Caros confrades da Academia Cearense de Engenharia.
Tenho
sido reservado nas minhas opiniões com respeito às questões hídrica do
estado do Ceará, especialmente nos erros que se vem cometendo aqui desde o
advento da construção do Açude Castanhão, em 1985.
A
reportagem publicada nas Páginas Azuis do Jornal P Povo no último dia 5, com a
engenheira Zita Timbó, me deu a convicção de que em 2009 (não foi nenhuma
chuva excepcional, diga-se de passagem) aquele açude esteve seriamente
ameaçado de rompimento. Será que a sociedade não deve saber o que houve? O que
disse a doutora Zita no jornal a este respeito na aludida reportagem?
Tenho
o máximo respeito e admiração para com a Dra. Zita, mas a especialidade dela é
“construção de barragem”. Nisto, ela é extremamente competente. A construção de
uma barragem é única, é uma obra isolada no meio de um rio, seja ele de grande
ou de pequeno porte.
Mas em
2009 houve uma cheia, não de tão grande proporção como a de 1974, ou a de 1985.
Falando sobre as fissuras que surgiram na parede do Açude Castanhão, ela disse
na referida entrevista: “O Castanhão já passou pelas duas coisas sem
maiores problemas, porque as barragens do Dnocs são muito bem feitas”. Ela se
referia ao “esvaziamento rápido” a que a barragem foi submetida na cheia de
2009 (eu suspeitava, mas não tinha certeza).
Ela
afirmou isto para dizer que a barragem passou ilesa por este teste (?) de
segurança. Mas, eu pergunto: Porque fazer esse teste no momento em que a
barragem estava com super-super acumulação de água? “Da altura de
um prédio de 33 andares”, disse a Dra. Zita.
Por que esvaziar, perigosamente, a
barragem de maneira repentina? Em razão de que? Por que correr este risco?
Teria sido apenas para detectar a sua segurança que resultou numa inundação
inesperada e abrupta no Baixo Jaguaribe? Foi detectado algum problema na obra?
Qual foi a real razão e a necessidade deste teste? Teste? Não acredito.
Mais
cedo ou mais tarde enchentes como as de 1974 e 1985 irão se repetir. Será que a
referida obra as suportaria? Vejam que a de 2009 foi de apenas 8 bilhões
de m³, enquanto as de 1974 e 1985 foram de 17,7 e 19,9 bilhões de m³. São
volumes d’àgua imensos para serem amortecidos por um “volume de espera” de
apenas 2,3 bilhões de m³...
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