terça-feira, 27 de maio de 2014

APRECIAÇÃO LITERÁRIA (NAL)

O ASCETISMO DE VIANNEY MESQUITA EM 
...E O VERBO SE FEZ CARNE
Neide Azevedo Lopes*

Por que perambulas assim, homem, buscando muitas coisas? Busca uma apenas na qual estão as demais, e deixarás de perambular (Agostinho de Hipona. TagasteArgélia, 13.11.354; Hipona – Argélia, 28.08.430).

...E o Verbo se fez Carne e em mim habitou. Forte, rico, lírico, pleno de luz.

...E o Verbo se fez Carne, convidando-me ao ágape para desfrutar da farta mesa da sabedoria.

Aquilatar o significado da prazerosa leitura desta magnífica obra do professor Vianney Mesquita ser-me-ía tarefa por demais difícil.

Detenho-me a afirmar. Fiquei, ao lê-la, em estado de graça!

O livro, escrito em versos de sete sílabas (redondilhas maiores), usando o autor o sistema ABCBCB, leva o leitor, da persignação ao epílogo, ao êxtase da plena beleza.

Vianney Mesquita é senhor do seu ofício. E o faz de irretocável forma.

Nada há que se não possa acrescer ou subtrair. Tudo se encadeia em ordem perfeita. É como se o artesão da palavra, ao usá-la, tivesse a lira como pano de fundo. Tal a sonorização, a harmonia emanada dos 4.458 versos desta obra.

Usando os inexauríveis caminhos da memória, o autor conta em versos parte da Escritura Sagrada, com base nos quatro Evangelhos, reproduzindo ipsis verbis o de São Lucas, mostrando-nos a outra face de Bíblia. Poética, acessível, clara.

Destaquemos a aparição do anjo anunciando o nascimento do Senhor:

Falou Ele: nasceu hoje
O Messias, Salvador
Em Belém, lá na Judeia,
Dos homens o Redentor.
Cuja obra giganteia
Enche a terra de louvor.

Atentemos para o meticuloso recurso, usado ao descrever a Morte de Jesus:

Naquele instante, Jesus
A Deus, seu Pai, invocou.
Em alto brado exclamando,
 Sua Razão entregou.
Em assim anunciando,
 Incontinenti expirou.

Pelo brilho argumentado em toda a obra, e por encantada estar, ouso, em versos, emitir ao leitor minha opinião acerca deste Verbo que, feito Carne, em mim habitou.

Li, reli, com atenção,
A história do Senhor,
Contada por Vianney
Com inusitado esplendor,
 Do Nascimento do Rei,
A Morte, tristeza e dor.

Ao meu amigo leitor,
Conclamo à boa leitura
Deste exemplar artesão
Que usa a fina textura,
Descrevendo em precisão
A Sagrada Escritura.

Vianney, alma bendita,
Por força, por devoção,
Fez do Verbo alegoria,
Fez da Bíblia uma canção
Por crença, por alegria
Em Mateus, Lucas e João.

..........................................................................

*Neide Azevedo Lopes é professora, advogada, poetisa e trovadora. Da Academia Cearense da Língua Portuguesa (ex-presidente); da AJEB; Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, União Brasileira de Trovadores – seção de Fortaleza-CE. Diplomada em Literatura Inglesa, pelo Green Lanes Institut (Londres). Autora, dentre muitos outros, do admirável Teoria dos Afetos.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

CRÔNICA (WI)

A ACADEMIA POLIMÁTICA 
QUE 
FUNCIONOU NA PRAÇA DO FERREIRA
Wilson Ibiapina*

A praça é do povo como o céu é do Condor. (Castro Alves)
                                         

A Praça do Ferreira já foi palco de tudo que você possa imaginar. Tudo que envolvia o povo de Fortaleza passava por ali. Os políticos, músicos, artistas, camelôs desempregados e intelectuais, cada grupo tem até hoje seu canto, sua roda de papo, um lugar para apreciar o movimento, como os paqueradores que se postam lá, à espera de que a brisa que sopra da praia levante as saias das mulheres.


Essa praça foi o berço da opinião pública do Ceará. É nela que os problemas da Cidade, do Estado, são discutidos desde o tempo em que a Prefeitura era chamada de Intendência e o Estado de Província. Só que o povão não tinha voz, só podia ouvir.

Meu saudoso amigo Alberto Santiago Galeno, advogado, contista, historiador e trovador, no seu livro sobre a Praça do Ferreira, lamenta que o povo cearense  tenha sido tão insultado, tão caluniado pelos escritores reacionários dos anos 20 e 30, como Gustavo Barroso e Gomes de Matos. Segundo o neto de Juvenal Galeno, para esses dois o povo era massa falida, ralé, massa ignara que só merecia o desprezo.

