quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

JORNAL DO VICENTE ALENCAR

Colaboração de Fernando de Alencar, Pedro Rogério de Alencar, Izete de Alencar, Ângelo Barreto, Silvio dos Santos Filho, Sérgio Bomfim, Luciano Bernardo, Lopes Vasconcelos e Lúcio Rogério.

Estamos hoje em pleno quarto minguante da nossa Lua


LEMBRANDO:
"Quem não pode com o pote não deve pega na rodilha" (Dito Popular.)


SANTOS DO DIA

Santo Leandro de Sevilha


São Valdomiro


Santo Besas


PENSE:

"O livro é uma extensão da memória e da imaginação"
(Jorge Luis Borges).



REUNIÃO HOJE


As 16 horas de hoje (sem atraso) reunião da Academia Cearense da Língua Portuguesa. Local: Academia Cearense de Letras, Rua do Rosário, 1, antigo Palácio da Luz, no centro.



FALTA DE EDUCAÇÃO

Muito bem recebido em Fortaleza o idoso cantor Elton John, de naturalidade inglesa. Com uma solene má vontade e mostrando sua falta de educação e atenção, não deu nem mesmo "Boa noite" ao público que foi gastar muito dinheiro para vê-lo, à noite passada, no Estádio Governador Plácido Castelo,  o Castelão.

Não cumprimentou ninguém, nem na entrada, nem na saída. Chegou, sentou-se ao piano, meteu as mãos, tocou  e cantou, apanhou seu dinheiro e foi embora. Inclusive viajou no seu jatinho para São Domingos. E a sua Banda seguiu depois para o Aeroporto Internacional Pinto Martins. 

Comentários daqueles mais críticos, após a apresentação,  diziam  sobre o mal-educado cantor inglês: "Entrou mudo e saiu calado".

Bem feito para os bestalhões que adoram gente de fora que não tem a menor atenção com o Ceará e com o Brasil.

Bons são os nossos Fagner, Amelinha, Belquior, Ednardo, e muitos outros.


UBT DE FORTALEZA

A presidência da União Brasileira de Trovadores - Secção de Fortaleza confirma para todos os Trovadores que não haverá reunião no primeiro sábado de março, depois de amanhã, em face do período carnavalesco.

LIVRO DE TÂNIA ESTA NOITE

Dentro das comemorações do Dia do Idoso, neste 27 de fevereiro, a escritora Tânia Maria Gurgel do Amaral estará lançando, a partir das 19 horas desta quinta-feira, no auditório da CDL (Rua 25 de março, 882), o seu novo livro  "Guia Interativo da Melhor Idade" - GIMI. Todos aqueles que integram equipes da Associação Brasileira dos clubes da Melhor Idade - ABCMI foram convidados.




ESTAMOS NO ANO DOS CENTENARIANOS

Moreira Brito   janeiro 2014
Edilson Brasil Soarez   fevereiro 2014
Antonio Girão Barroso   junho de 2014


ANIVERSARIO DA RETÓRICA

No próximo dia 17 de abril a Academia Cearense de Retórica completará 25 anos de atividades. Tem atualmente como presidente o Retor Mauricio Cabal Benevides, como Secretário  Geral o Retor  Moacir Gadelha, como Diretor de Comunicação o  Retor Vicente Alencar e como Diretor Jurídico o Retor Neuzemar Gomes de Morais.


CID CARVALHO NA TERÇA-FEIRA

O jornalista e professor Cid Carvalho, ex-senador da República e apresentador do Programa Jornalístico Antenas e Rotativas, na Rádio Cidade AM 860, será o conferencistas do dia 11 de março na TERÇA-FEIRA EM PROSA E VERSO. Dissertará sobre "A VIDA E A OBRA DE MOREIRA CAMPOS", cujo centenário  de nascimento ocorreu em janeiro próximo passado. A partir das 19:30h, na sede da Academia Cearense de Letras, Rua do Rosário, nº 1, no Centro.

UM GANHADOR

O concurso 1577 da mega sena, sorteou apenas um vencedor em sorteio realizado ontem à noite na cidade paulista de Osasco. As dezenas sorteadas: 11, 14, 15, 32, 51 e 59. O sortudo levou 7 milhões, 529 mil e 71 reais.

SEM VERGONHA

E a Nação Brasileira continua registrando fatos de uma falta de vergonha muito grande. É pena que algumas criaturas no mundo  com muita instrução  sejam despidas de caráter e ética. E como tem gente assim no nosso Brasil.

