domingo, 26 de setembro de 2021

ARTIGO - Censura em Pauta (RMR)

 CENSURA EM PAUTA
Rui Martinho Rodrigues*

 

A censura dos meios de comunicação, nos últimos tempos, passou a ocupar lugar de destaque no debate político. As redes sociais estão intimamente associadas ao retorno das preocupações com a violação da liberdade de expressão, inclusive de crítica e até de consciência. Crítica, ataque pessoal, opinião estapafúrdia, mentira, calúnia, injúria e difamação antes ditas em mesa de bar, ganharam, com o advento das novas tecnologias de informação, enorme alcance e grande poder destrutivo do bom nome das pessoas. A lei penal, em todo o mundo, tutela tanto a honra objetiva como a subjetiva das pessoas, considerando-as merecedoras da tutela do Estado.

A liberdade, por sua vez, é essencial ao processo democrático. Por isso, o Direito penal, que em geral é a ultima ratio, deve ser especialmente minimalista neste campo. Restringir a liberdade de expressão fere o direito de todos os membros da sociedade à informação. A repulsa aos crimes contra a honra, a preocupação com a desinformação e suas consequências políticas e econômicas já estão atendidas pelos tipos penais de calúnia (art. 138, CPB), difamação (art. 139 CPB) e injúria (art. 140, CPB). 

A mídia tradicional nem sempre foi escrupulosa no trato do bom nome das pessoas. Mas não se falava tanto em notícias falsas e desinformação. As chamadas redes sociais, porém, revigoraram a ideia de censura, quando democratizaram a desinformação, quebrando o monopólio da comunicação de massa exercido pelos veículos tradicionais da comunicação social. A perda de prestígio e de influência dos veículos citados causa incômodo nos gabinetes dos seus dirigentes e nos espaços das redações povoadas por profissionais previamente catequisados nas universidades. Há quem pense que as notícias mentirosas preocupam menos do que as verdadeiras. 

A internet incomoda. Não tem dirigente com quem obter a autocensura em forma de omissão, ângulo favorável, evitar destaque e repetição de informação constrangedora. Existem simpatizantes, nas redes sociais, que fazem contorcionismo lógico para interpretar favoravelmente atos e fatos, negam a realidade e criam narrativas “adequadas”.

As redes sociais, porém, não têm dirigente que se possa cooptar, nem redações aparelhadas. As novas tecnologias proporcionaram a omnipresença de câmaras, transformaram os cidadãos em repórteres improvisados, divulgaram imagens e universalizaram o acesso a uma tribuna de grande audiência, estimulando o protagonismo dos cidadãos e uma era das manifestações, como diria Eric J. E. Hobsbawm (1917 – 2012), surge a censura virtuosa. 

Partidos e líderes caíram do pedestal. O exercício da cidadania, antes estimulado, passou a ser coisa de ignorante e grosseiro, contrariando a tendência anterior que glorificava os simples. Então a censura é o último recurso. Mas é preciso guardar as aparências. Censura é palavra feia. Chamemos de “regulamentação” ou “controle social”. O STF “pode” fazer isso. A exigência constitucional segundo a qual “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (CF/88, art. 5º, inc. XXXIX) não obriga o STF, que dentre outras iniciativas de natureza legiferante, criou tipo penal por analogia (homofobia, “análogo” a racismo). 

O tempo tudo resolve, mas a solução pode ser dolorosa. As circunstâncias do momento favorecem o apetite por regulamentação e controle. A censura, com as vestes da democracia, é apresentada como democrática, instrumento de defesa das liberdades. Tristes trópicos, bem o disse Claude Lèvi-Strauss (1908 – 2009).



sexta-feira, 24 de setembro de 2021

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (20/23.09.2021)

 REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (20/23.09.2021)




PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual destas segunda e quinta-feiras,  que teve duas sessões, a primeira de duração de meia hora, e, a segunda, uma hora e meia: 

PRIMEIRA SESSÃO

Seis acadêmicos e um convidado especial compareceram à primeira sessão da reunião. O Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Bacharel em Direito e Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel (Estado do Rio), o Advogado Betoven Oliveira, convidado especial. Também o Juiz de Direito e Professor Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Agente de Comércio Exterior Dennis Vasconcelos,   o Engenheiro Agrônomo e Poeta Paulo Ximenes e o Médico, Teólogo e Latinista Pedro Bezerra de Araújo, retornando às reuniões virtuais após longa convalescença, sendo alvo de aplausos de boas-vindas. 
 

