sexta-feira, 28 de outubro de 2022

EDITORIAL - Domingo - O Dia "D"

 DOMINGO
    O DIA
“D”

 

O Brasil se aproxima do dia “D”, um dia decisivo de sua sorte e seu destino, domingo, 30 de outubro, em que ocorrerá o segundo turno da eleição a Presidente da República. 

Não se trata somente de uma escolha entre dois candidatos, conforme esse ou aquele seja mais simpático a cada um dos eleitores, como nos clássicos de futebol, em que a torcida se divide entre os que têm paixão desportiva por um time ou pelo outro.  

Até parece, mas a Nação não vai decidir entre o partido azul e o partido encarnado, que separavam as graciosas pastorinhas em trajes caipiras, nas quermesses natalinas do passado. 

O que se vai definir nesse domingo é aquele homem capaz de reunir um Ministério técnico e competente, para manter o País nos trilhos do progresso, trabalhando em harmonia com o Parlamento Federal, Câmara e Senado. 

Aquele comprovadamente preparado para estimular o empreendedorismo dos microempresários, e apoiar a indústria e o comércio, criando empregos e gerando impostos, para custear um serviço público bem remunerado e eficiente. 

Notadamente, quer-se o administrador público comprometido com o agronegócio brasileiro, que tem potencial de garantir a segurança alimentar da humanidade doravante. 

Mas, principalmente, aquele que mantenha o equilíbrio do orçamento, sem gastar mais do que arrecada, sem permitir desvios e corrupção, mantendo a saúde financeira das instituições públicas e a lucratividade das empresas estatais.

O eleitor deve atentar para aquilo que o candidato tem feito ao longo da sua vida pública, e não para o que ele promete na propaganda eleitoral, que costuma ser falsa e enganosa, foco de mentiras e de gratuitas agressões ao oponente. 

Não temos desta vez concorrendo à Presidência da República dois doutores, dois intelectuais da elite, dois estadistas oriundos das classes sociais mais elevadas. Não. 

Temos um ex-operário da indústria metalúrgica de São Paulo, de modesta família nordestina, que, por meio do movimento sindical, fundou um partido de vocação trabalhista, e, depois de três tentativas, chegou à Presidência da República e nela ficou por dois mandatos, tendo feito a sucessora, catalisando em torno de si toda a esquerda nacional – tendo sido ele condenado e preso por crimes financeiros e a correligionária que o sucedeu objeto de impeachment por ilícitos fiscais. 

Temos ainda, do outro lado, um ex-militar do Exército Brasileiro, por seu turno de modesta família de imigrantes italianos, oriundo do meio rural sudestino, que após 28 anos como Deputado Federal, se mantendo sempre distante do tradicional clientelismo da política, se elegeu Presidente da República com poucos recursos e sem apoio da imprensa, produzindo um fenômeno de popularidade pelas redes sociais da Internet, depois de ter sofrido um atentado a faca por parte de esquerdista ligado a partido político socialista.    

O primeiro teve a sua condenação anulada por alegada incompetência relativa do Juízo, em razão do lugar, ou por pretensa suspeição do Juiz, de modo que viu restaurada a sua elegibilidade, enquanto este último referido é o atual Presidente da República, de comportamento disruptivo, que após o primeiro ano de governo enfrentou o grande drama da pandemia de Covid, e vem atravessando com esforço e algum sucesso este momento de crise mundial provocado pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia. 

Como complicador, a oposição ao Presidente teme e a imprensa repercute que em não sendo ele reeleito as Forças Armadas possam impugnar a candidatura vencedora, pois os militares foram convidados a fiscalizar o pleito é há acusações de parcialidade do Tribunal Eleitoral, de ativismo judicial, de censura prévia, de irregularidade na apuração dos votos e na distribuição da propaganda obrigatória. 

Pensem bem, votem certo. E que Deus proteja o nosso País. 

Grato pela sua atenção. 


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quarta-feira, 26 de outubro de 2022

CRÔNICA - A Propósito (WI)

A PROPÓSITO
Wilson Ibiapina*

 

Estava conversando com o jornalista Carlos Henrique de Almeida Santos sobre a “guerra” que estamos vivendo à véspera da eleição presidencial de domingo, dia 30. Conversa vai, conversa vem, o jornalista baiano lembrou-se de uma história que Toninho Drummond contava. 

Ocorreu na eleição de 1960, em Minas Gerais. Um colega dele, alucinado por política, mas que nunca se definia, pois queria estar de bem com quem estivesse no poder, seguia o lema daquele político: “melhor do que esse governo só o próximo”. 

O tal jornalista, com a camisa de campanha do candidato, visitava diariamente os comitês de propaganda de Magalhães Pinto e Tancredo Neves. 

No dia em que saiu o resultado das urnas, ele foi o primeiro na fila de cumprimentos. Chegou perto de Magalhães Pinto e foi logo exclamando: 

– Que luta, que luta, meu Governador. Mas sabia que íamos conseguir. 

Ao abraçá-lo, o novo governador foi falando ao seu ouvido: 

– Quero você no Palácio da Liberdade na minha posse. Não me falte. 

O malandro jornalista, se mostrando bastante emocionado: 

– Puxa, Governador. Peça outra coisa. Assistir sua posse será impossível. Não estarei aqui em BH. 

– Pra onde você vai, logo no dia da posse? 

– Governador, estarei seguindo para Aparecida do Norte. Vou pagar a promessa que fiz pra sua vitória.


terça-feira, 25 de outubro de 2022

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (24.10.2022)

 REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (24.10.2022)





PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora e meia, dez acadêmicos e um convidado especial, o rottweiler Ralf, agregado afetivo da família Gurgel do Amaral – ele que permaneceu em silêncio (ainda bem), mas que se mostrou agitado em alguns momentos dos debates.

Compareceram e trocaram ideias o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Marchand e Publicitário Sávio Queiroz Costa, o ex-Juiz de Direito, Advogado e Professor Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Professor, Médico e Latinista Pedro Bezerra de Araújo, o Especialista em Câmbio e Comércio Exterior Stenio Pimentel (Rio de Janeiro-RJ), o Empresário, Bibliófilo e Imortal da Academia Cearense de Letras José Augusto Bezerra, o Professor e Agrônomo Luiz de Moraes Rego Filho, o Agrônomo e Poeta Paulo Ximenes, o Advogado Betoven Rodrigues de Oliveira  e o Advogado Sionista Adriano Vasconcelos.





TEMAS ABORDADOS

Na reunião virtual da ACLJ desta segunda-feira tratou-se longamente sobre o segundo turno das eleições, assunto dominante em qualquer ambiente social neste momento,  bem como sobre os aspectos penais da reação armada do político Roberto Jefferson contra a Polícia Federal, na manhã deste domingo, 23.

Na sequência, conversou-se sobre o projeto de revitalização da Praça General Tibúrcio, no centro histórico de Fortaleza, popularmente conhecida como Praça dos Leões, e da realização de uma Feira do Livro mensal naquele logradouro, iniciativa encetada pela Academia Cearense de Letras, na pessoa de seu Presidente, Dr. Lúcio Gonçalo de Alcântara, com a colaboração de diversos órgãos públicos e entidades empresariais, evento que já teve a sua primeira edição durante o último final de semana.




Reginaldo Vasconcelos fechou a reunião com a leitura de uma fala que ele mesmo proferiu  no ano de instalação da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, no auditório da Associação Cearense de Imprensa, discurso que ganhou o título de "Exortação".


EXORTAÇÃO
DISCURSO PROFERIDO
14.12.2011

Eu vos proponho uma breve reflexão ontológica sobre o porquê de estar aqui, e sobre o desiderato de integrar este grêmio literário. Proponho que nos abstraiamos um pouco da azáfama da vida diária, para fazer um “ESAON”, aquela atitude que os militares tomam quando se perdem na floresta – sentar, pensar e orientar-se calmamente. 

No nosso dia-a-dia o tempo urge, o trânsito ruge, o dinheiro que ganhamos e que precisamos ganhar é fugidio, a violência urbana nos assombra, a política nos frustra, cumprindo-nos a tarefa titânica de administrar as relações familiares, de formar os filhos, de caminhar para uma maturidade digna e para uma biografia edificante. 

