segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

RESENHA - DIRETO DA REDAÇÃO



O Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a sexta pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos jornalistas e analistas sociais Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, na edição desta segunda-feira, dia 28 de janeiro, tratou dos temas mais atuais e momentosos.

Alfredo Marques reportou-se às virtudes do pré-carnaval de Fortaleza, principalmente à tradicional festa do bloco “num ispaia sinão ienche”, comandado pelo acadêmico acelejano Dilson Pinheiro, no Bar da Mocinha, por trás do Hotel Praia Centro, nos altiplanos do bairro Praia de Iracema.


Referiu ao grupo de membros da ACLJ que sábado passado prestigiava a festa pré-carnavalesca da Mocinha, instante mágico anual em que velhos amigos se encontram, com combinação prévia ou ao acaso, e se reúnem para a mais animada carraspana.


Lamentou que a nova Prefeitura tenha proibido a colocação de mesas na calçada do bar, por interpretação distorcida da legislação municipal, que certamente visa o dia-a-dia e não o momento especial do carnaval, em que a via se encontra interditada.

Alfredo apelou ao secretário municipal responsável que reveja essa restrição para o próximo ano, pois ele próprio ficou privado de conduzir os velhos pais, como fazia todo ano, já que os idosos querem assistir à festa mas não podem ficar de pé durante horas.
    


Os comentaristas lamentaram a violência armada que passou a marcar o pré-carnaval de Fortaleza neste ano, com episódios de tiros aleatórios ao final das festas, provocando correrias, culminando, sábado último, com dois mortos e três feridos, no Bairro Ellery, em virtude de reação policial.

Freitas Júnior comentou a inauguração do Castelão, a que compareceu muito pouco público, além de um grande grupo de Vips especialmente convidados.

Foto: Sidarta Duarte - Jangadeiro On Line

Pontuou que era tamanho o aparato policial guarnecendo o evento, de modo a ficarem desprotegidos outros setores da cidade, tanto assim que ao mesmo tempo bandidos serravam as grades e fugiam de uma delegacia próxima ao Palácio do Governo.


Freitas tratou também do alto cachê pago pelo Governo do Estado à cantora baiana Ivete Sangalo, em festa de inauguração de Hospital em Sobral, cidade do Governador.

A Procuradoria da República, pelo Procurador Oscar Costa Filho, ingressou em Juízo para que Cid Gomes reembolse o erário os 650 mil reais, porém Alfredo Marques estende a culpa também à beneficiária dessa verba. Considera ele uma vergonha que ela, que é nordestina, cobre valor tão elevado para se apresentar em um estado pobre do Nordeste, que atravessa uma aguda seca.

Por fim, respondendo a provocação via Internet do jovem José Lindival Neto, Alfredo disse que não demora a cisão política entre os Ferreira Gomes e o Senador Eunício Oliveira, já que ambos ambicionam vencer a próxima campanha ao Governo do Estado. Eunício quer se eleger pessoalmente e o clã sobralense quer fazer um sucessor.    

CRÔNICA


 A FÓRMULA DA TRAGÉDIA

Como costuma acontecer, a mídia nacional ficará preenchendo as pautas da semana com a frenética e maçante cobertura do incêndio ocorrido na boate Kiss, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande de Sul, na madrugada de domingo, 27.

Todas as emissoras de TV repetem os mesmos dados da tragédia, cada uma lutando em vão por uma imagem nova e um relato mais pungente.

Um repórter na frente do prédio sinistrado, outro no ginásio onde transcorre o velório coletivo, as mais das vezes sem ter a mínima novidade a oferecer.

O tema é como um bago exaurido de laranja, que cada um tenta espremer para colher mais alguma mínima gota de notícia.

Ninguém se conforma com o fato de que a notícia está completa: um ambiente onde ocorria um show pegou fogo e vitimou em torno de quinhentas pessoas, jovens universitários em sua grande maioria, duzentas e cinquenta delas mortas por pisoteio e por inalação de fumo tóxico.

