O ÚLTIMO EPISÓDIO DA SÉRIE
Reginaldo Vasconcelos*
A grande novela do governo
brasileiro tem se desenrolado como aqueles filmes de ação em que todos os
vilões são eliminados no final – baleados, presos, explodidos, atropelados pelo
trem – menos o principal deles, o grande agente do mal, principal antagonista
do herói da trama, que se esgueira e escapa ileso, no máximo chamuscado – exatamente
para que protagonize o próximo episódio da série.
O Presidente da República seria o
maior responsável por todos os atos do Poder Executivo, pois todos os agentes administrativos
do primeiro escalão do governo são por ele indicados, e os demais por ele
aceitos e abonados, assim como também é ele o grande interessado nas metas
eleitorais do seu partido.
Mas, no nosso caso, os escândalos
se sucedem na administração petista e o líder principal do partido, grande guru
político da agremiação, um certo Luiz Inácio da Silva, passa incólume para o
próximo episódio, em que continua atuando ativamente na defesa dos que são
apanhados pela máquina da Justiça.
Alguns poucos bois de piranha vão
ficando para trás, enquanto no cinema o grande mentor das aventuras ilícitas sai trotando
pela porta dos fundos do saloon e se
escafede – embora um ou outro bandido ferido e moribundo se redima na última
hora e avise ao “mocinho” por onde o seu chefe está fugindo.
Foi o que aconteceu com Roberto
Jefferson, que blindara Lula ao denunciar o mensalão, pintando-o como inocente
vítima de José Dirceu, certamente imaginando que isso garantiria a si próprio alguma salvaguarda – mas que um vez indiciado e denunciado mandou
sua defesa acusar o ex-presidente de chefe da quadrilha, na sustentação oral do
seu advogado, no Supremo Tribunal.
Por fim, Lula da Silva, após
chocar o ovo da serpente, prestes a eclodir o maior escândalo financeiro da
República, “como nunca antes na história deste País”, tomou do seu tradicional salvo-conduto e
colocou a bomba chiando no colo da mulher que ele escolheu para explodir ao fim
do enredo.
Ministra de Minas e Energia,
Presidente do Conselho da Petrobras, Presidente da República, agora não tem
como Dilma Roussef escapulir. Não há explicação jurídica que justifique o fato
de um gestor público estar no comando de órgãos públicos da área petrolífera,
depois no cargo máximo do Executivo Federal, e não ter culpa nenhuma pelo que aconteceu – seja por
imperícia, imprudência ou negligência.
Enquanto uma quadrilha faz verdadeira farra de macacos na loja de louças do Governo, uma das maiores petrolíferas do
mundo – funcionários públicos sob seu comando supremo, mancomunados com políticos
dos partidos que lhe dão sustentação no Congresso, em
conluio com empresários que doaram fortunas para suas campanhas eleitorais
vitoriosas – não tem lógica aceitar que Dilma Roussef não tenha nada a ver com
isso.
Pessoalmente eu continuo achando
que Dilma Roussef é uma “inocente útil” no processo como um todo. Não me parece
que ela tivesse malícia para arquitetar o “esquema”, que, como se sabe, remonta a
governos anteriores, nem ousadia para decuplicá-lo, como ocorreu na dinastia
petista, mas apenas ingenuidade para se tornar o bode expiatório do partido.
Então, esta seria a hora certa de
se assumir de vez e em massa a campanha “Volta
Lula” – não para a Presidência da República, logicamente, mas para o distrito
da culpa e para cenário do crime. Certamente já há algum delator premiado abrindo
o jogo sobre o seu real protagonismo no desastre em que o governo atual se
converteu.
Humilhação futebolística na Copa do Mundo realizada no Brasil, colapso hídrico e elétrico, gasolina e diesel subindo, direitos trabalhistas e previdenciários reduzidos, PIB minúsculo, inflação voltando, índices de violência em alta, corruptos "saindo pelo ladrão" na caixa d'água da República – com perdão do infame trocadilho. Instalou-se o caos absoluto, e não dá mais para atribuir a culpa à imprensa e às "elites".
Humilhação futebolística na Copa do Mundo realizada no Brasil, colapso hídrico e elétrico, gasolina e diesel subindo, direitos trabalhistas e previdenciários reduzidos, PIB minúsculo, inflação voltando, índices de violência em alta, corruptos "saindo pelo ladrão" na caixa d'água da República – com perdão do infame trocadilho. Instalou-se o caos absoluto, e não dá mais para atribuir a culpa à imprensa e às "elites".
*Reginaldo Vasconcelos
Advogado e Jornalista
Titular da Cadeira de nº 20 da ACLJ
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