PERFORMANCE LITERÁRIA

A primeira sessão da reunião foi resumida no tempo, em torno de 30 minutos, de modo que  teve início e se encerrou com a performance literária do Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, que leu uma crônica do Paulo Ximenes, intitulado "O Canelau", que abaixo reproduzimos. 

O canelau
Paulo Ximenes*

 

No meu Ceará a gente encontra uma gama de chistes e expressões que não se vê noutras regiões do país e que compõe um palavreado jamais catalogado pelos digníssimos senhores lexicógrafos. 

Esses vocábulos genuínos, às vezes peculiares de uma dada região, por não fazerem frente ao fervilhar da globalização dos costumes nem ao passar do tempo, caem no desuso e no esquecimento dos cearenses mais novos. Alguns deles sobrevivem apenas no lembrar dos mais velhos, ou nas páginas de livros saudosistas, o que é quase o caso destas Anotações de um ex-sócio do Náutico. 

Perguntem a um moço de hoje (de qualquer recanto de Fortaleza) o que é um canelau e ele sacudirá a cabeça alheado feito um turista. Mas eu bem sei o que isso significava.  Entretanto a acepção que faço deste termo, toma por base apenas o que vi e vivi no final dos anos 50, e, portanto, tem cunho interpretativo e se assenta no patamar de um juízo inacabado. 

Dicionarista, eu não sou. Não vou bater o martelo sobre o assunto. Nem posso acertar que o verbete tenha se originado da palavra “canela” aludindo ao fato de que os moleques da época viviam metidos em calções curtos, com as canelas à mostra. Se o meu testemunho vier a granjear alguma valia, isso vai por conta da minha memória que avigora fatos envelhecidos.  

O termo Canelau, como me foi dado a conhecer, parecia-me ser um coletivo do vocábulo “moleque”, aqueles pirralhos saltitantes da periferia da capital, oriundos das mais modestas camadas sociais. Eram seres diferentes. Impunham-se ágeis, longilíneos, esbeltos, distantes da robustez preguiçosa dos meninos das famílias mais abastadas. Comunicavam entre si através de longos silvos agudos produzido pelo ar comprimido entre os lábios e auxiliados pela intromissão na boca dos dedos indicadores e mínimos – audíveis a pelo menos cem metros de distância! Pareciam felizes e donos do mundo. 

Não conheciam regras, nem limites. Riam até das próprias sombras. Andavam em bandos, numa algazarra medonha, nus da cintura para cima, barulhentos, e, apesar de descalços, corriam como as avestruzes sobre o calçamento de pedras toscas – coisa que os meninos “amaciados” não conseguiam fazer de maneira alguma. Eram vadios da rua, inocentes e desocupados. Não me parecia que frequentassem as escolas. 

O que realmente me marcou – e aí entram em cena as objetivas das minhas recordações – é que eles venciam os muros das casas alheias, com a agilidade dos felinos, geralmente para se apropriar das goiabas, e, dependendo das circunstâncias, dos brinquedos que estivessem largados ao relento: peões sonoros, revólveres de brinquedo, aviõezinhos de plástico, soldadinhos de chumbo, e, principalmente, pipas com seus gordos novelos de linha. 

O chamariz era um pé de goiaba. Malditos pés de goiaba! Muitas donas de casa mandavam cortar suas goiabeiras pelo tronco “por causa do canelau”. Quantas vezes eu não ouvi essa queixa! 

