A
DESTRUIÇÃO DE
UM CENTRO DE PESQUISA
Rui Martinho Rodrigues*
Um centro de pesquisa foi invadido e destruído. Anos de
trabalho foram desperdiçados. O conhecimento perseguido pelos pesquisadores
perdeu-se. Um grupo de mulheres mascaradas invadiu e vandalizou o referido
centro de pesquisas. A imprensa nos informa que eram mulheres do MST. Qual
seria a motivação?
Não se tratava de ocupar o terreno para fins de apropriação
pelos ditos “sem terra”, pois não houve ocupação, não havia o propósito de
assentamento dos presumidos agricultores. O uso de máscaras reforça a ideia de
que não se cogitava de assentamento, pois não é possível ocultar a identidade
dos ocupantes em caráter permanente.
O prejuízo para os pesquisadores e para toda a sociedade
brasileira, em face dos danos materiais e da perda do conhecimento em vias de
ser produzido certamente clamam por indenização. A invasão da propriedade, a
violência e a destruição material, por outro lado, configuram conduta ilícita.
O que fez o Ministério Público, em outras ocasiões tão
diligente? A polícia foi chamada? Caso tenha recebido apelo dos pesquisadores,
quanto tempo demorou para chegar ao local? Caso não tenha atendido ao chamado,
quais foram as explicações dadas para a ausência em momento tão crítico e tão
simbólico? Órgãos públicos estariam intimidados, temerosos de agir contra grupos
politicamente acobertados? Então, estamos vivendo um clima de intimidação das
autoridades?
O temor precisaria ser esclarecido: O que se teme e a quem
se teme? Não havendo temor, seria preciso esclarecer se houve prevaricação, e
qual a motivação dos agentes omissos. A hipótese de impossibilidade material de
agir, por parte das autoridades, deve ser esclarecido: qual é a deficiência
material que impede os policiais de agir quando cidadãos necessitam de proteção?
O outro lado também tem motivações que devem ser investigadas.
Não se tratando de assentamento, cuja a motivação alegada seria terra para
agricultores, qual é a motivação de quem ataca um centro de pesquisa? A autoria
intelectual também precisa ser passada a limpo. Quem inspirou o ataque ao
centro de pesquisa?
O noticiário não esclarece nada disso. Também não informa se está em andamento uma investigação,
quem está sendo investigado, nem o que já foi apurado. Não se sabe quem são as
executoras da ação criminosa. Não se levantam hipóteses do que poderia ter
suscitado tanto ódio contra pesquisadores.
Há poucos dias o ex-presidento Lula (se a palavra não é
mais comum de dois gêneros, presidenta, também deve ser presidento) convocou o
“exército do Stédile” às armas, para vir “defender a Petrobrás e o governo”.
Será que o MST destruiu um centro de pesquisa para
“defender a Petrobrás”? Ou se trata de uma manobra para intimidar a sociedade
brasileira, um recado mais explícito do que aquele anterior, que dizia “eles não sabem do que nós somos capazes”?
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