Muitos de nós vamos afogar semanalmente as mágoas dessa luta na roda social, nos copos, no papo, nos bares boêmios, onde podemos lamber os ferimentos, liberando os vapores dessa panela de pressão que ameaça explodir sob o estresse da existência. Ali temos um bálsamo, um lenitivo, é forçoso admitir, mas não temos a cura. 

Mas aqui no silogeu literário nós, as pessoas de letras, reverenciamos a memória eufórica, cultuamos a amizade verdadeira – porque desvinculada de interesses mundanos – e homenageamos o mundo interior que somente os escribas temos o privilégio de externar. Encontramos na academia um universo paralelo que não se contamina com a realidade comezinha, mas, ao contrário, edulcora e sublima o que é mais sáfaro em nossa vida. 

Somente entre as coluna de uma arcádia de letras podemos compartilhar com os confrades os códigos líricos que nos conectam à eternidade, que fazem de um jovem poeta um velho sábio, e devolvem ao bardo ancião todo o frescor da juventude. A verve criativa é intemporal, por isso faz um liame entre as idades, entre todas as épocas, entre todas as eras, produzindo o acervo estético de que somos guardiões. 

Aportamos então nas respostas à provocação indagativa inicial sobre as motivações que teríamos para integrar a academia. É que aqui quedamos sobranceiros às pequenezas do mundo, isentamo-nos das futricas sociais, fugimos às tenazes do tempo, compadecendo-nos tão-somente com aquilo que realmente interessa à beleza peregrina da alma humana, e o que de mais sublime ela produz, que é a palavra. 

Portanto apelo: sejamos atentos, frequentes e assíduos à esta nossa Academia, que é nosso único patrimônio vitalício e imarcescível. 

Tenho dito

  

DEDICATÓRIA

A reunião desta segunda-feira, dia 24 de outubro de 2022, por aclamação do grupo virtualmente reunido, foi dedicada ao General Hamilton Mourão, Vice-Presidente da República, eleito ao Senado da República pelo Rio Grande do Sul.

Gaúcho, trazendo com muita honra em sua genética todas as raízes étnicas do Brasil, ele esteve em Fortaleza no sábado, 22,  para participar de uma cavalgada na Av. Beira-Mar, promovida por pecuaristas locais, dentre eles o Empresário Beto Studart, Membro Benemérito da ACLJ.

A este militar excepcional, político habilidoso, grande patriota, as homenagens do nosso Blog por ter ele vindo prestigiar o nosso Estado, particularmente a nossa Capital, especialmente o empresariado cearense que empreende no "agro", atividade que representa a maior força da economia nacional.


   

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

CRÔNICA - Sandálias do Pescador (TL)

SANDÁLIAS
DO
PESCADOR
Totonho Laprovitera* 

 

“Se não puder ir de sandália, eu nem vou.” (Toim da Meruoca)

 

Conheci Alexandre Grendene no início dos anos 1990, quando da inauguração de sua residência em Fortaleza. Na festa, a grande maioria dos presentes era composta por convidados de seu grande amigo Cândido Couto Filho. 

Logo depois, habitualmente às segundas-feiras, Cândido reunia-se em sua casa comigo e Fagner para bem-humoradas prosas e depois jantarmos um carnoso bife a cavalo, no vizinho restaurante da Casa do Mincharia, na Praia de Iracema. 

Em uma dessas vezes, chegamos e o Cândido demorou-se. Daí, Fagner teve a ideia de improvisarmos uma brincadeira musical, tendo como mote a afinidade do Cândido com a empresa Grendene. Quando nosso anfitrião chegou, vendo-nos trabalhando na canção, cochichou à funcionária, Dona Raimundinha, que nos bem servisse de uísque, gelo e tira-gosto. Respeitosamente, ela retirou-se da sala para não nos atrapalhar naquele momento de inspiração. 

Compomos “As Aventuras de Rei Chacon”, que assim se findava: No sustento do cristão / não me amola a esmola. / Se é possível santo ser, / se Deus é dez, mesmo de viés / não sou de dez mil réis! / Como emergente da fé / não pago promessa a pé. / Com as sandálias do Pescador perene / sigo os passos da Grendene!

 

Quando Cândido ouviu a canção, protestou: - “Imbecis, e eu na maior inocência! Fiz silêncio e até mandei servir vocês com o que há de melhor da casa!” – rindo, é claro. 

