sexta-feira, 2 de março de 2018

NOTA CULTURAL - Arquivos do Barão de Studart

A HISTÓRIA DO CEARÁ
NOS
ARQUIVOS DO BARÃO DE STUDART

MAIS UMA JOIA BIBLIOGRÁFICA
ORGANIZADA
POR
JOSÉ AUGUSTO BEZERRA
NO
INSTITUTO DO CEARÁ



Recebemos a obra primorosa intitulada “Arquivos do Barão de Studart”, editada pelo Instituto do Ceará – Histórico, Geográfico e Antropológico, em 2010, organizada pelo Bibliófilo e Imortal da Academia Cearense de Letras e Membro Benemérito da ACLJ, José Augusto Bezerra, quando de seus sucessivos mandatos na Presidência da entidade, contando com o patrocínio do Grupo M. Dias Branco, através da Lei de Incentivos Fiscais do Ministério da Cultura do Governo Federal (Lei Rouanet).

Como se sabe, Gilberto Chamblay Studart, o Barão de Studart, foi um médico e historiador cearense, de origem inglesa, que dedicou sua vida a colecionar livros e documentos importantes, acervo que hoje pertence ao Instituto do Ceará. 


















O livro, com dedicatória de José Augusto Bezerra a Reginaldo Vasconcelos, que o intregará à biblioteca da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, instituição que preside atualmente, tem uma belíssima feição gráfica, paginado em papel couchê, encadernado em capa dura, artisticamente ilustrado com imagens do Palacete Jeremias Arruda (sede do Instituto do Ceará), traz reprodução de documentos originais, manuscritos e datilografados, bem como fotografias históricas da colonização cearense.


Oportuno frisar a grandeza da iniciativa de José Augusto Bezerra, resgatando e publicando fatos e documentos da História do Estado do Ceará, matéria que as últimas gerações ignoram, pois, inexplicavelmente, esse conteúdo didático foi excluído do currículo obrigatório das nossas escolas de ensino médio e fundamental.

A medida de exclusão do currículo escolar cearense dessa cátedra importantíssima, que sobreveio ao período dos governos militares, parece pretender esconder os fatos menos edificantes e menos glamorosos que marcam o processo civilizatório, em todas as geografias do Planeta.



O livro de José Augusto Bezerra, mais uma joia bibliográfica de valor inestimável, revela, por exemplo, maus-tratos infligidos aos indígenas pela soldadesca da colônia, notadamente o estupro das mulheres, o deslocamento forçado de comunidades autóctones e até  o extermínio de aldeias inteiras.

Também demonstra que a Coroa Portuguesa não compactuava com esses excessos, pois mandava reprimir com severidade a humilhação dos “gentios” pelos soldados, recomendando que aqueles fossem tratados com humanidade e gentileza.

Enfatiza conflitos burocráticos relativos às divisas do Ceará com Pernambuco, Rio Grande do Norte e Piauí.

Desmonta ainda o viés humanitário dos movimentos contra o desembarque de escravos no porto de Fortaleza, que notabilizou o jangadeiro agnominado Dragão do Mar, escancarando o seu vezo político. O livro exibe um documento de época em que se faz essa restrição antiescravagista – abrindo expressamente exceção se o destinatário da encomenda fosse determinado integrante da aristocracia da província. 


Participaram da edição, sob a coordenação de José Augusto Bezerra, o bibliófilo Paulista José Mindlin, como Curador, o jornalista, dramaturgo e escritor cearense Manuel Eduardo Pinheiro Campos (Manuelito Eduardo), que redigiu os principais textos (ambos hoje falecidos), Sânzio de Azevedo e Regina Pamplona Fiúza, que fizeram a revisão, e Edwirges Ximenes (Vivi), técnica da Biblioteca Pública do Estado do Ceará, que coordenou a restauração dos documentos.   

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