ENTREGUE ÀS BARATAS
Reginaldo Vasconcelos*
O Arnaldo Jabor termina um comentário
gravado esta semana dizendo que não há mais o que comentar sobre a política no
Brasil, porque tudo está visto, tudo já foi dito, e tudo está perdido. E ele se
despede com a expressão “Bye, Bye, Brasil”, nome de um filme brasileiro que já
utilizei neste Blog em título de artigo sobre a crise que vivemos.
De fato, o País está politicamente
sequestrado por uma gangue de bandidos (e bandidas – como proferem enfatizar, por
redundância feminista, os modernosos corretistas).
Como todo sequestrado, o Brasil está entregue às baratas, sem o povo poder confiar em ninguém que componha qualquer dos três Poderes da República.
Como todo sequestrado, o Brasil está entregue às baratas, sem o povo poder confiar em ninguém que componha qualquer dos três Poderes da República.
Em Brasília, uma versão engravatada do PCC
enfrenta presentemente uma facção adversária, diante das “câmaras de segurança”
da TV, cada um dos integrantes dessa guerra brandido as armas do cinismo, da
mentira, do desmentido deslavado.
SAINDO LADRÕES PELO LADRÃO
A República apodreceu, e estão saindo
ladrões pelo ladrão – em analogia àquele termo de engenharia relativo ao cano
que dispensa o excesso de água, para evitar que os reservatórios se
transbordem.
Cada um dos ladrões palacianos que vaza
para a mídia vai cantando vitória contra o resto, de braço erguido e punho
fechado, ora negando a crise aguda e obvia que ajudou a causar, ora se dizendo
inocente quanto a ela. Então, diria o povo – como dizia o sitiante espoliado
contra os vizinhos cavilosos: “Todo mundo
é muito bom, mas as minhas galinhas estão se sumindo”.
E o povo todo está em estado de choque,
como que anestesiado diante da realidade dolorosa. Alguns poucos, como se
fossem zumbis, ainda andam pelas ruas, pelas rodas sociais, pelas colunas da
mídia, repetindo as últimas frases que disseram quando politicamente estavam
vivos:
“O Lula
não sabia de nada”, “a Dilma é toda dignidade e inocência”; “o PT tirou milhões
da linha da pobreza na direção da classe média”.
Dentre esses resistentes, alguns o são
porque têm dificuldade de abandonar as velhas e gradas convicções, enquanto
outros apresentam a sintomatologia da síndrome de Estocolmo, que se manifesta
quando as vítimas de sequestro passam a defender e colaborar com os seus
próprios algozes.
Enquanto isso, os beneficiários das fraudes
e protagonistas dos escândalos repetem absurdos travestidos de verdade, muitos
deles controvertidos, para manter os ingênuos e os simples sob o transe
alienante da hipnose ideológica:
“Não recebi dinheiro ilícito”; “os delatores estão mentindo quanto a mim”;
“não tenho contas na Suíça”; “é preciso que apresentem provas concretas”; “todas as doações
foram legais”; “a crise vem de fora”; “o TCU é incompetente e corrupto”; “o
pedido de impeachment é tentativa de golpe democrático”; “as pedaladas foram feitas para garantir programas sociais...”
Enquanto isso, alguém que oficialmente não
é mais nada no organograma do Governo – em que entrou humilde e pobre, e de que
saiu um arrogante magnata, assevera enfaticamente: “Meu filho ficou milionário de repente porque tem um excepcional talento
para os negócios”; “não houve pedaladas
fiscais”; “todos os governos anteriores fizeram a mesma coisa”. “Dei palestras a
peso de ouro e fiz lobby internacional no interesse das empresas brasileiras”.
É. Todo mundo é muito bom, mas o dinheiro
sumiu, a crise está instalada, a inflação voltou, as estatais estão falidas e o
País perde conceito e credibilidade no concerto das nações. E o partido que
está há mais de doze anos no poder alega que não tem nada a ver com isso. Pode?
Mas sobre a tese de que a Dilma é vítima, pode-se
até admitir que, como pessoa, ela tenha sido “inocente útil”, desde quando se
envolveu com terroristas e ingressou na luta armada, no desiderato de
transformar o Brasil em uma ditadura comunista.
Debalde, Dilma perdeu a juventude, amargou
prisão e tortura, tudo por uma causa natimorta. Depois, feita a abertura
política e restaurada a democracia por agentes da direita, ao ascenderem as
esquerdas ao poder, democraticamente, Dilma
foi convidada a integrar a administração pública estadual no seu Rio Grande,
depois na esfera federal, em Brasília, em retribuição dos “companheiros” por seu
passado tortuoso.
E, novamente vitimada pelo destino, ela se
vê hoje a caminho de uma velhice vergonhosa, na pele de quem levou o seu País à
bancarrota. Isso porque, do ponto de vista institucional, até pela “teoria do
domínio do fato”, nada a pode socorrer: ela é inteiramente culpada pelos
desmandos que tinha poder para evitar, mas não evitou.
É verdade que, em Direito Penal, segundo a
constituição, a culpa não passa da pessoa do agente, de modo que sósias e
homônimos não se vinculam entre si criminalmente, os pais não respondem pelos
atos ilícitos dos filhos capazes, nem um cônjuge é responsável pelos crimes do
outro, muito menos vizinhos, amigos, colegas de trabalho, podem ser inculpados por qualquer coisa que cada
qual faça de errado.
Porém, por exemplo, se os adolescentes de
uma família são prostitutas e ladrões, e com o produto de sua atividade
sustentam a família, não podem os seus genitores se eximirem de culpa, alegando
ignorância. Se sabiam, prevaricaram de forma comissiva; se não sabiam,
cometeram omissão culposa.
Do mesmo modo, os superiores hierárquicos
são responsáveis pelos ilícitos funcionais de seus comandados. Dilma foi
Ministra de Minas e Energia, foi Presidente do Conselho Administrativo da
Petrobrás, e, finalmente, Presidente da República, enquanto espoliavam a
petroleira. Desenganadamente, neste caso, o veredito é de culpada.
O País já fez esse julgamento, e as pesquisas de popularidade o
demonstram. O mundo também já deu a sentença condenatória, e as agências internacionais
de classificação de risco de crédito são a régua desse fato. Agora, a confiança e a
credibilidade só retornam quando Dilma e a sua doença, chamada “petismo”, forem
extirpadas dos palácios da República.
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