:PERGUNTINHA:
 Você já foi assaltado hoje?

UECE


Um professor da UECE dizia ontem na Praça do Ferreira, 
aquela que está abandonada: "O que nos foi oferecido em vencimentos é um bolo cortado em varias fatias..."

GOLEADA

Ontem à noite no Estádio Presidente Vargas iniciando a sua jornada no turno intermediário do Campeonato Cearense o Fortaleza goleou o Guarani de Juazeiro do norte por 4 a 1. Roberto marcou três tentos e é o artilheiro do time.  

A renda do embate foi da ordem de R$60.840,00 com 5.636 pagantes e 187 não pagantes. A cota do Fortaleza  deduzidas as despesas do jogo foi de apenas R$ 16.405,00. Observação: são despesas demais numa partidas de futebol. O assunto deveria ser repensado ganhando um novo estudo.



FORTALEZA  CEARÁ  – BRASIL
AMÉRICA DO SUL
EDIÇÃO Nº 597
QUINTA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2014
FORTALEZA  A CAPITAL BRASILEIRA DO ARTESANATO


Vicente Alencar
Jornalista
Presidente da Academia Cearense da Língua Portuguesa
Membro da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo


domingo, 23 de fevereiro de 2014

ARTIGO

O MAIOR EXPERTO DA LITERATURA DO CEARÁ
Vianney Mesquita*


A profissão de escritor é, consoante a maneira pela qual se exerce, uma infâmia, um passatempo, um ofício, uma arte, uma ciência ou uma virtude (A.W. Schlegel -*Hannover, 10.03.1772; Dresden, 11.01.1829).



Sânzio de Azevedo
No nosso trabalho subordinado ao título Resgate de ideias – estudos e expressões estéticas (Fortaleza: Programa Editorial da Casa de José de Alencar, da U.F.C., 1996; 192 p), procedemos a comentários fugazes respeitantes à obra Aspectos da Literatura Cearense (1982), do polígrafo coestaduano Sânzio de Azevedo, trazendo ao público ledor pontos ainda obscuros ou ainda pouco mencionados (há 32 anos) pela regular bibliografia em curso, até então, a respeito das letras no Ceará.

Doutor em Literatura, este polimático docente da Universidade Federal do Ceará – e que enverga pelerine da Academia Cearense de Letras – subscreve dezenas de obras literárias, desde a estreia, em 1962, com A Terra antes do Homem, nos seus variados esgalhos de estudo.

A despeito de sua mocidade (quando dos mencionados escólios, preparados logo após a publicação da obra de S. de A., em 1982, ele contava apenas 44 anos), já se postava como ensaísta reconhecido e respeitado em todo o País, colunista sabatino e dominical de periódicos de Fortaleza-CE, onde registou parte da história da nossa literatura e, ainda hoje, pesca no passado incompletamente devassado os aspectos desconhecidos do publico atual, intocado pelo pesquisador.

Os enganos, falácias e dúvidas dos historiógrafos temáticos, a pouco e pouco, se dissipam, mercê da diligência de autores da estatura do Prof. Dr. Sânzio de Azevedo, o qual demanda concertar, pela identificação de fatos novos no sombrio pretérito, a historiografia literária do Ceará, distinta parcela do acervo literário nacional.

No tempo do lançamento dos Aspectos, éramos o gerente, para a Universidade Federal do Ceará – Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura, do Programa de Incentivo à Capacidade Editorial das Universidades Federais – PROED, do Ministério da Educação, o qual, em convênio com a Academia Cearense de Letras, editou o mencionado volume, o qual preenche claros no exame das letras neste Estado, servindo de orientação àqueles que demandam o conhecimento da nossa literatura e de sua história, feitas componentes do todo nacional.

É extensa a obra de Sânzio de Azevedo na seara do ensaio, da historiografia de letras e na poesia – sonetista que é da melhor crase e bardo também noutros tabiques formais de composição, porquanto conhecedor em profundez dos expedientes de versejar.

A qualidade científica de seu acervo é inconcussa, pois assentada em uma formação humanística resistentemente sólida para conferir essa garantia, transitado que foi esse Escritor pelas melhores escolas, bem assim no uso e bom vezo da autodidaxia constante.

Em tais circunstâncias, experimentou haurir não apenas conteúdos das Humanidades, como também se escolarizou na seara de teores sociais do saber, da Filosofia e, entre outras vertentes do conhecimento, de História Natural e Paleontologia, prova do que é a temática de seu há pouco mencionado trabalho de estreia – A Terra antes do Homem.

