segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

SONETO DECASSILÁBICO PORTUGUÊS - Terçol Abjeto (VM)


TERÇOL ABJETO
Vianney Mesquita*


(Para Régis Kennedy Gondim Cruz)



Os olhos são cegos, quando o espírito está distante
(Publílio Siro).

  

Denega-me a visão um tosco hordéolo,
No interdito de íris e retina,
Calázio do sopro de um mau Éolo,
Vedando-me de um olho a menina.

Sem poder divisar do esquerdo alvéolo,
Tampouco do direito, o bem que mina,
Minha pupila do oblíquo nucléolo
Disfarça-me verdade cristalina.

Cisco importuno, paixão desmedida,
A desviar-me das regras de vida,
Guiando-me em modos de gentalha:

Jamais lance terás, neste tentame,
De bater-te haverei, argueiro infame,
E em tempo algum em mim verás canalha!


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