Naquele tempo, os senhores do poder mandavam empastelar jornais, prender, surrar e matar jornalistas, tentando impedir a divulgação de fatos que achavam não deviam chegar ao conhecimento do povo. Mas como nem todos comungavam dessa cartilha, na manhã de um domingo de março de 1922, um grupo de intelectuais, tendo à frente o professor Euclides César, paraibano de nascimento, cearense por adoção, fundou uma Academia Polimática, a primeira e única do país, para levar conhecimento ao povo.

Durou apenas de 1922 a 1924, mas foi a mais democrática e eficiente de quantas academias já existiram no país. Essa academia não tinha estatuto, nem regras, muito menos preconceitos. A Polimática tentava chegar ao povo pra esclarecê-lo, educá-lo.

O polímata é a pessoa que sabe muito, de tudo. O italiano Leonardo as Vinci é reconhecido como o maior polímata da história. Tinha habilidades em artes, engenharia, arquitetura, geologia, fisiologia, anatomia etc. No Brasil, são considerados polímatas Rui Barbosa, Gilberto Freyre, Mário de Andrade.

No Ceará, o paraibano Euclides César, professor de línguas da Fênix Caixeiral fundou a Academia Polimática, por achar que a cultura não devia ser privilegio das elites e sim um bem de toda a sociedade.

A Academia Polimática de Fortaleza realizava suas sessões na Praça do Ferreira. Os oradores, que não podiam ser aparteados, falavam sobre todo e qualquer assunto, direto para o povo. Alberto Galeno conta que, um dia, Moésio Rolim representou “A Ceia dos Cardeais”, de Júlio Dantas, correndo o risco de ser amaldiçoado pelo bispo Dom Manoel, já que se tratava de obra condenada pela Igreja.

A entidade, que chegou a reunir mais de dois mil filiados, distinguiu um dia para homenagear as mulheres, e cogitou pedir a substituição do dia da árvore pelo dia do jumento. A Academia acabou no dia em que seu fundador ficou doente. Quando se recuperou, a entidade  estava morrendo. Os associados haviam debandado, alguns para o café Riche e o Maison Art Nouveau, ponto de encontro dos intelectuais na Praça do Ferreira.

Mas o professor paraibano não saiu de cena. Foi liderar movimentos intelectuais e de protestos pela liberdade. É ainda o ex-presidente da Casa de Juvenal Galeno quem revela: “No dia 19 de agosto de 1942, Euclides César desfilou à frente de manifestantes protestando, na Praça do Ferreira, contra os nazistas que afundaram navios brasileiros.

O povo, tomado de fúria patriótica, pouco depois promoveu quebra-quebra de lojas de alemães, italianos e japoneses. O professor Euclides morreu octogenário em Fortaleza, no ano de 1973. Poucos lembram hoje desse educador, um idealista que fundou uma academia na Praça do Ferreira, destinada ao povo.


*Wilson Ibiapina
Jornalista
Diretor da Sucursal do Sistema Verdes Mares de Comunicação
em Brasília - DF
Titular da Cadeira de nº 39 da ACLJ





domingo, 25 de maio de 2014

CRÔNICA (JPG)

PARA ALÉM DO FACEBOOK
João Pedro Gurgel*

Tenho visto frequentemente no Facebook uma série de notícias que ora comprovam, ora comentam o caos em que se encontra a segurança pública em Fortaleza (como no Brasil em geral). Ao que me parece, vivemos hoje em um permanente estado de sítio, decretado pela marginalidade, totalmente desvinculado de qualquer sonho de sociedade que almejamos.

Contudo, sinto-me provocado a reiterar o fato de que o Facebook não é delegacia, ministério público ou qualquer outro órgão competente para a devida satisfação legal da solução para nossos problemas com a segurança pública. Nossa reivindicação por dias mais seguros, feita exclusivamente nas redes sociais, na prática, se mostra remédio tão eficaz quanto uma "pílula de farinha".

Em fato, sofremos hoje por um falido sistema de atuação política, no qual os eleitos de nossa falaciosa democracia gozam de imunidade, coroada pelo nosso desinteresse com o bem público. Nesse contexto, o abuso e o mau uso da máquina pública causam repulsa, indignação que entretanto não dura tempo suficiente para incutir em nós o espírito de cidadania.

Tratando da segurança, só vemos com nitidez a atuação dessa corja que aparelha o Estado, no âmbito político, quando seus efeitos batem em nossa porta. Parentes, amigos e concidadãos, de uma hora para outra, integram as frias estatísticas entre as vítimas de delitos, o que comprova a falência da jurisdição penal que temos hoje.

