OS POÇOS DO DNOCS
Cássio Borges*
Em reunião da Associação os Servidores do Dnocs no último dia 25 de agosto, tomei conhecimento de uma denúncia que determinado deputado teria feito,
segundo a qual “o Dnocs estaria utilizando critérios políticos para perfuração
de poços”. Este fato me fez recordar a falsa versão do final da década de
90, envolvendo “o deputado Inocêncio de Oliveira, líder do PFL na Câmara, que
tinha em suas terras poços perfurados pelo Dnocs”.
Os denunciantes contra
o deputado pernambucano não tiveram o cuidado de apurar que perfurar poços em
propriedades privadas sempre foi rotina no Dnocs, mediante pagamento e demais
condições conveniadas. O mesmo em relação à construção de açudes em
propriedades particulares, o vitorioso programa da “Açudes em
Cooperação”, uma versão pioneira no Brasil do atual projeto do Governo
Federal, denominado de Parceria Público Privada-PPP. Foram mais de 35.000
poços perfurados e mais de 900 açudes construídos pelo Dnocs nesta modalidade.
Comentando este fato, o saudoso jornalista Themístocles de Castro e
Silva, em artigo publicado no Jornal O Povo no dia 28 de novembro de 1998, disse
o seguinte: “Posso garantir aos senhores que milhares de propriedades rurais
nordestinas salvaram os animais com os poços do Dnocs.
Com o escândalo que
promoveram patrulhando o deputado pernambucano, o Governo cancelou os
convênios, disso resultando o desativação de dezenas ou centenas de
perfuratrizes, que hoje não devem passar de sucatas. O Brasil seria mais feliz
se toda a corrupção que o devora se restringisse aos poços do Dnocs,
construídos em cooperação com particulares mediante pagamento. E Inocêncio,
independente de ser deputado, como cidadão nordestino, pagou o seu”.
Themístocles citou Rachel de Queiroz em seu artigo quando ela diz:
“O Dnocs perfurou um poço na minha Fazenda “Não Me deixes”, com a profundidade
de 78 metros. E foi a salvação do meu gado; do meu gado só, não; dos moradores
da fazenda e de muita gente dos arredores. Não preciso dizer mais nada”.
Outro aspecto que deve ser considerado é o “vale tudo” que
determinados setores do Governo do Estado do Ceará está promovendo com o
intuito de extinguir o Dnocs, sejam quais forem as consequências
atuais e futuras, lembrando obviamente que o Dnocs não é só o Estado do Ceará.
Portanto, um crime contra a nossa Região.
Jornal O Povo – 26 de novembro de 1998
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