domingo, 26 de agosto de 2018

ARTIGO - Soluções Para a Economia


SOLUÇÕES
PARA A ECONOMIA

O REINO DA
A ALAVANCA MÁGICA
QUE NÃO REQUER
PONTO DE APOIO
Reginaldo Vasconcelos*



Existe a verba, Senhor Deputado, mas não há dinheiro”. (Resposta recorrente do Ministro Santiago Dantas aos  parlamentares, em 1963)


Uma emissora de televisão tem entrevistado os assessores econômicos dos atuais presidenciáveis, seus pretensos futuros Ministros da Economia, cada um deles apresentando soluções mirabolantes para o descomunal problema que, uma vez no Governo, terão, imediatamente, que enfrentar e tentar resolver.


Na verdade, nenhum deles tem uma fórmula pronta, inventiva e genial, para nos tirar do atoleiro econômico, e então todos se põem a fazer ilações ilógicas sobre o que se precisa fazer, e sobre o que farão. Usam o empolado “economês” para confundir e para vender ao povo as soluções mais disparatadas.  

Na análise irônica do velho mago da economia, Antônio Delfim Netto, todos eles defendem que, puxando os próprios cabelos para cima, o País possa levitar e sair das águas revoltas das finanças públicas, ou do poço de areia movediça em que se encontra afundada a economia nacional.

Ainda segundo o sarcástico Delfim, as propostas apresentadas pelos economistas dos partidos políticos querem desmentir Arquimedes, e inventar uma alavanca mágica que funcione perfeitamente sem o essencial ponto de apoio.     

Ora, o Brasil está afundado em inana crise financeira, mãe de um deficit público multibilionário, em razão de grave descontrole fiscal,  problema que o Governo Dilma Rousseff tentou mascarar com manobras da dita “contabilidade criativa”, as tais “pedaladas fiscais”, que por fim lhe fizeram cair da doce bicicleta mandatícia.

Acontece que o cobertor das verbas públicas ficou curto para agasalhar todo o corpo da imensa maquina pública, de modo que, ao cobrir a cabeça das despesas do erário – aquelas de investimento – deixa os pés desguarnecidos; e ao socorrer os pés resfriados, que representam as despesas de custeio –  fica exposta ao frio a cabeça administrativa da Nação.


Não há segredo nem mistério no quadro de insolvência do Estado. O Governo não produz riqueza, pois toda a produção de bens da vida compete à sociedade, através do empreendimento e do emprego, através do industrial e do operário, através do agropecuarista e do peão, através da pesquisa e da ciência.  O Governo faz papel-moeda, mas se o fizer em demasia cria uma situação monetária irreal, que vai resultar na disparada da inflação.

Ademais, o mecanismo da economia não evolui de forma estanque, se retroalimentando em modo contínuo virtuoso, isolado dentro do microcosmo nacional  como nos terrários fechados em redomas de vidro, em que os ciclos ambientais internos mantêm viva aquela microbiota artificialmente segregada.


Não. A economia nacional precisa estar atrelada ao Mundo, recebendo investimentos estrangeiros e angariando divisas por meio do Mercado Exterior, exportando o excedente de sua produção para oxigenar as finanças internas, com os ricos capitais de outras bandeiras.


Mas se torna difícil atrair capitais estrangeiros, porque para investir no Brasil tem-se que encarar uma barreira burocrática monstruosa, uma legislação tentacular, pagar uma infinidade de taxas e de impostos, não raro subornar alguém que detenha poder para destravar algum óbice cartorário, e esperar um tempo sem fim. 

A produção de riquezas gera três tipos de benefícios sociais, que são a ampliação do mercado de trabalho, a melhoria do nível salarial médio e o incremento do recolhimento de tributos, com os quais os Governos, nas suas três esferas, administram a máquina e a coisa pública como um todo.

Então, não há mágica nem cabala possível para solucionar a grave situação atual das finanças nacionais. O que acontece é que seguidos Governos, ineficientes e corruptos, instituíram uma carga tributária extorsiva, sugando impostos de quem produz, para sustentar sua máquina enorme e estroina, gastadora e perdulária.

Assim, mesmo com uma arrecadação imensa, o Governo não consegue cumprir o custeio de suas funções essenciais – na saúde, na educação e na segurança públicas – tampouco alimentar as políticas sociais assistencialistas e de incentivo às atividades produtivas – muito menos realizar os investimentos necessários.  

A solução depende de reformas profundas no ordenamento jurídico nacional, e da correção de práticas políticas viciosas, mudanças quase impossíveis de operar, porque isso importaria em sacrifícios sociais politicamente severos e eleitoralmente antipáticos, e na extinção de privilégios sacralizados que ninguém quer enfrentar.



O Executivo não tenta, de olho na reeleição ou em fazer a sucessão, e quando tenta, o Legislativo obsta, ou altera e desfigura, em nome dos grupos de interesses ou de feição ideológica que garantem as eleições parlamentares – e tudo recai sobre o Judiciário, em que os Tribunais Superiores são politicamente infectados – reflexos de um democratismo” perverso que tem nos levado à derrocada. 

Que Deus se apiade de nossas almas!


COMENTÁRIO

Ainda que um economista eu não seja, consigo perfeitamente vislumbrar o fato de que não serão as medidas simplórias e salvadoras de ministros geniais, seja de que partido for (ainda mais no afã de um período pré-eleitoral), que irão efetivamente pôr a salvo a situação financeira do nosso país.

Pressinto a necessidade de medidas econômicas impactantes, corajosas, e, acima de tudo, patriotas. E isso implica numa renovação do atual quadro de parlamentares, do alto ao baixo clero – coisa difícil de acontecer, num presidencialismo espúrio de cooptação.

Além do combate aos desperdícios (leia-se corrupção e desvios de verbas públicas), do toma lá dá cá, do enxugamento da máquina estatal, das reformas fiscal e tributária, sobrepõe-se a reforma da previdência.

É a reforma do sistema previdenciário o nosso Tendão de Aquiles. Com o aumento crescente da idade dos nossos concidadãos – o que é indicativo de uma maior longevidade do brasileiro, e fato a merecer um champanhe – haverá um momento em que o número de pessoas aposentadas suplantará enormemente o número de indivíduos economicamente ativos, e, desastradamente, isso implicará na falta de recursos para as tais aposentadorias.
 
Quase um apocalipse anunciado: velhice desamparada em um regime de caos social. E aí teríamos que ser socorridos pelos bancos mundiais, como foi o caso da Grécia. Definitivamente não é esse o Brasil que queremos para o futuro que já vem bem aí. Concordo com o Reginaldo: “que Deus se apiade de nós!”

Paulo Ximenes



Um comentário:

  1. Ainda que um economista eu não seja, consigo perfeitamente vislumbrar o fato de que não serão as medidas simplórias e salvadoras de ministros geniais, seja de que partido for (ainda mais no afã de um período pré-eleitoral), que irão efetivamente pôr a salvo a situação financeira do nosso país.
    Pressinto a necessidade de medidas econômicas impactantes, corajosas, e, acima de tudo, patriotas. E isso implica numa renovação do atual quadro de parlamentares, do alto ao baixo clero – coisa difícil de acontecer, num presidencialismo espúrio de cooptação.
    Além do combate aos desperdícios (leia-se corrupção e desvios de verbas públicas), do toma lá dá cá, do enxugamento da máquina estatal, das reformas fiscal e tributária, sobrepõe-se a reforma da previdência.
    É a reforma do sistema previdenciário o nosso Tendão de Aquiles. Com o aumento crescente da idade dos nossos concidadãos – o que é indicativo de uma maior longevidade do brasileiro, e fato a merecer uma champanhe – haverá um momento em que o número de pessoas aposentadas suplantará enormemente o número de indivíduos economicamente ativos, e, desastradamente, isso implicará na falta de recursos para as tais aposentadorias.
    Quase um apocalipse anunciado: velhice desamparada em um regime de caos social. E aí teríamos que ser socorridos pelos bancos mundiais, como foi o caso da Grécia. Definitivamente não é esse o Brasil que queremos para o futuro que já vem bem aí. Concordo com o Reginaldo: “que Deus se apiede de nós!”

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