Neste ano, espero que tomemos posse de instrumentos que fortaleçam nossa atuação cidadã, extirpando, de uma vez por todas, cada mau gestor político de seus cargos, dando oportunidade aos indivíduos que, em fato, querem trabalhar pelo País. E, com o mesmo espírito, tornarmo-nos agentes de um Estado realmente democrático, destoando do convicto analfabetismo político, que costuma soar "chic", mas que é o maior inimigo de nossos dias.

*João Pedro Gurgel
Ex-garoto Prodígio
Político – Radialista - Ambientalista
Formando em Direito
Membro Honorário da ACLJ

NOTA ACADÊMICA

PEDRO HENRIQUE SARAIVA LEÃO

O acadêmico Geraldo Jesuíno da Costa, Titular da Cadeira nº 32 da ACLJ, recomenda saudação especial ao médico Pedro Henrique Saraiva Leão, membro da Academia Cearense de Letras e seu Presidente na gestão anterior.
Pedro Henrique Saraiva Leão e
José Augusto Bezerra, atual Presidente da ACL
Dr. Pedro Henrique está aniversariando hoje, de modo que, seguindo a recomendação de Geraldo Jesuíno, a nossa Instituição faz aqui as suas homenagens ao grande intelectual cearense, valoroso discípulo de Hipócrates, pelo transcurso do seu natalício.

Aproveitamos para desejar-lhe sua mais pronta recuperação, tendo em vista que neste momento o Dr. Pedro Henrique se recupera de uma enfermidade súbita, em hospital de Fortaleza.

ARTIGO (RV)

A PICARETA DO PREFEITO
Reginaldo Vasconcelos*

"O que não é preciso fazer, é preciso não fazer".   Públio Siro (85 a.C. - 43 a.C.)

A Prefeitura de Fortaleza quer arrancar a Praça Portugal, que fica no centro de uma rotatória, na velha Aldeota, bairro nobre de Fortaleza, no seu quadrante denominado hoje de "Meireles". 

A ideia é fazer um cruzamento, prometendo construir logradouros menores nos quadro cantos do quadrado. Dizem os técnicos municipais que isso teria o condão de melhorar muito a "mobilidade urbana" por ali. O Ministério Público Estadual e a oposição ao Prefeito na Câmara estão tentando tombar o logradouro no Patrimônio Histórico do Município, para evitar a intervenção. 

Na minha análise leiga, talvez o cruzamento pudesse mesmo dar mais fluência ao tráfico de veículos – mas talvez não, porque, pessoalmente, nunca vi o contorno daquela praça como estorvo à minha própria passagem de automóvel. Sempre arrodeio a rotatória da Praça sem nenhum problema, de forma negociada, com um pouco de paciência, como ocorre nas muitas estruturas semelhantes de Paris, por exemplo. Já o semáforo a gente sabe que vai demorar a abrir, e este, sim, terá potenciar de congestionar as vias transversais.

Por exemplo, uma ambulância em missão de emergência que chegue à Praça Portugal, a qualquer hora do dia ou da noite, consegue passar sem grande perda de tempo, e nenhum risco. Com os sinais já será diferente. Ela terá que furar uma fila grande, na hora do rush, à custa de sirene, e cortar um perigosíssimo sinal vermelho, a qualquer hora.  

Mas ainda que se admita ser o semáforo uma boa solução para a fluência do tráfego, ainda se pode fazer uma restrição a esse projeto: o recorrente desrespeito à memória da cidade, tendo em vista que o logradouro foi construído por um prefeito do passado, homenageando personalidades beneméritas de então, de modo que as razões de sua demolição careceriam de um argumento de relevante importância social – e não somente uma duvidosa conveniência tópica. 

Mutatis mutandis, certamente o Coliseu de Roma atrapalha a engenharia de trânsito de cidade – e nem por isso se podia pensar em demoli-lo. Vale sofrer um pouco com ele, optando por soluções paliativas. Melhorar o transporte público, construir ciclovias, estimular os ciclomotores  – enfim,  reduzir os automóveis em circulação, seria a solução mais proativa, mais anabólica, em vez do catabolismo destrutivo. 

Entrevejo sempre nesse tipo de iniciativa, que prioriza demolições, aquela sanha malsã dos administradores públicos brasileiros, que não sossegam enquanto não apagam a passagem dos seus antecessores, como o leão que antes de cruzar com as leoas que encontra mata os filhotes dos parceiros delas anteriores.

Pode-se também imaginar que a Prefeitura esteja apenas recorrendo à solução mais fácil, por puro comodismo técnico, desprezando os prejuízos culturais decorrentes da destruição paulatina de memória da cidade, que vai ficando sem personalidade. 

