NO CENTRO DA CIDADE
Totonho Laprovitera*
Totonho Laprovitera*
Muito grudado ao meu pai, eu dava o maior valor acompanhá-lo por onde quer que fosse. Durante a semana, quando permitido me era, depois de fazer o dever de casa, eu me mandava ao Centro da cidade para frequentar o consultório dele. Aí, eu me reservava a uma saleta contígua a do atendimento e ficava só inventando o que fazer com os bregueços disponíveis.
No anuviado final do dia, quando chegava a hora de irmos embora pra casa, voltávamos na enxuta Kombi branca falando sobre as coisas da vida e escutando aqueles programas de rádio que, apesar de melancólica inspiração, eram abarrotados de animados forrós e diversos recados.
Já aos sábados, íamos ao
armazém do Tio Raimundo, na rua Governador Sampaio, onde reinava a animação!
Lembro da antiga mesa de trabalho, logo na entrada, entre sacas de arroz,
feijão e farinha, sendo desocupada para se tornar campo de futebol de botão, do
disputado campeonato organizado pelo primo Raimundinho.
Com meu pai, na estreita
calçada, quantas vezes sentei-me na coxia para chupar picolé de morango, coco
ou castanha, enquanto reparava passar uma faceira e emperequetada vendedora de
café, segurando em uma mão o bule enrolado em pano de retalho de chita e,
noutra, os bem lavados copos americanos metidos um no outro.
Às vezes, eu ainda era levado pelos mais velhos ao bar da rua. Enquanto eles bebiam cerveja, eu tomava refrigerante, beliscava uns oleosos, gordos e salgados tira-gostos, prestando atenção nos chapeados que davam cachaça ao santo, viravam o copo e cuspiam rajado no pé do balcão, revelando o mascar de fumo de rolo.
Às vezes, eu ainda era levado pelos mais velhos ao bar da rua. Enquanto eles bebiam cerveja, eu tomava refrigerante, beliscava uns oleosos, gordos e salgados tira-gostos, prestando atenção nos chapeados que davam cachaça ao santo, viravam o copo e cuspiam rajado no pé do balcão, revelando o mascar de fumo de rolo.
Era assim. Depois eu conto
mais.
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