Divulgar isso seria o suficiente para que o mundo conhecesse a nossa dor nacional. É o necessário para que o País lamente e chore, solidário à dor das famílias enlutadas, elevando preces em sufrágio dos mortos e pela saúde dos feridos.

Foi o que bastou para que a Presidente Dilma Rousseff, triste, embargasse a voz ao microfone de uma cúpula internacional e abandonasse a missão no exterior para comparecer ao sítio trágico.

O segundo movimento da imprensa é procurar os culpados, a fim de demonizar alguém pelo ocorrido, como se as tragédias pudessem ser revertidas pela via da vingança.

O fato funesto aconteceu, e tudo que há para ser feito de proativo agora é socorrer todos os feridos, sepultar todos os mortos, amparar as famílias, e, após o exame das causas, aperfeiçoar as normas para prevenir novos infaustos.

Sim, há uma cadeia de responsabilidades a ser apurada, mas esse é um detalhe técnico que, a meu sentir, não interessa tanto ao grande público – até porque nada foi intencional, de modo que todos os culpados também são vítimas do destino.


Para sermos bem rigorosos, precisamos considerar que,  neste caso, a culpa é tão difusa que já começa pelo viés vitimológico. Pessoas sensatas não se integram a uma multidão de milhar, em ambiente fechado, pois é obvio que essa é a fórmula perfeita para se envolver numa hecatombe. Desatinos da juventude!

Em segundo lugar, tem parte maior da culpa a produção do grupo musical, que não atinou para o risco de usar fogo de artifício em área coberta, quando se sabe que a pirotecnia em geral é perigosíssima, e que seu uso sempre impõe parecer e assistência de profissionais especialistas.

Tailândia, 2009
A culpabilidade atinge com maior gravidade jurídica os proprietários da boate, que tinham o dever profissional de prevenir acidentes no recinto, e têm responsabilidade objetiva sobre a incolumidade e o bem-estar dos clientes, e mesmo da parcela da sociedade que esteja afeta ao seu negócio. Até porque já aconteceram eventos trágico iguais, em outras boates, até recentemente, com fogos de artifício, em outras latitudes do Planeta.

Mas se queremos mesmo esquartejar um Tiradentes, vamos enforcar o Poder Público. Como a Prefeitura de Santa Maria aprovou uma obra arquitetônica, para aquele específico uso, sem que o projeto estivesse adequado aos padrões de segurança? Como o Corpo de Bombeiros gaúcho autorizou o funcionamento da boate, sem que ela estivesse dotada de todo o equipamento preventivo necessário? Por que cargas d´água não se fiscaliza, com rigor e regularidade, o funcionamento das casas de shows e das boates?

Malgrado, importante ter presente, como lenitivo emocional, que a causa mortis geral foi a intoxicação, pela inalação da fumaça, que logo provoca inconsciência, de modo que, pelo menos, a moçada inditosa não teve a tortura do fogo, que é dos mais cruéis algozes.


A lua, fotografada na noite de sábado, pela acadêmico Altino Farias, sobre o alegre pré-carnaval de Fortaleza.
Esse é o mesmo plenilúnio que os meninos de Santa Maria podiam ver, dirigindo-se ao show, naquela mesma noite.
"GOZA A VIDA HOJE, QUE AMANHÃ A LUA PODERÁ PROCURAR-TE EM VÃO"
(Omar Khayyám - Poeta Árabe) 


  

sábado, 26 de janeiro de 2013

ENSAIO


NÓS MERECEMOS

O Brasil, entre tantas mazelas políticas e econômicas, enfrenta hoje uma guerra franca contra o craque, contra o crime, contra a violência urbana, coisas que têm ligação umas com as outras. Dizia um filósofo mundano amigo meu, com alguma razão, que a metade do País está insana, e a outra metade anestesiada.

