POSSE SÊXTUPLA NA
ACADEMIA CEARENSE DA LÍNGUA PORTUGUESA
Vianney Mesquita*
Posse na A.C.L.P. (29.10.2016)
Discurso de Recepção (Essência) – VM
A língua é um instrumento cujas molas
não convém deixemos ranger. (RIVAROL).
(Antes de ferir esta oração, homenageio, nos 39 anos de criada a
Academia, a figura emblemática de um dos instituidores deste Silogeu, o
acadêmico e linguista Itamar Santiago de Espíndola, o qual se dizia quêfobo. Esta referência descansa na ideação de não empregar, na elocução a ser
proferida, em nenhuma ocasião, a palavra que).
Conquanto
expressa recorrentemente, no entanto sem se tornar chavão, invito a sentença
latina procedente do moto filosófico configurado na Escolástica: Esto brevis et placebis.
Embora suficientemente
embaraçoso, pelo mundo de novos acadêmicos presentemente distinguidos, obedeço
ao Serei breve para ser agradável, o
lacial anexim expresso com vistas a não atemorizar os circunstantes com a
imaginável longuidão da minha homilia (nisto não incorrerei), ao recepcionar
meia dúzia de lentes, ora tornados partes titulares desde Sodalício, hoje com
39 anos perfeitos, em pleno vigor de atuação, desde quando fundado a instâncias
do inolvidável mestre maior, cujo nome pronunciamos com saudade e respeito:
Professor Hélio de Sousa Melo.
É consabido,
maiormente por este seleto auditório, o fato de a circunstância e a distinção, neste
instante creditadas às novas membras e recém-admitidos componentes desta
Academia,revelarem formidanda responsabilidade cultural e ética da parte dos
seis intelectuais, investidos, no momento, dessa dignidade.
Cinco
coestaduanos e um nato na terra do escritor Antônio Francisco Da Costa e Silva
– o Professor Doutor Sebastião Teoberto Mourão Landim – postam-se na condição
de paredros da Língua de Myrson Melo Lima, e de quem a sociedade espera e
credita inabalável crença em seus propósitos de, na constância indispensável à
essência institucional, amparar, desenvolver, espargir e expor a admirável
codificação portuguesa, jamais a deixando de respeitarem seus (nas mais das
vezes) magnificamente elaborados ordenamentos, tampouco permitindo outrem de o
fazer.
Estes são, por
conseguinte, os obrigamentos principais a eles requeridos, deles implorados,
porquanto também prescritos, regimental e estatutariamente.
Chegou a vez
de, em respeito ao mencionado moto escolástico destinado à eloquência, proceder
a ligeiras notas acerca dos nossos, genericamente, recipiendários de hoje.
Peço vênia à assistência para comentar
o fato de, ao me reportar às duas intelectuais aqui recebidas, pessoas da
assembleia haverem se olhado, enquanto dois acadêmicos franziram o semblante,
quando há pouco mencionei, mui corretamente, aliás, o feminino MEMBRA, pouco
aplicado no Brasil, porém de largo emprego nos demais oito países lusofalantes.
Repousa o ocorrido na ideia de eu não
apreciar “assassinar” palavras, diminuindo o efetivo da riquíssima Língua de
Aíla Sampaio, tampouco sou partidário de, nas mensagens por mim transferidas, apenas
transmitir coisas já sabidas. Qual, então, a pedagogia somativa, ao se propagar
apenas aquilo já conhecido dos leitores?
Desculpem o parêntese.
Inicio,
mediante cortesia particular e atenção vazada na urbanidade, e por via da
incumbência a mim cometida, receber as membras
novas da Academia Cearense da Língua Portuguesa.
A primeira é a Professora
Magistra-Scientiae Vládia Mourão, docente do Curso de Letras da Universidade
Estadual do Ceará, docente nessa linha educativo-cultural e ensaísta nos livros
Três dimensões da poética de Francisco
Carvalho, Contextos Desconexos e Escritura
do tempo no conto de Samuel Rawet. Ocupará a cadeira de número 32,
patroneada pelo filólogo Otoniel Mota, professor da Universidade de São Paulo
de 1936 a 1939. O antecessor da Professora Vládia Mourão foi o acadêmico
Francisco Dias da Silva.
***
A outra recipiendária
é a Professora Doutora Hermínia Lima, graduada em Letras pela Universidade
Federal do Maranhão, Magistra-Scientiaeem
Letras, também titulada com a rubrica
de doutor em Linguística, títulos estes sustentados junto à Universidade
Federal do Ceará. Docente da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, ali
subministra a disciplina produção de texto, e compõe, ainda, a equipe de
pesquisadores do Protexto-UFC. Publicou, em livros, Sangria Azul e Sendas do
Sacrário, além de haver editado vários artigos científicos em periódicos
nacionais acreditados, em folhas jornalísticas e anais de eventos científicos
do Brasil. Seus antecessores foram Hamilton Cavalcante de Andrade e Paulo
Mosânio. A cátedra número 4, hoje por Hermínia Lima ocupada, tem como patrono o
linguista Amadeu Amaral.
