DEVORADORES DO MUNDO
Edmar Santos*
Existe
uma qualidade de pessoas no mundo que não apenas vivem nele. Devoram o mundo de
forma tão bonita, que se todos fossem devoradores como eles, o pensamento
ecológico seria desnecessário.
Os
órgãos dos sentidos dessa gente são mais aguçados; dão a entender que não são
desse mundo e que vieram com alguma missão de nos ensinar algo maior.
Eles
não veem, enxergam! Enxergar é mais complexo. Eles não ouvem, escutam! Escutar
é mais atencioso. Não levam à boca, degustam! Degustar é mais sublime. Não
cheiram, sentem o ar! Isso é mais delicado. Para eles não basta tocar, pegam!
Pegar é sempre mais intenso.
A
natureza os envolve, a vida os encanta, as pessoas os motivam. Sua sabedoria vem
dessa conjugação de interagir e contemplar. Interagem com os órgãos dos
sentidos e contemplam com o pensamento mais íntimo.
Predadores
são muitos, depredadores são diversos, destruidores são multidões. Devoradores
como os que aqui retrato são raros.
Depois e, já tardiamente, eu os vi em livros, não seus rostos, mas suas
falas. Tive vontade de ser um deles, mas sou um reles mortal.
Os
Poetas devoram o mundo em versos como se tivessem medo de que ele acabe; talvez
eles saibam que isso venha a acontecer, são alienígenas... penso eu.
“Mas porém, eu não invejo / O grande tesôro
seu / Os livro do seu colejo / Onde você aprendeu. / Pra gente aqui sê poeta /
E fazê rima compreta, / Não precisa professô; / Basta vê no mês de maio, / Um
poema em cada gaio / E um verso em cada fulô”.
Sigo
aprendendo!
Edmar Santos, escritor admirável. Sempre nos encantando com suas palavras.
ResponderExcluirMeu orgulho e minha admiração sô aumentam com suas sábias palavras.
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