Tudo isso evitando a malícia de considerarmos que possa estar ocorrendo o obreirismo desvairado de alguns administradores, com vistas a beneficiar as empreiteiras que lhes financiam as campanhas políticas. 

 *Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ

sábado, 24 de maio de 2014

ARTIGO (RKGC)

ODE AOS ACADÊMICOS CONTEMPORÂNEOS
Régis Kennedy Gondim Cruz*

Minha intenção neste escrito ligeiro – ode sem rima – é homenagear a inteligência cearense, configurada no corpo imortal da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, cujo blog tenho a satisfação de acompanhar há algum tempo, apreciando a crônica de excepcional qualidade da autoria dos ocupantes de suas cátedras.

Pincei um deles, pelo fato de ser seu leitor assíduo, desde as primeiras produções, eu ainda na qualidade de estudante de Letras da Universidade Federal do Ceará.


Adianto, contudo, a ideia de que admiro sobremodo as expressões de todos os seus colaboradores, em razão dos excepcionais textos nos vários gêneros cultivados por eles, como, por exemplo, Rui Martinho Rodrigues, Pedro Altino, Reginaldo Vasconcelos, Paulo Maria de Aragão, Geraldo Jesuíno da Costa, Aluísio Gurgel e tantos outros.

Neste passo, aludo à produção científica, literária e artística do Prof. João VIANNEY Campos de MESQUITA, incluindo em minha prosa títulos de livros seus e em colaboração, os quais, para identificação, pelo leitor, são grafados em negrito.

Sejam, pois, benditos os acadêmicos contemporâneos, porquanto, debruçados Sobre Livros, realizam seus Estudos de Comunicação no Ceará, em especial na U.F.C., fonte de poesia e laboratório de pesquisas, timbrando, assim, seu Repertório Transcrito de beleza e emoção; tudo isto por intermédio  de Impressões registradas com tintura a exatos 100 graus Celsius, aferidos cuidadosamente nO Termômetro de McLuhan. Louve-se essa Escrita Acadêmica, cujo Fermento na Massa do Texto nos conduz a um Resgate de Ideias saudosistas, como em Folhas Mortas, e futuristas, em Para além das Colunas de Hércules, de tal sorte que nenhum Arquiteto a Posteriori ousará modificá-la.

A tinta da pena de Vianney Mesquita é o remédio de que o vernáculo necessita para, ainda que moribundo, continuar a existir com dignidade. Que ele escreva, escreva como quem respira a última corrente de ar proveniente do Lácio, pois seu verbo oxigena o cérebro e enleva a alma.

Alberto Nepomuceno, um dos mais celebrados musicistas eruditos, nosso coestaduano, dizia que não é nação um povo que não canta em sua própria língua. E esse Escritor, conforme sucede com a maioria dos que militam nessa Academia, é parte do pequeno grupo a restabelecer a ordem etimológica das palavras.

Desse modo, recorro aos insignes detentores das pelerines dessa Sociedade científico-cultural do Ceará, para que se apiadem do povo e nos curem com as porções homeopáticas dos seus escritos.

Gosto, imenso, da forma como o Autor de ... E o Verbo se fez Carne recupera vocábulos e expressões do riquíssimo bazar da Língua Portuguesa, como se estes pululassem do papel para nossas veias, que os conduzem ao cérebro e desembocam no coração. Suas urdiduras literárias pacientam a Ciência e enchem de lirismo a Literatura, fazendo com que ambas interajam, respeitosa e interdisciplinarmente, amalgamando razão e emoção, em eco sinfônico às oitivas do leitor. Sua escrita, pois, dignifica o vernáculo, tão açoitado por escrevinhadores desatentos, minguados do Latim e carentes do Grego.

As análises procedidas pelo Autor de quem ora trato são absolutamente críticas, isentas e fundamentadas. Constituem a gota d’água, o deferimento para o sucesso de qualquer trabalho científico ou literário. Seu aval é a batuta do maestro, fazendo vibrar o argumento bem suscitado e a circunstância emocional, em simultâneo, como se ambos, pari passu, invadissem o ser, o conduzindo até o mar da pesquisa e ao céu da imaginação.

Passar pelo seu crivo, na qualidade de revisor perspicaz, é, por conseguinte, ter o escrito lapidado, torneado, adornado, pronto para a busca científica do cérebro e o deleite do espírito anímico.

Remeto o leitor a uma matéria publicada, no Estado de Minas,pela jornalista Márcia Siqueira, reproduzida exatamente neste blog, no dia 26 de dezembro de 2013, Os Mil Pecados que se Cometem contra a Língua, na qual a redatora apenas reforça o que eu já houvera comprovado: o zelo e a fidelidade com que ele cuida da Língua Portuguesa.

