EI! MÍDIA!
DEIXE AS NOSSAS CRIANÇAS
EM PAZ
João Pedro Gurgel*
Sinceramente, não
tenho nada pessoal contra a música voltada para o entretenimento. Contudo,
hoje, no ônibus, enquanto ouvia “ah ah ah, vou beber água de bar... Não vou
trabalhar, vou beber água de bar”, pensei seriamente em como essas
afirmações musicais podem se incorporar ao cérebro de alguém.
A música, ao que
diz a História, surgiu com o canto gregoriano, nas igrejas. Em contraste
do que vivemos hoje, o que Nietzsche chama de a mais "sublime das
artes", a música se tornou um simbólico instrumento de manipulação de
massa e propulsionador de novas tendências.
Nesse contexto, os
bebedores de água de bar e os pegadores da balada de sábado são estereótipos
comemorados pela indústria da música. Ou melhor, a cadeia produtiva da música,
que vende o short do cantor, o caderno, a camisa e até o pôster.
Roger Waters,
ex-líder do Pink Floyd, nos anos 80, profetizou, em CD, que nós vivemos um em
muro. Esse muro é uma espécie de junção entre nossas crises existências com a
capacidade que a indústria tem de nos manipular. Waters foi capaz de criar música
que expunha o que é esse “muro” – e como sair dele.
Entretanto, esse
guia musical foi deixado de lado. O que o Século XXI nos oferece, em termos de
música, é uma simplória abordagem dos sentimentos, como o amor e a felicidade.
O muro continua, mas não falamos sobre ele, logo, não iremos derrubá-lo. Por
isso, antes que esse artigo adquira cunho “rebelde sem causa” proponho aos
nobres amigos que reflitam profundamente sobre a música que escutam, pois, no
final das contas, ela ajuda a moldar nosso caráter.
Que nós não sejamos
apenas mais um tijolo no muro.
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