Já no final da década de 1990, eu estava com amigos na ilha do Fagner, no açude de Orós, na região Centro-Sul do Ceará. O encontro girava em torno do Alexandre Grendene, que visitava a Fundação Raimundo Fagner. Cortesmente, ele aproveitou a ocasião para distribuir centenas de pares de sandálias aos descalços oroenses. 

Alexandre chegou acompanhado de sua mulher Nora, do fiel escudeiro Cândido e do amigo Deib Júnior. Muito bem recebidos pelo cantor, de imediato abancaram-se à farta e bem-posta mesa de culinária regional. Lembro-me como se hoje fosse, do Alexandre enfrentando uma bela, graúda e fervente buchada de bode, com a qual se deliciou, apesar do surpreendente calor interno da iguaria. Mesmo lacrimejando, encarou a quentura! 

Assim que tive oportunidade de conversar com Alexandre, elogiei a gentileza da doação das sandálias. De pronto, ele me presenteou com um par delas. Agradeci, e pedi autografada. Alexandre pegou a caneta e, emocionado, atendeu ao meu pedido, enquanto Nora explicou que, embora tivesse produzido milhares e milhares de sandálias, era a primeira vez que ele autografava uma. Interessante, né? 

Pois bem. Eu devia ter guardado as sandálias, mas não. Calcei, passei o dia todo com elas, com direito à banho de açude e um forrozim à noite... Quer dizer, a assinatura feita à caneta Bic apagou, mas até hoje a história continua bem escrevinhada na memória deste vivente aqui, cristão, pescador de sonhos!




 

NOTA: 

1. Alexandre Grendene Bartelle é um empresário gaúcho, bacharel em Direito pela Universidade de Caxias do Sul. Em 1971, co-fundou a Grendene, a maior fabricante mundial de sandálias, com seu irmão, Pedro Grendene Bartelle. (Wikipédia)


2. Cândido Couto Filho é um empresário cearense do ramo de confecções em couros e peles.


3. Raimundo Fagner Cândido Lopes, ou simplesmente Fagner, é um cantor e compositor cearense de grande renome nacional, nascido em Fortaleza, mas oriundo da Cidade de Orós.

4. Deib Otoch Júnior é um tradicional empresário cearense do ramo de tecidos. 

 



ARTIGO - O Ministério da Verdade (RMR)

 O MINISTÉRIO DA VERDADE
Rui Martinho Rodrigues*

 

George Orwell (1903 – 1950), na obra “1984”, apresenta uma instituição denominada “ministério da verdade”, um poder absoluto, apto a dizer por decreto o que seja realidade e o que não seja. É uma distopia escrita durante a II Grande Guerra. Parecia que o mundo seria dividido pelas potências em conflito. Os litigantes, na ficção de Orwell, eram a Atlântida, a Eurásia e a Lestasia. As três potências vigiavam e controlavam tudo. Tinham o monopólio da informação ou do que acaba de receber o nome de “desordem informacional”.

 


A distopia citada enfatiza a perda da liberdade de expressão, verdade oficial, o poder coercitivo do Estado e do Ministério da Verdade. Concentração de poder nos faz lembrar de Lord John E. E. Dalberg-Acton (1834 – 1902), para quem o poder corrompe e o poder absoluto corrompe de modo absoluto. O sistema de freios e contrapesos divide as funções do poder do Leviatã. 

A competência legiferante cabe ao Legislativo, legitimado pela representação popular. Executar o que foi decidido pelo Legislativo cabe ao Poder Executivo. O encarregado de dirimir conflitos e julgar a conformidade com o disposto pelo Legislativo é o Judiciário. O sistema de freios e contrapesos foi pensado por C. L. de Secondat, barão de Montesquieu (1689 – 1755) e já havia sido esboçado por J. Locke (1632 – 1704) e até pelo estagirita anteriormente citado. 

Assim, divididas as funções do poder, o totalitarismo é evitado. A criatividade humana tende a contornar os obstáculos às paixões e interesses. Aristóteles (384 a.C.– 322 a.C.) observou que as formas de governo têm um espírito que, com o tempo, pode degenerar. A democracia degenera em demagogia. 

