domingo, 28 de outubro de 2018

CRÔNICA - Uma Visita (ES)


Uma visita
Edmar Santos*

Era vespertino o tempo. Ela chegou e encontrou a porta aberta, porque era assim a minha casa.

Vinha vestida de um preto luxuoso como quem vai para um baile vip. Sentou ao meu lado sem cerimônia me indagando se não a havia esperado. Disse-lhe que não. Sem surpreender-se, serena e simplesmente exclamou: “Ninguém nunca me espera mesmo!”.

Não estava curioso pelos motivos que lhe fizeram chegar, mas educadamente a ouvi, como era de se fazer; também por cavalheirismo. Perguntou-me como estava minha vida e o que eu esperava dela.

Respondi-lhe que de maneira humilde tenho seguido minhas escolhas, já que a vida é feita delas. Sorriu-me concordando!

Para não me fazer de indiferente lhe perguntei se ela estava me trazendo algo. Disse-me com a mesma serenidade, que, na verdade, estava vindo buscar. Que teria eu?

– Bem, o que tenho é o que vês – respondi.

Ela me redarguiu sorridente que aquele que a enviou lhe teria dado novas instruções e a enviara a outro destino. Curioso agora, perguntei-lhe quanto a mim, o que faria. Sorriu novamente!

Levantou-se e, em silêncio, caminhou, saindo pela porta, da mesma maneira que chegou, e, serena, partiu.

– Até mais ver – despediu-se!


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