AGORA, A
SAUDADE.
Reginaldo
Vasconcelos*

Havia muitos anos participava da Diretoria de Jornalismo do Sistema Verdes Mares de
Comunicação. Apresentava noticiosos no rádio e na TV e assinava sua coluna
política no jornal, conduzindo-se com tamanhas simpatia e elegância que se
tornou um ícone da vida social desta cidade.

Eu
acabara se sair do velório ontem à noite quando fui abordado pelo empresário
Tarcísio Pedrosa, que tem uma butique de carnes na Antônio Sales, e que mora
nas proximidades da residência de Edilmar. Ele quis manifestar o seu pesar pelo
ocorrido, e dizer de suas impressões.
“Eu
entendo de futebol” – disse-me ele. “E sempre achei que ninguém tinha
comentários mais proficientes sobre o tema que Edilmar Norões, ao analisar as táticas e as
estratégias postas em práticas pelos times locais. Ele vai fazer falta como
cientista político, mas também como analista desportivo" – embora, digo eu, neste campo
tenha ele feito um eficiente sucessor, na pessoa do filho Paulo César, jornalista
especializado em esportes.

Contou-me
que certa feita, funcionário modesto, procurara o diretor da emissora para dizer que casara, tinha
que montar a casa, e que precisava de um empréstimo. “Vou resolver o seu
problema”, respondeu-lhe Edilmar – e no dia seguinte o crédito pretendido já lhe estava na conta bancária.
Discursos
humildes e comovidos que se proferiram hoje ao pé do túmulo, dentre outros mais
eruditos, também traziam narrativas sobre o espírito solidário de Edilmar
Norões, que recebia a todos com um sorriso, e procurava ajudar como podia.
Mesmo
o padre celebrante da missa de corpo presente contou em seu sermão que costumava
procurar o jornalista em seu gabinete, pedindo apoio para suas obras pias, sendo
sempre acatado e atendido. Enfim, o signo da vida desse homem era de fato a generosidade
e a presteza.
Um belíssimo fato insólito: o cortejo que levou o féretro ao cemitério Parque da Paz fez uma parada defronte
o prédio do Sistema Verdes Mares, na Aldeota, momento em que todos os seus funcionários tomaram
as calçadas para aplaudir o chefe, o colega, o amigo estimado.
No
ato tenso do sepultamento, diante da família contristada – sua mulher Lucila, filhos, filhas, genros, noras e netos – após as falas do acadêmico Roberto Moreira, Diretor
da TV Diário, fiz um rápido discurso, em nome da Academia e em meu nome, que
tinha por ele muita admiração e muito afeto.
Frisei que nossa
instituição cultua a memória, de modo que para nós Edilmar Norões não morre nunca, mas
apenas, por ato de Deus, foi promovido para o nosso mais sublime panteão. E,
seguindo uma tradição acelejana, recitei em latim a oração do Padre Nosso.

Na oportunidade, sob a Presidência de Honra do Senador Cid Carvalho, será declarada vaga a cadeira vitalícia, e aberta a sucessão mortis causa da sua titularidade. O filho de Edilmar, o jornalista Paulo César Norões, é candidato natural, caso aceite concorrer.
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