sexta-feira, 10 de agosto de 2018

CRÔNICA - Devoradores do Mundo (ES)


DEVORADORES DO MUNDO
Edmar Santos*



Existe uma qualidade de pessoas no mundo que não apenas vivem nele. Devoram o mundo de forma tão bonita, que se todos fossem devoradores como eles, o pensamento ecológico seria desnecessário.

Os órgãos dos sentidos dessa gente são mais aguçados; dão a entender que não são desse mundo e que vieram com alguma missão de nos ensinar algo maior.

Eles não veem, enxergam! Enxergar é mais complexo. Eles não ouvem, escutam! Escutar é mais atencioso. Não levam à boca, degustam! Degustar é mais sublime. Não cheiram, sentem o ar! Isso é mais delicado. Para eles não basta tocar, pegam! Pegar é sempre mais intenso.

A natureza os envolve, a vida os encanta, as pessoas os motivam. Sua sabedoria vem dessa conjugação de interagir e contemplar. Interagem com os órgãos dos sentidos e contemplam com o pensamento mais íntimo.

Predadores são muitos, depredadores são diversos, destruidores são multidões. Devoradores como os que aqui retrato são raros.  Depois e, já tardiamente, eu os vi em livros, não seus rostos, mas suas falas. Tive vontade de ser um deles, mas sou um reles mortal.

Os Poetas devoram o mundo em versos como se tivessem medo de que ele acabe; talvez eles saibam que isso venha a acontecer, são alienígenas... penso eu.

Vou lhe instigar caro leitor, eis aqui o Patativa do Assaré, um grande devorador:

Mas porém, eu não invejo / O grande tesôro seu / Os livro do seu colejo / Onde você aprendeu. / Pra gente aqui sê poeta / E fazê rima compreta, / Não precisa professô; / Basta vê no mês de maio, / Um poema em cada gaio / E um verso em cada fulô”.

Sigo aprendendo!




2 comentários:

  1. Edmar Santos, escritor admirável. Sempre nos encantando com suas palavras.

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  2. Meu orgulho e minha admiração sô aumentam com suas sábias palavras.

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