SARADO
NA PRAIA
Totonho
Laprovitera*
Eu
estava passando uns dias no Rio de janeiro, quando meu amigo Adolfinho me
convidou para ir à praia. Como de costume, relutei um pouco, mas, ele acabou me
convencendo quando falou que eu devia conhecer a Barraca do Pepê, na Barra da
Tijuca, lugar frequentado pelos adeptos do conceito de alimentação natural, que
reunia muita gente bonita da geração saúde da cidade etc.
Vesti
meu calção de banho, de pano estampado com motivos tropicais, minha descolada
camisa de meia, gola olímpica, e enfiei meus pés no velho par de chinelas
japonesas. Para esconder os olhos de ressaca, assentei meus óculos escuros e
nos mandamos para a tal praia.
Ao
chegarmos, enquanto eu acompanhava os passos de Adolfinho, uma belíssima,
saradíssima e dourada garota aproximou-se de mim e, com um jeito bastante
reservado, quase cochichando, pergunto-me se eu aceitava o cartão dela. Sem nem
pestanejar, vaidoso até o talo, eu disse que sim. Aí, ela pegou o cartão, pôs
no cós do meu calção, sorriu e seguiu em frente, “num doce balanço, a caminho
do mar”. Espiando, atento e surpreso com a cena, Adolfinho comentou: “Pô,
Totonho, tá podendo, hein?”
Discretamente,
li o cartão e comentei baixinho: “Ah égua!...”
– Que
foi, Totonho?
– Pense
numa fuleragem...
– Fala.
– O
cartão...
– Que
diz o cartão?
– “Saiba
como perder gorduras localizadas”.
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