sexta-feira, 27 de maio de 2022

CRÔNICA - Janis Joplin Canta Para Nós (ZZ)

 JANIS JOPLIN CANTA 

PARA NÓS
EM BAR DE COPACABANA
Zeca Zines*

Amigo querido o Jornalista cearense Wilson Ibiapina que reside em Brasília, vindo aqui pelo Rio de Janeiro, telefonou pra fazermos um tour de conversas e algumas bebidinhas em Copacabana. Saímos conversando e passeando a pé. Neste tempo soubemos que a grande cantora de blues Janis Joplin estava pelo Rio, e coincidentemente ou não encontramos uma pessoa que pensávamos ser ela, com um acompanhante.

Fato é que ao chegarmos na esquina da Avenida Atlântica com Princesa Isabel, entramos num bar / restaurante / show, e, na saideira, entra uma pessoa esfuziante e pega o microfone, com os cabelos revoltos e aquela voz rouca e maravilhosa. Muito semelhante a Janis Joplin, cantou à capela Summer Time, um de seus clássicos. A voz era idêntica demais, era perfeita. A saideira, tomaram-se várias. Não sei se nós já estávamos turvos, mas aplaudíamos como se estivéssemos assistindo a uma intervenção artística inusitada de JJ pelo Rio. Quando saímos ainda perguntei ao garçom: “É a Janis Joplin?” E o cara respondeu: Não sei, por aqui aparece tanta gente estranha...

Mas não acho de todo impossível que isto tenha de fato acontecido, basta ler uns trechos que o Jornal O Globo publicou em 2014: “Janis chegou numa sexta-feira pré-folia, na companhia de Linda Gravenites, que assinava os exuberantes figurinos usados pela cantora nos palcos. No curto período em que passou na cidade, ela assistiu aos desfiles das escolas de samba na Candelária, fez topless na Praia da Macumba, foi barrada num camarote do Theatro Municipal e deu canja em inferninhos da Zona Sul, além de beber vodca, Fogo Paulista e licor de ovo como se não houvesse amanhã”.

Ricky, que era fotógrafo da versão brasileira da revista “Rolling Stone”, encontrou Janis com a amiga perambulando sem rumo pelas areias da Praia de Copacabana. A musa do movimento hippie apareceu no Copacabana Palace sem marcar reserva e, segundo ele, foi expulsa do hotel depois de ter nadado nua na piscina.

Com seu cicerone brasileiro, Janis Joplin badalou pelo underground carioca. Numa noite, os dois foram parar na boate Bolero, inferninho frequentado por prostitutas e marinheiros que funcionava na Avenida Atlântica, na altura da Rua República do Peru. 

Logo que entraram, a cantora foi reconhecida pelo roqueiro Serguei, que naquela ocasião atacava de crooner, à frente de uma pequena orquestra. Na mesma hora, ele anunciou a presença “da maior cantora de todos os tempos” e a chamou para subir ao palco. O pedido foi aceito prontamente, mas Janis teve que cantar a capela, porque os músicos não faziam a menor ideia de como executar seu repertório.

— O lugar era superfuleiro, tinha até basculante atrás do palco. Mas Janis detestava lugar da moda e então ficou muito à vontade. Foi impressionante. Quando ela terminou de cantar, todo mundo que estava lá mandou garrafas de bebida para a nossa mesa. Tomamos um senhor porre — diz Ricky.

Janis também soltou a voz na boate Porão 73, que ficava no Leme, a convite de Serguei. O roqueiro, hoje octogenário, conta que esbarrou de madrugada com a estrela no calçadão de Copacabana, agarrada ao americano David Niehaus, que ela conheceu no Brasil. Os três chegaram à porta da casa de shows às três da madrugada. Vestida com uma blusa, uma saia estampada no estilo cigana e uma faixa amarrada na cabeça, Janis por pouco não foi barrada pelo gerente da casa noturna — um português que, de acordo com Serguei, confundiu-a com uma mendiga. Lá dentro, ela levou a plateia ao delírio quando cantou um dos seus maiores clássicos, “Ball and Chain”, com um copo de vodca na mão”.

