sábado, 17 de outubro de 2015

ARTIGO - Entregue às Baratas (RV)

ENTREGUE ÀS BARATAS
Reginaldo Vasconcelos*

O Arnaldo Jabor termina um comentário gravado esta semana dizendo que não há mais o que comentar sobre a política no Brasil, porque tudo está visto, tudo já foi dito, e tudo está perdido. E ele se despede com a expressão “Bye, Bye, Brasil”, nome de um filme brasileiro que já utilizei neste Blog em título de artigo sobre a crise que vivemos.

De fato, o País está politicamente sequestrado por uma gangue de bandidos (e bandidas – como proferem enfatizar, por redundância feminista, os modernosos corretistas). 


Como todo sequestrado, o Brasil está entregue às baratas, sem o povo poder confiar em ninguém que componha qualquer dos três Poderes da República.

Em Brasília, uma versão engravatada do PCC enfrenta presentemente uma facção adversária, diante das “câmaras de segurança” da TV, cada um dos integrantes dessa guerra brandido as armas do cinismo, da mentira, do desmentido deslavado.
  
SAINDO LADRÕES PELO LADRÃO

A República apodreceu, e estão saindo ladrões pelo ladrão – em analogia àquele termo de engenharia relativo ao cano que dispensa o excesso de água, para evitar que os reservatórios se transbordem.  

Cada um dos ladrões palacianos que vaza para a mídia vai cantando vitória contra o resto, de braço erguido e punho fechado, ora negando a crise aguda e obvia que ajudou a causar, ora se dizendo inocente quanto a ela. Então, diria o povo – como dizia o sitiante espoliado contra os vizinhos cavilosos: “Todo mundo é muito bom, mas as minhas galinhas estão se sumindo”.

E o povo todo está em estado de choque, como que anestesiado diante da realidade dolorosa. Alguns poucos, como se fossem zumbis, ainda andam pelas ruas, pelas rodas sociais, pelas colunas da mídia, repetindo as últimas frases que disseram quando politicamente estavam vivos:

O Lula não sabia de nada”, “a Dilma é toda dignidade e inocência”; “o PT tirou milhões da linha da pobreza na direção da classe média”.

Dentre esses resistentes, alguns o são porque têm dificuldade de abandonar as velhas e gradas convicções, enquanto outros apresentam a sintomatologia da síndrome de Estocolmo, que se manifesta quando as vítimas de sequestro passam a defender e colaborar com os seus próprios algozes. 

Enquanto isso, os beneficiários das fraudes e protagonistas dos escândalos repetem absurdos travestidos de verdade, muitos deles controvertidos, para manter os ingênuos e os simples sob o transe alienante da hipnose ideológica:

“Não recebi dinheiro ilícito”; “os delatores estão mentindo quanto a mim”; “não tenho contas na Suíça”; “é preciso que apresentem provas concretas”; “todas as doações foram legais”; “a crise vem de fora”; “o TCU é incompetente e corrupto”; “o pedido de impeachment é tentativa de golpe democrático”; as pedaladas foram feitas para garantir programas sociais... 

Enquanto isso, alguém que oficialmente não é mais nada no organograma do Governo – em que entrou humilde e pobre, e de que saiu um arrogante magnata, assevera enfaticamente: “Meu filho ficou milionário de repente porque tem um excepcional talento para os negócios”; “não houve pedaladas fiscais”; “todos os governos anteriores fizeram a mesma coisa”. “Dei palestras a peso de ouro e fiz lobby internacional no interesse das empresas brasileiras”.

É. Todo mundo é muito bom, mas o dinheiro sumiu, a crise está instalada, a inflação voltou, as estatais estão falidas e o País perde conceito e credibilidade no concerto das nações. E o partido que está há mais de doze anos no poder alega que não tem nada a ver com isso. Pode?

Mas sobre a tese de que a Dilma é vítima, pode-se até admitir que, como pessoa, ela tenha sido “inocente útil”, desde quando se envolveu com terroristas e ingressou na luta armada, no desiderato de transformar o Brasil em uma ditadura comunista.

Debalde, Dilma perdeu a juventude, amargou prisão e tortura, tudo por uma causa natimorta. Depois, feita a abertura política e restaurada a democracia por agentes da direita, ao ascenderem as esquerdas ao poder, democraticamente, Dilma foi convidada a integrar a administração pública estadual no seu Rio Grande, depois na esfera federal, em Brasília, em retribuição dos “companheiros” por seu passado tortuoso.

E, novamente vitimada pelo destino, ela se vê hoje a caminho de uma velhice vergonhosa, na pele de quem levou o seu País à bancarrota. Isso porque, do ponto de vista institucional, até pela “teoria do domínio do fato”, nada a pode socorrer: ela é inteiramente culpada pelos desmandos que tinha poder para evitar, mas não evitou.

É verdade que, em Direito Penal, segundo a constituição, a culpa não passa da pessoa do agente, de modo que sósias e homônimos não se vinculam entre si criminalmente, os pais não respondem pelos atos ilícitos dos filhos capazes, nem um cônjuge é responsável pelos crimes do outro, muito menos vizinhos, amigos, colegas de trabalho, podem ser inculpados por qualquer coisa que cada qual faça de errado.

Porém, por exemplo, se os adolescentes de uma família são prostitutas e ladrões, e com o produto de sua atividade sustentam a família, não podem os seus genitores se eximirem de culpa, alegando ignorância. Se sabiam, prevaricaram de forma comissiva; se não sabiam, cometeram omissão culposa.

Do mesmo modo, os superiores hierárquicos são responsáveis pelos ilícitos funcionais de seus comandados. Dilma foi Ministra de Minas e Energia, foi Presidente do Conselho Administrativo da Petrobrás, e, finalmente, Presidente da República, enquanto espoliavam a petroleira. Desenganadamente, neste caso, o veredito é de culpada.

O País já fez esse julgamento, e as pesquisas de popularidade o demonstram. O mundo também já deu a sentença condenatória, e as agências internacionais de classificação de risco de crédito são a régua desse fato. Agora, a confiança e a credibilidade só retornam quando Dilma e a sua doença, chamada “petismo”, forem extirpadas dos palácios da República. 


COMENTÁRIO:

E aí, é de se perguntar: que país é este, que  institucionaliza como método de governo a mentira?: “Eu não sei, eu não sabia, núncia ouvi falar. E fica por isso. É uma vergonha.


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