No bairro do Meireles, onde se erguia minha morada pelo final dos anos 50, e onde a Carlos Vasconcelos esbarrava no mar, havia próximo a ela um terreno baldio, cercado por muros em ruínas que logo favoreceu a construção de casas irregulares. Nelas se estabeleceram famílias com seus guris saltitantes. 

Do portão da minha casa eu os via de perto, arengueiros e amantes inveterados das boas caçoadas. Uma vez, por conta de uma chacota à toa, e, também, não posso negar, por conta da minha baixa tolerância em acatar insolências, troquei tabefes com um deles no meio da rua, embate em que não fui bem-sucedido: acertava um e acolhia dois!  Contava eu nove anos e o outro pirralho só Deus sabe. 

Foi justamente a tal vizinhança peralta e as constantes carreiras que eu levava daquela molecada que me impuseram ao juízo, num delírio conceptivo, que a palavra canelau servisse para designar “uma coisa ruim”, que no dizer do finado Braz Cubas, enfada o mundo com a sua mediocridade.  

Ah! rompedores de muros, salteadores de goiabas e defensores da liberdade! Hoje os vejo com graça... Que saudade eu tenho de vocês! 


SEGUNDA SESSÃO

Nove acadêmicos e dois convidados especiais compareceram à segunda sessão da reunião. O Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Bacharel em Direito e Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel (Estado do Rio). Também o Juiz de Direito e Professor Aluísio Gurgel do Amaral Júnior,  o Médico, Teólogo e Latinista Pedro Bezerra de Araújo, o Advogado e Sionista Adriano Vasconcelos, o Poeta, Jornalista, Advogado, Professor, imortal da Academia Cearense de Letras e Cônsul da Romênia em Fortaleza Luciano Maia, o Agrônomo e Pesquisador Luiz de Morais Rego Filho (Rio das Ostras - RJ), o Marchand Sávio Queiroz Costa, o Físico e Professor Wagner Coelho e os convidados especiais Betoven Rodrigues de Oliveira, Advogado, e o Engenheiro Naval romeno Nocolai Vasily.



TEMA DE ABERTURA

Aluísio Gurgel do Amaral Júnior abriu a segunda sessão da reunião virtual da ACLJ, nesta quinta-feira, apresentando o livro que seu filho acaba de lançar. Alan Noronha Gurgel do Amaral é um jovem e brilhante advogado, e estreia na literatura jurídica com uma obra valorosa, intitulada "Responsabilidade Civil do Estado por Ato Lícito". O tema é instigante para os operadores do Direito, e a obra vem preencher uma lacuna na doutrina livresca nacional.

OUTROS TEMAS ABORDADOS

Adriano Vasconcelos entrou na reunião do próprio automóvel, quando se dirigia a uma comemoração em torno da cearense Maria Helena Gurgel do Amaral, prima do Aluísio, residente em Portugal, e da festa ele colocou no grupo um dos convivas, o Engenheiro Naval romeno Nicolai Vasily, que conversou longamente em sua própria língua com o Poeta Luciano Maia, que é Cônsul da Romênia e fluente no idioma daquele país.

Sávio Queiroz Costa, por seu turno, um emérito bon-vivant,  participou da reunião virtual consumindo caranguejos, tendo em vista ser quinta-feira, dia nacional pela extinção desse crustáceo no Nordeste Brasileiro.  Por ser saboroso, o caranguejo uçá é caçado e consumido semanalmente em quantidades astronômicas nas cidades nordestinas. O registro fotográfico da presença do Sávio na reunião lembra um quadro surrealista, reproduzindo a luta do ínclito acadêmico com um dos octópodes que procurava devorar. 

Trazido o tema à baila pelo Sávio, Luiz Rego, dentre outros, pontuou sobre os tipos desses moradores dos mangues e dos mares, caranguejos e siris,  iguarias muito apreciadas em todo o mundo. 

Ainda no campo da pesca, consumo e exportação dos crustáceos cearenses, Stênio Pimentel, que foi de Marinha, fez o registro de que uma das primeiras embarcações dedicadas à pesca da lagosta no Estado, denominada Kama Sutra, pertencia aos franceses Charles Dell'Eva, fundador do restaurante Lido, em Fortaleza, e Paul Mattei, pioneiro exportador de lagostas no Ceará.  

