O
MONOPARTIDARISMO DISCRETO
III
(ou A revanche do sagrado)
Rui Martins Rodrigues*
A hegemonia ideológica (a conquista de um quase consenso político
na sociedade), alcançou Igrejas. Universidades, imprensa e indústria cultural
muito contribuíram para tanto. A sensibilidade política das lideranças, o
ativismo de infiltrados e a ingenuidade de muitos fiéis facilitaram a
influência secular. A aproximação entre os cristianismo e doutrinas políticas
foi propiciada pelo desconhecimento, de grande parte dos seguidores das Igrejas,
do que seja a doutrina que professam.
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O Concílio Vaticano II adotou a dialética. A unidade dos contrários
permitiria juntar o teocentrismo com o antropocentrismo; a não violência do
cristianismo com a filosofia de guerra dos revolucionários; confundir o reino
que não é desse mundo com as lutas políticas; indiferenciando a proposta de
fazer o bem, socorrendo necessitados e assumindo o ônus da iniciativa, com a
“luta pelo mundo melhor”, que aponta culpados contra quem propõe castigos;
conciliar o amor aos inimigos com o ódio aos “opressores”; além de suprimir a
responsabilidade individual própria do cristianismo, transferindo-a para os
condicionamentos econômicos, sociais e culturais proposta pelas ideologias
libertárias.
Já não era preciso fazer o bem com uma mão sem que a outra
soubesse, nem sem olhar a quem. A propaganda revolucionária exigia que se
trombeteasse benefícios destinados aos desvalidos, ainda que estes não tivessem
sustentabilidade a longo prazo. A luta pelo poder, “só para fazer o mundo
melhor”, legitimava tudo. Sobrava uma pose de superioridade moral e intelectual
dos “esclarecidos”, embora nem sempre soubessem sequer o diziam. Assim, o
público ilustrado, catequizado pelas escolas e universidades aparelhadas, seria
contemplado. Os templos vazios, na velha Europa, teriam de volta o público secularizado.
Nascia a Teologia da Libertação, entre os católicos; e a Teologia da Missão
Integral, entre protestantes tradicionais.
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A hegemonia ideológica apresenta assim uma primeira fissura,
facilitada pelas redes sociais, que driblaram o bloqueio da imprensa e da
indústria cultural submetidas à hegemonia ideológica das doutrinas o Céu na
terra. Instalou-se uma saudável cizânia entre “progressistas” e
“conservadores”, na forma de guerra interna no coração do Vaticano.
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