Dolor Barreira
Procedente de grupo familial de linha culta, Rafael Sânzio de Azevedo é nosso maior doutrinador de história literária, sobre ser, também - consoante mencionado alhures - excepcional poeta. Ele substituiu, magnificamente, por exemplo – e até com melhores condições, pelo fato de haver desenvolvido programas formais de mestrado e doutorado – os mestres Dolor Barreira (*Solonópole-CE,13.04.1893; Fortaleza, 30.06.1967)  e Otacílio dos Santos Colares (*Fortaleza, 01.09.1918; 06.04.1988), nos misteres de gravar, com absoluta fidelidade aos pressupostos científicos, os feitos da nossa arte de escrever nos mais variegados gêneros.
Otacílio Colares

A produção multímoda de S. de A. é repositório fidedigno do pretérito cearense no vasto campo elegido para doutrinar, pelo que se faz referência compulsória em qualquer estudo de propósito feito para historiar, analisar ou meramente mencionar o presente e o tempo transato das marcas deixadas nos carreiros do beletrismo cearense.



*Vianney Mesquita
Professor da UFC
Escritor e Jornalista
Membro da Academia Cearense 
da Língua Portuguesa
Titular da Cadeira de nº 22 da ACLJ


CRÔNICA

GOTA DE DEUS
Reginaldo Vasconcelos*

Informa-me Vianney Mesquita sobre a dor que experimenta neste momento o nosso confrade Geraldo Jesuíno, pela perda de uma sua irmã muito querida. Eu não a cheguei a conhecer pessoalmente, tendo-a portanto estimado anonimamente dentre as tantas boas almas incógnitas, contemporâneas nossas neste mundo,  pela via do “amor cósmico”, que por meio dos hippies os indianos me ensinaram.  

Mas a notícia me confrange especialmente porque GJ, que me foi dado distinguir da multidão gentil e prezar diretamente, está sofrendo – pessoa tão amorável e de tão depurado caráter que somente a glória e a alegria lhe merecem. Morrer é preciso, como se sabe, mas, em tese, sofrer não é preciso – em paráfrase a Fernando Pessoa.   

Penso que, para quem morre, a morte não é nada – rigorosamente nada. A morte é dolorosa para quem não morre ainda, e fica exposto ao sofrimento, ao sentimento de perda, à dor da separação. Quem morre – não importa se o espírito sobrevive no Éden, se renasce ou se difunde no éter – quem morre não se vai precipitar em sofrimento.

O sofrimento, de qualquer ordem, é inerente à vida, porque tanto as dores físicas quanto as ansiedades e frustrações morais pertencem ao corpo. Quem não tenha que competir por alimento, nem ansiar por sexo, nem decidir o melhor caminho, nem se consumir perante o erro, nada tem a sofrer, e nada precisa temer. A morte, para quem morre, é a antítese da agonia. Toda a dor possível está na vida, entrevista inclusive no medo fátuo de morrer.

Faço sempre uma alegoria sobre a morte. Imagino que Deus seja um oceano de amor, e que cada uma das pessoas sejamos gotas de Deus. Se somos gotas de Deus, nós somos parcelas de Deus, assim como uma gota do oceano, não sendo completamente o oceano, tem a sua composição.

Somos gotas desse mar – umas maiores, outras menores, mais poluídas ou mais puras – mas todos nós um dia voltamos, cada um por vez, a compor aquele manancial divino. Não importa quanto tempo isso demore. Um dia, certamente depois da morte, todos nos reintegramos ao Oceano Absoluto. E tudo então volta a ser apenas paz e harmonia.

Hoje, genuflexo ante da dor do Jesuíno – e um amigo é uma extensão do nosso próprio ser – quero abraçá-lo calorosamente, e em silêncio, que em momentos assim somente a solidariedade física e muda é lenitivo, ainda que tênue. O resto é apenas resignação à voz de Deus. "Fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra".

 
*Reginaldo Vasconcelos
Jornalista e Advogado
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ   

sábado, 22 de fevereiro de 2014

CRÔNICA

EPIDEMIA CONTAGIA A COPA
Por Paulo Maria de Aragão*


Lia-se num velho almanaque: “Um estudante de botânica, viajando pelo interior, encontra um caboclo. Conversa daqui e dali, o camponês pergunta: ‘Vancê sabe o nome daquela árvore?’ O futuro botânico responde: ‘Sim, é um ingazeiro’. O roceiro retruca: ‘Nós, qui, chama de árvore do governo’. Curioso, indaga o rapaz: ‘Por quê?’. O capiau sacia a curiosidade do estudante: ‘Pode repará, tem parasita inté nos úrtimo gaio’”.