Pelo sim, pelo não, conversei muito tempo depois com Wilson Ibiapina pra saber se ele se lembrava, e se isto era verídico ou não. Perguntei: “Ibiapina, tire uma dúvida por gentileza: Foi com vc que ví a Janis Joplin cantar em um bar de Copacabana? Ela entrou embriagada no bar e cantou a capela Summer Time”. 

E o Ibiapina disse: “Foi não, mas pode espalhar que foi. Eu também estava de porre, lembra?” 

*Zeca Zines 
é o Compositor 
Ednardo
José Ednardo Soares Costa Sousa



NOTAS DO EDITOR:

1. Ednardo é um dos ícones da música brasileira dos anos 70, integrado ao movimento denominado “Pessoal do Ceará”, juntamente com Fagner, Belchior, Petrúcio Maia, Ricardo Bezerra, Fausto Nilo, Augusto Pontes, Rodger Rogério, Teti, Cláudio Pereira, dentre outros. Seus maiores sucessos são os maracatus Pavão Misterioso e Longarinas.

2. Jane Lyn Joplin foi uma excepcional cantora americana dos nos 60, musa do movimento hippie, que morreu de overdose aos 27 anos de idade. Depois dela, pelos mesmos excessos, morreu no Brasil Elis Regina, por sua vez a rainha da MPB na década de 70, e depois Cássia Eller, talentosíssima interprete de rock. Na sequência, a inglesa Wine Winehouse.  

ARTIGO - O Socialismo Fabiano (RMR)

 O SOCIALISMO FABIANO
Rui Martinho Rodrigues*

 


A sociedade fabiana foi fundada por intelectuais britânicos (Hubert Bland, 1855 – 1914; Edith Nesbit, 1858 – 1924; Frank Podmore, 1856 – 1910 e outros) nos anos oitenta do séc. XIX, logo após a morte Karl H. Marx (1818 – 1883). As influências teóricas de sua formação foram o marxismo e o liberalismo inglês. Recusaram o Estado classista e a tomada do poder pela força, diversamente dos bolcheviques. 

Diferente da social democracia, não visavam conquistar cargos nos governos. Queriam reformar a sociedade modificando a cultura, atuando nos estabelecimentos de ensino, na imprensa, igrejas de modo semelhante ao que Louis Althusser (1918 – 1990), no século seguinte, chamaria de aparelhos ideológicos do estado (por indiferenciar Estado e sociedade por influência hegeliana). 

Há uma certa semelhança também entre o pensamento de Antonio Sebastiano Francesco Gramsci (1891 – 1937) e os fabianos. O teórico italiano do socialismo manteve a ideia do Estado proletário, distinguindo-se do gradualismo reformista britânico, propunha a conquista da hegemonia ideológica pelo domínio do que ele considerava aparelhos ideológicos, semelhantemente aos fabianos, que não usavam tal expressão. Significativamente o nome da sociedade fabiana alude a Quintus Fabius Maximus (280 a.C. – 203 a.C.), ditador romano, estrategista que combateu Aníbal evitando e adiando batalhas decisivas, travando escaramuças, buscando a vitória a longo prazo. 

O modo de realização da reforma social dos fabianos é a reconstrução da sociedade (reengenharia social e antropológica, criando uma nova sociedade e um novo homem) pela via das possibilidades morais, enfatizando valores humanísticos, sem pensar na produtividade e na eficiência, oferecendo bem-estar, não por uma economia mais produtiva ou pela solução de problemas técnicos, sem premiar os mais eficientes, aquinhoando a ineficiência com o desfrute do Estado provedor. 