Leio, em uma passagem do que escreveu a Professora Joseneide Franklin Cavalcante, a exata expressão do meu pensamento, a qual  veste como luva o modo de ser deste Produtor de textos científicose literários. Apreciemos o belo torneio:

{...} o Vianney Mesquita escritor vejo à semelhança de um Michelangelo, esculpindo cada frase, cada construção. As palavras são seu mármore, a pena seu cinzel, a pureza das formas seu modelo, a busca da perfeição sua exigência. Seus escritos são Moisés, que adquiriram a própria voz e dele se libertaram, ganharam sua autonomia. As palavras são artesanalmente trabalhadas e vão ganhando formas, muito suas, e que poderão ser tão variadas quanto ele as queira variar, mantendo, entretanto, a elegância e a pureza de uma língua nacional que, agonizante, deveria suplicar, em favor da sua sobrevivência, por um Vianney que já quase não se consegue encontrar. (Resgate de Ideias, 1996, p.184).

Como se denota, pois, são realmente escassos os guardiões deste tesouro nacional, porém, existem. Penso que nada impede, conforme ele faz, de se produzir escritos com um vocabulário pouco comum, digo até imodesto, entretanto absolutamente claro e objetivo, fazendo do texto um tecido de fina estampa.

Lê-lo é ouvir uma sinfonia com os olhos e o coração abertos, num silêncio profundo, sem querer espectadores para que nenhuma palavra desafine...

* * *
*Régis Kennedy Gondim Cruz é bacharel em Letras
pela Universidade Federal do Ceará, professor de Línguas Inglesa e Portuguesa das redes públicas estadual do Ceará e municipal de Fortaleza. Pós-graduado em Letras pela U.F.C.

CARTA

AO PROF. DR. FRANCISCO CORREIA OLIVEIRA (U.F.C.)

A verdade poderá adoecer, porém nunca perecerá de vez (MIGUEL DE CERVANTES SAAVEDRA - Alcalá de Henares, 1547-1616).

Fortaleza, 19 de março de 2014

Prezadíssimo Doutor Chico.

Há algum tempo sem experimentar a satisfação de abordá-lo, o faço agora com vistas a cumprimentar e abraçar virtualmente o amigo e, na sequência, proceder a comentários – de leigo, evidentemente – a respeito da tese de doutoramento sustentada por um orientando seu, a mim submetida a uma revista técnica, sob o prisma da língua e do estilo.

Reporto-me ao Prof. Dr. Marcus Vinícius de Oliveira Brasil, docente da novel Universidade Federal do Cariri – UFCA, defensor do texto Empreendedorismo Sustentável em Projetos Sociais de uma Fundação Educacional, em sessão recente, perante douta e seriíssima Banca, dirigida pelo destinatário, na Universidade de Fortaleza – UNIFOR, de onde o postulante e vencedor do título saiu com o dignificante conceito nove e meio.

Por que me falece maior aptidão para descender a opiniões com fulcro nas Ciências Aziendais, como Economia e Administração, e.g., limito-me ao procedimento de comentar aspectos mais ligados à comunicação literária do autor, bem assim aos expedientes metodológicos empregados, com os inteligentes e bem aparelhados recursos dos quais se utilizou no contexto da técnica qualitativa de investigar.

Ao observador mais atilado, conforma-se cristalino o entendimento acerca do incontroverso concurso do orientador – Prof. Dr. Chico Oliveira – no êxito do empreendimento, ao indicar, com esteio na sua larguíssima habilidade de produtor de escritos científicos e mentor principal em tarefas acadêmicas de tal gênero, as consentâneas maneiras de o neodoutor exibir para a comunidade científica o saber novo produzido na contextura da sociedade universitária, de modo que foram as ideias aportadas na forma apurada, decerto, em continente e conteúdo.

Límpida para mim, a igual do ocorrente em lanços semelhantes, restou a ideia de que o Prof. Dr. Chico Oliveira teve dedo de relevância (este o ofício do orientador responsável e comprometido com a causa do alto conhecimento) no êxito absoluto do ensaio, denso, penetrante, claro e, certamente, correto – senão assim não haveria obtido sucesso – de lavra do preparadíssimo Prof. Dr. Marcus Brasil, o qual se demonstrou, no escrito de que cuido, conhecedor profundo da literatura pertinente, tanto no âmbito do Brasil como no concerto internacional.

