terça-feira, 23 de janeiro de 2018

CRÔNICA - A Batalha de Porto Alegre (RMR)


A BATALHA
DE PORTO ALEGRE
Rui Martinho Rodrigues*



Aparecido Fernando de Brinkerhoff Torelly (1895 – 1971), o Barão de Itararé, o primeiro humorista político da imprensa carioca, ridicularizava o resultado do confronto entre rebeldes e legalistas que se posicionaram em Itararé, na divisa entre São Paulo e Paraná. Contingentes numerosos lutariam ali, em 1930.

Seria a maior batalha da América do Sul, segundo se anunciava. Um acordo entre os comandantes garantindo o emprego e as patentes selou a vitória dos rebeldes. A batalha incruenta ganhou o barão autonomeado, na pessoa do jornalista crítico referido.


Porto Alegre, à semelhança de Itararé, segundo se anuncia, será palco de importante batalha no dia vinte e quatro próximo vindouro. Nessa data, militantes importados do Paraguai, Uruguai e Argentina virão reforçar os ativistas nacionais  seguindo o exemplo antigo da importação de índios do Paraguai para reforçar a causa dos seus pares do Paraná; e trazidos do Pará, para ajudar em luta da mesma espécie no Ceará.

O lado antipetista também se mobiliza, desfraldando o verde e amarelo. O confronto se anuncia para depois do fato consumado. Os votos dos desembargadores já estão prontos, a ação judicial não irá terminar na data marcada, seja qual for a decisão da câmara criminal que julgará o ex-presidente Lula no TRF/4. Afinal, ainda cabem muitos recursos.


A mobilização de “efetivos” estrangeiros (mercenários ou devotos?) denota fraqueza do contingente nacional (como terá sido o financiamento disso?). Trata-se de um jogo de aparências, mais evidente do que o de Itararé. O ânimo combativo das partes não há de ir além do que se viu em 2013. A grande batalha dificilmente terá mais do que algumas latas de lixo incendiadas, alguns carros e vitrines danificados, além de alguns disparos de balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio  se tanto.

A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, disse, com outras palavras, que para prender o ex-presidente será preciso haver cadáveres.

Isso faz lembrar o diálogo do Coronel Chico Heráclito, célebre chefe político do sertão pernambucano, com um fiscal eleitoral:

– O senhor só fará fraude eleitoral passando por cima do meu cadáver – teria dito o fiscal.

– Tu lá tem cadáver! – respondeu o coronel. 

Aplicam-se as mesmas palavras ao discurso da senadora, que ainda não tem cadáver. Está torcendo que apareça um, ou mais. Mas, todavia, parece que tal coisa seja improvável.


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