Em verdade, pior do que a peste dos ingazeiros é a das corrupções endêmicas e epidêmicas. No país surrealista, tudo é possível, exceto detê-las, vicejantes desde a chegada de Cabral, sem que até hoje tenham sido descobertos anticorpos para combatê-las. Confirmado o imaginário, “epidemiologistas” a encarariam como um “caso de saúde pública”.

A revista “France Football”, parceira da FIFA na premiação da “Bola de Ouro”, em sua última edição, com capa negra e o título ”O Medo do Mundial”, pautou os rumos e os gastos excessivos do Brasil para sediar a Copa de 2014, a qual é a que, não obstante dispor do maior tempo na história dos mundiais para prepará-la, enfrenta mais atrasos. A publicação censura a corrupção governamental, ao salientar que tudo se desenvolve na base da propina.


A reportagem faz ainda alusão comparativa ao custo do Stade de France - 280 milhões de euros, o mais caro da França, inaugurado em 1988, para a Copa do Mundo daquele ano. Reputa os gastos com o estádio francês vergonhosos quando comparado ao do Olimpiastadium, sede da final da Copa da Alemanha em 2006, que consumiu menos de 140 milhões de euros, e desdenha: para o Brasil não é nada; cada estádio sai em média por mais de 1,5 bilhão de euros bancados com recursos públicos; na França, o financiamento foi privado.

Retomado o imaginário da descoberta de anticorpos para combater a epidemia disseminada pelos lobos corruptos, a vacinação seria a medida eficaz. Infelizmente, não há vacinas para tais males. Na realidade, o que se vê é muito alarido a cada escândalo, seguido do “trânsito pelo esquecimento”, estimulante da cultura da impunidade.

Acaso, após o encerramento da Copa sejam apuradas as denúncias  noticiadas pela mídia, o desfecho assemelhar-se-ia ao de “O Processo de Kafka”: o investigado é absolvido e os investigadores condenados por terem desafiado o sistema.


(*) Paulo Maria de Aragão 
Advogado e Professor
Membro do Conselho Estadual da OAB-CE
 Titular da Cadeira nº 37 da ACLJ.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

LITERATURA TÉCNICA



 Em maio próximo o acadêmico Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, que é Juiz de Direito, lançara o seu novo livro jurídico, denominado “Teoria Constitucional do Vínculo Jurídico”, que recebeu brilhante prefácio do Professor Rui Martinho Rodrigues, Presidente da ACLJ.


Martinho Rodrigues tem a graduação jurídica dentre as várias outras faculdades que cursou e em que é pós-graduado, das muitas matérias que já lecionou e dos muitos objetos de estudo sobre os quais já fez publicações científicas, o que lhe empresta uma visão tão ampla quanto profunda das humanidades e das ciências sociais.


ORELHAS




NOTA ACADÊMICA


RETRATOS ARTÍSTICOS

Em fase de conclusão no atelier do pintor Vlamir de Sousa o retrato do empresário Ivens Dias Branco, Membro Benemérito da ACLJ, trabalho elaborado por Reginaldo Vasconcelos, óleo sobre tela em grande formato que foi oferecido ao grande capitão de empresas, por iniciativa do acadêmico Arnaldo Santos. 

A solenidade de posse de Ivens Dias Branco ocorreu no dia 12 de dezembro último, na sede da Associação Cearense de Imprensa, no Centro de Fortaleza, por ocasião da 2ª Assembleia Geral Anual da ACLJ, oportunidade em que foi descerrado o retrato do Chanceler Edson Queiroz, pelo acadêmico Edilmar Norões e pelo empresário Igor Queiroz Barroso,  neto do ilustre retratado, o qual é Patrono da Cadeira  nº 3. 

Foi Arnaldo Santos quem indicou o nome de Ivens para a dignidade de Membro Benemérito da entidade, cuja empresa, por seu turno, patrocinará a próxima pintura a ser solenemente inaugurada. Será na nossa Assembleia Geral Aniversária, em maio vindouro: o retrato da escritora e jornalista Rachel de Queiroz, patrona da Cadeira nº 24.  