Poderá vir alguém a objetar – se  já não o fizeram, mas respeito opiniões – o fato de ele haver invitado autores de fora do País – economistas, cientistas do Marketing, administradores – para assentar e fazer afluir a propriedade de suas reflexões.

Parece notório, entretanto, salvo juízo mais acurado, no concernente às manifestações científicas protetoras do assunto em pauta, que ele não poderia ter deixado de recorrer aos clássicos da Economia e da Administração, ao indiano Amartya Sen, ao bengali Muhammad Yunus e ao ianque Paul Samuelson, por exemplo, até pelo fato de haver também privilegiado estudiosos patrícios e coestaduanos de peso, como você, Prof. Dr. Chico Oliveira, e a preclara e competentíssima Professora Doutora Suely Salgueiro Chacon (magnífica reitora da Universidade Federal do Cariri, cujos textos acompanho como revisor desde a graduação) entre outros, pois referências imprescindíveis ao debate temático procedido.

Compreendo, até, que teria restado defeituoso o ensaio, do ponto de vista de fontes reflexivas particulares ao disciplinamento científico econômico e administrativo, se não houvesse o Prof. Dr. Marcus Vinicius Brasil feito alusão aos pensadores primários, clássicos, escritores Prêmio Nobel, proveniência de todos os sistemas inaugurais dessa ramosa vertente do saber.

Impõe-se ressaltar, de passagem, o que compreendi como pertinente ao extremo – a ideia de ele haver cotejado as respostas dos seus sujeitos com as ideações da literatura – porquanto, a cada manifestação dos numerosos partícipes do experimento, ele trazia compreensões dos autores, harmonizadas aos conceitos expendidos pelos escritores estudados, quase como se os respondentes delas tivessem prévio conhecimento, evento que a mim se afigurou bastante industrioso e magnificamente original;  pelo menos, é a prima vez que divisei este expediente com tanta recorrência, exatamente na melhor tese revista por mim no âmbito da Universidade de Fortaleza.

Quase à evidência, o evento a seguir, decerto, tenha sido objeto também da sua interveniência, Professor Chico.  Faço remissão à ocorrência de o Prof. Brasil não se haver exposto em demasia em relação às suas reflexões, preferindo apoiar-se nos sistemas concertados por especialistas, malgrado haver aportado saber novo, inédito, não sabido, em relação aos achados acerca dos empreendimentos de teor sustentável dos projetos da organização examinada.

Na minha óptica, essa atitude é acertada, porquanto não haveria ele de, em um concurso sério, científico, em que a exatidão é a “moeda corrente”, se jogar, de moto próprio, ao risco de se haver em choques de entendimento com a Banca, fazendo periclitar seu título ou, até mesmo, ser surpreendido com a nota mínima, fato que seria deveras constrangedor no atual estádio em que se encontra na qualidade de docente e pesquisador da melhor estirpe.

Noutra ocasião, em oportunidade que se asar e não representar concurso ou disputa, ou até mesmo quando ele já não for tão jovem como hoje, com a mais alargada certeza, não vacilará na emissão de juízos absolutamente pessoais, sem se importar com opiniões alheias aversas aos seus entendimentos, uma vez que se vai exibir pronto para tréplicas vencedoras.

Cumprimento-o, então, bem como ao Prof. Dr. Marcus Vinicius, pelo êxito obtido com esta tese, peça representativa de orgulho e honra para a inteligência brasileira, também, ditosamente, radicada em profundo na Terra Cearense e da qual vocês constituem digníssimos delegados científicos.

Um grande amplexo do


Vianney Mesquita

sexta-feira, 23 de maio de 2014

COLUNA DO VICENTE ALENCAR – ED. Nº 650

"MEU PERCURSO NA UNIVERSIDADE"
O livro "Meu Percurso na Universidade", do professor Antonio de Albuquerque Sousa Filho, é a grande noticia dos últimos dias. Quem adquiriu o livro e leu está fazendo os maiores elogios. Realmente a obra é fácil de ler, foi dinamicamente escrita e tem texto envolvente.

O livro está a venda além da Livraria Livro Técnico, na
Rua Dom Joaquim, 76, e também no Shopping Aldeota, na Av. Dom Luís, 500, 4º piso, lojas 422 e 424.

Outro endereço: LER LIVRARIAS.  Av. Washington Soares, 
4040, lojas 22 e 24.

CLUBE DO BODE
Neste sábado, entre 11 da manhã e 17 horas, mais uma sessão de amizade etílico-literária do CLUBE DO BODE, na Rua Dom Joaquim, no Flórida Bar, ao lado da LIVRARIA LIVRO TÉCNICO, na Rua Dom Joaquim, 76, no Centro.

