quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

CRÔNICA - Os Boêmios e o Ceguinho (WI)


OS BOÊMIOS 

E O CEGUINHO

Wilson Ibiapina*



Foi na década de 60 do século passado. Ainda estudantes, Fausto Nilo, Rodger Rogério e Antônio Carlos Coelho voltavam a pé de uma farra no bar do Anísio, na beira mar de Fortaleza. O dia estava amanhecendo quando chegaram à praça José de Alencar, terminal de ônibus no centro da cidade.

O Sol já tinindo, gente fervilhando, bares começando a receber os primeiros fregueses. Os três são acometidos de uma vontade louca de tomar uma geladinha. Sem dinheiro, surge a ideia quando encontram na esquina um ceguinho pedindo esmola. Viola no braço, chapéu no chão, mas ninguém ajudava. Pedem licença ao pedinte e assumem.

Era um domingo de manhã. O ceguinho tocava flauta, Rodger acompanhava no violão, o Fausto cantava e o Antônio Carlos passava o chapéu. Em pouco tempo, a grana começava a sobrar pelas bordas. Tiraram o da cerveja, devolveram o chapéu.

Quando  o ceguinho passou a mão e sentiu o volume do apurado não se conteve. Abriu um sorriso  e antes de agradecer, perguntou: “Pessoal, quando é que vocês voltam aqui?



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