A “ESTRADA DE DAMASCO”
DE DILMA ROUSSEFF
Reginaldo Vasconcelos*
Comete imperícia aquele que, tendo
obrigação de conhecer determinada técnica ou ciência, erra na sua aplicação; em
negligência incorre quem deixa de fazer o que deveria; imprudência se dá quando
alguém faz algo ousado que não deveria ter tentado.
São Paulo redimido na estrada de Damasco |
A conduta culposa, sem intenção maléfica ou criminosa, cometida por imperícia, negligência ou imprudência, também seria fato determinante para uma proposta de impeachment, segundo defende o jurista Ives Gandra
Martins. Onde se lê que cabe a cassação nos casos de "crime cometido no exercício do cargo" se deve interpretar como "no exercício do poder", porque a reeleição, que faz continuar o cargo político-executivo, sem interrupção, é fato novo para a lei que regula a impugnação de mandato presidencial, editada em 1950, de modo que não podia prever expressamente, mas que pela lógica jurídica a abrange – como observa o Prof. Rui Martinho Rodrigues.
Contudo, ao ver Dilma contrastar Stedile em
seu discurso comunista, proferido na presença dela, no Rio
Grande do Sul, no dia de ontem, (20.03.15), as palavras da Presidente, pela
primeira vez, soaram como música aos meus ouvidos.
Stedile convidou a Presidente a confrontar a cidadania brasileira que sai às ruas em protestos justos e pacíficos, utilizando o “exército” formado por aqueles que chama de “sem-terras”, e a que Lula referiu recentemente, visando intimidar a sociedade.
Stedile convidou a Presidente a confrontar a cidadania brasileira que sai às ruas em protestos justos e pacíficos, utilizando o “exército” formado por aqueles que chama de “sem-terras”, e a que Lula referiu recentemente, visando intimidar a sociedade.
E Stedile ainda cobrou à Presidente não ter o seu atual Ministro
da Fazenda, Joaquim Levy, pedido a benção a ele antes de traçar o plano de austeridade para as finanças do
Governo. Ora bolas! Que absurda pretensão!
“O
que o Stedile faz é sugestão. Ele tem as convicções dele e eu tenho as minhas.
A concepção do Movimento é uma, de um Governo é outra. O Governo olha para o
País e vê vários setores, não vê só a agricultura familiar – respondeu a
Presidente.
E continuou: “Olhamos para o País e vemos também o agronegócio, vemos todas as
reivindicações. Acho absolutamente democrática a crítica dele. Agora, entre a
crítica ser democrática e a gente aceitar a crítica tem uma pequena distância”.
Esses períodos verbais da Presidente são
quase perfeitos. Dilma peca apenas no segundo, quando, ao dizer que a crítica de Stedile é
“absolutamente democrática”, deixa de notar que o seu conteúdo é absolutamente fascista
e violento; ela peca ainda quando afirma que entre ouvir a crítica e aceitá-la
há uma “pequena distância”. Isso porque, neste caso, deve haver anos-luz entre
uma coisa e a outra.
Foto vencedora do
Prêmio Internacional de Jornalismo
Rei da Espanha - (Foto: Wilton Júnior/AE)
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Com esse ato Dilma, que não
precisará mais “fazer o diabo” para conseguir uma eleição, como se tivesse afinal
encontrado a sua “estrada de Damasco” parece romper
definitivamente com a lógica colonialista do PT, em se fazendo de humilde e
oferecendo "miçangas e espelhinhos", com apenas um por cento do PIB, para cooptar a turba ignara, garantindo para si
apoio maciço e maioria eleitoral, mantem-se no poder, introduzindo o seu alto clero na elite social e econômica que, da boca para fora, o partido deplora e detrata falsamente, como se fosse o seu antípoda.
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