SEXTA LITERÁRIA
Começa ao meio dia de hoje (almoço) e não tem hora para terminar a SEXTA LITERÁRIA do Ideal Clube, com a presença de José Telles, Carlos Augusto Viana, Jorge Tufic, Luciano Maia e tantos outros amigos.

DEIXANDO A CASA
A presidente Lúcia Lustosa, da Academia Fortalezense de Letras, nos informando que a poetisa Inez Figueiredo (ESTRELA, VIDA MINHA) renunciou a sua Cadeira naquela Casa de Cultura.




ROTARY CENTENÁRIO
O Rotary Clube Centenário, sob a presidência de Marne Lins, tem reunião programada para hoje às doze e meia, no Marina Parque Hotel, ali na Av. Presidente Castello Branco, pertinho da Santa Casa de Misericórdia.

post-scriptum
"ONDE NÃO SE CONSTROEM ESCOLAS SE CONSTROEM PRESÍDIOS"

GONZAGA MOTA
O ex-Governador Gonzaga Mota será empossado à tarde deste sábado, dia 24 de maio, na Academia de Letras Juvenal Galeno, que é presidida pela escritora Eliane Arruda. Solenidade a partir das 15h30m na Casa de Juvenal, Rua General Sampaio, 1128, no Centro (ao lado do Teatro José de Alencar).

GUARACY RODRIGUES
O poeta Guaracy Rodrigues está sendo procurado por seus amigos de Fortaleza, para contatos. Ninguém sabe o endereço dele, se mora na Capital ou no interior. Alô Guará! Dê noticias!


SHOW DA MADRUGADA
No Programa "Show da Madrugada", de Moreira Brito, na Rádio Verdes Mares AM 810, na madrugada de segunda-feira, a POESIA é destaque.

MAURICIO E ROSE
Maurício Benevides e sua mulher Rose Espíndola Benevides recebem neste sábado, a partir das 19h30min, os seus amigos para a grande noite de lançamento do seu CD, no RESTAURANTE CARAVELE, na Rua Luciano Carneiro. "A noite da Canção Internacional", sem "couvert" artístico.

É bastante levar uma LATA DE LEITE EM PÓ para trocar pelo CD. Tudo o que for arrecadado será destinado ao Lar das Crianças da Irmã Conceição, que funciona em prédio no cruzamento da Rua Ildefonso Albano com Av. Soriano Albuquerque.

PROGRAMA EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTE
Na Rádio Assunção Cearense AM 620, na próxima segunda-feira, das 22 às 23 horas, o PROGRAMA VICENTE ALENCAR - EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTE. Uma hora de notícias culturais, música popular brasileira, poesias, trovas e a crônica da noite. É bem diferente de tudo que você ouve por aí. Também na Internet: radioassuncaocearense.am
  
TERÇA EM PROSA E VERSO
O Movimento  Cultural Terça-Feira em Prosa e Verso, que completará 15 anos em dezembro vindouro e realiza suas sessões na segunda semana de cada mês, na Academia Cearense de Letras, convida a todos para a reunião o dia 10 de junho (segunda terça-feira do mês) a partir das 19 horas e 30 minutos, e terminado às 21 horas e 30 minutos.

JORNALISTA JOSÉ CARLOS ARAÚJO
O Jornalista José Carlos Araújo, grande nome da ABRAJET  Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, atuando como Diretor Regional em nosso Estado, esteve participando em João Pessoa (PB) de mais um Congresso Nacional de Jornalistas de Turismo. Veterano e motivado, retornou feliz e com novas ideias para coloca-las em prática no seu jornal de turismo.

SYLVIO CALDAS
Se estivesse vivo, o cantor Sylvio Caldas estaria completando hoje 23 de maio,  seus 106 anos. Ontem, no meu Programa na Rádio Assunção Cearense 620 AM, lhe foi prestada justa homenagem. É uma pena que um artista brasileiro tão importante para a Música Popular Brasileira não seja lembrado no dia do seu aniversário.

Em contrapartida, artistas menos votados, sem nenhum prestígio, recebem muita atenção de vários colegas.

Bandas como Arroz com Areia, Mel com Cajueiro, Feiura com Bofe, "fazem a festa". Estamos vivendo uma época em que a verdadeira música nada vale e os medíocres são prestigiados.

REDE WEB DE RÁDIO CEARENSE
Se você ainda não conhece, ouça no seu computador, pela Internet,  e,  no seu telefone celular, a REDE WEB DE RÁDIO CEARENSE.

Quatro endereços eletrônicos:

1)  Web Rádio São Gonçalo  Direção de Wilson Matos.
2)  Web Rádio Patacas, de Aquiraz  Direção de Jones Cavalcante.
3)  Web Rádio Gazeta de Fortaleza  Direção de Vicente Alencar.
     4) Web Rádio Paracuru  Direção de Gilardo Campos.

