de São-Petersburgo, na Rússia, que apresentou ao grupo sua consorte Svetlana e a graciosa Anfisa, filha do casal.

 

O grupo todo levantou um brinde internacional de vokca e cachaça, para celebrar o bom relacionamento diplomático entre a Rússia e o Brasil, estabelecido pela recente visita de cortesia do presidente Bolsonaro ao Presidente Putin, que recebeu o colega do "Brics" com extrema lhaneza e distinção. 

Ficou definido na reunião os nomes dos que serão empossados nas Cadeira vagas na quadragenta numerati da ACLJ, durante a solenidade, além das duas novas medalhas que serão instituídas, e que serão outorgadas a seis homenageados.  


sábado, 19 de fevereiro de 2022

COLUNA VICENTE ALENCAR - Ed. 3021 - 18.02.2022

 VICENTE ALENCAR
EDIÇAO 3021
6a FEIRA
18 DE FEVEREIRO DE 2022
 

FORTALEZA
 Aguardando você na Praia Barra do Ceará.


 CEARÁ
 Convida você para conhecer a Praia das Fontes, em Beberibe.


 NORDESTE
Convida você par conhecer os Monólitos de Quixadá-CE


BRASIL
O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.

 

 

UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES - UBT FORTALEZA

Administração: Gutemberg Liberato de Andrade. 

ACADEMIA CEARENSE DE LITERATURA E JORNALISMO

Administração: Reginaldo Vasconcelos. 

ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO NORDESTE-ALANE

Adminstração: Regine Limaverde. 

ACADEMIA DE LETRAS JUVENAL GALENO - ALJUG

Administração: Francisco José Moreira Lopes. 

A Liberdade de Imprensa é coisa séria. Não é assunto para ser tratado por canalhas. 

 

LEIA E PRESTIGIE OS AUTORES BRASILEIROS:

 

1 - UMA HISTÓRIA DO BRASIL EM MANUSCRITOS, livro de José Augusto Bezerra. 

2 - DOCE DE PIMENTA, livro de Mozart Cardoso de Alencar. 

3 - TEORIA DOS AFETOS, livro de Neide Azevedo Lopes. 

4 - DIA DA CAÇA, livro de Eduardo Campos. 

5 - SOMBRAS NA PAREDE, livro de Margarida Alencar. 

6 - PELA MOLDURA DA JANELA, livro de Lourdinha Leite

     Barbosa. 

7 - SILHUETA, livro de Januário Bezerra. 

8 - MOMENTOS DIVIDIDOS, livro de Ary Albuquerque. 

9 - CANTOS CIRCUNSTANCIAIS, livro de Giselda Medeiros. 

10 - SILÊNCIO NEGRO, livro de Mário Nogueira. 

11 - QUEM SÃO ELAS, livro de  Olga Monte Barroso. 

12 - O JULGAMENTO DE JESUS CRISTO SOB A LUZ DO DIREITO, livro de Roberto Victor. 

13 - EXPRESSO DO PASSADO, livro de Seridião Montenegro. 

14 - ALMA NUA, livro de Hortêncio Pessoa. 

15 - A SERRA DO ARCO IRIS,  livro de José Lemos Monteiro. 

16 - PENSANDO E REPENSANDO ROTARY, livro de Gamaliel Noronha. 

17 - PELOS CAMINHOS DA MEMÓRIA, livro de Sílvio dos Santos Filho. 

18 - 100 TROVAS DE TIRAR O CHAPEU, livro de Adaucto

Gondim e Ciro Colares.

19 - MOMENTOS IMPRESSIVOS DA TERRA SANTA, livro de Linhares Filho. 

20 - ALMA EM PUNHO, livro de Tatiana Barros Leal. 

21 - OS FILHOS DA CAATINGA, livro de Pereira de Albuquerque. 

22 - FAMÍLIA - CONVIVÊNCA E ESPIRITUALIDADE, 

livro de Vicente Teixeira. 


CASA DE LIVROS USADOS SEBO O GERALDO

LIVROS A PARTIR DE 5 REAIS.

 

Rua 24 de Maio, 950 no Centro de Fortaleza.

e-mail: sebo.ogeraldo@hotmail.com

A Gerência e da Stela e os CDs podem ser adquiridos 

com Albaniza. 

Telefone: 3226.2557.

Aberto de 8 às 16 horas.

Aos sábados de 8 às 12 horas. 

 

A Dignidade e a Democracia de um país passam pelas criticas e observações de sua Imprensa. 

.