sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

PREFÁCIO - Bechior - O Silêncio do Amor (VM)


BELCHIOR
 O Silêncio do Amor

BIOGRAFIA PSICOFILOSÓFICA
POST MORTEM:
Vianney Mesquita*



Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior; mas trago na cabeça uma canção do rádio... (Antônio Carlos BELCHIOR (Sobral, 26 de outubro de 1946; Santa Cruz do Sul, 30.04.2017).



Há sete anos, experimentei a ventura de proceder, na feição de Prefácio, a comentários acerca de um livro do facultativo e intelectual cearense, Dr. Russen Moreira Conrado, o qual milita na área de Cirurgia Plástica, em Fortaleza – CE, como personificação da excelência profissional-científica neste sub-ramo dos saberes e práticas da multiciência de Galeno.

Naquele lance, Russen Conrado, hoje não apenas cirurgião, mas também – como o foi Cláudio Galeno – pensador, apreciado, acreditado e acolitado nas suas ideações pelo público ilustrado cearense, mediante seus artigos de alevantado nível e editados pela imprensa da Cidade, reportava-se a moto bem mais prosaico e de espírito popular – o futebol – subordinado ao título Ceará Sporting Clube – Lição Eternizada em Preto e Branco (2011).

Na ocasião, já me fora permitido exprimir o fato de que [...] Sua isenção, ao lado de outros predicados do bom narrador, confere a sua tarefa o estatuto de verdade, de fidelidade à dissertação dos acontecimentos, ao contar, averso a exageros e circunlóquios ou firulas literárias, a saga [...]  como se divisa, já atestando o inconteste talento de um respeitável e profundo produtor textual, mormente em assuntos de maior espessura literocientífica, como o leitor terá a ensancha de comprovar na decodificação deste produto de sua colheita, com frutos bem maturados sob exame raciocinativo, vazado nos alçados saberes da Sociologia, Psicologia e Filosofia, bem assim da Letra Sacra.

Agora, distante de mim está o fito de subtrair do imenso contingente de apreciadores deste volume a oportunidade de, primeiro, provar – sem que ninguém o adiante – o sabor do hors-d’oeuvre de seu conteúdo, antes do repasto principal, configurado no suprassumo, no requinte do seu teor, segundo o consulente terá a aura de validar, à sua apreciação leitora, sem a interferência de qualquer mediador.

Impende-me, somente, antecipar – e sem prejuízo das ilações do lúcido consultante, após a expressão penetrante, argutamente estudada e com suporte nos tratos intelectivos do Autor – a lógica de seus pressupostos, suas razões, com assento nas prefaladas Ciências Reflexivas, na Sagrada Escritura e no seu modus operandi sobre as realidades vivenciais, narradas nesta obra de vulto, da invejável agronomia literária deste escritor a mancheias.

Tudo isto traz o escopo de compreender, assentir e justificar, consoante o procede e com força persuasiva (ab initio, junto a mim), o comportamento inusitado do seu Biografado post mortem – o compositor e cantor cearense, de nomeada internacional, Antônio Carlos BELCHIOR, a óbito em 30 de abril de 2017, em Santa Cruz do Sul-RS, que passou cerca de dez anos sem se comunicar com a família.

Também não resulta lesivo às intenções do ledor de qualidade, como, decerto, dimana ser o consultante da produção ora escoliada, informar que este produto editorial multímodo, conquanto de continente pequeno, mas de mealheiro supinamente qualitativo, narra o passamento de Belchior, suas exéquias e pós-solenidades fúnebres, estas em Sobral e Fortaleza.


Sequencia com a sucessão de eventos, reflexões autorais e outras passagens alusivas ao Rapaz latino-americano, com quem tive o ensejo de fazer uma viagem do Rio de Janeiro para Fortaleza, como vizinhos de assento, nos idos de 1983, oportunidade na qual comprovei, em quatro horas de conversa, sua bem propalada posição intelectual, cantada em metro e língua-prosa já na Fortaleza daquele tempo. No curso do trajeto, ele não demonstrou qualquer vestígio de medo de avião – o que procurei comprovar, pois, havia quatro anos (1979), esta peça fazia imenso sucesso no Brasil, componente de um dos albi do Cantor/Compositor – Era uma vez o homem e seu tempo. 

Como para evidenciar sua prontidão intelectiva e o alcance literonarrativo, o Historiador do produto gráfico atinente ao Ceará Sporting Club, na maioria das reflexões respeitantes ao seu Biografado a posteriori (tio da sua Esposa), estabelece habílimas vinculações com os títulos e recheios das canções gravadas pelo Artista. 


Esta industriosidade de Russen Conrado resulta denotativa da sua insuperável capacidade de operar analogias, maximamente racionais, sem subjugar circunstâncias, tampouco revestir pretensas verdades, a fim de aportar – e autorizar o leitor a imitá-lo – a ilações coerentes em relação ao seu pensamento alçadamente ajustado aos ditames da compostura escritural, isto é, de quem não tenciona conduzir a audiência ao logro, normalmente multiplicado ex-vi do poderio da função comunicacional.

Magnificamente, também, se mostra esse médico/pensador sob o espectro da ética, porquanto exime, sem lhes declinar os nomes nem certas condições em que seriam facilmente identificadas, aquelas pessoas referenciadas na obra, tampouco lhes destina quaisquer tachas, de modo a não conduzir o leitor a avocá-las como deformidades daqueles a quem indiretamente faz menção.

Tem ressalto nesta publicação a correta narração em língua portuguesa culta, na qual o Autor recorre aos diversificados expedientes figurais oferecidos pelo código lusitano, a fim de conceder aos seus escritos um estilo agradável, singular e conotativo do seu perfil elocutório, dotado de urbanidade e senso de responsabilidade moral e intelectiva, em texto deseixado de clichês e manias hoje muito comuns em manifestações acadêmicas e de ordem geral. 

Desta sorte, este trabalho – intitulado (provisoriamente) O Silêncio do Amor – ora às ordens dos nossos nacionais afeiçoados à música e amantes da cultura, perfaz o complemento perfeito da biografia de Belchior, sendo, ipso facto, documento de relevância para a História da Arte brasileira, maiormente da atividade musical do Ceará, indispensável, por exemplo, para um ensaio acadêmico, ou mesmo a fim de amparar qualquer referência que se fizer a respeito desta figura singular do mister artístico do nosso Estado.


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