De fato. Todos os dias vemos nos noticiários da TV (com a vantagem evolutiva dos vigilantes equipamentos de vídeo, que hoje são onipresentes), a bandidagem violentando a sociedade: delinquentes sequestrando pessoas, explodindo cofres, atirando uns contra os outros, atacando os cidadãos, matando crianças, barbarizando velhos e grávidas, e investindo indiscriminadamente contra policiais, com ousadia inusitada. Absoluta insanidade.


Nas cidades, grupos de zumbis se drogam em via pública e à luz do dia, e obviamente praticam roubos e furtos para sustentar a sua dependência. Homens e mulheres de todas as faixas de idade, inclusive crianças, oriundas de todas as classes sociais, vagam pelas calçadas como se fossem gambás malucos varejando suas presas.

Entretanto, as autoridades, a cidadania, as vítimas em potencial, discutem detidamente sobre os direitos dos bandidos, em vez de focar em objetivas soluções que a todos interessem. 

A imprensa se apressa em exibir vídeos de celulares que flagram e denunciam arbitrariedades da polícia, e os policiais, que vivem sob o estresse da morte, são exemplarmente punidos quando atiram nos bandidos. Quando são mortos, ganham salvas de tiros de festim e honras militares. É muito pouco. É anestesia social na veia.

Cuida-se de desarmar as pessoas de bem, e de proibir que elas escureçam os vidros dos carros, para que tanto polícia quanto assaltantes constatem, no trânsito, sua fragilidade cidadã. Afinal, segundo a mensagem publicitária estatal, "quem usa arma é policial ou bandido".

O aconselhamento oficial é a entrega imediata do patrimônio e da dignidade aos assaltantes, para a preservação da própria vida, bens jurídicos que o poder público deveria garantir aos cidadãos. A cidadania se vê encurralada por predadores sociais, mas grande parte das energias se aplicam à defesa das prerrogativas dos ímpios, e ao esforço de estimular a passividade dos incautos. 

Bandidos são presos e soltos todo o tempo, num círculo vicioso perverso, que se observa a cada vez que a imprensa especializada cobre um novo crime: “O autor do delito é um velho conhecido da polícia!”.

É obvio que um criminoso deveria ser preso pela polícia uma vez apenas, e a partir de então ser entregue à Justiça, permanecendo segregado até que tivesse plenas condições de voltar ao convívio social sem reincidir na delinquência. Claro!

Mas no Brasil os direitos humanos dos delinquentes são prioridade absoluta, enquanto famílias inteiras vivem sob viadutos, ou sobre montanhas de lixo. Essas famílias são compostas por cidadãos que certamente optaram livremente pela penúria e pela miséria. Sim, porque entende a lei que não se os pode incomodar e os demover de sua desgraçada condição, invadindo assim sua esfera jurídica.

Morre uma prostituta brasileira no exterior, desaparece um compatriota nos Andes, constata-se que há um brasileiro entre as vitimas de um terremoto no estrangeiro, então se mobilizam grandes reportagens e se acionam mecanismos diplomáticos para apurar os fatos, para acompanhar as buscas, para repatriar os corpos, o que é justo e compreensível.

Malgrado, milhares de mendigos e favelados conterrâneos morrem todo dia nos guetos e nas ruas das  cidades brasileiras, à míngua de assistência, e têm seus cadáveres jogados na vala comum, sem que isso desperte o interesse de ninguém. Não se pode compreender nem justificar um contraste desses.

Presentemente se discute se seria politicamente correto o estado usar seu poder de polícia para retirar das ruas a multidão de “nóias” que empestam os centros urbanos, consumindo craque, comendo lixo, incomodando a sociedade. Entendem os empertigados teóricos de plantão que ninguém pode ser internado contra a sua própria vontade – não obstante a evidência de que o viciado já não tem vontade própria. 



Não. Pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, as pessoas têm direito de abandonar as famílias e os empregos, de se escravizarem a uma dependência química, acabar com a saúde, destruir suas vidas em público, descer à degradação máxima de trocar sexo por drogas pelos becos da cidade... e a sociedade não tem nada a ver com isso.