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Nascido no
sertão profundo e isolado, o Professor Francisco Felipe Filho, desde a idade de
seis anos – faz questão de declarar isto – assumiu a responsabilidade de
trabalhar, e, já em Fortaleza, empregado no curso do dia, arrostou a dureza de
um programa escolar noturno para ser aprovado no Exame de Admissão ao Ginásio.
Ele próprio exprime
a ideia de sua vida de educador enraizar-se, como pretexto especial, na
Congregação Salesiana, em cujo seminário entrou aos doze anos, onde acumulou
conhecimentos clássicos e de línguas, mormente do Latim e do Grego, argumentos
de autoridade ao Português.
Aos 48 anos de
fecundo e felicíssimo magistério – na Faculdade de Formação de Professores,
origem da Universidade de Pernambuco – nos grandes colégios do Recife e de
Fortaleza, bem como na Universidade Estadual do Ceará-UECE, o neoacadêmico
palpita com as honras neste ensejo recebidas, às quais, decerto, dignificará.
O Professor
Felipe Filho ocupa agora a Cátedra número 2, cujos patronos são Antônio
Ferreira dos Santos e José Fernandes.
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O Professor
Marcelo Braga é o quarto acadêmico a receber hoje o sinal da imortalidade.
Nascido em Saboeiro em 1967, ali começou os estudos. Em 1986, foi graduado em
Letras – Português e Literatura – pela Universidade Estadual do Ceará.
Assina as obras
Redação – Teoria e Prática e Português – Fala e Escrita. Dos seus
etários 48 anos, 27 são dedicados ao ensino de Língua Portuguesa e Redação.
Consultor de Português Instrumental e Redação Oficial, ele assume os misteres
de imortal, ao ocupar a Cadeira número 18, protegida por Augusto Epifânio da
Silva Dias, notável filólogo e gramático lisbonense. Tem como patrono emérito e
antecessor o Professor José do Nascimento Braga – o qual indicou o meu nome
para a Cátedra de número 37, em 1987, patrocinada por Estêvam Cruz.
O Professor
Doutor Sebastião Teoberto Mourão Landim é natural de Pio Nono, no vizinho
Piauí, nascido em 2 de março de 1943. Havendo estudado no Seminário Diocesano
São José, exerce, desde 1965, atividade professoral em Fortaleza. Licenciado em
Letras Vernáculas e suas literaturas pela Universidade Federal do Ceará,
adentrou essa Academia como docente em 1977, tendo ascendido à classe de
Professor-Titular, em 1995. Cursou mestrado – e créditos do doutorado, logo em
sequência – na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, na área de
Letras.
Com bolsa da
Alemanha, deu continuidade aos estudos na Universidade de Colônia, havendo,
então, defendido tese de doutoramento. Publicou livros de poesias, contos,
romances e vários ensaios.
Desde 2006, é
coordenador pedagógico do Colégio Irmã Maria Montenegro e, em 2010, adentrou o
Conselho de Educação do Ceará, onde se investe na Presidência da Câmara de
Educação Básica. Enverga uma das pelerines da Academia Cearense de Letras.
Aqui, na Academia Cearense da Língua Portuguesa, toma assento na Cátedra número
38, patroneada pelo Padre Antônio da Cruz e tem como antecessora a enorme
poetisa e cronista Neide Azevedo Lopes, a qual foi presidente deste sodalício
e, hoje, é daqui imortal honorária.
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O derradeiro a
se apossar de uma cátedra, feito imortal desta Arcádia, é o professor Paulo
Lobão. Natural de Fortaleza, nascido em 8 de agosto de 1968, esse acadêmico é
graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará, tem especialização pela
Universidade Estadual Vale do Acaraú em Metodologia do Ensino.
Recebeu título
de Magister-scienciae, com
dissertação sustentada junto à Universidade Federal do Ceará, onde ministrou
curso de preparação para o ENADE e lecionou Língua Espanhola no Núcleo de
Línguas. Foi docente de Português Instrumental na Universidade sobralense, há
instantes mencionada.
Dedica-se à
produção de material didático de Língua Portuguesa para o consórcio Editora
Moderna-Colégio Farias Brito. É docente exclusivo da Organização Educacional
Farias Brito. Ensaísta e poeta, o Professor Paulo Lobão editou uma série de
pesquisas literárias, procedentes da coletânea Autores em Destaque.
Na Academia
Cearense da Língua Portuguesa, ocupa agora a Cadeira de número 39, patroneada
por Hamilton Elia. Seu antecessor foi o Professor Edmilson Caminha Júnior, hoje
trabalhando no Congresso Nacional, em Brasília.
Eis, pois,
senhoras e senhores, as rapidíssimas e altamente qualificadas feições
profissionais dos seis acadêmicos – membras e componentes do Sodalício – em
preenchimento às suas últimas cadeiras, os quais, com a máxima certeza,
honrarão suas pelerines como estelas firmes na defensa da nossa Dvlcisonam sonora lingvam cano, no
respeitante à correição de suas manifestações, na preservação de sua
incomparável estesia, como o rude e
doloroso idioma, no qual Luís de Camões
chorou no exílio amargo o gênio sem ventura e o amor sem brilho. (Olavo
Bilac).