Parece uma ilha,
mas é uma cela.
João Pedro Gurgel*
Dizem que a internet ajudou no processo democrático. Que, agora, mais pessoas conseguem ter acesso a mais informações e, assim, traduzir seus anseios políticos e republicanos de maneira mais livre. Mas será que é assim mesmo?
Há
algumas semanas, o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, em entrevista, mostrou
profunda preocupação com a maneira como a web nos “tange” politicamente. Isto
porque as redes sociais, em geral, possuem algoritmos, preparados para mostrar
aos usuários somente aquilo que eles querem ver. Essa lógica, já admitida por
muitos experts da área, estende-se também para anúncios (sim, aqueles do lado
da tela), que ficam em sites que acessamos.
Estamos
fadados à polarização. Cada vez mais submersos, digital e socialmente, em uma
época que deveria primar pela pluralidade e pela discussão honesta de nossos
problemas sociais. Mas, ao invés disso, somos os primeiros propagadores de
notícias falsas, “memes” infames, e toda sorte de artifícios que nos faz crer
na vasta ilha de nossa liberdade política. Quando, na verdade, ela não passa de
uma cela.
Precisamos
ver mais do que nos é mostrado nessa telinha brilhosa. Existem problemas reais,
sensíveis e universais que não vão diminuir ou melhorar com ofensas mútuas no
mundo digital. A liberdade que esperamos ter na internet não é tão livre assim.
É hora de assumirmos responsabilidades em prol de uma sociedade melhor. Do
contrário, vamos tão somente viver e morrer na prisão de nossas ideias.
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