Sim. A legislação brasileira vem entendendo que se eu resolver fumar maconha, ou cheirar cocaína, ou aspirar vapor de craque, tomar em comprimidos ou na veia outro alcaloide qualquer,  eu não pratico crime algum: daí em diante serei considerado uma pessoa doente, se adquiro drogas em pequena quantidade para o meu próprio consumo, por presumível dependência irrefreável.

Crime comete quem produz, trafica e me vende a droga. Eu, que faço dela um problema social tenebroso, não sou culpado, mas apenas uma vítima. Pode? Pode! Tudo isso pode e deve acontecer nesse país macunaímico, porque nós o merecemos. “A lei é dura, mas é a lei”, diz um velho provérbio latino. Nós dizemos o contrário: No Brasil, a lei é frouxa, mas é a lei.

Somos nós que elegemos notórios energúmenos para os cargos públicos, e depois saímos às ruas para abjurar a corrupção; somos nós que consumimos drogas proibidas com intenção recreativa, alimentando o tráfico, e depois fazemos passeatas pela paz na sociedade.

Entre outros absurdos, somos nós que sabemos que o homossexualismo não é uma feliz opção da pessoa, mas uma contingência incômoda que nasce com ela, que deve ser compreendida, respeitada e civilmente regulamentada.


Entretanto, nos esforçamos para difundir a ideia oposta de que o mundo gay é uma festa maravilhosa e desejável. Visando combater a abjeta homofobia, resvalamos para uma descabida homofilia, que estimula antipatias e antagonismos. 

Com o futebol cometemos outro rematado desatino. O mesmo repórter, o mesmo dirigente de clube, o mesmo administrador público que aparentemente deploram a violência entre torcedores dentro e fora dos estádios, estimulam a paixão depravada que nutrem pelos escudos de seus times grandes chusmas de brasileiros despreparados, agrupados no que se passou a chamar de “torcidas organizadas”, gente carente de uma causa mais digna e edificante.  

Até o nome dos estádios mudaram para o termo “arena”, local arenoso onde homens e feras se digladiavam no passado. É que quem vive da bola, de cartolas a gandulas, passando pela crônica desportiva, têm interesse em alimentar nos tolos a falsa ideia de que futebol é coisa séria, pela qual se deva matar e morrer, quando não deveria passar de uma mera, sadia e despretensiosa diversão.



Tem mais. Não há notícia de que alguém tenha sido barrado em universidade brasileira em razão da cor da pele, em função de ser índio ou afrodescendente – diferentemente do que já ocorreu no Tio Sam.

Brasileiros com essas características étnicas são minoria no ensino superior porque a maioria deles é pobre, e o Estado não cumpre o seu dever constitucional de oferecer escola pública de qualidade a todo o povo.

Em virtude dessa omissão oficial, o ensino privado se tornou um negócio milionário, inacessível aos mais pobres, de maioria negra, índia e mestiça, que por essa razão têm menos chance de superar o vestibular.

A solução, obviamente, seria universalizar o ensino gratuito, fundamental e médio, investindo na sua qualidade, para que estudantes pobres de todas as etnias, mas em grande maioria mestiços e negros, tivessem a necessária competitividade para ingressar, merecidamente, no ensino superior.

Porém o Governo, resistindo na sua incompetência, em vez de produzir uma escola pública de bom nível, resolveu queimar etapas e copiar os americanos nas políticas de cotas raciais, passando a promover racismo contra os de pele mais clara, ainda que pobres, e abandonando o exclusivo critério do mérito para ascender à faculdade. Pode? Pode. No Brasil pode tudo. 


Tudo isso pode acontecer no Brasil, porque nós merecemos, porque a nossa cultura é capenga, a nossa maneira de ver o mundo é caótica, e até porque a lei tolera, permite, estimula, obriga. Tudo o que aponto e critico aqui, por mais insensato e imoral, tem respaldo legal – de modo que é metajurídico o comentário que produzo. É assim, embora não devesse ser assim. E, parafraseando Shakespeare, “a culpa não está nas estrelas, mas dentro de nós”.

Por Reginaldo Vasconcelos 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

HOMENAGEM


O Blog presta merecida homenagem póstuma ao desembargador Gabriel Lucena de Oliveira Cavalcanti, do Tribunal de Justiça de Pernambuco.

Falecido em dezembro do ano passado, Dr. Gabriel era irmão da Poetisa Concita, e, consequentemente, tio do cronista Altino Farias, nossos confrades na ACLJ.

Reproduzimos matéria do Jornal do Commércio, do Recife, em que o advogado Dorany Sampaio, ex-presidente da OAB em Pernambuco, fala sobre o grande jurista e magistrado. 


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

CRÔNICA


OITO DÉCADAS



“Do alto desse edifício, oitenta anos vos contemplam!”  se poderia dizer aos fundadores da ACLJ, em relação ao prédio da ACI - Associação Cearense de Imprensa – parafraseando Napoleão Bonaparte, dirigindo-se aos seus soldados ante as Pirâmides do Egito.

Os oitenta anos da ACI não são tanto tempo assim, comparados aos quarenta séculos que as Pirâmides já ostentam.  Porém, foi ao longo dessas oito décadas que toda uma plêiade de cearenses notáveis produziu e criou esta atual geração de nossos acadêmicos fundadores.

Nesse período, em 1952, Perboyre e Silva lançava a pedra fundamental do edifício-sede da ACI, chamado "A Casa do Jornalista". Jáder de Carvalho, amigo seu, armava a sua cruzada jornalísticas contra os canalhas de plantão, aplicando sua verve, sua poética telúrica, sua advocacia valente, em prol das vítimas sociais. Enquanto isso ele concebia e educava, com a contista Margarida Saboia, “El Cid”: o comunicador, o homem de letras, o jurista, o professor, o senador da República.

Por seu turno, Aluísio Gurgel perseguia a utopia, militava na esquerda, produzia jornal, confrontava o poder político, recebia medalha do governo soviético – enquanto gestava seu filho único e homônimo, cidadão democrata, juiz de    Direito, intelectual refinado, Aluísio Gurgel do Amaral Júnior.

Mais tarde o jovem Armando Farias fundava, entre os seus primeiros professores, ao lado de Ivan Brito, Liberal de Castro e Neudson Braga, o Curso de Arquitetura da nossa Universidade Federal, que produziria tantos profissionais de alto nível, ao tempo em que gerava, entre outros filhos, em comunhão com a poetisa Concita, o futuro engenheiro Pedro Altino, primoroso cronista, caráter refinado.

Enquanto isso Dorian Sampaio militava na imprensa e na política, tinha seu mandato de deputado cassado pelo governo militar, era preso e em seguida forçado a assumir a profissão liberal de odontólogo, já que suas outras atividades de parlamentar e jornalista estavam proibidas pela ditadura de direita – até que após a abertura pudesse editar o seu próprio jornal - já acompanhado pelo primogênito Dorian Filho.

Ao mesmo tempo o professor Alves  Fernandes deixava o seminário e abria o primeiro curso preparatório para o vestibular em Fortaleza, formava sua biblioteca, organizava dicionários, enquanto fazia dar à luz a futura poetisa Karla Karenina, a atriz, a comediante, a luminosa criatura.

Nos altos da Ibiapaba – de onde já haviam descido para o Brasil e para o mundo o General Antônio Tibúrcio e o jurista Clóvis Beviláqua – Alfredo Miranda fazia arte, manufaturava pífaros e ensinava o seu manejo, compunha e poetava, cultivava frutas e produzia compotas e licores, e dentre esses delicados produtos  promoveu o advento de Inês Mapurunga, artista completa e intelectual sofisticada.

Assim também José Martins Rodrigues, Waldemar Alcântara,  Ulisses Mesquita, Francisco Ibiapina, Martinho Rodrigues, Napoleão Nunes Maia, Salomão Ximenes, Ayrton Vasconcelos, Lindival de Freitas, Almiro Vieira, Jairo Marques, Cássio Borges, um pouco mais antes, um pouco mais depois, estavam flanando diariamente pela Praça do Ferreira.


Alguns percorrendo as origens nos sertões, outros mourejando sob a brisa marinha que entra na cidade, da Barra do Ceará ao Mucuripe, todos estavam laborando para cumprir sua missão na sociedade e para construir suas famílias. 

De sua genética, dentre outros, adviriam os acadêmicos acelejanos que regularmente se reúnem no velho prédio da ACI, em prol das letras e da memória cearenses.

A eles se juntam simbolicamente os patronos perpétuos das cadeiras acadêmicas, do Barão de Studart a Edson Queiroz, de Paula Ney a Eduardo Campos, de Gustavo Barroso a Rachel de Queiroz, de João Brígido a Rodolfo Espínola, de Otacílio de Azevedo a Tarcísio Tavares, entre outros tantos nomes.



Sendo assim, no sexto andar da ACI, nas reuniões da ACLJ, não estamos somente os que nos enxergamos. Há uma seleta multidão de cearenses conosco. Sim. Do alto desses oitenta anos muita gente boa nos contempla.


A propósito, está marcada para o dia 4 de maio, coincidindo com o segundo aniversário da ACLJ, a primeira Assembleia Geral do ano, no auditório da ACI, às 20:00h, em que tomará posse na Cadeira de nº 39 o jornalista Wilson Ibiapina, eleito por maioria de votos no último dia 20 de dezembro. 

Por Reginaldo Vasconcelos   

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

RESENHA - DIRETO DA REDAÇÃO





A poetisa, atriz, comediante e terapeuta Karla Karenina Fernandes, titular da Cadeira de nº 24 da ACLJ, foi entrevistada pelos  jornalistas Alfredo Marques e Freitas Júnior, na edição de hoje do programa Direto da Redação, que vai ao ar de segunda sexta-feira pela TV Cidade, às 8:15 da manhã.

Karla iniciou sua participação manifestando o seu contentamento em participar do programa Direto da Redação, segundo ela marcado pela espontaneidade, que ela própria considera a grande virtude do comunicador e dos homens de mídia em geral. A fórmula lúdica com que o programa é apresentado, a partir de um diálogo franco entre os apresentadores, é realmente inovadora e interessante.

A primeira referência sobre Karla Karenina tem que ser a personagem Meirinha, que ela criou, e que ficou nacionalmente conhecida no programa Escolinha do Professor Raimundo, da Rede Globo de Televisão, comandado pelo saudoso Chico Anysio.  

Meirinha é uma ingênua moça nordestina, muito falante, de origem sertaneja, a qual se veste de maneira afetada e emprega o linguajar prosaico do interior do Ceará, com o timbre nasalado, comum às pessoas mais simples que não aprenderam, no convívio social urbano, a impostar a voz corretamente, para obter uma melhor califasia.    

Mas Karla também atua em telenovelas e cinema, fazendo personagens dramáticas, e, sendo filha de um dos maiores intelectuais cearenses contemporâneos, recentemente falecido, o professor Alves Fernandes – filólogo, latinista, bibliófilo, lexicógrafo – ela é ainda uma inspirada poetisa, literata de texto primoroso e escorreito.

A entrevistada trouxe à baila outra faceta de sua personalidade, a sua condição de terapeuta, atividade que abraçou depois de atuar em um filme de Euclydes Marinho, cheio de psicologismos, o que lhe despertou o interesse em debruçar-se sobre o tema e fazer cursos.

Dedica-se principalmente a técnicas de reversão da memória, em busca de eventos traumáticos do passado que influenciam o comportamento das pessoas no presente. Desenvolveu também estudos sobre a vida sexual feminina, e dá palestras sobre o tema, orientando e estimulando as mulheres a obterem um melhor desempenho com os parceiros.