As garantias individuais são liberdades negativas (negam aos poderosos o direito de opor obstáculo a ação dos cidadãos), são formas de contra poder, como a liberdade de consciência e de expressão, a crítica aos poderosos; a inércia do Judiciário para que só atue quando provocado (para que juízes não sejam autores de ações que eles mesmo julgarão); reserva legal (a competência para criar proibições e obrigações e penalidades é negada ao Judiciário e ao Executivo) para prevenir abuso de autoridade. 

Estabelecidos limites ao exercício do direito de agir, o encarregado de vigiar e conter as práticas ligadas a tais limites é o Poder Executivo (poder de polícia). Havendo desvios, o Executivo tem a faculdade discricionária, quando dada por lei, de agir para coibir e aplicar sanções administrativas. Ocorrendo pendenga sobre se a ilicitude é da conduta do agente do Estado autor da reprimenda ou do cidadão apenado, as partes podem, no caso de ação privada, ou devem, no caso de ação pública incondicionada, recorrer ao Judiciário (ação pública), que exercerá o poder-dever de julgar (agir como Estado-juiz). 

Constituições são documentos políticos com efeitos jurídicos, por isso também são nomeadas como Carta Política. Contemporaneamente adquiriram abrangência total. Além da organização do Estado e das relações deste com os cidadãos, passaram a dispor sobre as relações entre os cidadãos e positivaram princípios, espécie normativa que têm inúmeras hipóteses de incidência, dando ao juiz oportunidade de impor a sua subjetividade. 

A tese segundo a qual a norma jurídica é uma abstração que não alcança a singularidade do caso concreto prevaleceu, embora não exista caso singular, posto que “não há nada de novo sob o sol” (Eclesiastes 1;9). O juiz deixou de interpretar a lei, passou realizar a transposição da norma abstrata para a suposta singularidade do caso concreto, sob o nome de concreção, e passou a “operador do Direito”, ao invés de intérprete. O Judiciário passou a legislar. 

A abrangência total da vida social pelas constituições deu ao controle abstrato de constitucionalidade poder sobre tudo. Alegando preservar as normas inquinadas de inconstitucionalidade, foi estabelecido que os tribunais podem reescrever as normas produzidas pelo Legislativo ou pelo Executivo, dando-lhes novo sentido. Nascia a “interpretação conforme”, pela qual os tribunais dizem que onde está escrito “a” leia-se “b”. 

Mas a norma não é preservada quando é modificada. O Judiciário adquiriu a função legislativa e adquiriu poder ilimitado, além da prerrogativa de errar por último (frase atribuída a F. C. Pontes de Miranda, 1892 – 1979). A vontade de potência sempre quer mais. As competências do Executivo também foram usurpadas. O poder de polícia, que cabe ao Executivo, vem de ser exercido pelo judiciário. A “livre decisão fundamentada” alega ter limite na necessidade de fundamentar. 

Mas, com um pouco de habilidade e sem ter que dar satisfações a ninguém, é possível “fundamentar” qualquer coisa. Ficamos entregues ao alvedrio da autoridade judicial. O senador Delcídio Amaral foi preso sem flagrante e sem crime inafiançável; o deputado Eduardo Cunha foi afastado da presidência da Câmara dos Deputados pelo STF, e o ministro Teori Zavascki declarou que a decisão era o exercício de um “direito extraordinário” (sem explicar o que seja isso). 

O Ministro Luís Roberto Barroso, do STF, já havia imposto à Câmara dos Deputados um detalhado roteiro para a votação da decisão sobre encaminhar ou não o pedido de impeachment contra a presidente Dilma. O citado roteiro tinha o sentido de uma reforma do Regimento daquela Casa Legislativa, invadindo prerrogativa da referida casa. O Presidente Michel M. E. Temer foi impedido de nomear a deputada Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho. A “fundamentação” da decisão foi a deputada ter sido vencida em uma ação trabalhista. 

Tivemos tipo penal criado por analogia, inquérito sem tipo penal correspondente (fake news), sem objeto e sem prazos definidos (inquérito do fim do mundo, no dizer de Marco Aurélio Mello, Ministro do STF aposentado). Agora temos um “index” de palavras e informações proibidas por serem “desordem informativa”, com o Judiciário exercendo poder de polícia, ao arrepio da Constituição.