Assim, de forma paulatina, a ACLJ prepara a galeria pictórica dos seus 40 Patronos Perpétuos, coleção que terá exposição permanente na sua futura sede própria. Já os retratos dos Membros Beneméritos, identificados como tais, ser-lhes-ão eventualmente oferecidos e entregues, para que eles o exibam em suas casas ou escritórios.

A ideia é estabelecer um foco de resistência à massificação que ameaça o mundo moderno: a frieza glacial da robótica, a eficiência desumanizante da moderna eletrônica, os recursos virtuais da cibernética, que universalizam as relações humanas de forma superficial, banalizando o afeto, sintetizando as artes, em detrimento do real talento e do melhor calor humano.

O livro físico, o show ao vivo, a música acústica, o espetáculo teatral, o artesanato, o convívio presencial das famílias, as artes plásticas tradicionais, tudo isso precisa ser cultuado para que se estabeleça um necessário contraponto à impessoalidade avassaladora que as facilidades técnicas e os confortos modorrentos da modernidade nos impõem.  

O retrato pictórico, especificamente, é a projeção de uma determinada fisionomia no mundo onírico do artista, representando a materialização da personalidade do retratado. Hoje a pintura retratista mantém o culto a uma tradição secular, que nos permite saber que aparência tinham então os grandes vultos que marcaram a humanidade – e ter o próprio retrato pintado exposto na parede rende ainda uma homenagem a todos eles.


Por sinal, todos os Papas se fazem sempre retratar por um pintor nomeado pelo Vaticano, que atualmente é uma artista russa, Natalia Tsarkova, que já realizou a pintura oficial dos três últimos pontífices. 

RESENHA

CANTORIA - MÚSICA E PALAVRA
Por Vianney Mesquita*


Revolvendo guardados editoriais, um dia desses, dei com a obra intitulada “Cantoria – Música e Palavra”, da autoria de Elba Braga Ramalho, docente da Universidade Estadual do Ceará, na área de Música, defendida no recuado 1992, perante douta banca na Universidade Federal do Ceará – Mestrado em Sociologia – da qual procedi a nova leitura, 21 anos depois, com entendimento totalmente diverso daquele que presidiu à primeira.

A Autora, nesse lapso, cresceu por demais nos seus estudos, havendo publicado várias outras pesquisas, culminando com o escrito de doutorado, programa acadêmico desenvolvido, salvante lapso de memória, no Reino Unido.
   
O analista mais apressado, decerto, não hesitará, no primeiro exame, em ter por bretoniano o pensamento de jungir a raízes da Filosofia Estética uma das mais expressivas formas de manifestação artística exercitada no Nordeste brasileiro – a cantoria – cujo interesse principal é a união das ideias, servindo-se da música como integrante acessória.

Ao insinuar-se mais profundo no raciocínio, entretanto, miudeando as relações estreitas de várias disciplinas dos saberes científico e filosófico, votará o crítico, seguramente, pela existência de um liame consistente entre essas duas maneiras – distintas em grau – de expressão da inteligência, de sorte a afastar, porquanto equívoca, a inferência sobrerrealista inicial, à André Breton.

É o que evidencia, com sobeja clareza, simplicidade e correção, a professora doutora Elba Braga Ramalho, ao invitar pensadores da melhor estirpe e projeção internacional, com o propósito de embasar teoricamente sua compreensão acerca da cantoria, a qual, comprovadamente, tem por substrato pressupostos interdisciplinares de Filosofia, Arte e Estética, sem jamais deixar de conceder valor à sabedoria popular, como uma das procedências importante do saber "parcialmente centralizado".

Detentora de instrução esmerada, granjeada no decurso de uma vida acadêmica admiravelmente rápida e consentaneamente escolhida, a autora tomou seletas leituras, bem como fez anotações contingenciais, apreendidas em universidades do Brasil, Alemanha, Reino Unido e outras nações de preponderância na senda do alto conhecimento cultural, científico e artístico, e cotejou essa matéria com as múltiplas visitas de campo, a fim de conceder unidade e conferir conformidade à junção.

Desse trabalho de arquiteto de teorias e esteta da forma, dimanou um escrito altivo em conteúdo e plástico em continente, porque burilado sobre bloco estudadamente sólido e traçado sob atributos de língua, estilo e ética, exigíveis da moderna manifestação didático-científica.

