A SECA
Rui Martinho Rodrigues*
O
centenário da seca do quinze é um ano de seca. Não temos o deslocamento de
populações; epidemias; saques de cidades e outras tragédias que acompanhavam os
anos de baixa pluviosidade.
A
população rural já não migra. Extinguiu-se. Moradores das fazendas mudaram-se
para as cidades. Não temos economia rural. A cotonicultura acabou e não foi
substituída, como a carnaúba e a oiticica. A pecuária ficou reduzida a uma
proporção diminuta.
As
epidemias desapareceram por falta das grandes migrações de flagelados que
propiciavam doenças extintas pela imunização e demais fatores ligados à
modernidade.
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Hoje
não são criadas frentes de serviço de emergência, como eram chamadas as obras destinadas a
oferecer emprego aos rurícolas sem roça, desempregados pela seca. A assistência
social não oferece oportunidade de trabalho. O consumo proporcionado por tal
forma de assistência se encerra nele mesmo. Não investe nem não prestigia a
cultura do trabalho. Não restam açudes, nem poços, nem estradas após a seca.
A
transposição do S. Francisco não veio. O custo comparado entre ela e a
dessalinização nunca foi divulgado. Agora, com as grandes empreiteiras
envolvidas na Lava Jato é improvável que a tal transposição aconteça, logo em
época de ajuste fiscal. O turismo voltado para sexo e drogas, limitado pela
sazonalidade, é a única novidade, depois que as culturas tradicionais
desapareceram.
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As
represas Castanheiro e Aurora, no rio Salgado, poderiam fazer grande parte do
que a transposição do S. Francisco faria, por um custo muito menor. Construí-las
ensejaria empregos, injeção de recursos com as indenizações e o fornecimento para
as obras, além de permitir uma grande provisão do líquido que nos falta nas
secas. Até o Fronteiras, que esteve prestes a ser iniciado, foi esquecido.
A
crise, além de política, moral e política, é também uma crise de falta de
planejamento.
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