Segundo Stênio, esse barco foi vendido para o Rio de Janeiro, onde tomou o nome Bateau Mouche, que teve a sua estrutura alterada para aplicação ao turismo, e por isso naufragou durante o réveillon de 1988, vitimando 55 pessoas. 

Na mesma linha das tragédias nacionais com origens cearenses, Luiz Rego aduziu que um zepelim americano acidentado em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, durante a Segunda Grande Guerra, teria ido do Ceará, e Reginaldo lembrou que o ultraleve que caiu com Herbert Vianna, do grupo musical fluminense Os Paralamas do Sucesso, matando a mulher dele, pertenceu ao sanfoneiro cearense Waldonys.

Luiz Rego, então, talvez ironizando os temas pouco literários abordados até então, apresentou um exemplar do livro Febeapá (Festival de Besteiras Que Assola o País), do jornalista carioca Stanislaw Ponte Preta (1923-1968). 

PERFORMANCES LITERÁRIAS 

O Poeta Luciano Maia, considerado pela ACLJ "Prințul Poeziilor din Ceará", disse o poema de sua autoria intitulado Poema Intemporal do Jaguaribe, abaixo reproduzido:






Pedro Araújo, por sua vez, disse um delicadíssimo poema da lavra do seu saudoso pai, Alexandre, intitulado "Morena", a seguir reproduzido:





Por fim, Reginaldo Vasconcelos disse poema seu, intitulado "Pobre de Mim", que faz citação ao Poema em Linha Reta de Fernando Pessoa. 

POBRE DE MIM

Reginaldo Vasconcelos

 

Pobre de mim,

Que já surpreendo os traços avitos no meu rosto.

Como as minhas, a exata e querida mão do meu saudoso avô paterno, aquelas falangetas que o alcatrão do tabaco já tingira de ouro velho, na lembrança indelével que eu interno.

 

Feliz de mim,

Que tenho vivido com galhardia tantos anos,

Que não fugi dos desafios sinuosos que o mundo propôs,

Que tenho triunfado ufano das grandes tentações da improbidade, da sereia da ilicitude, dos mais sórdidos complôs.

 

Pobre de mim,

Que tenho perdido amigos a mancheias para a morte, e que não tenho solidariamente morrido, e que não busquei a fortuna financeira a qualquer preço e com afinco, tantas vezes me arriscando a vir a comer com os cães no chão e a dormir com os gatos sobre o zinco.

 

Feliz de mim,

Que não tenho que fazer coro com o poema de Pessoa, e que me inscrevo entre os “príncipes” de que o poeta faz escárnio, porque não tenho devido sem pagar, nem me deixado trair, e que os socos recebidos tenho todos revidado, ao belo e ao feio, ao pobre e ao rico, ao califa ou ao grão-vizir.

 

Pobre de mim,

Que não tenho podido entender todos os homens que encontrei, 

Que não me foi dado socorrer todas as almas que bordejaram a minha sorte, amar todas as filhas de Zeus, produzir o poema perfeito, salvar a pátria amada dos iníquos filhos seus.

 

Pobre de mim.  


  
DEDICATÓRIA 




A reunião virtual da ACLJ realizada nestas segunda e quinta-feiras foi dedicada ao empresário fortalezense Beto Studart, Membro Benemérito da ACLJ, que acaba de ser agraciado com um importante premio internacional, pela qualidade do seu empreendimento imobiliário, de ousada concepção arquitetônica, o BS Design, situado no Bairro Aldeota, em Fortaleza. 

O "U.S. Green Building Council (USGBC)", órgão certificador do "Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)", lhe enviou nesta semana um vídeo com o atual CEO daquela consagrada instituição americana sem fins lucrativos, congratulando o projeto do seu BS Design, e os impactos positivos do projeto na economia e no bem-estar daqueles que passam pelo empreendimento.

