BELCHIOR
O Silêncio do Amor
BIOGRAFIA PSICOFILOSÓFICA
POST MORTEM:
Vianney Mesquita*
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem
dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior; mas trago na
cabeça uma canção do rádio... (Antônio Carlos BELCHIOR (Sobral, 26 de outubro de 1946; Santa Cruz do
Sul, 30.04.2017).
Há
sete anos, experimentei a ventura de proceder, na feição de Prefácio, a
comentários acerca de um livro do facultativo e intelectual cearense, Dr.
Russen Moreira Conrado, o qual milita na área de Cirurgia Plástica, em
Fortaleza – CE, como personificação da excelência profissional-científica neste
sub-ramo dos saberes e práticas da multiciência de Galeno.
Naquele
lance, Russen Conrado, hoje não apenas cirurgião, mas também – como o foi Cláudio
Galeno – pensador, apreciado, acreditado e acolitado nas suas ideações pelo
público ilustrado cearense, mediante seus artigos de alevantado nível e editados
pela imprensa da Cidade, reportava-se a moto bem mais prosaico e de espírito
popular – o futebol – subordinado ao título Ceará Sporting Clube – Lição
Eternizada em Preto e Branco (2011).
Na
ocasião, já me fora permitido exprimir o fato de que [...] Sua isenção, ao lado
de outros predicados do bom narrador, confere a sua tarefa o estatuto de
verdade, de fidelidade à dissertação dos acontecimentos, ao contar, averso a
exageros e circunlóquios ou firulas literárias, a saga [...] – como se divisa,
já atestando o inconteste talento de um respeitável e profundo produtor
textual, mormente em assuntos de maior espessura literocientífica, como o
leitor terá a ensancha de comprovar na decodificação deste produto de sua
colheita, com frutos bem maturados sob exame raciocinativo, vazado nos alçados
saberes da Sociologia, Psicologia e Filosofia, bem assim da Letra Sacra.
Agora,
distante de mim está o fito de subtrair do imenso contingente de apreciadores
deste volume a oportunidade de, primeiro, provar – sem que ninguém o adiante –
o sabor do hors-d’oeuvre de seu
conteúdo, antes do repasto principal, configurado no suprassumo, no requinte do
seu teor, segundo o consulente terá a aura de validar, à sua apreciação leitora,
sem a interferência de qualquer mediador.
Impende-me,
somente, antecipar – e sem prejuízo das ilações do lúcido consultante, após a
expressão penetrante, argutamente estudada e com suporte nos tratos
intelectivos do Autor – a lógica de seus pressupostos, suas razões, com assento
nas prefaladas Ciências Reflexivas, na Sagrada Escritura e no seu modus operandi sobre as realidades
vivenciais, narradas nesta obra de vulto, da invejável agronomia literária
deste escritor a mancheias.
Tudo
isto traz o escopo de compreender, assentir e justificar, consoante o procede e
com força persuasiva (ab initio, junto a mim), o comportamento
inusitado do seu Biografado post mortem –
o compositor e cantor cearense, de nomeada internacional, Antônio Carlos BELCHIOR,
a óbito em 30 de abril de 2017, em Santa Cruz do Sul-RS, que passou cerca de
dez anos sem se comunicar com a família.
Também
não resulta lesivo às intenções do ledor de qualidade, como, decerto, dimana
ser o consultante da produção ora escoliada, informar que este produto
editorial multímodo, conquanto de continente pequeno, mas de mealheiro supinamente
qualitativo, narra o passamento de Belchior, suas exéquias e pós-solenidades
fúnebres, estas em Sobral e Fortaleza.
Sequencia
com a sucessão de eventos, reflexões autorais e outras passagens alusivas ao Rapaz latino-americano, com quem tive o
ensejo de fazer uma viagem do Rio de Janeiro para Fortaleza, como vizinhos de
assento, nos idos de 1983, oportunidade na qual comprovei, em quatro horas de
conversa, sua bem propalada posição intelectual, cantada em metro e língua-prosa
já na Fortaleza daquele tempo. No curso do trajeto, ele não demonstrou qualquer
vestígio de medo de avião – o que
procurei comprovar, pois, havia quatro anos (1979), esta peça fazia imenso
sucesso no Brasil, componente de um dos albi
do Cantor/Compositor – Era uma vez o
homem e seu tempo.
Como
para evidenciar sua prontidão intelectiva e o alcance literonarrativo, o Historiador
do produto gráfico atinente ao Ceará
Sporting Club, na maioria das reflexões respeitantes ao seu Biografado a posteriori (tio da sua Esposa),
estabelece habílimas vinculações com os títulos e recheios das canções gravadas
pelo Artista.
Esta industriosidade de Russen Conrado resulta denotativa da sua insuperável
capacidade de operar analogias, maximamente racionais, sem subjugar
circunstâncias, tampouco revestir pretensas verdades, a fim de aportar – e
autorizar o leitor a imitá-lo – a ilações coerentes em relação ao seu
pensamento alçadamente ajustado aos ditames da compostura escritural, isto é,
de quem não tenciona conduzir a audiência ao logro, normalmente multiplicado ex-vi do poderio da função
comunicacional.
Magnificamente,
também, se mostra esse médico/pensador sob o espectro da ética, porquanto
exime, sem lhes declinar os nomes nem certas condições em que seriam facilmente
identificadas, aquelas pessoas referenciadas na obra, tampouco lhes destina
quaisquer tachas, de modo a não conduzir o leitor a avocá-las como deformidades
daqueles a quem indiretamente faz menção.
Tem
ressalto nesta publicação a correta narração em língua portuguesa culta, na
qual o Autor recorre aos diversificados expedientes figurais oferecidos pelo
código lusitano, a fim de conceder aos seus escritos um estilo agradável,
singular e conotativo do seu perfil elocutório, dotado de urbanidade e senso de
responsabilidade moral e intelectiva, em texto deseixado de clichês e manias
hoje muito comuns em manifestações acadêmicas e de ordem geral.
Desta
sorte, este trabalho – intitulado (provisoriamente) O Silêncio do Amor – ora às ordens dos nossos nacionais afeiçoados
à música e amantes da cultura, perfaz o complemento perfeito da biografia de
Belchior, sendo, ipso facto,
documento de relevância para a História da Arte brasileira, maiormente da
atividade musical do Ceará, indispensável, por exemplo, para um ensaio
acadêmico, ou mesmo a fim de amparar qualquer referência que se fizer a
respeito desta figura singular do mister artístico do nosso Estado.
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