Mudar a ênfase do desenvolvimento cognitivo para a sensibilidade emocional e reforma psicológica, em nossos dias, descrita com farta documentação por Pascal Bernardin (1960 – vivo), na obra “Maquiavel pedagogo”, que cita documentos da ONU, da União Europeia e do Ministério da Educação da França, é semelhante ao modelo fabiano, sem que necessariamente haja uma inspiração direta dos reformadores britânicos. 

Distributivismo fiscal, criação de emprego por meio de obras públicas e estatização de empresas eram os instrumentos de realização política do desiderato socialista, que não se limitava aos aspectos econômicos. A transformação da cultura estava entre suas metas. Influenciaram as políticas sociais britânicas até os anos oitenta do Século XX e quase todo o mundo até hoje. Aposentadorias, pensões, seguro desemprego, serviços de saúde e outros benefícios eram fins e ao mesmo tempo meios de fazer prosélitos, no que foram muito bem-sucedidos. 

O controle da linguagem foi largamente praticado. Tributos foram eufemisticamente renomeados como “contribuições”, proprietários pejorativamente redefinidos como “privilegiados”, gastos governamentais como “investimentos”, de modo semelhante ao léxico ortodoxo politicamente correto de hoje, mas sem a agressividade dos nossos dias. Elogiavam o regimente soviético pelos fins almejados, não pelos meios empregados. Não buscavam os benefícios do livre mercado, da ordem espontânea descrita por Friedrich Hayek (1899 – 1992), da competição pela eficiência premiando os mais produtivos. 

As boas intenções dos fabianos não lograram obter sucesso. O crescimento do Estado eleva custos, cria uma burocracia privilegiada e conduz a crise fiscal. Os indicadores de qualidade de vida, tais como esperança de vida, mortalidade infantil, escolaridade e analfabetismo e acesso aos bens e serviços não param de melhorar desde a Revolução Industrial havida como desumana. Hong Kong, uma ilha e um pedaço de península sem nenhum recurso natural, em meio século, sem enveredar pelo caminho dos “direitos sociais”, criou bem-estar produzindo para os seus cidadãos uma renda maior do que a dos britânicos. 

O Estado provedor só foi possível depois que a ordem espontânea estimulou a produtividade, gerou riqueza, a riqueza gerou empregos e financiou o Estado que assumiu a paternidade da melhoria da qualidade de vida. A inexistência de benefício sem custos limita o desfrute sem vínculos com a produtividade. A crise fiscal do Estado do bem-estar chegou depois de um longo tempo, graças aos avanços da produtividade e da eficiência em geral da sociedade aberta (Karl Raymond Popper 1902 – 1994). Mas as reivindicações tendem a crescer, já que as aspirações são infinitas e os recursos finitos. 

As trocas internacionais assimétricas possibilitaram aos europeus o desfrute sem ônus, transferindo custos para os países periféricos. Mas o modelo enfrenta dificuldades com a transformação da divisão internacional do trabalho reduzindo as assimetrias nas trocas internacionais. Então a crise fiscal chegou. 

Os custos do Estado do bem-estar europeu, com enorme carga tributária, contribuíram para deslocar indústrias para a Ásia. O desemprego estrutural não decorre da ordem espontânea, mas principalmente do Estado provedor. A automação não é a principal responsável pelo desemprego, pois gera riqueza e riqueza gera emprego. 

A sedução do pensamento fabiano é poderosa. Oferece a autoimagem de altruísmo sem ônus, terceirizando a solidariedade, transferindo-a para o Estado a ser financiado por outros; permite confundir desejo com direitos; transforma em arauto da justiça quem se incomoda com a condição dos mais aquinhoados.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

NOTA SOCIAL - Recital no Aniversário da Fundação Beto Studart

 RECITAL

EM COMEMORAÇÃO
AO
ANIVERSÁRIO
DE 18 ANOS
DA
FUNDAÇÃO BETO STUDART



 

ARTIGO - Escola Inglesa (LA)

 O sentido da Ordem
na Escola Inglesa
de Relações Internacionais
Luciara de Aragão*
 

A atração pelas Relações Internacionais cresce sob vários aspectos e prospera entre as mais diversas áreas. Além de ser uma ciência nova, tem muito próximo os seus pais fundadores: Raymond Aron, Kenneth Waltz, Hans Morgenthau, Edward Carr, Martin Wight, Hedley Bull, conhecidos filósofos, escritores e historiadores, todos eles, nomes reconhecidos em todo o mundo. 