Essa é uma mensagem enviada para o mundo, que coloca o BS Design como verdadeiro ícone global e efetivo entre todos aqueles empreendimentos que se certificaram com o LEED Gold no mundo, o que representa uma honra enorme para o Ceará e para o Brasil! 


    

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

ARTIGO - O Uso dos Conceitos (RMR)



 O USO DOS CONCEITOS
Rui Martinho Rodrigues*

  

Palavras se relacionam com o pensamento, de modo comparável aos tijolos com a alvenaria. Michel Foucault (1926 – 1984), em “As Palavras e as Coisas”, destacou o poder ínsito na linguagem. O debate sobre o Brasil colonial ter sido feudal ou capitalista tem relação com o que Luís de Gusmão denomina como fetichismo do conceito, em obra assim intitulada.

Trata-se de um apego aos modelos conceituais, submetendo a percepção da realidade ao conhecimento teórico. O Brasil colonial produzia pau-brasil, açúcar, ouro, para o mercado, visando o lucro. Capitalismo? As capitanias hereditárias tinham grande semelhança com os feudos. O Brasil era feudal? O escravismo colonial fielmente descrito Jacob Gorender (1923 – 2013), na obra “O Escravismo Colonial”, era algo diverso do escravismo da Antiguidade Clássica. 

Teria obrigatoriamente que ser capitalista ou feudal? Isso lembra o caso do ornitorrinco de Bornéu, animal com características de ovíparos e de mamíferos. O pesquisador que descobriu esta espécie foi repreendido pelos estudiosos da matéria, que diziam não ser possível haver um animal assim, pois não havia tal categoria na taxionomia. O fetichismo do conceito pode eclipsar a percepção da realidade. 

Jacob Gorender rompeu com o mencionado fetichismo. Formulou o conceito que usou como título da obra citada, algo original. Raimundo Faoro (1925 – 2003), em “Os Donos do Poder”, adotou o patrimonialismo para descrever a ordem colonial brasileira. 

Capitalismo de Estado, por exemplo, é um conceito que mais confunde do que esclarece. É uma ordem em que o trabalho é assalariado e produz para o mercado e pode valer-se de capital privado, como na China. Mas o planejamento central submete empresas e a nomenklatura, descrita por Milovan Djilas (1911 – 1995) em “A Nova Classe”, formada por agentes do Estado, não cabe no capitalismo. 

Martin Krielle (1931 – vivo) pondera: "Sociedade capitalista, equivocadamente supõe que a infraestrutura econômica determina tudo na sociedade, logo capitalista é a economia não a sociedade". Esta é a ordem espontânea descrita por Friedrich Auguste von Hayek.

NOTA CULTURAL - Ideal das Artes

 IDEAL DAS ARTES


O Ideal Clube, um ícone histórico da vida social de Fortaleza, um dos três “Clubes Elegantes” da Cidade, chega, heroicamente, aos 90 anos de existência. E se mantém em franca atividade e hígida condição administrativa e estrutural, fato devido aos brilhantes presidentes e diretores que tem tido – na sua bela sede, na divisa entre a Praia de Iracema e o Mucuripe, início da Av. Beirar Mar. 

Entre as comemorações de aniversário o Clube promove uma exposição de artes plásticas pictóricas, reunindo os três mais renomados pintores cearenses contemporâneos, representantes de três gerações de artistas plásticos locais, o mais veterano deles o doce Mino, Membro Benemérito da ACLJ, depois o Mano Alencar, consagrado desde os anos 90, e em seguida o eclético e inspirado Totonho Laprovitera, que milita em outras artes e setores culturais, Membro Titular Fundador da nossa Academia. 

A ACLJ confessa uma substancial dívida moral com o Ideal Clube, que sempre cedeu os seus salões aos eventos da Confraria, da maneira mais generosa, desde a solenidade de posse do confrade Wilson Ibiapina, no Terraço da Cultura, a concorrida noite de autógrafos promovida no lançamento do livro do Dorian Sampaio Filho, no Salão Mucuripe, o primeiro Sarau Das Coisas de Dentro, no Piano Bar, e a homenagem ao Senador Cid Carvalho, no Salão Humberto Cavalcante.


