O
CONTO DA REFINARIA
Rui
Martinho Rodrigues*
Três refinarias no Nordeste, mais uma no Rio de Janeiro. É
pouco? Tem mais: um complexo petroquímico no Rio de Janeiro, mais investimentos
em todos os campos do pré-sal e mais pesquisa de novas reservas. Também os
juros iriam baixar, a eletricidade seria abundante a preço módico, seríamos
autossuficientes em petróleo e derivados, o país viveria o espetáculo do
crescimento e a pobreza seria problema resolvido.
A pedra fundamental da refinaria do Ceará foi posta às
vésperas de uma eleição. A refinaria do Maranhão, também em período eleitoral,
avançou mais: chegou-se a fazer a terraplanagem da obra. A pedra fundamental
(mais não se fez no Ceará), saiu pela “módica” quantia de seiscentos milhões de
reais. A terraplanagem do Maranhão custou dois bilhões e cem milhões. Agora
descobre-se, subitamente, que a PETROBRAS não tem condições para bancar tantos
investimentos, que o mercado não comporta tantas refinarias, etc. Gastou-se tanto
com tão pouco e gastou-se irresponsavelmente, pegando na rodilha sem poder com
o pote.
Outros fatos, como a promessa de baixar os juros,
acompanhada de tentativa ou encenação de baixa-los no grito; seguida do engodo
da modicidade tarifária no campo da eletricidade, tudo foi aplaudido por grande
número de cúmplices. O setor elétrico foi arrasado, os juros voltaram a subir
com ímpeto ainda maior, a autossuficiência de petróleo e derivados evaporou-se,
as refinarias do Ceará e do Maranhão eram ilusórias. A PETROBRAS, que era
intocável, segue o caminho da venezuelana PDVSA até ultrapassando-a,
conquistando o nada honroso campeonato mundial de endividamento.
A mistura de voluntarismo obstinado, manobra eleitoral
irresponsável e má gestão, tudo isso levou ao quadro atual. Por algum tempo
juros um pouco mais baixos, tarifas de eletricidade e preços de combustíveis
represados, promessas de refinarias e coisas deste jaez enganaram parcela
ponderável dos brasileiros. O “presidento” Lula disse: “vocês não sabem do que nós
somos capazes para ganhar uma eleição”. Agora o Brasil inteiro sabe.
*Rui Martinho Rodrigues
Professor – Advogado
Historiador - Cientista Político
Presidente da ACLJ
Titular de sua Cadeira de nº 10
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