O BRASIL ESTÁ DIVIDIDO
Cândido Albuquerque*
Essa frase passou a
fazer parte do cotidiano dos brasileiros: o Brasil está dividido. Sim, está
mesmo! Mas será que a divisão é apenas entre direita e esquerda, ou entre
socialistas e liberais? Será que todos os eleitores do PT sabem mesmo o que é
socialismo, e os do Bolsonaro o que é liberalismo? Será que quando um militante
do PT chama alguém de “fascista” (antes era “burguês”, depois “elite”, mais
adiante “coxinha”) ele o está “conceituando” ideologicamente ou apenas o
identificando como não petista?
Por outro lado, o que dizer dos que “conceituam” de “petista” ou de “esquerdopata” todo aquele que não adere às pautas ou à figura de Bolsonaro? O nível de intolerância, dos dois lados, chegou a tal ponto que já não se discutem os programas (quase inexistentes, é verdade). Os dois polos só se insultam mutuamente.
Por outro lado, o que dizer dos que “conceituam” de “petista” ou de “esquerdopata” todo aquele que não adere às pautas ou à figura de Bolsonaro? O nível de intolerância, dos dois lados, chegou a tal ponto que já não se discutem os programas (quase inexistentes, é verdade). Os dois polos só se insultam mutuamente.
E o eleitor, o “homem
comum”, aquele que não se acha protagonista, como está vendo a disputa
eleitoral? Essa é a questão que precisa ser analisada. Em primeiro lugar,
graças a esse “homem comum”, todas as previsões foram derrotadas, e de maneira
indiscutível. O PSDB fechou largo arco de alianças, inclusive com o famoso
Centrão, mas o resultado foi lamentável. É que o PSDB não combinou com o homem
comum. O PT, para ficarmos apenas com os partidos maiores, manteve a
candidatura do Lula na certeza de que, ao final, com o indeferimento da
candidatura, os votos seriam transferidos para Haddad. Errou, porque não ajustou
essa transferência com o “homem comum”.
De outro lado, o
candidato de um partido nanico e sem estrutura eleitoral adequada, com um
discurso radical, mas com fama de honesto e prometendo mudanças, começou a se
comunicar e a representar o “homem comum”. Não os anseios desse homem, mas a
sua indignação, a sua descrença com o atual sistema, inclusive o eleitoral, o
qual, por exemplo, manteve o famigerado fundo partidário e as mais inimagináveis
coligações.
Ao que penso, além
da indignação com o histórico de corrupção que atinge muitos partidos e
candidatos, e da arrogância de alguns
partidos – os quais institucionalmente tratam os eleitores como vassalos,
vendo-os como incapazes de pensar – o nosso “homem comum” não aceita mais o “sistema
político”, desenvolvido e mantido para agasalhar privilégios, mordomias e
ineficiências.
Nesse contexto, para a maioria está valendo mesmo um salto no escuro, a partir da esperança de que não haverá nada pior do que o cenário atual. Ou seja, o povo está dizendo não a esse sistema apodrecido, onde as oportunidades são manipuladas, onde a educação não passa de promessa, onde se produzem mais de sessenta mil homicídios por ano, onde a corrupção fez morada, onde os menos favorecidos morrem nos corredores dos hospitais, mas o Estado constrói prédios desnecessários e suntuosos e mantém rica frota de automóveis para o deleite de alguns servidores públicos. “Chega!”, diz o “homem comum”. Ele quer mudanças, pensa que com os tradicionais elas não virão e, assim, resolveu apostar mesmo no desconhecido. Não o faz por irresponsabilidade, mas por desesperança com o que está posto. Como acreditar em políticos que ficam ricos durante o exercício dos mandatos?
Nesse contexto, para a maioria está valendo mesmo um salto no escuro, a partir da esperança de que não haverá nada pior do que o cenário atual. Ou seja, o povo está dizendo não a esse sistema apodrecido, onde as oportunidades são manipuladas, onde a educação não passa de promessa, onde se produzem mais de sessenta mil homicídios por ano, onde a corrupção fez morada, onde os menos favorecidos morrem nos corredores dos hospitais, mas o Estado constrói prédios desnecessários e suntuosos e mantém rica frota de automóveis para o deleite de alguns servidores públicos. “Chega!”, diz o “homem comum”. Ele quer mudanças, pensa que com os tradicionais elas não virão e, assim, resolveu apostar mesmo no desconhecido. Não o faz por irresponsabilidade, mas por desesperança com o que está posto. Como acreditar em políticos que ficam ricos durante o exercício dos mandatos?
Quem é esse homem comum? É
você! Sim, você, que paga as contas em dia, suporta uma carga imensa de
impostos, mas não recebe em troca saúde, educação nem segurança pública. E
mesmo os que, de alguma forma, contracenam com o sistema, já não suportam mais
os abusos dos que o controlam.
Ocorre, meu bom
amigo, que com democracia e estado democrático de direito não se brinca. Se o
povo tem o direito de mudar, a esse direito corresponde o dever de não aceitar
retrocessos no processo democrático, na preservação da dignidade e dos direitos
humanos. Assim, seja lá quem for o eleito, temos uma missão importante a
desempenhar.
COMENTÁRIO
Gostei do Artigo “O Brasil
está dividido” – do Cândido Albuquerque. Parabéns a todos...
Avila Ramos
Nenhum comentário:
Postar um comentário