quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

ARTIGO (RMR)


O CONTO DA REFINARIA
Rui Martinho Rodrigues*


Três refinarias no Nordeste, mais uma no Rio de Janeiro. É pouco? Tem mais: um complexo petroquímico no Rio de Janeiro, mais investimentos em todos os campos do pré-sal e mais pesquisa de novas reservas. Também os juros iriam baixar, a eletricidade seria abundante a preço módico, seríamos autossuficientes em petróleo e derivados, o país viveria o espetáculo do crescimento e a pobreza seria problema resolvido. 

A pedra fundamental da refinaria do Ceará foi posta às vésperas de uma eleição. A refinaria do Maranhão, também em período eleitoral, avançou mais: chegou-se a fazer a terraplanagem da obra. A pedra fundamental (mais não se fez no Ceará), saiu pela “módica” quantia de seiscentos milhões de reais. A terraplanagem do Maranhão custou dois bilhões e cem milhões. Agora descobre-se, subitamente, que a PETROBRAS não tem condições para bancar tantos investimentos, que o mercado não comporta tantas refinarias, etc. Gastou-se tanto com tão pouco e gastou-se irresponsavelmente, pegando na rodilha sem poder com o pote.



Outros fatos, como a promessa de baixar os juros, acompanhada de tentativa ou encenação de baixa-los no grito; seguida do engodo da modicidade tarifária no campo da eletricidade, tudo foi aplaudido por grande número de cúmplices. O setor elétrico foi arrasado, os juros voltaram a subir com ímpeto ainda maior, a autossuficiência de petróleo e derivados evaporou-se, as refinarias do Ceará e do Maranhão eram ilusórias. A PETROBRAS, que era intocável, segue o caminho da venezuelana PDVSA até ultrapassando-a, conquistando o nada honroso campeonato mundial de endividamento.

A mistura de voluntarismo obstinado, manobra eleitoral irresponsável e má gestão, tudo isso levou ao quadro atual. Por algum tempo juros um pouco mais baixos, tarifas de eletricidade e preços de combustíveis represados, promessas de refinarias e coisas deste jaez enganaram parcela ponderável dos brasileiros. O “presidento” Lula disse: “vocês não sabem do que nós somos capazes para ganhar uma eleição”. Agora o Brasil inteiro sabe.

*Rui Martinho Rodrigues
Professor – Advogado
Historiador - Cientista Político
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10

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