 

Os três artistas que participam da mostra “Ideal das Artes” assim se manifestam em nota comum sobre o evento: 

“A mostra ‘Ideal das Artes’ possui o significado do valor da arte e a importância da cultura na vida das pessoas.

Sentimo-nos felizes e honrados em participar da celebração dos 90 anos do Clube, que desenha e pinta em sua história o talento criativo da gente cearense. 

Ao Amarílio Cavalcante, Tonho Esteves, Randal Pompeu, Rodrigo Porto e equipe de apoio, nossos agradecimentos. Parabéns para o Ideal Clube de Fortaleza! 

*Mano Alencar, Mino Castelo Branco e Totonho Laprovitera”

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

NOTA ACADÊMICA - Reunião Presencial da ACLJ

 REUNIÃO PRESENCIAL
DA ACLJ


Acadêmicos que não puderam comparecer à reunião virtual da ACLJ nesta segunda-feira foram à Tenda Árabe, na noite de terça-feira, a fim de conhecer e opinar sobre o cerimonial da Assembleia Geral Ordinária prevista para o próximo dia 03 dezembro. 



Entraram pela vicinal dos temas leves, depois transitaram pelo pavimento acidentado dos assuntos candentes, e somente após o jantar baiano de vatapá de camarão e acarajés ingressaram na BR das matérias principais. O encontro durou quatro horas e duas garrafas de vinho – como diria Machado de Assis.
 

Foram ao encontro do Presidente Reginaldo Vasconcelos, Altino Farias, Paulo Ximenes, Rui Martinho Rodrigues e Almir Gadelha – com participação virtual do jornalista Alexandre Garcia, Membro Honorário da ACLJ, que de Brasília fez chamada de vídeo para saudar os seus confrades, e apresentar a sua digníssima consorte, a médica Magda Pereira Garcia, brindando à distancia com o seu tradicional vinho chileno.   

RESENHA - Reunião Virtual da ACLJ (13.09.2021)

 REUNIÃO VIRTUAL DA ACLJ
   (13.09.2021)




PARTICIPANTES

Estiveram reunidos na conferência virtual desta segunda-feira,  que teve duração de uma hora e meia, dez acadêmicos e um convidado especial. Compareceram ao grupo o Jornalista e Advogado Reginaldo Vasconcelos, o Bacharel em Direito e Especialista em Comércio Exterior Stênio Pimentel (Estado do Rio)o Advogado e Pesquisador Sionista Adriano Vasconcelos (Fazenda Três Corações).

Compareceram também o Agrônomo e Pesquisador Luis de Moraes Rego Filho (Rio das Ostras-RJ),  o Juiz de Direito e Professor Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, o Procurador Federal Edmar Ribeiro, o Físico e Professor Wagner Coelho, o Agente de Comércio Exterior Dennis Vasconcelos, o Marchand Sávio Queiroz Costa o Jornalista e Sociólogo Arnaldo Santos, e o especialíssimo convidado infante Benjamin Markus Gurgel do Amaral Angelakis. 



 TEMAS ABORDADOS

Reginaldo Vasconcelos abriu a reunião tratando sobre a Assembleia Geral prevista para o próximo dia 03 de dezembro, em que será outorgado o título de Cearense do Ano ao conterrâneo que mais se tenha notabilizado em 2021, e o de Destaque Cearense, para os três naturais que tenham brilhado na luta contra a pandemia de Covid.

Instituída a Medalha Jornalista Augusto Borges, com ela serão distinguidos comunicadores cearenses que se tenham mantido ativos durante esse período calamitoso que a humanidade atravessou, produzindo conteúdos de qualidade para informar e entreter o público durante o isolamento social imposto pelo protocolo sanitário.   