Comparte da chefia de uma família nuclear magnificamente estruturada – o que dá azo ao equilíbrio - Elba Ramalho possui a tranquilidade em si (e, caso a não tivesse, seria debalde buscar alhures, como disse Madame Guibert), malgrado a ebulição das cidades, da "sociedade do espetáculo" – consoante é divisado por Guy Débord - a fervura das paixões e o agravo das interdições e ilicitudes. Por esta razão, é uma pessoa feliz, investigadora de prestígio, estatuto já definitivamente legitimado neste “Cantoria – Música e Palavra”.

Ao se demodular esse escrito da Autora, o entendimento é o de que a “Cantoria", cujo vigor da estese está em dose maior na poesia pela palavra, emoldurada pela música da viola, compreende um misto de sensação e de dependência ao raciocínio. Isto porque os cantadores praticam poemas com tinta de sentimento, mas empregam os mais variados expedientes do metro, estudados, debatidos e com classificação universal, em conteúdos que a sensação não pode dominar, daí por que é solicitado o concurso da ideia e da intelecção, as quais, por seu turno, não podem prescindir do sentimento.


Constato, pois, e com vero agrado, que o estudo “Cantoria – Música e Palavra” não perdeu absolutamente nada da sua atualidade, tampouco da propriedade dos seus conceitos, de sorte que sua reedição, aqui sugerida, a retirará da “etagére” a fim de se oferecer a novos leitores, os quais terão o ensejo de privar do contato com uma vertente séria, segura e veraz a respeito da “Cantoria” nordestina. Esta, conquanto inserta no “folk-lore”, é adida a procedências científicas, filosóficas e estéticas, com o aval de pensadores, por exemplo, como G.W.F. Hegel e Jürgen Habermas, fato a conceder peso axiológico a este tema de tanta preeminência.



*Vianney Mesquita
Professor da UFC
Escritor e Jornalista
Membro da Academia Cearense 
da Língua Portuguesa
Titular da Cadeira de nº 22 da ACLJ

domingo, 16 de fevereiro de 2014

NOTA ACADÊMICA

VIANNEY MESQUITA É INDICADO E NOMEADO


Prof. Vianney Mesquita
Indicado por esta ACLJ e submetido ao Conselho Universitário da UFC nesta segunda-feira, dia 17, o Professor Vianney Mesquita será nomeado componente do Conselho Curador da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC), pelo Prof. Francisco Antônio Guimarães. 
Prof. Guimarães 

O Relator da matéria é o Prof. Ciro Nogueira Filho, membro do CONSUNI e Pró-Reitor de Assuntos Estudantis da Universidade Federal do Ceará.


Vianney Mesquita, docente aposentado da Universidade Federal do Ceará, está entre os mais ilustres componentes da ACLJ, pelo imenso cabedal humanístico que possui. Ele é Membro Titular Fundador da Cadeira de nº 22, cujo Patrono Perpétuo é o saudoso José Rebouças Macambira.

É detentor de diversos títulos acadêmicos, autor de muitas obras de fôlego, e é também imortal da nossa congênere Academia Cearense da Língua Portuguesa.

NOTA LITERÁRIA

O NOVO ROMANCE DE MÁRCIO CATUNDA
  

O Membro Correspondente da ACLJ em Madri, o diplomata Márcio Catunda, acaba de nos enviar exemplar do romance Terra de Demônios, que escreveu e que publicou em outubro do ano passado, pela editora Ibis Libris, do Rio de Janeiro, com comentários prefaciais de José Alcides Pinto e Vianney Mesquita, e com orelha e posfácio de Carlos Emílio Correia Lima.

Assim fala da obra o seu posfaciador:


Aqui houve uma necessária contorção das práticas narrativas. Voltou-se a certos esmeros técnicos do romance, com começo, meio e fim, do século XIX. Retornou-se ao romance de personagens anterior ao romance psicológico. Mas aqui também se adicionaram novas perspectivas a partir da redescoberta de que o de mais profundo está mesmo na superfície (A profundidade está escondida. Onde? Na superfície. – Hofmannsthal). 

Márcio Catunda Ferreira Gomes, bacharel em Direito pela UFC, é um dos maiores intelectuais cearenses contemporâneos, com mais de 30 livros e CDs editados.

Pela sua lhanesa e elegância, bem como pelo papo inteligente, é também uma das mais queridas personalidades da sociedade cearense, a qual se ressente de raramente poder contar com o seu convívio, por força do seu ofício de diplomata, servindo há muitos anos na Embaixada do Brasil na Capital da Espanha. Aqui, da última vez que esteve em Fortaleza, ele veste, literalmente, a camisa da ACLJ.