COINCIDÊNCIAS
ELOQUENTES
Rui Martinho Rodrigues*
Algumas coincidências se repetem
incansavelmente na vida política brasileira. Quem acha que uma condenação na
Justiça do Trabalho descredencia para o cargo de Ministro do Trabalho, embora
ações desta natureza não produzam restrições quanto ao exercício da cidadania, como
é o caso da deputada Cristiane Brasil, coincidentemente, também entende, quase
sempre, que uma condenação em sede de ação penal não desqualifica o
ex-presidente Lula para o exercício da Presidência da República, sem se
importar com o fato da condenação em espécie referir-se ao crime de improbidade
administrativa.
Quem acha que malas contendo dinheiro, apreendidas em poder de terceiros, incriminam o presidente Temer, sem a
necessidade de comprovação do nexo entre as citadas malas e o ato do presidente
decorrente da vantagem indevida, coincidentemente, entende, quase
invariavelmente, que é preciso provar a existência de um ato de ofício do
ex-presidente Lula, vinculado ao recebimento de vantagem indevida.
Quem acha que provas indiretas ou
lógico-formais não servem de arrimo para a condenação do ex-presidente Lula,
desclassificando-as como “meras ilações”, coincidentemente admite, sem nenhum
constrangimento, tais provas como fundamento de validade para a condenação do
Temer.
Quem critica a politização do Poder
Judiciário, quando se trate do Brasil, tende a aplaudir a politização da Magistratura na Venezuela ou em Cuba. Quem manifesta revolta diante da ingerência
estrangeira nos assuntos internos do Brasil, aprova, entusiasticamente, a
intromissão de parlamentares americanos no processo penal em que o Lula é réu – desde que tal intromissão seja favorável ao ex-presidente.
Assim, também a reforma da Previdência e a atração de capital estrangeiro serão sempre defendidas quando o emitente da opinião, coincidentemente, estiver no Governo, sendo, porém, execradas quando o declarante, sempre coincidentemente, estiver na oposição.
Assim, também a reforma da Previdência e a atração de capital estrangeiro serão sempre defendidas quando o emitente da opinião, coincidentemente, estiver no Governo, sendo, porém, execradas quando o declarante, sempre coincidentemente, estiver na oposição.
Desse modo, quem hoje está na oposição condena
a dita reforma, e a entrada de investimento externo produtivo. Porém, o Governo petista defendeu a
necessidade de reformar a Previdência, e chegou a jactar-se de ser campeão na
arte de atrair capitais estrangeiros, ainda que especulativos. Não é preciso explicar as
coincidências.
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