A Escola Inglesa de teoria das Relações Internacionais, ou realismo liberal, Escola da Sociedade Internacional, os institucionalistas britânicos tem raízes na teoria política, na história mundial e no direito internacional. Ela é uma das escolas para interpretação das relações internacionais. Considerada eminentemente uma escola de cunho histórico, há ênfase na adoção desta característica como seu locus standi no cenário interpretativo das Relações Internacionais. 

O debate em torno da Escola Inglesa é alimentado por um viés crítico em relação à pretensa falta de coerência metodológica de sua corrente interpretativa. Concorde a argumentação behaviorista, os constantes vínculos da Escola aos autores clássicos do seu campo de referência e seus métodos mais difusos, a tornariam de menor valor.

No entanto, a Escola Inglesa se fundamenta em função do relacionamento e oposição de três tradições de pensamento dicotômico de H. Carr, Martin Wight, que juntamente com Herbert Butterfield, historiador e filósofo britânico, é apontado como um dos pais da escola (Dunne, Thomas. 1989). O campo das relações internacionais historicamente se manifesta vinculado a uma dessas três tradições. (Canesin, CH. in Rev. Bras. Polit Int. 51 (1). 123-136 2008). 

No tocante as suas conexões, o ensino das Relações Internacionais, principalmente com a Ciência Política e a Economia, pode ser verificada pela incorporação de métodos quantitativos derivados da economia, tal como a teoria dos jogos, e por outras formulações teóricas como o estruturalismo e o construtivismo, este, com a premissa básica de que o mundo está sempre em transformação por ser socialmente construído. 

Existe uma mutação no conceito de ciência gestado durante o decorrer do Século XIX nas áreas de ciências exatas, chegando pouco depois as ciências humanas e sociais no Século XX. Desenvolvido após a Segunda Grande Guerra leva paulatinamente as ciências humanas e sociais a buscar uma formalização crescente de seus corpos teóricos adaptando métodos quantitativos utilizados nas ciências exatas – com ampla utilização de métodos estatísticos, experiência que frutificou no Brasil, nos anos 1960-70, na USP (Universidade de São Paulo) com o professor Frederic Moreau na área de História, com a História Quantitativa. 

A discussão em torno da coerência metodológica da Escola Inglesa tem assim, em grande medida, recaído sobre as mesmas bases das críticas dirigidas às ciências humanas e sociais em geral, durante o Século XX continuadas mesmo após o movimento pós-modernista e o início deste Século XXI. 

  A grande maioria das críticas feitas por parte de pesquisadores norte-americanos, à Escola Inglesa parece pecar por uma distorção de foco. A discussão parte da não concordância entre os vínculos buscados pela tradição inglesa a uma produção científica mais clássica e menos compartimentada, diante de uma nova concepção, esta considerada ideal e absolutamente normativa de ciência pós Francis Bacon e o seu método de indução. A proposta baconiana de uma reforma total de conhecimento busca de modo fundamental estabelecer uma história onde o conhecimento, tal como uma pirâmide, tem a história como sua base; a história natural seria a base da filosofia natural. 

Esta concepção permite um maior desenvolvimento da ciência, podendo chegar a um domínio da natureza, a partir da experiência. O ato de experimentar encontrou campo fértil em vários estudos de Relações Internacionais. Com a convicção das ideias se superporem às capacidades materiais define-se a conduta da política internacional, merecendo a análise e o correspondente processo crítico. 