CENTENÁRIO DE AGB
No próximo dia 6 de junho, como já noticiei antes, o centenário de nascimento do Jornalista, Poeta, Escritor e Sociólogo Antonio Girão Barroso, um dos fundadores do GRUPO  CLÃ e membro da Academia Cearense de Letras. Uma das maiores inteligências que conheci.

CONFERENCIA DO DESEMBARGADOR EDGAR
A Diretoria da Sociedade Cearense de Geografia e História definiu com o Desembargador, Jornalista, Escritor e Professor Edgar Carlos Amorim que ele será o conferencista da próxima reunião da entidade, no dia 16 de junho às 16 horas, na sede da Academia Cearense de Letras.

Falará sobre "A Maioridade a partir dos 14 anos no Brasil". Um tema altamente polêmico. No momento, o Brasil trata seus MARGINAIS na faixa etária de 14 a 18 anos como se fossem crianças.

Lamentavelmente o ECA  Estatuto da Criança e do Adolescente, que seria para combater o CRIME, vem fazendo exatamente o contrário. Com suas prescrições, INCENTIVA OS CRIMES DE MENORES NO BRASIL. Sobre isso falará o experiente escritor cearense.

A MOTO MATA
Não esqueça: os motoqueiros (não os motociclistas) que utilizam as MOTOS no Brasil são agentes de morte em sua grande maioria. Começam provocando desastres. Depois...

UBT CONVIDANDO
A União Brasileira de Trovadores  UBT, Regional de Fortaleza, convidando para sua próxima reunião, que será no primeiro sábado de junho, dia 7, às 10 da manhã, na Academia Cearense de Letras (Palácio da Luz, Rosário, 1.)

NÃO ESQUEÇA
"Antes era a Esperança, hoje é a Decepção. PT Saudações".

PENSE:
A Imprensa paulista noticiou HOJE que 6 mil casos de DENGUE foram registrados nos últimos 30 dias em São Paulo, com 5 casos de MORTE, somente na Capital.

Este é o Brasil do "bom" Governo!

LEMBRETE:
14 ANOS  Idade certa para maioridade penal!

NOS EUA
Nos EUA, de onde os brasileiros somente copiam o que não presta, a maioridade penal é de 10 anos de idade.


LEMBRE-SE:
EDUCAÇÃO   Um assunto que os Governos desprezam!

ATENÇÃO ACADÊMICOS
Atenção Membros de todas as Academias de Letras, Ciências e Artes,  e de  Associações e Institutos que existem em Fortaleza. Sessenta por cento dos nomes estão inadimplentes. Por favor, coloquem dia suas mensalidades.

A relação é longa.

Temos em Fortaleza entre outras:

1) Academia Cearense de Letras
2) Academia Cearense de Letras e Artes
2) Academia Cearense de Retórica
3) Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará
4) Academia Cearense da Língua Portuguesa
5) Academia Cearense de Ciências
6) Academia Cearense de Medicina
7) Academia Cearense de Farmácia
8) Academia Cearense de Odontologia
9) Academia Cearense de Administração
10) Academia Cearense de Enfermagem
11) Academia Fortalezense de Letras
12) Academia Metropolitana de Letras
13) Academia de Letras e Artes do Nordeste
14) Sociedade Cearense de Geografia e História
15) Instituto do Ceará - Histórico Geográfico e Antropológico
16) Instituto Cearense de Cultura Portuguesa
17) Sociedade de Cultura Latina do Brasil - Regional do Ceará
18) Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJEB
19) Academia Feminina de Letras
20) Academia de Letras Juvenal Galeno
21) Academia Cearense de Literatura e Jornalismo
22) Academia Cearense de Letras e Desenvolvimento Social
23) Academia Cearense de Filosofia e Letras
24) Clube dos Poetas de Fortaleza
25) Grupo de Estudos do Cangaço
26) Grupo de Amigos da Filosofia
27) Academia do Beco (Criada pelo saudoso Ciro Colares)

E mais algumas outras entidades, inclusive do interior, que se reúnem em Fortaleza.


SEXTA-FEIRA, 23 DE MAIO DE 2014.
FORTALEZA  CEARÁ  BRASIL
AMÉRICA DO SUL  Nós somos sul americanos

Estamos vivendo o 143º dia do ano. Faltam 222 para o ano acabar.


Vicente Alencar
Jornalista e Radialista
Titular da Academia Cearense da Língua Portuguesa
Diretor de Comunicação da Academia Cearense de Retórica
Titular da Cadeira de nº 27 da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo