sexta-feira, 21 de agosto de 2015

ARTIGO - A Esquizofrenia Brasileira (RV)


A ESQUIZOFRENIA BRASILEIRA
Reginaldo Vasconcelos*


Já houve protestos de entidades médicas politicamente corretas contra a aplicação do adjetivo “esquizofrênico” como recurso de linguagem. Para eles, precisam-se respeitar as vítimas dessa patologia psíquica, em vez de ridicularizar sua condição, usando metáforas descabidas.

Besteira. O que marca a esquizofrenia é a contorção da lógica que o doente manifesta, a composição de uma realidade da qual pode fazer parte o irreal – na verdade o surrealismo de seu pensamento e de seus atos – tudo isso encaixado em uma falsa aparência de higidez e harmonia. E nada proíbe que certas circunstâncias da vida sejam tratadas de esquizofrênicas, quando a sua estrutura fática tenha tais características.

Por exemplo, a esquerda brasileira vive neste momento uma conduta esquizofrênica, quando defende o governo petista, protestando veementemente contra as suas diretrizes. E quando brada por democracia, enquanto se mantém aliada a ditaduras mundo afora – na Ásia, na África, nas Américas. Somente Salvador Dali poderia conceber um quadro assim.

Dilma jogou o País no caos absoluto, com sua administração desastrada, mas os seus partidários dizem, de forma esquizofrênica, que a culpa da crise é do resto do mundo, cujos problemas não têm nada a ver conosco – e até do outro mundo, porque São Pedro manda chuva demais, ou porque nos impõe uma estiagem – como se essas não fossem apenas circunstâncias adversas previsíveis, para as quais o País deveria ter se prevenido e precatado, se houvesse vida inteligente no Planalto.

Não. Na verdade, a causa da crise é a política externa equivocada, com foco em cupincharia ideológica; é a subversão da economia nacional, com vistas à manutenção de um projeto de poder; é a prioridade à indigente “agricultura familiar”, em detrimento da agroindústria, esta, sim, meio de produção de empregos, de impostos, de divisas, de riqueza.

Enfim, a causa da nossa miséria é a inversão de valores que o governo praticou, premiando a isegoria, em vez de buscar a isonomia e a isotimia. Significa dizer que não vigorou em suas políticas a valorização do maior mérito, nem da igualdade geral perante a lei, mas apenas da força da massa ignara votante, o que é uma distorção do sentido de democracia e de república.

O partido político do Governo tem seus expoentes máximos e seus tesoureiros condenados e presos por improbidade indefensável, e assim mesmo a sigla continua arrotando honradez e honestidade, se dizendo vítima de elites brancas, de perseguição da imprensa livre e daqueles (milhões) que não se conformam com a ascensão de um operário à Presidência da República.

Mentira. Repete-se com insistência que pedra não é pedra e que pau não é pau, contra toda a evidência, para iludir as miríades de cegos de saber e de aleijados morais que se difundem pela massa, na presunção de que a mentira possa afinal se impor e prosperar contra a verdade, segundo acreditava o nazista Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, o qual, enfim, com essa tese, se inseriu na galeria histórica dos maiores idiotas do Universo.      

Defendem também os áulicos do Inri Cristo petista que a partir de seu primeiro governo milhões de pobres adentraram a classe média, quando na verdade estes apenas se tornaram reféns de sextas básicas e de bolsas famílias, em estado “nem-nem”, portanto sem trabalhar nem estudar – contanto que mantenham o partido no poder votando nele, para que seus caciques fiquem ricos, e enriqueçam os filhos, estes sim, exemplos de excepcional mobilidade social.

Dilma e a escola de samba Unidos do Absurdo dizem que falar em impeachment nesta hora seria “golpismo”, e hasteiam a bandeira da democracia em sua defesa. Na verdade, a impugnação de um mandato presidencial por crime de responsabilidade é expressamente prevista na Constituição Federal, e portanto nada tem a ver com golpe político, nem com “terceiro turno” eleitoral, e portanto não fere a democracia nem de longe.

O impeachment de Dilma é uma possibilidade legítima e real, e nós temos precedente  recente, de quando Fernando Collor foi afastado da presidência, de forma institucional e republicana.  O processo contra a Dilma será instaurado logo que o Tribunal de Contas da União anuncie o trânsito em julgado da sua sentença por crime de fraude fiscal, as tais “pedaladas”, já perfeitamente configurado contra ela.

A conduta ilícita da Presidente já foi confirmada pelos fatos, de modo que o tempo cedido à sua defesa corresponde apenas a uma prerrogativa formal, considerando-se a possibilidade hipotética de que ela apresente alguma circunstância "excludente de ilicitude". Mas isso é quase impossível, pois na verdade o objetivo das pedaladas foi meramente eleitoreiro, visando iludir a Nação, o que as qualifica pelo torpeza do motivo. 

Não vigora o argumento defensivo de que outros praticaram peladas fiscais impunemente no passado, porque um erro não justifica outro. Não fosse assim, o precedente de Jack o Estripador elidiria a culpa do Chico Picadinho e do Maníaco do Parque. Não. Não é assim que funciona a ciência criminal.  

Porém, como Lula da Silva, o grande mentor do partido, ainda continua incólume em sua blindagem, enquanto se denuncia o Deputado desafeto Eduardo Cunha, poupando-se até agora o Senador que apoia o Governo, ambos inquinados no mesmo escândalo financeiro, não se pode esperar coerência dos tribunais e de outros estamentos judiciários do País. Pode ser que continuem a derreter relógios e a produzir elefantes voadores.  

Daí dizer-se do exotismo deste Brasil do carnaval, em que há padres agnósticos, magnatas comunistas, prostitutas orgásticas e bandidos federais. Que Deus se apiade de nossas almas!

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