Temos no estabelecimento de um mecanismo de interpretação de uma das dimensões mais fundamentais das teorizações da Escola Inglesa, o local e as inclinações da ordem, por meio do aparato metodológico trabalhado por uma consolidada e reconhecida escola da Historiografia das Relações Internacionais, a tradição francesa, que tem bases consolidadas principalmente nos trabalhos de Pierre Renouvin e Jean-Baptiste Duroselle (Tout Empire Périra, Ed. Armand Colin 1967; 1994; 2002). 

Apoiando a clara distinção que se observa na historiografia inglesa de relações internacionais entre os conhecidos conceitos de “sistema internacional” e “sociedade internacional”, alicerçando-os, está a interpretação histórica e o conceito de ordem, o qual, compreende uma finalidade, organizando uma série de objetivos específicos. 

Seja ela imediata e hierárquica como nos sistemas imperiais ou mesmo anárquica, sem a especificidade de um centro de poder, como no sistema europeu emergente depois da paz de Westfália, a ordem é uma característica imprescindível aos sistemas internacionais históricos. A sociedade de Estados caracteriza-se pela ideia da existência de um fio de interesses comuns ligados entre si. Os próprios Estados têm todo interesse na manutenção desta ordem internacional. 

A tendência ao ordenamento, que emana da construção e expansão da sociedade internacional no tempo, nos vem desde a obra inspiradora de Hedley Bull em 1977 (A Sociedade Anárquica FUNAG, 2002), encontra eco nos esforços de Adam Watson nos anos 1980, e a incorporação de visões como as de Barry Buzan (A Evolução dos Estudos de Segurança Internacional SP: Ed UNESP 2012) e Richard Little e John Williams (The Anachical Society in a Globalized World 2006 sublinhando, nas entrelinhas, a sua ontologia histórica.

terça-feira, 24 de maio de 2022

ARTIGO - Eficiência Para a Boa Governança (DP)

Eficiência para a
boa governançA
Djalma Pinto*

 

   

Todo cidadão de 16 a 70 anos, no Brasil, fica indignado com o presidente do seu clube de futebol por contratar um atacante camisa nove que não sabe fazer gol. A indignação não é menos profunda diante da contratação de zagueiro especialista em fazer gol contra. Os xingamentos ao dirigente são impublicáveis. Nenhum torcedor perdoa a falta de compromisso da diretoria do clube com a eficiência, afinal é ela imprescindível para garantir o sucesso, a competitividade e a prosperidade de sua agremiação.

Os mesmos torcedores, que exigem a utilização do critério da meritocracia na contratação dos atletas para o seu time, se mostram completamente indiferentes em relação ao Prefeito, Governador ou Presidente da República que nomeia secretário ou ministro de estado sem qualificação para a respectiva secretaria ou ministério. 

Qual a razão dessa indiferença? A resposta é simples: a falta de educação para a cidadania prevista no art. 205 da Constituição. Ao contrário dos torcedores que se preocupam com o destino do seu clube, os cidadãos, mesmo financiando todas as despesas do poder público, se mantêm indiferentes à sua governança.  Esse déficit transforma em letra morta, entre outros, os princípios da probidade e da eficiência exigidos pelo art. 37 da Constituição em todas as ações dos agentes públicos.  

Nas eleições que se avizinham, os eleitores, além de combater a compra de voto, devem exigir de cada candidato à chefia do Executivo uma informação detalhada sobre os critérios para escolha dos secretários e ministros que serão nomeados para as respectivas pastas. É urgente que cada pessoa, detentora de uma fração da soberania popular, tenha plena consciência de que a pobreza, a violência e a baixa escolaridade como óbice à prosperidade da população, não decorrem de praga do além. Todas estas mazelas provêm do descaso para com os princípios da eficiência, da impessoalidade e da supremacia do interesse coletivo.

