quarta-feira, 8 de agosto de 2018

ARTIGO - A Verdade Tarda, Mas Não Falta (CB)

A VERDADE TARDA,
MAS NÃO FALTA
Cássio Borges*




Participei, nos dias 20 e 21/6, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), do 2º Seminário ÁGUA INNOVATION, no qual ouvi palestras abordando temas relacionados às soluções para a problemática hídrica do nosso estado.


É mais do que evidente, e já venho dizendo isso há décadas, que não se pode pensar em fazer gestão dos recursos hídricos se não houver plena e total convicção da real disponibilidade de água do nosso Estado, onde o Açude Castanhão é a sua principal fonte de abastecimento para fins agrícolas, industriais, humanos e animais.

A principal conclusão que tirei desse seminário foi verificar que, finalmente, a vazão regularizada do  Açude Castanhão está sendo reconhecida  como sendo de 10 m³/s, em vez de 30 m³/s, conforme questionamentos que venho fazendo desde o ano de 1985, quando a referida obra surgiu no cenário cearense, proposta pelo extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) que tinha sua sede no Rio de Janeiro.

Esse erro, que perdurou durante todo esse tempo, portanto 33 anos, decorreu do fato de os projetistas, à época, terem tomado o índice evaporimétrico como sendo de 1.700 milímetros, em vez dos 2.500 milímetros citados nos estudos hidrológicos elaborados pelo professor Theophilo Ottoni, em parecer solicitado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), em outubro de 1992.

A esse respeito, eu me questionava: “Como se pode fazer a gestão dos recursos hídricos no Estado do Ceará, se não se conhece a vazão regularizada do seu principal reservatório, o Açude Castanhão”?

O que acima foi dito é pouco para caracterizar e definir os inconcebíveis erros de engenharia que foram cometidos no projeto da Barragem do Castanhão – não só pela sua proximidade do mar (RN 50m), portanto fora da área problemática do Estado, como pelo seu exagerado volume d’água, de 6,7 bilhões de m³.

É lamentável que se tenha desprezado o excelente planejamento do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) para o vale do Rio Jaguaribe, um total desrespeito à tradição e ao conceito desse Órgão, em toda a região Nordestina.

Aos poucos, os erros estão sendo reconhecidos, os quais foram cometidos por falta de conhecimento da Ciência Hidrológica e da realidade do nosso semiárido, por parte da instituição que o concebeu, como acima disse, o extinto DNOS.  Não se deve desprezar a História, pois só assim aprendemos com os bem-sucedidos acertos e com os erros do passado.   

Em outubro do ano anterior, participei de um seminário, em âmbito nacional, na cidade de Itajubá-MG, no qual também esteve presente a elite dos técnicos que lidam, atualmente, com a questão dos recursos hídricos no nosso País, como a Agência Nacional de Águas (Ana), a Codefasf, o Dnocs, Universidades, entre outras entidades do gênero.


Uma das conclusões daquele encontro foi a seguinte: “Nas regiões do semiárido brasileiro, que o Dnocs passe a ter a relevância que teve no passado na gestão dos recursos hídricos”.



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