Presente à reunião o confrade Arnaldo Santos, um dos recipiendários da Medalha Augusto Borges, na categoria de Diretor de Televisão, ele foi alvo de referências elogiosas de vários dos demais convivas. Arnaldo é o melhor apresentador alencarino de programas de debates, guindado recentemente ao comando da TV Assembleia  ele que já capitaneou a instalação de várias emissoras cearenses, como a TV Jangadeiro e a TV Fortaleza. 


PERFORMANCES LITERÁRIAS


Na sequência, Aluísio Gurgel apresentou seu neto Benjamin, como a sua produção familiar de última geração, que enterneceu a todos. E, por analogia, Aluísio revelou que a sua produção literária leva um chá de gaveta de no mínimo três meses, depois dos quais ele vai resgatando e relendo os escritos, para então poder julgar se lhes aprova a qualidade. 

Sávio, sempre espirituoso, exemplificou comparando com os retratos três-por-quatro, que sempre desagradam à primeira vista, mas que depois os retratados passam a considerá-los razoáveis.

A propósito disso, Reginaldo lembrou que nesta semana encontrou um pequeno poema, escrito por ele há um ano, que na época não pareceu apto para merecer ser divulgado, mas que agora se revela maduro e aprovado.   

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Em seguida Reginaldo apresentou um coletânea do cronista cearense Caio Cid, pseudônimo de Carlos Cavalcante, um jornalista excêntrico e boêmio que viveu e brilhou nos anos 40. 

O titulo do livro é "Canapum", e o exemplar, hoje raro, em muito mau estado, foi encontrado num sebo alguns anos atrás. 
Edmar Ribeiro, por seu turno, leu um texto de Reginaldo, extraído de um livro do confrade Vianney Mesquita "Nuntia Morata", que abaixo vai postado com o título de "A Alma do Livro".


A ALMA DO LIVRO
Reginaldo Vasconcelos

Dizia Vinícius de Moraes que uísque é “cachorro engarrafado”. O Poetinha, talvez irresignado com a velhice, fizera realmente do scotch o seu amigo mais fiel e mais canino. Autorizado por essa exótica analogia do saudoso poeta, poderia eu seguir a mesma linha, e dizer que livro seria como “gente em pó”. 

Liofilizada em fibra de papel e pigmento, comprimida em um tomo ou mais, a pessoa livresca não se compõe de carne e osso, mas tem alma, pensa e se expressa, ama ou desama, afaga ou fere. Solúvel na alma de imensurável leitorado, o livro se recompõe redivivo a cada releitura, exatamente como o gênio da lâmpada, guardando sempre a fisionomia original, e sempre propalando o seu personalíssimo pensamento. 

A minha tese não defende que por isso todo livro seja bom, até porque há gente de todo jaez e toda índole. Defendo que o livro, na ordem geral das coisas, difere da pedra, que é inerte, e da nuvem, que é volúvel; difere do líquido, que é volátil, e do ferro, que é fusível; difere da fruta, que é silvestre, e do canivete suíço, que é perfeito. 

Então, como a pessoa, todo livro carece de solidariedade e de atenção, de compreensão e de indulgência, pois todo ele é fruto de um caso de amor entre um ser humano e o seu ideário. Quem se abalança a produzi-lo não quer outra coisa – quer dividir com os demais a própria alma. Abre o peito ao leitor, dizendo: “Eis o que tenho de melhor; a minha palavra”. E a palavra é a única âncora de que o ser humano dispõe para fixar-se no Universo.

   


    DEDICATÓRIA 


A sessão virtual da ACLJ realizada nesta segunda-feira foi dedicada a Marina Alves Bezerra, jovem repórter da TV Verdes Mares, que recebeu diagnóstico recente  de linfoma.

 A sociedade fortalezense tem se mobilizado para obter doação de sangue e de medula, pois Marina é filha única, de modo que se ressente da falta de um irmão ou irmã que lhe pudesse doar material medular com risco mínimo de rejeição. 

Os que fazem a ACLJ torcem pela plena e breve recuperação da querida jornalista, e elevam preces a Deus para que ela se restabeleça logo.