FUMAÇA BRANCA:
HABEMUS PRAESES
Chegou ao fim uma campanha política conturbada, em que um dos candidatos principais à Presidência da República, Jair Messias Bolsonaro, sofreu um grave atentado a faca durante o primeiro turno, praticado por um sicário indigente, que, entretanto, preso em flagrante, foi imediatamente atendido por quatro advogados medalhões.
O candidato sobreviveu e passou convalescente para o segundo turno, com o seu principal opositor, tacitamente o ex-presidente Lula da Silva – um político encarcerado por crime contra a Administração Pública, oficialmente representado no pleito por um correligionário, Fernando Haddad, que sabidamente tinha como missão precípua tentar se eleger para indultá-lo.
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Pareceria romanceado demais fosse enredo de novela da teledramaturgia mexicana, entretanto esse roteiro fático foi sendo absorvido pelos coetâneos como algo corriqueiro, que, sem o distanciamento histórico necessário a uma completa análise crítica, vai entrando no cotidiano e sendo naturalizado pelo povo.
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O candidato preso, sob a bandeira vermelha da esquerda, compartilhando agenda socialista com pequenas ditaduras das Américas e da África , chefiou por mais de uma década o Governo Federal, a princípio pessoalmente, e depois por preposta sua, Dilma Rousseff, transformando-se em fenômeno de popularidade, por meio de um discurso populista e de uma prática de amplo aliciamento paternalista dos mais pobres, e de cooptação de largo espectro político, celebrando cumplicidade financeira com grandes empresários.
Em seus dois primeiros governos o ex-presidente criou, muito habilidosamente, uma bolha de prosperidade, que lhe propiciou a reeleição (a despeito de um grande escândalo de corrupção em seu entorno, o chamado “mensalão”), bolha essa que foi explodir no colo de sua adocrática sucessora, tudo convergindo para uma devassa policial-federal, a Operação Lava Jato, que resultou em inquéritos e em processos judiciais, com a deposição de Dilma e prisões de políticos e empresários.
Ao fim e ao cabo, o Ministério Público Federal concluiu que o partido que desfrutara o poder por treze anos se constituíra de fato em uma “organização criminosa” gigantesca, cujo líder absoluto seria o então ex-presidente Lula, que foi finalmente condenado por um dos crimes que lhe foram imputados, e, enfim, levado à prisão, após julgado em segunda instância.
Eis que surgiu do nada o seu pretenso antípoda na corrida eleitoral, um veterano deputado sudestino do baixo-clero, sem recursos e sem respaldo político das agremiações da velha política, mas com um imenso patrimônio midiático obtido através das redes sociais, propondo o seu nome à Presidência da República.
Capitão da Reserva, ex-paraquedista do Exército, evangélico convertido, veio prometendo moralizar a Administração Pública, restaurar a instituição da família, fortalecer a religiosidade do povo, combater o crime organizado, recuperar a economia combalida e, enfim, regularizar a vida nacional.
O horário gratuito de televisão, no segundo turno, virou então um gládio sangrento no campo das agressões verbais – com inquinação de crimes, exumação de fatos antigos e declarações registradas no passado de parte de cada um dos candidatos.
Ao candidato de esquerda se atribuíam todos os delitos de sua agremiação política, e ao candidato ex-militar a pecha de fascista e de antidemocrático, em face de pronunciamentos moralistas que gravou na sua infância política, bem como de apoio aos métodos repressivos adotados durante os governos militares.
Na reta final, houve violentas acusações antipáticas feitas pelo partido de esquerda contra o candidato Bolsonaro, respaldadas nas gravações de suas antigas falas.
Houve ainda promessas quiméricas do candidato Haddad de aumento substancioso no benefício do Bolsa-Família e redução vertiginosa no preço do gás de cozinha, tudo impulsionado pela má-vontade de setores da grande imprensa contra o seu adversário.
Tudo isso reduziu a vantagem de Bolsonaro sobre Haddad, de dezoito para apenas nove pontos percentuais, nas intenções de votos levantadas nas pesquisas – até em face das limitações que a facada impôs ao candidato direitista, que lhe dificultavam fazer corpo-a-corpo na campanha e refutar as invectivas.
Todavia, venceu as eleições presidenciais o candidato Jair Messias Bolsonaro, e com ele um grande número dos políticos de seu partido, ou simpáticos ao seu discurso vitorioso, que concorriam ao Parlamento e aos Governos Estaduais.
Resta-nos trabalhar pela reconciliação do País em torno do novo Presidente da República, eleito pela via democrática, tendo em vista que a repulsa de uns ao desgastado partido esquerdista, e de outros ao deputado de extrema direita, tão depreciado pela companha adversária, dividiu famílias, afastou amigos, agastou colegas de trabalho.
A propósito, sendo politicamente laica, porém jornalisticamente ativa, antes do primeiro turno a ACLJ fez uma pesquisa interna, por meio de sufrágio secreto, sobre quem, por maioria, a instituição preferiria.
Para não influenciar votos, somente agora a Decúria Diretiva revela que, já no primeiro turno, os acadêmicos manifestaram intenção de votos no candidato Bolsonaro em maioria de oitenta e cinco por cento.
O País, e vários dos Estados da Federação, se encontram em grandes dificuldades econômicas, vivendo aguda crise fiscal, provocada pelos governos anteriores, enquanto a criminalidade grassa em todo o Território Nacional.
Então, como Jair Bolsonaro revelou durante a sua campanha ser grande admirador de Winston Churchill, o célebre primeiro-ministro do Reino Unido nos anos 40, para refrear as expectativas do povo brasileiro sobre a solução dos seus problemas, vale lembrar agora o que este disse ao povo britânico, após a primeira batalha vencida na II Grande Guerra: “Isso não é o fim, nem o princípio do fim. Talvez seja o fim do princípio”.
COMENTÁRIO
Gostei da afirmativa: “A
propósito, sendo politicamente laica, porém jornalisticamente ativa...”
Avila Ramos
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