A ESQUIZOFRENIA BRASILEIRA
Reginaldo Vasconcelos*
Já houve protestos de entidades médicas
politicamente corretas contra a aplicação do adjetivo “esquizofrênico” como
recurso de linguagem. Para eles, precisam-se respeitar as vítimas dessa
patologia psíquica, em vez de ridicularizar sua condição, usando metáforas
descabidas.
Besteira. O que marca a esquizofrenia é a
contorção da lógica que o doente manifesta, a composição de uma realidade da
qual pode fazer parte o irreal – na verdade o surrealismo de seu pensamento e
de seus atos – tudo isso encaixado em uma falsa aparência de higidez e
harmonia. E nada proíbe que certas circunstâncias da vida sejam tratadas de
esquizofrênicas, quando a sua estrutura fática tenha tais características.
Por exemplo, a esquerda brasileira vive neste
momento uma conduta esquizofrênica, quando defende o governo petista,
protestando veementemente contra as suas diretrizes. E quando brada por democracia,
enquanto se mantém aliada a ditaduras mundo afora – na Ásia, na África, nas
Américas. Somente Salvador Dali poderia conceber um quadro assim.
Dilma jogou o País no caos absoluto, com
sua administração desastrada, mas os seus partidários dizem, de forma
esquizofrênica, que a culpa da crise é do resto do mundo, cujos problemas não
têm nada a ver conosco – e até do outro mundo, porque São Pedro manda chuva
demais, ou porque nos impõe uma estiagem – como se essas não fossem apenas
circunstâncias adversas previsíveis, para as quais o País deveria ter se prevenido
e precatado, se houvesse vida inteligente no Planalto.
Não. Na verdade, a causa da crise é a
política externa equivocada, com foco em cupincharia ideológica; é a
subversão da economia nacional, com vistas à manutenção de um projeto de poder; é a prioridade à indigente “agricultura familiar”, em detrimento da
agroindústria, esta, sim, meio de produção de empregos, de impostos, de divisas, de riqueza.
Enfim, a causa da nossa miséria é a
inversão de valores que o governo praticou, premiando a isegoria, em vez de
buscar a isonomia e a isotimia. Significa dizer que não vigorou em suas
políticas a valorização do maior mérito, nem da igualdade geral perante a lei,
mas apenas da força da massa ignara votante, o que é uma distorção do sentido
de democracia e de república.
O partido político do Governo tem seus
expoentes máximos e seus tesoureiros condenados e presos por improbidade
indefensável, e assim mesmo a sigla continua arrotando honradez e honestidade,
se dizendo vítima de elites brancas, de perseguição da imprensa livre e
daqueles (milhões) que não se conformam com a ascensão de um operário à
Presidência da República.
Mentira. Repete-se com insistência que
pedra não é pedra e que pau não é pau, contra toda a evidência, para iludir as
miríades de cegos de saber e de aleijados morais que se difundem pela massa, na
presunção de que a mentira possa afinal se impor e prosperar contra a verdade,
segundo acreditava o nazista Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler,
o qual, enfim, com essa tese, se inseriu na galeria histórica dos maiores
idiotas do Universo.
Defendem também os áulicos do Inri Cristo
petista que a partir de seu primeiro governo milhões de pobres adentraram a
classe média, quando na verdade estes apenas se tornaram reféns de sextas
básicas e de bolsas famílias, em estado “nem-nem”, portanto sem trabalhar nem
estudar – contanto que mantenham o partido no poder votando nele, para que seus
caciques fiquem ricos, e enriqueçam os filhos, estes sim, exemplos de
excepcional mobilidade social.
Dilma e a escola de samba Unidos do Absurdo
dizem que falar em impeachment nesta
hora seria “golpismo”, e hasteiam a bandeira da democracia em sua defesa. Na
verdade, a impugnação de um mandato presidencial por crime de responsabilidade
é expressamente prevista na Constituição Federal, e portanto nada tem a ver com
golpe político, nem com “terceiro turno” eleitoral, e portanto não fere a
democracia nem de longe.
O impeachment
de Dilma é uma possibilidade legítima e real, e nós temos precedente recente, de quando Fernando Collor foi afastado da presidência, de
forma institucional e republicana. O
processo contra a Dilma será instaurado logo que o Tribunal de Contas da União anuncie
o trânsito em julgado da sua sentença por crime de fraude fiscal, as tais “pedaladas”,
já perfeitamente configurado contra ela.
A conduta ilícita da Presidente já foi
confirmada pelos fatos, de modo que o tempo cedido à sua defesa corresponde
apenas a uma prerrogativa formal, considerando-se a possibilidade hipotética de
que ela apresente alguma circunstância "excludente de ilicitude". Mas isso é
quase impossível, pois na verdade o objetivo das pedaladas foi meramente eleitoreiro, visando iludir a Nação, o que as
qualifica pelo torpeza do motivo.
Não vigora o argumento defensivo de que outros praticaram peladas fiscais impunemente no passado, porque um erro não justifica outro. Não fosse assim, o precedente de Jack o Estripador elidiria a culpa do Chico Picadinho e do Maníaco do Parque. Não. Não é assim que funciona a ciência criminal.
Porém, como Lula da Silva, o grande mentor
do partido, ainda continua incólume em sua blindagem, enquanto se denuncia o
Deputado desafeto Eduardo Cunha, poupando-se até agora o Senador que apoia o Governo,
ambos inquinados no mesmo escândalo financeiro, não se pode esperar coerência
dos tribunais e de outros estamentos judiciários do País. Pode ser que continuem a derreter relógios e a produzir elefantes voadores.
Daí dizer-se do exotismo deste Brasil do
carnaval, em que há padres agnósticos, magnatas comunistas, prostitutas
orgásticas e bandidos federais. Que Deus se apiade de nossas almas!
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