Assim como o time de futebol sofre em decorrência das contratações erradas dos seus dirigentes, o povo amarga com a pobreza e outras mazelas os efeitos das nomeações para os cargos relevantes em que o mérito, a retidão e a devoção à causa pública são desprezadas.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Soneto Decassilábico Português – VM

 CORRUPÇÃO
TEMA ESCLARECIDO
Vianney Mesquita*

 

A corrupção é o mais infalível sintoma de liberdade constitucional. [Edward Gibbon, historiador grãobritano. Putney, 8.5.1737; Londres, 16.1.1794). 

A falsa ciência cria os ateus, ao passo que a verdadeira faz o cientista prostrar-se ante a Divindade. [Francois-Marie Arouet – dito Voltaire. Filósofo iluminista e intelectual francês. Paris, 21.11.1694 – 30.5.1778]

Carlos Higino R. de Alencar
É verso decassílabo perfeito,
 Número um – paredro do Direito,
Matéria que entendeu de esquadrinhar.
 
Mais que outro, do tema é luminar
E em genuíno Português perfeito
E didascálico estilo escorreito,
Na tese de doutor foi pesquisar
 
Na corrução do caso brasileiro,
Assente no Direito do Estrangeiro,
Deitou exatidões incontestáveis.
 
Em penetrante ensaio, assaz profundo,
Elucidou, então, ao inteiro Mundo
Haveres de verdade irrefutáveis!

 

Nota da Editoria

Consoante explicou o autor, o soneto foi produzido com as chamadas rimas pobres pela Teoria da Versificação, em virtude do nome decassilábico perfeito [dez ictos) do homenageado, ao qual foi obrigado e ase ater, consoando com substantivos, adjetivos e verbos no infinitivo, sem empregar as demais classes de palavras.

O Dr. Carlos Higino Ribeiro de Alencar (São Paulo, 31.10.1972) é auditor fiscal. Diretor da Secretaria da Receita Federal do Brasil – Ministério da Economia. Formado em Economia pela USP e em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Direito, doutorando pelo UNICEUB e Universidade de Paris I – Pantheón Sorbonne. Foi Ministro da Transparência, Fiscalização e Controle do Brasil, em 2016.

A Tese de Doutorado, revisada por V.M. e móvel da peça ora publicada, vai ser defendida brevemente e traz como título O Sistema Internacional Anticorrupção e o Caso Brasileiro, sob a orientação do Prof. Dr. Marcelo Dias Varella, do Centro Universitário de Brasília – UNICEUB.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

GRÔNICA - O Quanto a Tragédia Com os Rapazes da PRF Nos Doeu (RV)

 O QUANTO A TRAGÉDIA COM
OS RAPAZES DA PRF
NOS DOEU!
 
(O “JOGO DO SE...”) 

 

Tenho tentado me abstrair e sofrer calado a tragédia desta semana em Fortaleza, episódio em que um doido de rua matou a tiros dois agentes da Polícia Rodoviária Federal.

Márcio Almeida e Raimundo Bonifácio – Foto: PRF/Divulgação  

Mas a isenção literária cedeu à inquietação do jornalista, forçando-me a registrar aqui a minha indignação com essa cilada do destino, que, enfim, comoveu toda a Cidade. 

Lembro agora o dia em que, há alguns anos, eu via pela TV um vídeo do tsunami que ocorria sobre uma cidade da indonésia, gravado por um morador do alto de um prédio. 

Flagrei-me então angustiado, tentando desesperadamente visualizar uma vítima humana que fosse, entre as tralhas que as águas arrastavam pelas ruas, e que em seguida tragariam mar adentro. 

Percebi que a minha aflição diante de um fato geograficamente tão remoto desmentia aquele velho dilema filosófico iluminista sobre matar um mandarim chinês, meramente acionando uma campainha em Paris, aproveitado por tantos, inclusive por Eça de Queiroz. 

