RICARDO GUILHERME LEVA
O BOTICÁRIO FERREIRA
Na
noite desta quinta-feira, 01 de outubro, a Câmara de Vereadores de Fortaleza
concedeu a Medalha Boticário Ferreira ao poeta, jornalista, literato e artista
cênico Ricardo Guilherme, coincidindo a homenagem com o seu aniversário de 60
anos de vida e com as comemorações de seus 45 anos de teatro.
A
Medalha Boticário Ferreira – cujo paraninfo é o farmacêutico que elaborou o
primeiro traçado urbanístico do centro histórico da Cidade – é a maior honraria
que a edilidade da Capital instituiu, destinada a agraciar os mais destacados
cidadãos de Fortaleza que tenham a ela dedicado o seu gênio e o seu engenho.
Ricardo
Guilherme Vieira da Silva, nas artes Ricardo Guilherme, é de fato um dos
maiores talentos que o Ceará já produziu, na linha de José de Alencar, de Clóvis
Beviláqua, de Helder Câmara, de Rachel de Queiroz, de Patativa do Assaré, de Aldemir
Martins, de Chico Anísio, de José Wilker, de Raimundo Fagner...
Diferentemente
dos supracitados, Ricardo não alcançou o estrelato nacional porque, a despeito
de haver corrido o mundo com sua arte, sempre muito premiado, nunca se quis fixar no eixo Rio-São Paulo,
centro irradiador da cultura no País.
Como
se sabe, sem demandar ao “Sul-Maravilha” os grandes nomes locais se restringem
ao aplauso e ao reconhecimento de seus coestaduanos – ainda que registrados no
rol histórico dos maiores ícones nacionais em suas áreas específicas.
Ricardo
Guilherme vive das letras e das artes, com elas e para elas, desde a sua
adolescência – poeta, radialista, jornalista, pesquisador, museólogo, ator (teatro, televisão e cinema),
dramaturgo, escritor, apresentador de televisão, professor de teatro –
qualificações conquistadas pela prática efetiva, de forma empírica e
autodidática, com espantoso brilhantismo.
Criou grupos de atores, clubes de poesia, fez rádio-teatro, publicou livros, escreveu peças magníficas, e com uma delas – "Apareceu a Margarida" – correu o País e o Planeta com um sucesso retumbante. Foi sua a primeira elocução da TV Educativa do Ceará, anunciando a sua transmissão inaugural, primeira luz no cristal da emissora. Teve a sua própria casa de espetáculos em Fortaleza, e desenvolveu uma forma inovadora de dramaturgia, chamada de "Teatro Radical", que procura a radicalidade cultural e antropológica brasileira e o radicalismo do fenômeno teatral.
Os diplomas formais (nacionais e internacionais) de Ricardo Guilherme sobrevieram pela via do reconhecimento público de seu
inestimável valor, de seu notável saber, de sua grande expressividade cênica, de seu notório descortino, de seu
gênio adventício e criativo – jamais tendo recorrido ele aos títulos universitários como meras
credenciais por teoria acumulada – ele que hoje é professor de teatro na Universidade Federal, e vem formando gerações.
A
propositura da outorga da Medalha Boticário Ferreira ao grande artista foi dos
Vereadores Toínha Rocha e João Alfredo,
que lhe dirigiram saudações – ela que é neta de J. Cabral, grande precursor do
teatro popular cearense, o qual Ricardo Guilherme não conheceu em vida, mas de
quem coligiu um grande acervo histórico, que hoje se integra ao museu das artes
cênicas criado pelo próprio Ricardo, e que leva seu nome, na Universidade
Federal do Ceará.
Ricardo
Guilherme é membro fundador da ACLJ, integrado ao grupo inaugural da Academia
pelo titular Reginaldo Vasconcelos, seu amigo de infância, que portanto foi
testemunha privilegiada da vertiginosa ascensão intelectual e artística que ele
empreendeu em sua trajetória de vida, e como poucos pode avalizar seus grandes
méritos.
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