 

A omissão dos que esquecem os deveres de cidadão é preocupante. As palavras de um sermão do pastor luterana alemão Martin Niemöller (1892 – 1984), intitulado “Eu Me Calei” – erroneamente citadas como se fossem um poema – falam do dia em que levaram um dos seus vizinhos, porque era judeu, depois outros foram levados, por diversa condição étnica ou ideológica, cada um por sua vez, e ele se calou. Até que o levaram, e já não havia ninguém para protestar.


terça-feira, 18 de outubro de 2022

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (17.102022)

 REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (17.10.2022)





PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira, que teve duração de uma hora, 10 acadêmicos e dois convidados especiais, o advogado Betoven Oliveira e a buldogue Meg, agregada afetiva da família Queiroz Costa – ela que permaneceu em silêncio (ainda bem), mas que por meio imagético declarou voto para a Presidência da República, assim como o confrade Luiz Rego, que também se manteve na escuta mas sem externar o pensamento, aparentemente em alfa, estado de meditação ou contemplação absoluta. 

Compareceram e trocaram ideias o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Marchand e Publicitário Sávio Queiroz Costa, o Agente Comercial Internacional Dennis Clark (Maringá-PR), o ex-Juiz de Direito, Advogado e Professor Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Professor, Médico e Latinista Pedro Bezerra de Araújo, o Especialista em Câmbio e Comércio Exterior Stenio Pimentel (Rio de Janeiro-RJ), o Professor e Procurador Federal Edmar Ribeiro, o Professor e Físico Wagner Coelho e o Advogado Sionista Adriano Vasconcelos.



TEMAS ABORDADOS

Na reunião virtual da ACLJ desta segunda-feira tratou-se longamente sobre o segundo turno das eleições, assunto dominante em qualquer ambiente social neste momento.

Na sequência, Reginaldo discorreu sobre o projeto de criação da "Arcádia Alencarina", adendo da ACLJ, composto inicialmente por 14 de seus membros titulares e um Membro Benemérito, que manifestaram disposição e disponibilidade para integrar esse núcleo especial, que funcionará – em védica analogia corporal  como o estômago, o cérebro e o coração da "entidade mãe", a qual comemorará, em 04 maio de 2023, o seu duedenário natalício.

   
Ao final da descrição das démarches em curso para a implantação da Arcádia Alencarina o Advogado Betoven de Oliveira resolveu confirmar a sua candidatura para a titularidade da Cadeira número 26 da ACLJ, e para a composição do núcleo Alencarino.

A propositura do nome de Betoven para a ACLJ havia sido apresentada pelo acadêmico Reginaldo Vasconcelos e aprovada por aclamação da Decúria Diretiva, mas por ele mesmo postergada.  Sua surpreendente decisão provocou aplausos efusivos do grupo, ficando marcada a sua posse para a solenidade do dia 06 de dezembro próximo. 

Em seguida também se votou pela inclusão de Betoven na Arcádia Alencarina, que será instalada na solenidade aniversária do dia 04 de maio vindouro.

Por fim,  Pedro Araújo homenageou o grande polímata baiano Ruy Barbosa de Oliveira (1849 - 1923), proferindo uma de suas frases lapidares: "Há tantos burros mandando em homens com inteligência, que às vezes chego a pensar que burrice é uma ciência". 

Edmar Ribeiro fechou a reunião com um poema de Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac (1865 - 1918), intitulado "A Um Poeta", publicado no livro Tarde, de  que abaixo reproduzimos.


A UM POETA
 
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
 
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
 
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
 
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

  


DEDICATÓRIA

A reunião desta segunda-feira, dia 17 de outubro de 2022, por aclamação do grupo virtualmente reunido, foi dedicada ao professor, ator e dramaturgo cearense Hiroldo Serra, que sofreu um grave acidente, com lesão na coluna cervical, e se encontra sem movimento nos membros.  

Hiroldo, que é filho e continuador artístico do casal de atores Hiramisa e Haroldo Serra, este já falecido, está fazendo uma campanha por recursos para ajudar a custear o seu tratamento, que exige cuidados diuturnos (Pix 85996353475).


Os que constituímos a ACLJ, especialmente os que colaboram com este Blog, fazemos votos de que Hiroldo se recupere, e elevamos preces aos Céus, clamando pelo seu breve e pleno restabelecimento da saúde.