Isso porque notei que eu estava procurando a mim mesmo naquelas imagens aflitivas, em profunda empatia com o sofrimento de quem estivesse à deriva na enxurrada. 

Agora, de novo, sinto-me revoltado e investido na situação dos dois rapazes que, muito desafortunadamente, pereceram na sua desastrada operação. 

Claro que de nada adianta fazer agora o “jogo do se...” – “se não tivesse sido assim...” – se, esta conjunção condicional que foi vencida  pelo  “leite derramado”, ou sobre o fato consumado. 

Mas não resisto à compulsão de comentar o quadro fático que levou à tragédia tenebrosa, até porque o raciocínio causal tem sempre o poder preventivo e pedagógico. 

A primeira coisa a lamentar é a vulnerabilidade dos coldres adotados pela Rodoviária Federal, feitos de um polímero plástico qualquer, sem uma banda de contenção eficiente que dificulte o saque da arma por quem não for o seu legítimo usuário. 

O segundo fato trágico é a nossa legislação penal equivocada, que tem reduzido a fé-pública dos policiais, relativizando o “auto de resistência” e lhes negando a excludente de ilicitude presuntiva, ao reagir contra um injusto agressor, o que inibe a sua reação letal e eficiente. 

Se o policial que não foi desarmado tivesse atirado no sandeu que se armara teria salvado a própria vida e a do parceiro – sabemos agora – mas sabe-se que se tivesse feito isso estaria agora sendo acusado de homicídio qualificado e sofrendo repreensão dos “direito humanos” desumanos.

Arma de fogo lícita não tem apenas a função dissuasória, mas presta-se mesmo a defender o seu portador contra quem ameace a sua vida ou a de terceiro, e o agente público precisa ter consciência de que a vida de um inocente, na hierarquia dos bens jurídicos, vale duas vezes a vida de um delinquente qualquer – e a vida de um policial vale muitas vezes mais.


COMENTÁRIO:

Prezado Presidente Reginaldo Vasconcelos, cumprimentando-o pelo seu texto irrefutável, permita-me acrescentar às suas escorreitas palavras o ato imperito da abordagem policial ao indigitado assassino, que o “povão” chamou de “vacilo” grande dos rapazes da PRF.

Eles certamente foram treinados para a adoção dos corretos métodos de abordagem, dentre eles de não se aproximarem ou se agarrarem com um suspeito ou possível agressor.

Com o seu Poder de Polícia, com certa distância e com as armas em punho, haveriam de ter mandado o algoz malvado deitar-se no chão e um só policial, primeiro, colocar as algemas e, depois, fazer a vistoria e se certificar de que o indigente esmoler estava totalmente imobilizado e desarmado.

Isso, à desdúvida, teria precavido a nefasta agressão e poupado as preciosas vidas deles. 

Betoven Rodrigues de Oliveira

Advogado - Membro Honorário da ACLJ


segunda-feira, 16 de maio de 2022

MANIFESTO - Louvor à UFC

 BETO STUDART 
DOUTOR HONORIS CAUSA

 ACLJ


MANIFESTO DE LOUVOR
À NOSSA
UNIVERSIDADE FEDERAL

 



Honor est maximum bonorum exteriorum



A Academia Cearense de Literatura e Jornalismo (ACLJ) vem de se congratular com o mundo universitário cearense, notadamente os ínclitos docentes da Universidade Federal do Ceará (UFC), pela eleição de Jorge Alberto Vieira Studart Gomes, celebrizado simplesmente “Beto Studart”, para a dignidade de Doutor Honoris Causa daquela que se tem consagrado dentre as mais importantes instituições do ensino superior do Brasil e do mundo, segundo ranking recente do Scimago Institutions. 

Beto Studart é um dos mais prósperos homens de negócios cearenses, idealizador originário da empresa que capitaneia com total autonomia e inquestionável probidade, empreendendo vigorosamente no setor imobiliário, de modo a enriquecer sobremaneira a feição arquitetônica da nossa Capital, fato internacionalmente reconhecido, inclusive patrocinando a reforma e a manutenção de logradouros, em parcerias público-privadas com a Prefeitura da Cidade.

 

INSTITUIDOR DE FUNDAÇÃO CULTURAL  BENEMÉRITO 

Demais disso, o novo Doutor Honoris Causa da UFC é o instituidor da Fundação Beto Studart de Incentivo ao Talento. Por essa condicionante, Beto Studart foi eleito e recebeu o título de Membro Benemérito desta ACLJ, em 2014. 

Meritória iniciativa de afetar capital privado a bem do interesse público, a instituição foi criada em 2004, motivada pelo desejo de seu instituidor e sua esposa, Ana Maria, de realizarem ações de responsabilidade social e cultural, tendo como foco a geração de oportunidades para o desenvolvimento de talentos de tantas pessoas que, tendo potencial, não têm condições de desenvolvê-lo. 

E, como entidade “grantmaking”, a Fundação Beto Studart também financia projetos que atendam a objetivos entrevistos em sua missão institucional, desenvolvidos por outras organizações socialmente responsáveis. 

Pelo Programa de Apoio Técnico e Financeiro a Projetos, a Fundação já apoiou 386 iniciativas de diversas Instituições, nas áreas Cultural, Desportiva, Social e Educacional, já tendo concedido 869 bolsas-talento. 

Muitos destes bolsistas são hoje destaques nacionais e até internacionais, colhendo os frutos da oportunidade que tiveram para lapidar seus talentos e crescer como pessoas responsáveis pelo seu destino, com um bem definido projeto de vida e de realização profissional.



PRESIDENTE DA FIEC  CEARENSE DO ANO 

Como líder de classe, Beto Studart iniciou um ciclo virtuoso à frente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), da qual foi um profícuo presidente, administração revolucionária que abriu as portas da entidade para a inteligência nacional, constituindo grupos de estudos compostos por jornalistas e lentes universitários locais, bem como atraindo palestrantes de todo o País, visando atualizar e instruir o meio empresarial cearense – mérito notório que lhe rendeu o título de Cearense do Ano desta ACLJ, em 2016 – dentre outras honrarias. 

Em sua gestão na presidência da Fiec, Beto Studart inaugurou um canal de comunicação e de entrosamento virtuoso entre o empresariado e a Universidade Federal, promovendo uma aproximação definitiva entre os industriais e os pesquisadores e cientistas, envolvendo também o Governo do Estado, através da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), órgão vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior. 

O relacionamento entre essas instituições, que no passado era até tido como “pernicioso”, foi desmistificado durante os cinco anos da gestão Beto Studart. Ele conseguiu que fossem colocados recursos governamentais à disposição dos pequenos industriais, com editais aprovados por uma comissão da Fiec – atendendo aos devidos marcos regulatórios hoje já estabelecidos. 

Automaticamente, com esses recursos, aqueles industriais de menor porte já contratam cientistas e pesquisadores da Universidade, criando-se um ambiente simbiótico maravilhoso – a sociedade demandando, a Universidade desenvolvendo as tecnologias necessárias, e a indústria fabricando os produtos demandados. Esse trabalho culminou com a criação de um conselho de tecnologia, o Cointec, que reúne todo mês em um almoço os mais privilegiados cérebros em ciências exatas do Estado.

 

DOUTOR HONORIS CAUSA    

Destarte, Beto Studart se inscreve com grande destaque entre os componentes da galeria de doutores honoríficos da UFC, sem dissentir do nível intelectual e humano de todos os demais, sem nada lhes deixar a dever, cada um deles reconhecidamente “douto” e meritório em sua área de atuação específica, como os dois mais recentes cearenses: a escritora Ana Miranda e o artista plástico e folclorista Descartes Gadelha.