sábado, 31 de março de 2018

POEMA - Del'Alma (TL)



DEL’ALMA
Totonho Laprovitera*



Del’Alma, a morena
da boca bem frocada,
era dama toda noite
Beijava um de cada,
buscando algibeiras
nos bolsos pelas beiras,
ao fim da madrugada.

Del’Alma, argentina
das bandas do Serviluz,
talvez lá do Paraguai
Quando apagava a luz,
caqueava bem no breu
Na casa do “seu” Abreu,
atacava os zulus

Del’Alma, amorosa,
temperava-se de sal
do suor dos largados
O que bem fazia mal
nada via, cegava
Calada, segredava,
partia sem dizer tchau





Nota do Autor: Toda espilicute, Del’Alma era uma saliente empregada doméstica que marcou época na Avenida Beira Mar, trabalhando na casa do Cláudio Pereira.


Nota do Autor: Cláudio Roberto de Abreu Pereira foi um notório agitador cultural cearense (1945 – 2010), boêmio romântico, graduado em Direito e pós-graduado em outras Ciências Humanas em grandes universidades do Brasil, da França e dos Estados Unidos, jornalista e militante dos mais nobres ideais, antagonista clássico do Regime Militar que o País atravessou e no qual foi preso e torturado, protetor das letras e das artes no Estado, em que ocupou cargos públicos relacionados ao setor cultural. Sequelado medular em acidente desde jovem, dizia-se que a sua cadeira de rodas era uma “cadeira voadora”, já que ele era onipresente a todos os bares e a todos os eventos importantes da Cidade. Sua casa, na Avenida Beira-Mar, era ponto de encontro de jovens artistas que se projetariam no cenário nacional. Cláudio Pereira é Patrono Perpétuo da Cadeira de nº 38 da ACLJ, cujo titular vitalício é hoje Totonho Laprovitera.




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