DILMA
ROUSSEFF,
A
PRESIDENTA
Reginaldo Vasconcelos*
Reginaldo Vasconcelos*
Quando ainda pensávamos que Dilma Rousseff fosse de
fato e de direito presidente do Brasil, e a levávamos a sério, nos insurgimos contra o seu
decreto feminista informal de que a chamassem “presidenta”.
Seus tantos simpatizantes alegavam que o termo está
dicionarizado, como se isso indicasse estar correto. Os dicionários registram
usos encontradiços na literatura, tanto clássica como popular, sem abonar sua correção gramatical.
Todavia, agora que o País se encontra sem rumo e
sem metas, completamente à deriva, politicamente sequestrado por um grupo de
piratas que o parasita há doze anos, sodomizando moralmente o seu povo, vampirizando o erário, conspurcando a
dignidade da Nação perante o mundo, passamos a admitir que realmente nós não
temos Presidente.
Dilma Rousseff é mesmo “presidenta”, apodo infame
que serve agora para reduzi-la de Governante séria a mera “governanta” – forma
também dicionarizada com que se convencionou designar aquela senhora subalterna aos seus suseranos que comanda a criadagem das mansões.
Aliás, o feminismo e o machismo são dois lados da
mesma moeda, cunhada no pior latão antropológico, pelos que não se sentem
confortáveis dentro do gênero a que pertencem. Os que são machos na essência
não carecem de nenhum movimento social em seu favor, e as que são genuínas
fêmeas vivem cercadas de carinho e de atenções por seus opostos, em nada lhes
incomodando os sutiãs.
Os(as) feministas, especificamente, esses (e essas) não têm plano de voo para um objetivo definido. Uma hora pugnam pela absoluta
igualdade entre mulheres e homens, na linha Betty
Friedan, no sentido de que se confundam as duas classes e que elas se
uniformizem em todos os direitos e deveres; outra hora requerem regalias e tratamento especial para as mulheres, levantando
simbolicamente a bandeira francesa com aquele dístico jocoso: "vive la
differénce".
Essa confusão de teses opostas, que convivem na esquizofrenia feminista,
se observa principalmente no discurso que os seus adeptos propõem,
principalmente na prosopopeia que praticam. Por exemplo, obrigam o orador a enfatizar “a
todos e a todas”, sempre que se refere ao público indistinto, como se elas e
eles não se pudessem misturar.
Mas, por outro lado, para referir àquela que escreve poemas,
proscreveram a bela palavra “poetisa”, que as distingue – étimo devidamente
dicionarizado e absolutamente escorreito – agora impondo confundirem-se ambos
os sexos com um único adjetivo: o masculino “poeta”.
Entretanto, contrario sensu, Dilma quer ser “presidenta”, e é obedecida pelos varões desvairados e pelas desgraciosas viragos que a cercam – e, nas Forças Armadas, as “militaras” querem ser “soldadas”, “sargentas”,
“tenentas”, “majoras”, “coronelas”... Ora bolas! Mulheres são mulheres e homens
são homens, não se confundem nunca, e não se precisam distinguir pela flexão
gramatical.
O que interessa a todos (e a todas) é a distinção essencial entre
sábios e tolos, entre honestos e ladrões. Para as mulheres, em sua particular psicologia, importa mais a diferença
entre gordas e magras, entre feias e bonitas, entre bem-amadas e encalhadas. O resto é perfumaria ideológica.
NOTA
DO EDITOR:
A língua é dinâmica, e não é proibido
criar neologismos. Tudo que a lei não proíbe é tacitamente permitido. Assim, o
adjetivo “presidente”, ao ser substantivado, pode ir ao feminino (e ao masculino), como
acontece, por convenção idiomática, com o termo “governanta”, citado na matéria
publicada.
Assim, no caso da futebolista brasileira
Marta, que no time é atacante, poderia ela passar a ser chamada de Atacanta
Marta?. Em tese, sim. Necessário? Não. E “o que não é preciso fazer, é
preciso não fazer”, para citar o pensador romano Públio Siro. Imagine-se um presidente querer que o chamem "presidento".
Então, para adotar uma inovação
desnecessária, pacificamente, a pessoa precisa gozar de alguma autoridade
filológica – autoridade essa que não assiste a Dilma Rousseff. Com essa arbitrariedade
linguística, ela apenas produziu uma gag, que serve para distinguir seus seguidores
dos cidadãos livres do País, os quais se recusam a obedecê-la. Por exemplo, falando
à CPI da Petrobrás, um governista, no mesmo discurso, se referiu à Presidenta
Dilma e à Presidente Graça Foster. Não são mulheres todas duas?
O protesto dos intelectuais e a
resistência da imprensa independente não se funda, portanto, em purismo
linguístico, mas na motivação feminista que fez Dilma Rousseff tentar impor ao
povo uma forma particular e inusual de ser chamada, atitude própria dos
ditadores em geral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário